14.3.13


Tiara

A representação da autoridade papal com uma tiara foi abolida há algum tempo. Representava a autoridade de Roma, uma coroação do “Rei” da Igreja. Graças a Deus, porém, isto foi desestimulado. Foi o nosso querido Papa Paulo VI que a aboliu e os demais Pontífices deram continuidade a esta sábia decisão com exceção do Papa recente. Não fica bem, creio eu, ornamentar a cabeça com uma coroa de pedras preciosas dando a entender certa ostensividade.
Não é certo. O Cristo de Deus era um homem simples, comportou-se de maneira simples, e por que a sua Igreja deve demonstrar-se de forma tão pomposa? A busca de uma Igreja voltada para a simplicidade do Cristo deve ser objetivo permanente de todo cristão a começar pelo seu mandatário maior na Terra. E é sobre este ponto que quero deter meu comentário deste domingo.
A Igreja dos Pobres e para os Pobres não é uma questão de marketing, mas de compromisso com seus ideais primeiros, uma retomada permanente com os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele veio para nos salvar das coisas da Terra e proclamar seu Reino de amor e paz. Ora, meus irmãos, este reino não pode estar fundamentado nas coisas terrenas que são fictícias em valor. Por isso, a Igreja deve se voltar para os mais simples porque eles sabem a importância de ter as coisas que precisam para viver. O mesmo deve se dar com a nossa Igreja. Por que a pompa? Por que a demonstração de riqueza? Por que imaginar-se envolvido no luxo enquanto tantos de seus seguidores passam a vida na miséria?
A Igreja deve ser o exemplo e a começar pelo Vaticano. Lá, o exemplo de austeridade deve sempre prevalecer. Não imagino uma Igreja aos farrapos, não é nada disso, mas o controle efetivo dos seus recursos para que cada um tenha uma vida em padrão com os primeiros seguidores do Cristo.
Se o exemplo não vem de cima, daqueles que a dirigem, como pedir certos comportamentos aos seus adeptos?
Sei que o dinheiro é preocupação constante na administração central do Vaticano e em seu nome muita coisa de envergonhar ao cristão tem sido feito e é nisto que devemos combater enfaticamente e, infelizmente, abertamente. Mostrar que erramos, mas mostrar as novas diretrizes de utilização dos recursos da Igreja. Não há nada demais em tratar com dinheiro, mal há em utilizá-lo de forma vil, imprudente, irresponsável.
Uma Igreja para os pobres é uma Igreja que representa os interesses dos pobres para que eles deixem de ser pobres e possam ter uma vida digna. Neste sentido, cabe ao Papa, representante maior da Igreja, ser o símbolo da austeridade e da simplicidade, como fez João Paulo I e II em revogar a Tiara Papal nos seus trajes oficiais.
Que o próximo papa a ser escolhido, quiçá esta semana, venha ao encontro da mensagem primeira de Nosso Senhor Jesus Cristo que foi coroado em espinhos como a nos dizer que a verdadeira coroação é feita no âmbito da adversidade e não da abundância.
Que Jesus nos abençoe!
Helder Camara, 10/03/2013

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