31.1.18

VISÃO À DISTÂNCIA

Questão 432 do Livro dos Espíritos

O sonâmbulo tem dois tipos de visão: uma à distância e outra onde o Espírito deixa o corpo, como no sono, e se transporta a diversos lugares. A visão do médium sonambúlico se dilata como se ele estivesse usando um telescópio de grande alcance. Quanto mais evoluído o Espírito, mais sua capacidade de visão se dilata, chegando a observar até a vida em outros mundos. No entanto, para alcançar outros mundos em Espírito, já é mais difícil, pois isso depende muito de evolução espiritual, que quase não se encontra na Terra. O mais comum é mesmo a visão à distância.
O cordão fluídico não comporta viagem extra-planetária, sem romper suas fibras. Já houve casos de assim acontecer. É o mesmo que viagem astral, que se torna um perigo para pessoas sem experiência nessa ciência espiritual, motivo pelo qual não aconselhamos o seu exercício a ninguém. A viagem consciente que devemos exercitar todos os dias é aquela à nossa própria intimidade, para conhecer e reconhecer nossos próprios erros e corrigi-los. É claro que no futuro a viagem astral consciente será comum a todos os seres, por já estarem preparados para tal evento, mas, por agora, estamos todos com raízes presas nas trevas e dívidas a serem seladas.
O que aconselhamos a todos os leitores é exercitarem a visão das suas faltas e eliminá-las; esse é o melhor trabalho para a sua felicidade. O movimento maior deve ser o da reforma do homem. Os dons da alma se dividem ao infinito, para depois se fundamentarem no amor, donde emana toda a ciência para todos os recursos do bem-estar do Espírito. Sejamos firmes no bem com Jesus, que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida para toda a humanidade. Quem andar com Ele, nunca se arrependerá.
Não devemos, desejar o transe sonambúlico. Fiquemos com a faculdade que Deus despertou em nosso coração, usando-a para a felicidade de todos, que o tempo nos indicará o que devemos fazer a mais. Andemos sem pressa, mas não paremos de andar; pensemos sem desespero, mas não paremos de pensar nas coisas nobres; falemos sem tropeço, mas não paremos de falar quando necessário, porque nesse esforço permanente de melhorar, as mãos invisíveis nos ajudarão a conquistar grandes coisas, e convidar-nos-ão para outras ações enobrecidas, onde poderemos sentir a felicidade batendo em nossa porta, como luz de Deus nas trevas do mundo.
Procuremos ver à distância os valores da natureza e os benefícios recebidos. Sejamos gratos a Deus todos os dias, não só por palavras, mas pela vida que devemos levar em todos os minutos. A maior visão à distância é a de Deus, que vê tudo o que se passa na criação e ainda ajuda conscientemente a todos e a tudo que existe.
A alma, durante o sono, se transporta recolhendo aqui e ali conhecimentos indispensáveis à sua paz. Preparemo-nos para que esse conhecimento venha à tona para nos ajudar a conhecer melhor as leis espirituais, a vida e Deus.
Sonambulismo ainda é transe rudimentar. O verdadeiro estado da alma evoluída é consciente, passando a saber de tudo e aplicando todos os meios lícitos para ajudar e amar. A própria mediunidade transformar-se-á em intuição com o perpassar do tempo, sendo ela aprimorada, com toda a consciência do existir. É a verdade, na explosão da luz de Deus para a felicidade das criaturas que já conquistaram a paz da consciência imperturbável.


Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

30.1.18

MEDIUNIDADE PREPARAÇÃO – II

394 –Será sempre útil, para a cura de um obsidiado, a doutrinação do Espírito perturbado, por parte de um espiritista convicto?
-A cooperação do companheiro vale muito e faz sempre grande bem, principalmente ao desencarnado; mas a cura completa do médium não depende tão-só desse recurso, porque, se é fácil, às vezes, o esclarecimento da entidade infeliz e sofredora, a doutrinação do encarnado é a mais difícil de todas, visto requisitar os valores do seu sentimento e da sua boa-vontade, sem o que a cura psíquica se torna inexeqüível.

395 – Pode a obsessão transformar-se em loucura?
-Qualquer obsessão pode transformar-se em loucura, não só quando a lei das provações assim o exige, como também na hipótese de o obsidiado entregar-se voluntariamente ao assédio das forças noviças que o cercam, preferindo esse gênero de experiências.

Livro “O Consolador” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

29.1.18

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – XLII

No capítulo 42 – “Em Conversação” –, André Luiz nos fala sobre o diálogo com o Ministro Benevenuto, que acabara de chegar dos campos da Polônia, afirmando: “Muito doloroso o quadro que vimos (...); habituados ao serviço da paz na América, nenhum de nós imaginava o que fosse o trabalho de socorro espiritual nos campos da Polônia. Tudo obscuro, tudo difícil. Não se podem, ali, esperar claridades de fé nos agressores, nem tão-pouco na maioria das vítimas, que se entregam totalmente a pavorosas impressões. Os encarnados não nos ajudam, apenas consomem nossas forças. Desde o começo do ministério, nunca vi tamanhos sofrimentos coletivos”.
*
A Segunda Grande Guerra estava para acontecer e o Mundo Espiritual Superior, na tentativa de evitá-la, sentia-se impotente. Na tentativa de inspirar decisões que pudessem ser tomadas em favor da paz, evitando derramamento de sangue e a destruição de nobres patrimônios culturais da Humanidade, os espíritos, que transitavam nos gabinetes humanos, não logravam êxito. A mente encarnada fixa na violência, impedia o registro de qualquer apelo de ordem superior.
*
Neste trecho do relato de André Luiz, aproveitamos para responder àqueles que vivem indagando pela influência do Mundo Espiritual sobre, por exemplo, a situação política vigente no Brasil, com tanta corrupção e injustiça prejudicando milhares. Muitos, diante de nossa aparente passividade, chegam a duvidar de que, realmente, possamos existir, nós, os desencarnados. Acontece, porém, que, consoante as Leis Divinas, não dispomos de outro poder de intervenção junto aos encarnados que não seja o da sugestão mental, através dos apelos direcionados, de mil formas diferentes, aos que ocupam posições de poder, conduzindo os destinos de tanta gente.
Sentimo-nos, literalmente, como humildes ferreiros batendo sobre “ferro frio”, sem a menor capacidade de moldá-lo conforme melhor convém à sua utilidade geral.
O mesmo acontece quando, muitas vezes, amigos vários nos questionam sobre a nossa capacidade de influenciação no Movimento Espírita, impedindo que desvios doutrinários aconteçam, chegando a deturpar a mensagem da Terceira Revelação. Claro que não estamos alheios aos atavismos do Movimento Espírita, que, a partir de determinados companheiros invigilantes, colocam a pureza da Doutrina sob séria ameaça. Acontece, porém, que os nossos alvitres, dos irmãos de Ideal que nos encontramos deste Outro Lado, não são atendidos, ou, então, são tidos a conta de alertas mistificadores, intermediados por sensitivos em estado obsessivo.
*
O Ministro Benevenuto, em seu diálogo, ainda destacou: “Nunca, como na guerra, evidencia o espírito humano a condição de alma decaída, apresentando características essencialmente diabólicas”. Ousaríamos dizer que não apenas na guerra, mas em qualquer situação em que interesses escusos estejam em jogo – interesses ligados ao poder transitório, ao dinheiro, à vaidade, a pretenso poder espiritual conferido pela liderança de natureza religiosa... O Espiritismo, dizemos aqui o que temos dito alhures, vem sendo vítima do maior blefe mediúnico de todos os tempos, inédito nos anais do Espiritualismo em geral, com o envolvimento de centenas e centenas de espíritos encarnados, no Brasil e no Exterior, que estão se deixando influenciar maleficamente, dando azo a que o elitismo se acentue na gleba da Doutrina, fadada a reviver o Cristianismo em sua primitiva pureza.
*
Os Espíritos Amigos, como elucida o Ministro Benevenuto, frustram-se profundamente, e não é sem grande tristeza que observam a mole humana encaminhar-se, uma vez mais, para o abismo da ilusão, sem a necessária coragem de romper com os interesses mesquinhos que já a fizeram cair tantas vezes.
*
Nós mesmos, que nada somos, em mais de uma oportunidade, temos procurado alertar para os perigos que o Movimento Espírita atravessa, vendo, porém, baldados parte de nossos sinceros esforços, por aqueles que se unem para desqualificar-nos o tentame, a fim de continuarem usufruindo das benesses de um ilusório poder.
O que vem acontecendo em nosso Movimento, dá-nos plena convicção de que, infelizmente, o Espiritismo não se encontra preparado para a generalização de seus postulados, sem que, à sua frente, centenas viessem a reivindicar autoridade de liderança, a fim de serem entronizados como seus “chefes” religiosos, perturbados pela ideia de hegemonia espiritual – a mesma ideia que, na imagem bíblica, fez com que Satanás se precipitasse do Paraíso.

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 29 de janeiro de 2018.

28.1.18

O SERMÃO DO CENÁCULO

    (João, XIV - XVIII.)

    O Sermão do Cenáculo é tão importante, edificante e substancial quanto o Sermão do Monte.
    Este, é a entrada do Espírito na vida perfeita; aquele é a força, a esperança e a fé para prosseguirmos nessa tão gloriosa senda.
    O Sermão do Monte é a prédica pública, dirigida à multidão que, sequiosa da verdade, corria pressurosa a beber, na fonte primordial, os ensinos que lhes aclaravam o entendimento e lhes afagavam o coração oprimido.
    O Sermão do Cenáculo é o conjunto de conselhos, exortações e recomendações que Jesus dirige particularmente àqueles que, de fato, querem ser seus discípulos.
    Leiam os capítulos XIV, XV, XVI e XVII de João e verão neste discurso de Jesus, a bela insofismável, concisa e maravilhosa Doutrina Cristã que o respeitável Mestre fundou na Terra.
    O Lavapés e a Ceia não passam de símbolos, pretexto para a reunião, onde o Mestre deveria exortar, consolar e fortificar seus discípulos, para que, com fé e coragem, resistissem às provas por que iriam passar com a Tragédia do Gólgota.
    O principal de tal reunião não consiste, pois, na Ceia e no Lavapés, como julgaram as igrejas e os sacerdotes. O principal consiste nos ensinos que daí decorrem, como luzes cintilantes, através das páginas dos Evangelhos.
    Depois de haver Jesus repartido com aqueles que deveriam cuidar da sua doutrina, o pão, que para Jesus simbolizava a mesma doutrina, e o vinho que, como essência da vida, representa o Espírito que há de vivificá-la sempre; depois de, munido de uma bacia e cingido de uma toalha, lavar e enxugar os pés de todos, em sinal de humildade e pureza da alma, começa o seu memorável discurso com as doces palavras de resignação, conforto e esperança: "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus? Crede também em mim; na casa de meu Pai há muitas moradas..."E prosseguindo em seus ditames garante-lhes que, nem ele, Jesus, deixaria de os assistir e proteger, como também sob a sua direção, o Pai celestial lhes enviaria o Espírito Consolador, cuja falange de mensageiros os auxiliaria na sua gloriosa tarefa.
    Jesus proporciona-lhes toda sorte de auxílio, garante-lhes todas as bem-aventuranças, diz-lhes que continuaria a viver, voltaria, se manifestaria e lhes daria assistência por todos os séculos dos séculos!
    Faz ainda mais; avisa-lhes que não se manifestaria ao mundo, porque o mundo não estava preparado para recebê-lo; os homens não tinham os "corpos lavados" quanto mais os pés para segui-lo. Garante, por fim, a seus futuros apóstolos, o amor de Deus, e acrescenta que tudo o que lhes havia dito fora com o assentimento do Pai: que a palavra não era sua, mas sim de Deus.
    Após este substancioso intróito, transfundiu em seus discípulos o espírito vivificante da fé na imortalidade e, em forma de parábola, prosseguiu em suas exortações.
    Começa o Mestre comparando-se a uma videira, e anuncia que é a "verdadeira videira" .
    A videira é composta de tronco, galhos, folhas e frutos.
    Os galhos saem do tronco e têm por fim produzir folhas e frutos.
    Assim também seus discípulos devem estar unidos a ele, como os galhos à videira, e para permanecerem na videira precisam dar frutos, como galhos que são da videira verdadeira. E faz-lhes ver que a "vara que não der frutos será cortada e lançada fora", mostrando assim a necessidade do trabalho espiritual para a frutificação da virtude. E assim como o galho, a vara recebe a seiva da videira, labora, manipula-a para que brotem frutos, - as uvas - assim também os apóstolos ou discípulos recebem o Espírito da fé do seu Mestre, para trabalharem com esse Espírito, abençoada seiva, a fim de brotarem os frutos desse labor.
    A fim de melhor frisar a necessidade do cumprimento desse dever, Jesus diz que o viticultor da videira, representado nele, é o Pai celestial, é o Criador de todas as coisas, é , finalmente, Deus.
    Com esta afirmação o Mestre quis dizer que sua obra é divina, celestial e, portanto, nenhuma potestade conseguirá destruí-la, pois o viticultor não deixará de zelar pela sua videira.
    Então o Senhor abre a seus seguidores o seu amoroso coração, embalsamado dos mais puros sentimentos e dos mais vivos afetos e lhes diz: "Assim como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor; e se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor."
    Disse mais: que eles só seriam seus amigos se fizessem o que Ele lhes ordenara, e passou então a preveni-los do que lhes estava para acontecer: "que o mundo os aborreceria, que eles seriam perseguidos, mas não se dessem por vencidos, porque venceriam".
    Insistiu tenazmente para que todos esperassem a "vinda do Espírito da Verdade, dos Espíritos encarregados de guiar seus passos, de lhes alumiar o caminho, de lhes fortificar a fé". Disse que esses Espíritos dariam testemunho dEle, e fariam mais ainda: "convenceriam o mundo do pecado, da justiça e do juízo".
    Determinou a seus discípulos dissessem às gerações não ter Ele dito a última palavra, mas, ao contrário, haver ainda muita coisa a dizer; não o fazia porque eles não compreenderiam, mas o Espírito da Verdade ficaria encarregado dessa missão,: apóstolos invisíveis estariam sempre com aqueles que quisessem receber a sua palavra, e além de explicá-la a contento, anunciariam as coisas que teriam de acontecer.
    Finalmente, o Mestre oferece aos seus seguidores, sua palavra de despedida; demonstra a sua compaixão por todos; exorta-os novamente para que se precavenham nas tribulações; anima-os à vitória; mostra-se-lhes como vencedor e lhes anuncia a aproximação da hora em que iam ser espalhados, cada um para o seu lado.
    Conclui, afinal, a sua tocante prédica com uma prece, uma oração, um brado da alma para melhor santificar as suas palavras, para fazê-las vibrar na alma de seus discípulos, para unir aquela igreja nascente aos agentes da divina vontade; para unir aquele punhado de homens, que para o futuro seriam  baluartes da verdade; finalmente para lhes demonstrar que estava em íntima ligação com o Pai dos Espíritos e que dEle havia recebido todas as ordens.
    É de ver que Jesus, nessa mesma prece, não só orou por aqueles que consigo se achavam; mas pediu até por nós, que meditamos hoje nos seus ensinos e por todos aqueles que mais tarde receberão esses ensinos.
    Esses atos, essas palavras, esse espírito de dedicação, esse zelo sobre-humano, esse caráter edificante com que o divino Mestre ilustrou todos os momentos de sua vida, ungido sempre daquela caridade que excede a todo entendimento humano; essa prece extraordinária, admirável, em que, num colóquio de amor com o Supremo Criador, resumiu, deu conta da sua grandiosa missão e ao mesmo tempo solicitou para todos o amparo dos Céus, só podiam ser apreciados à luz do Espiritismo, porque é, na verdade, esta doutrina que estava destinada pelo próprio Jesus a transfundir na alma humana a seiva vivificante do Evangelho.
    O Sermão do Cenáculo encerra, como o do Monte, todas as condições doutrinárias, para felicitar o homem na Terra e divinizá-los nos Céus.
    Quem ouve estas palavras e põe em prática estes ensinamentos, edifica sua casa sobre rocha; e embora soprem os ventos e corram as águas, a casa permanece e o amparo dos bons Espíritos nunca falta a seus moradores.


Livro: Parábolas e Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel

27.1.18

De Pés Feridos

Prossegue adiante, embora os pés feridos,
No peito, o coração descompassado,
Por visões do Infinito atormentado
Nos escuros caminhos percorridos...

Tendo só por consolo os teus gemidos,
Caminha pelas dores alquebrado,
Sorvendo o vinho em fel transfigurado
A transbordar da taça dos vencidos...

Por sob o pranto de teus olhos baços,
Contempla a luz que te norteia os passos,
Sem desviar-te da senda necessária...

Não te esqueças, nas lutas do caminho,
Procurando da Terra o Excelso Ninho,
Toda ascensão é árdua e solitária!...

Eurícledes Formiga

(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã de sábado do dia 20 de janeiro de 2018, em Uberaba – MG).

26.1.18

ORIGEM DAS IDÉIAS

Questão 431 do Livro dos Espíritos

A origem das ideias dos sonâmbulos, já falamos em mensagem anterior, está na consciência profunda, arquivo da alma onde Deus depositou todas as leis da vida, e onde ela recolhe todas as experiências colhidas nas vidas sucessivas que teve o Espírito neste ou em outros mundos.
Em muitos casos, também o sonâmbulo serve de medianeiro para outros Espíritos que se comunicam por seu intermédio. A prática do sonambulismo faz despertar igualmente outros dons do Espírito. É uma profusão de sabedoria que fica recolhida na profundidade da consciência. Podemos observar, como nos primórdios da Doutrina dos Espíritos, quando, por vezes, sonâmbulos sem instrução que os qualificassem, diziam coisas maravilhosas. Ou a fonte é a consciência profunda, ou são os instrutores espirituais que lhes sopram aos ouvidos sensíveis pelo transe sonambúlico. Eis aí a origem das idéias por eles ventiladas.
O corpo impede que o Espírito conheça certas ciências, mas em estado mediúnico, ou na profundidade do termo sonambúlico, o Espírito relembra todas as filosofias e ciências que tem guardado nos arquivos do seu ser.
Quando o sonâmbulo volta ao estado normal da sua mente, todo o saber que expressava no transe é recolhido para a consciência profunda de onde estava vertendo.
Mesmo para os espíritas mais estudiosos, existem muitas coisas em segredo reservadas para o amanhã. Todas as revelações vêm pouco a pouco. A verdade tem uma marcha que a ponderação dirige, e que o bom senso comanda também. Cada pessoa recebe o que merece, na altura da sua evolução espiritual. As escolas são exemplos disso; há muitos alunos em uma universidade, mas, cada grupo em uma faixa de conhecimento. Não se pode torturar um aluno do primeiro grau, com noções de matemática de grau mais elevado.
Na verdade, as ideias têm muitas fontes e a primeira está em Deus. É qual a eletricidade que, sendo gerada na queda d’água, passa por muitos transformadores, e se divide em frações de forças para ser útil aos homens. Assim, a ideia de Deus passa por muitas interpretações até chegar ao homem, que nela imprime seus sentimentos como semente, respondendo por ela.
Se o sonâmbulo transmite algo que não devia falar, pode ser por interferência de Espíritos de idoneidade duvidosa, que encontraram no médium sonambúlico sintonia de alguns desequilíbrios. Para tanto, devem os que ouvem usar a razão e aceitar o que a consciência em Jesus permitir. Assim se deve fazer em tudo.
O que mais interessa, por enquanto, aos grandes comandantes dos pensamentos puros, é a mudança dos homens. Quando é preciso mudar, é necessário compreender o amor e passar a amar todas as criaturas e todas as coisas. É pela irradiação do amor que se fica sabendo de tudo o que mais interessa na Terra e no céu. A própria sabedoria nasce do amor. A origem de tudo é Deus, até do que pensa ser o mal, que não existe, pois tudo tem uma razão de ser, em todo lugar onde palpita a vida.
“Tudo tem uma razão de ser, e nada se faz sem a permissão de Deus” (pergunta 536/LE). É justo que devemos observar tudo, escolhendo o que nos convém, dependendo da nossa evolução espiritual, conforme o plano que habitamos e as leis que havemos de obedecer.


Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

25.1.18

MEDIUNIDADE - PREPARAÇÃO

392 –Pode contar um médium, de maneira absoluta, com os seus guias espirituais, dispensando os estudos?
Os mentores de um médium, por mais dedicados e evoluídos, não lhe poderão tolher a vontade e nem lhe afastar o coração das lutas indispensáveis da vida, em cujos benefícios todos os homens resgatam o passado delituoso e obscuros, conquistando méritos novos.
         O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensamente e trabalhar em todos os instantes pela sua própria iluminação. Somente desse modo poderá habilitar-se para o desempenho da tarefa que lhe foi confiada, cooperando eficazmente com os Espíritos sinceros e devotados ao bem e á verdade.
         Se um médium espera muito dos seus guias, é lícito que os seus mentores espirituais muito esperam do seu esforço. E como todo progresso humano, para ser continuado, não pode prescindir de suas bases já edificadas no espaço, sempre que possível, criando o hábito de conviver com o espírito luminoso e benefício dos instrutores da Humanidade, sob a égide de Jesus, sempre vivo no mundo, através dos seus livros e da sua exemplificação.
         O costume de tudo aguardar de um guia pode transformar-se em vício detestável, infirmando as possibilidades mais preciosas da alma. Chegando-se a esse desvirtuamento, atinge-se o declive das mistificações e das extravagâncias doutrinárias, tornando-se o médium preguiçoso e leviano responsável pelo desvio de sua tarefa sagrada.

393 –Como entender a obsessão: É prova, inevitável, ou acidente que se possa afastar facilmente, anulando-se os efeitos?
-A obsessão é sempre uma prova, nunca um acontecimento eventual. No seu exame, contudo, precisamos considerar os méritos da vítima e a dispensa da misericórdia divina a todos os que sofrem.
Para atenuar ou afastar os seus efeitos, é imprescindível o sentimento do amor universal no coração daquele que fala em nome de Jesus. Não bastarão as fórmulas doutrinárias. É indispensável a dedicação, pela fraternidade mais pura. Os que se entregam à tarefa da cura das obsessões precisam ponderar, antes de tudo, a necessidade de iluminação interior do médium perturbado, porquanto na sua educação espiritual reside a própria cura. Se a execução desse esforço não se efetua, tende cuidado, porque, então, os efeitos serão extensivos a todos os centros de força orgânica e psíquica. O obsidiado que entrega o corpo, sem resistência moral, as entidades ignorantes e perturbadas, é como o artista que entregasse seu violino precioso a um malfeitor, o qual, um dia, poderá renunciar à posse do instrumento que lhe não pertence, deixando-o esfacelado, sem que o legítimo, mas imprevidente dono, possa utiliza-lo nas finalidades sagradas da vida.

Livro “O Consolador” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

24.1.18

Eu quero voltar

Eu quero voltar e novamente dizer as coisas que disse porque a gente que deveria ouvir e fazer achou que era esquisitice.
Eu quero voltar e outra vez dizer da minha impaciência com o dito não dito, com a fome e a miséria.
Eu quero voltar para dizer ao meu povo que o que fiz faria de novo porque nada está no seu lugar, porque tudo está por desejar.
Eu quero voltar e dizer que o nosso País não é joguete de interesse particular, é um lugar que se possa falar com alegria e gratidão, pois que é o berço de uma nova nação.
Eu quero voltar e dizer aquilo que não disse e outra vez falar que a injustiça é feia e maltrata toda a gente, que não se vai pra frente enquanto ela reinar.
Eu quero voltar – diga lá para meu povo que ele novamente está por vir – para ampliar a consciência popular e agora falar da vida desse meu lugar onde todos um dia haverão de voltar.
Eu quero voltar, agora sei mais o que fiz, e ao voltar, caminhar por estradas que ainda não fui, rezar o terço para outros povos, cantar esperanças além-mar.
Eu quero voltar de novo para o meu País e lá dizer bem alto para todos ouvirem que é o Evangelho de Jesus que está por vir.
Eu vou voltar – e quando esse dia chegar – abrirei os braços para o Senhor e direi:
- Que maravilha é poder voltar e tudo recomeçar para que a vida seja mais vida, para que tudo faça sentido, para que eu novamente seja ouvido, para que um dia Tu possas voltar.

Helder Camara – Blog Novas Utopias.

23.1.18

À Deriva

Para onde vai a política brasileira?
Em destroços, caminhamos. Em repiques, andamos. Saltam aos olhos de quem quer que seja o quanto estão maltratando a vida pública nacional. Sem vergonha alguma são tomadas medidas absurdas e impopulares. Os compromissos com a nossa Nação são resolvidos num balcão de interesses escusos. Tudo gira em torno da manutenção do poder e dos privilégios. Que se dane o povo, dizem eles.
Um presidente fraco, interessado apenas em preservar-se no poder e criar uma fictícia imagem para a posteridade.
Um governo cambaleante e sem rumo algum e a tendência que se avizinha, infelizmente, é piorar.
Nunca vi na história da política brasileira tamanho desatino com as coisas populares e as coisas de Estado. São pobres no caráter e na entrega de resultados à população. Herdaram o descalabro e deles se fizeram seus continuadores com novos ares. Tudo titubeia. Tudo se obscurece. Tudo se deteriora.
O governo é reflexo do nosso sistema político carcomido e indefeso. Jogam-se com as regras do jogo para burlá-lo mais à frente. Que venham as eleições e lá tracemos o nosso futuro – dizem para si a maioria.
Uns poucos que bradam pela verdade e pela decência é como se pregassem ao deserto – pobres idealistas de uma causa que parece morta.
Ainda bem que recentemente a Justiça brasileira tenha se levantado contra as ilegalidades e se convertido no verdadeiro bastião da democracia e dos direitos. Não fosse ela, estaríamos irremediavelmente caracterizados como uma república de bananas.
Eu grito do lado de cá da vida e faço eco a outros tantos que veem este descalabro e tentam, de alguma sorte, influenciar os destinos da nação para que não se caia definitivamente à deriva.
São lutadores da democracia que não cansam de defender os interesses do País no além físico. Tancredo Neves não dorme com tanta preocupação em resolver algumas questões fundamentais que ele denomina como “nós-górdios da democracia brasileira”. Também fala das suas decepções e amarguras, mas sabe que cada um responde pelas suas ações e o que pode fazer é lamentar e pedir que cada um resgate a sua própria dignidade em vida.
Ulysses Guimaraes fica num pé e noutro, para lá e para cá, no Congresso Nacional e nos bastidores do governo, tentando influenciar pela inspiração que, os poucos que ainda o ouvem do velho MDB, digam um basta a tanto despautério e desordem. Pergunta-se, vez por outra, onde foi que eu errei?
Há outros, como Mário Covas e Villas-Bôas Corrêa, que tratam comigo de assuntos de ordem ética. Os comentários de cada um dariam facilmente para fazer um livro de grande monta para a nossa gente.
Eu estive, dia desses, com o espírito que se denominou numa de suas reencarnações como Tiradentes. Ele está febril com esta situação que se desenrola no nosso País. Febre de preocupação e desolamento porque não vê outra saída, a curto prazo, senão uma debandada de todo o pessoal que aí está e, em seu lugar, colocar uma “moçada” que já está preparada para mudar os rumos desse País.
Cada um, portanto, a seu modo, faz alguma coisa para que, num futuro próximo, tenhamos mais estabilidade política e econômica para podermos guiar a nossa nação em correntes mais calmas e numa direção mais tranquila e firme.
O povo, em todo o caso, deve ser o protagonista desses novos dias. A responsabilidade é tamanha e esperamos que o jogo democrático nos leve a melhores dias. Que as perdas ocorridas há pouco no cenário nacional não sejam repetidas por escolhas equivocadas. A soberania popular acima de tudo, mas devemos, no flanco que estamos, tentar mostrar as nossas ideias e, igualmente, praticar a boa política, respeitando a opinião geral da nação.
Fico aqui neste espaço – e noutros que me dão guarida – a apresentar as minhas ideias e esperando grandemente ser ouvido. Não para segui-las, porque este não é o meu intento, mas que possam ser analisadas à luz do bom senso e praticadas à medida que haja a concordância, influenciando outros, sensibilizando alguns mais.
Nossa luta é pela glória da nação. Não confundam com interesses políticos menores, indicando que se deve votar em candidato a ou b. Isso não. Compete-nos, no entanto, dar a nossa opinião e sermos coadjuvantes de um novo amanhã para o nosso Brasil.

Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal

22.1.18

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – XLI

No capítulo 42 – “A Palavra do Governador” –, de “Nosso Lar”, André Luiz nos informa que o Governador, na certeza de que o grande conflito não seria evitado, embora todos os esforços dos espíritos esclarecidos junto aos gabinetes nos quais a guerra estava sendo decidida deliberou visitar o Ministério da Regeneração, para dirigir a sua palavra paternal a todos os moradores da referida cidade espiritual, enfocando a necessidade de trinta mil voluntários para os serviços defensivos de “Nosso Lar”.
Permitam-nos aqui formular algumas questões.
O que, por exemplo, o Governador quis dizer quando disse: “Haverá serviço para todos, nas regiões de limite vibratório, entre nós e os planos inferiores, porque não podemos esperar o adversário em nossa morada espiritual”?!
O Governador, por certo, não estava se referindo apenas e tão somente à maior organização de serviços no amparo aos que haveriam de desencarnar vitimados pela guerra, certo?!
De que maneira “Nosso Lar”, e outras cidades mais próximas ao orbe poderiam vir a sofrer com a guerra?! Será que a guerra, agitando os encarnados, oportunizaria aos vândalos desencarnados uma tentativa de invasão à “Nosso Lar”?!
Vejamos o que ele considera em seguida: “Seria caridade permitir a invasão de vários milhões de espíritos desordeiros? Não podemos, portanto, hesitar no que se refere à defesa do bem”.
E, um pouco mais adiante: “Todos devemos estar prontos para o sacrifício individual, mas não podemos entregar nossa morada aos malfeitores. (...) Preparemos, pois, legiões de trabalhadores que operem esclarecendo e consolando, na Terra, no Umbral e nas Trevas, em missões de amor fraternal; mas precisamos organizar, neste Ministério, antes de tudo, uma legião especial de defesa, que nos garanta as realizações espirituais, em nossas fronteiras vibratórias”.
Pedimos vênia para recordar aos nossos irmãos internautas o episódio, já comentado por nós, inserido no capítulo 31, intitulado “Vampiro”, quando um espírito, logrando atravessar as linhas de vigilância, intenta ter acesso à cidade. Recordam-se?!
Sabe-se que o mal, igualmente, pode agir por oportunismo. Encontrando ensejo, muitos espíritos encarnados, aparentando equilíbrio, de instante para outro, podem se transfigurar nos delinquentes que ainda são. Concordam?!
Numa manifestação pública de contestação, qual, ultimamente, vem ocorrendo no Brasil e no mundo, sendo inicialmente pacífica, de repente termina por degenerar, e quem não se supunha capaz de atos de violência e vandalismo, surpreende negativamente a si mesmo, e, não raro, aos seus próprios familiares, fazendo igual ou pior que os agitadores confessos costumam fazer.
No início do capítulo 42, Narcisa, em conversa com André Luiz, considerou: “Precisamos organizar determinados elementos para o serviço hospitalar urgente, embora o conflito se tenha manifestado tão longe, bem como exercícios adequados contra o medo”.
Medo de quê?! – indagamos. – Não nos seria uma reação natural, o receio, caso soubéssemos que hordas de malfeitores estivessem marchando em direção à nossa cidade, prestes, então, a ser por elas vandalizada?! Quantas vezes, por ocasião de uma catástrofe natural, como a de um terremoto, verificam-se saques, invasões de domicílio, atentados, de toda ordem, contra a dignidade humana?! Infelizmente, o mal que ainda existe em nós, e em nossos semelhantes, permanece à espreita e, em se lhe oferecendo oportunidade, manifesta-se.
Notemos, uma vez mais, quanto os Dois Planos, o Físico e o Extrafísico, incessantemente, agem e reagem um sobre o outro, com ações e intenções atravessando fronteiras vibratórias.
Ousamos dizer que os Dois Planos, são irmãos “siameses”, mormente para aqueles espíritos que não possuem lucidez da mudança provocada pela morte, para, mentalmente, se situarem em uma nova condição, que lhes possibilite passar a viver no degrau de cima da Escada que devemos transpor.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 22 de janeiro de 2018.

O SER REAL

    Quando o indivíduo, dominado pelos impulsos da violência, sob rude controle, em tensão contínua, inteiriça os músculos antagônicos, exigindo-lhes demasiada elasticidade, gera atrito das articulações ósseas, às vezes dando origem a várias expressões artríticas, especialmente as de natureza reumatóide...
    Conduzir bem essa força é um recurso preventivo para doenças degenerativas, portanto, evitáveis.
    Por outro lado, os núcleos vitais (chakras) abaixo do diafragma, que não têm as energias transmutadas para a região superior a fim de serem sublimadas, especialmente na zona sacral, produzem doenças do aparelho urinário e genésico, com agravantes no que diz respeito aos relacionamentos sexuais...
    Nada se deve perder no organismo. Todas as energias poderão ser canalizadas sob o comando da mente desperta - o eu Superior - para a sua responsabilidade, criatividade e expressão divina, que demonstram sua origem.
    O Eu consciente, mediante exercício constante, deve comunicar-se com todas as células que lhe constituem o invólucro material, à semelhança do que faz quando lhe atende alguma parte ou órgão que necessita de tratamento.
    Considere-se um corte que dilacere um membro.
    Pode ser deixado de lado para auto-refazer-se ou receber curativo imediato para a reparação dos tecidos e capilares.
    Da mesma forma, a consciência - o Si - deve atender a energia, nas suas diferentes manifestações, rarefeita ou condensada, interferindo com amor e dando-lhe ordens equilibradas para a sua sublimação.
    A doença resulta do choque entre a mente e o comportamento, o psíquico e o físico, que interagem somatizando as interferências.
    Diante de ocorrências viciosas, de acidentes morais e emocionais, cumpre se lhes faça um exame circunstanciado, passando-se à conversação com o departamento afetado, despertando-lhe as potências e liberando-as para o preenchimento das finalidades da vida a que todas as coisas estão submetidas e se destinam.
    Conversar, terna e bondosamente, com as imperfeições morais, alterando-lhes o curso; buscar penetrar no intrincado meandro dos conjuntos celulares e envolvê-los em vibrações de amor; estimular os órgãos com deficiência de funcionamento, ou perturbação enfermiça, a que voltem à normalidade, são métodos de comando de energia espiritual do Eu superior, interferindo nas complexidades da força mantenedora do perispírito e da matéria, alterando-lhes para melhor a movimentação.
    No sentido inverso, a conduta desregrada, os pensamentos violentos, as forças descompensadas do instinto, produzindo congestão e inibição das energias, dão curso aos estados de violência, de depressão, de obsessão compulsiva, de degeneração dos tecidos e órgãos que lhes sofrem a corrente contínua deletéria.
    A conscientização do ser leva-o a um conhecimento profundo das possibilidades criativas e realizadoras, que trabalham pelo seu e pelo bem da sociedade onde se encontra.
    O tropismo da Divina Luz atrai a criatura, que às vezes se esconde nas sombras da inconsciência - ignorância de si - permanecendo nas faixas inferiores da evolução. No entanto, a força do progresso é lei da Vida, e assim, pelo desgaste que produz sofrimento surge o despertar, então a atração poderosa da Plenitude arrasta o ser humano na direção da sua destinação fatal - a perfeição.
    Procrastinar o fenômeno da conscientização tem limite, porque, na sua complexidade, a energia, que é vida, constitui-se do Psiquismo Divino, e hoje ou mais tarde, liberta-se das injunções grosseiras que a limitam momentaneamente, sutilizando-se em ondas de amor que se espraiarão no Oceano do Amor de Deus.


Auto-Descobrimento - Divaldo P Franco - Joanna de Ângelis

20.1.18

UM DIA

Não te queixes, alma boa,
De mágoas no teu caminho,
Recorda que sobre o espinho
Desponta a rosa em botão.
O sofrimento no mundo,
Nas provas de todo instante,
É a força que te garante
A própria renovação.

Aceita com paciência
A dor que a vida ilumina,
Porque a Bondade Divina
Dá-nos sempre o que convém.
Valoriza o tempo agora,
Não te detenhas na estrada,
Prosseguindo na empreitada
De apenas fazer o bem.

Sob o afago da esperança,
Não desistas de lutar,
Ora e canta ao carregar
O peso de tua cruz...
Um dia, finda a batalha,
Que te parece infinita,
Chegarás, de alma contrita,
À presença de Jesus!...

Maria Dolores

(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, na reunião pública do “Grupo Espírita da Prece”, na noite de 19-9-87, em Uberaba – MG).

19.1.18

O SER CONSCIENTE

      Quem aspira por ser amado mantém-se  na  imaturidade,  na  dependência psicológica infantil, coercitiva, ególatra.  A  afetividade  é  o  campo central para a batalha entre as diversas paixões de posse e de renúncia, de domínio e abnegação, ensejando a predominância no amadurecimento afetivo, o ser esplende e supera-se. O próximo passo é o  amadurecimento  mental, graças à compreensão de que a vida  é  rica  de  significados  e  o  seu sentido  é  a  imortalidade.  Com  essa  identificação  alteram-se    os interesses,  e  as  paisagens  se  clareiam  ao  sol  da   razão,    que consubstancia a fé no homem, na vida e em Deus. O amadurecimento mental, que se adquire pela emoção e pelo conhecimento que discerne  os  valores constitutivos  da  filosofia  existencial,  amplia  as  perspectivas  da realização completadora. Somente após lograr o  amadurecimento  afetivo, consegue o mental, por encontrar-se livre  dos  constrangimentos  e  das pseudo-necessidades emocionais. A conquista da razão  é  relevante,  por ser o princípio ordenador, responsável pela formação  do  discernimento, que reúne em um só conjunto as diferentes conquistas    intelectuais,  a fim de que  possa  utilizar  o  pensamento  de  maneira  justa,  real  e compatível com  a  consciência.  A  razão  proporciona  a  superação  do fenômeno infantil da ilusão, da fantasia, responsável  pelo  sofrimento, em se  considerando  a  impermanência  e  todos  os  acontecimentos e aspirações físicas. A mente, no seu contexto e complexidade, resulta  de duas expressões da sua natureza: o intelecto e a razão, sendo o primeiro de formação discursiva e a segunda de  caráter intuitivo. Disso decorrem duas condutas de aprendizagem no que tange ao pensamento e  ao  seu  uso correto.

Livro”O Ser Consciente - Divaldo P Franco - Joanna de Ângelis

18.1.18

O REMÉDIO OBJETIVO

     Isidoro Vianna, colaborador nos serviços da caridade cristã, não obstante o devotamento com que se entregara aos princípios evangélicos torturava-se, infinitamente, ante os golpes da crítica.
     Nas sessões do grupo, vivia em queixas constantes.
     Tão logo se incorporava Policarpo, o benfeitor espiritual que dirigia a casa, intervinha Isidoro, reclamando:
     -Irmão Policarpo, está exausto! Que me aconselha? O mau juízo sufoca-me. Se cumpro minhas obrigações, chamam-me bajulador; se me afasto do dever durante alguns minutos, acusam-me de preguiçoso. Toma-se a iniciativa do bem, declaram-me afoito, e, se aguardo a cooperação de alguém, classificam-me de tardio. Que fazer?
     O mentor desencarnado contornava o problema, delicadamente, e acabava asseverando:
     - O plano Terrestre, meu amigo, ainda é de enormes contrastes. A luz é combatida pelas trevas, o mal pelo bem. A hostilidade que a ignorância nos abre favorece o trabalho geral de esclarecimento. Tenhamos calmas e prossigamos a serviço de Nosso Senhor, que nos ajudou até à cruz.
     O companheiro choramingava e, na próxima reunião, voltava a pedir:
     - Irmão Policarpo, que tentar em favor da harmonia? Minha boa-vontade é inexcedível, entretanto, como proceder ante os adversários gratuitos? O cerco dessa gente é insuportável. Não consigo caminhar em paz. Renda-se culto à gentileza, abrindo o espírito à ternura dos amigos, dizem que sou explorador da confiança alheia e, se busco isolar-me, atento aos compromissos que assumi, afirmam que não passo de orgulhoso e mau irmão.
     O protetor respondia tolerante:
     - A tarefa, meu amigo, será mesmo assim. Quem conhece Jesus deve desculpar a leviandade daqueles que ainda o não conhece. Aliás, a obra de evangelização das almas demanda paciência e perdão, com o sacrifício de nós mesmos. Se não nos dispusermos a sofrer, de algum modo, pela causa do bem vitorioso, quem nos libertará do mal? Tenhamos suficiente valor e imitemos o exemplo da suprema renúncia, do Mestre.
     Isidoro gemia, concordando a contragosto; contudo, na semana seguinte, repisava:
     -Irmão Policarpo, que será de mim? A opinião do mundo é obstáculo intransponível. Não aguento mais. Em tudo a censura castiga. Dão-se recursos materiais, contribuindo nas obras da compaixão fraternal, sou apontado por vaidoso com mania de ostentação, e, se procuro retrair-me, de alguma sorte, gritam por aí que tenho um coração empedernido e gangrenado. A incompreensão dá para enlouquecer.     Como agir?
     O amigo generoso replicava sereno:
     - Semelhantes conflitos são injunções da luta santificante. Quem muito fala aprenderá, mais tarde, a calar-se... Não se prenda às desarmonias alheias. Ligue-se ao bem e acompanhe as sugestões mais nobres.     Enquanto a imperfeição dominar as almas, a crítica será um estilete afiado convocando-nos à demonstração das mais altas virtudes. Coloque sua mente e seu coração na Vontade do Senhor e caminhe para frente. As árvores ressequidas ou estéreis jamais recebem pedradas, Não têm fruto que tente os que passam. Avancemos corajosos no trabalho cristão.
     Isidoro lamentava-se e o assunto transferia-se à reunião imediata.
     De semana a semana, o aprendiz chorão multiplicava perguntas, até que, certa noite, agastado talvez com os incessantes apelos à serenidade que o instrutor lhe propunha, exclamou desesperado:
     - O que eu desejo irmão Policarpo, é uma orientação decisiva contra os ataques indébitos. Que medida adotar para não sermos perturbados? Como anular a reprovação desalentadora? Por que processo nos livrar-nos dela?
     Como furtar-nos ao remoque, à deturpação, à maldade?
     O benfeitor espiritual sorriu magnânimo, e acentuou:
     -Ah! Já sei... Você pede um remédio objetivo...
     - Isto mesmo! -tornou Isidoro, ansioso.
     - Pois bem - concluiu o amigo espiritual, benevolente-, a única medida aconselhável é a paralisia da consciência. Tome meio quilo de anestésicos por dia, descanse o corpo em poltronas e leitos, durma o resto da existência, despreocupe-se de todos os deveres, fuja à aspiração de elevar-se, resigne-se à própria ignorância e cole-se a ela, tanto quanto a ostra se agarra ao penedo, e, desde que você se faça completamente inútil, por mais nada fazer, a crítica baterá em retirada. Experimente e verá.
     Isidoro escutou a estranha fórmula, de olhos arregalados e, daí em diante, começou a servir sem perguntar.


"Livro:" Contos e Apólogos "- Psicografia Francisco C. Xavier- Espírito Irmão X".

17.1.18

POR QUE ERROS?

Questão 430 do Livro dos Espíritos

Certamente que há alguns sonâmbulos que erram nas suas previsões e visões; nem tudo que falam sucede. Já dissemos em mensagem anterior sobre a escala dos sonâmbulos, proporcional à evolução. Não existem os sábios e os pseudo-sábios? Em quase tudo existe a verdade e a mentira, dependendo do grau de evolução de quem se encontra mostrando a verdade. Na mediunidade ocorre a mesma coisa; todos são médiuns, isso nos falam as leis naturais; todas as criaturas são possuidoras de todos os dons, mas nem todos estão despertos para o exercício mediúnico. Depende ainda do uso que se faz dos dons ao seu dispor. Para quem não tem responsabilidade, tanto faz mentir como falar a verdade, O Espírito, mesmo cativo, sente-se livre dos compromissos, mas responderá pelo que falar nas linhas dos desajustes espirituais. No fim, é errando e acertando que chegamos à grande verdade.
O sonâmbulo apurado, que tem sua consciência limpa de todos os males, ou de quase todos, as suas previsões são verdadeiras em todos os sentidos da vida. Vejamos o Apocalipse: João entrava em um sonambulismo perfeito, em êxtase e escreveu o que via. Nos dias de hoje, se assim acontecesse, seria um médium sonambúlico que transmitia corretamente o que via no grande livro etérico da criação. Podemos ainda tomar como exemplo os grandes Espíritos do passado que, em estado de sonambulismo profundo falaram e escreveram coisas que estão se passando hoje, e que tudo indica irão se cumprir amanhã.
Aos Espíritos imperfeitos não são dadas todas as coisas; sua ação, mesmo no sonambulismo, é limitada, por lhes faltar responsabilidade firme no dever honesto. Assim como é necessário o cascalho para guardar o diamante, é indispensável o falso, para reconhecermos o verdadeiro e termos mais cuidado na seleção dos assuntos que ouvimos e que vemos nos nossos caminhos de evolução.
Ao espírita é pedido mais, porque lhe está sendo dado muito; não deves alimentar ilusões, trabalhando dentro de si, eliminando as paixões inferiores que impedem o desabrochamento dos valores do coração; que não se acomode com a situação, deixando-se ser impelido somente pelos instintos. Sendo dotado da razão, deve cultivar esse dom para sua iluminação interna e preparar-se para o amanhã, que promete e trará um dom mais aperfeiçoado, que se chama intuição. Que não perca a oportunidade do esforço próprio, da conscientização da vida e dos seus valores espirituais. Deve competir com os que já estão se libertando das peias inferiores do ódio, da maledicência e do orgulho e de tantas outras inferioridades que possam entravar o despertamento dos dons de ouro do seu coração. Se quiser subir, haverá de fazer força e sacrifícios, de degrau a degrau. Deve saber que não somente os sonâmbulos se enganam nas revelações. Os próprios cientistas de todo o mundo, de vez em quando fazem retificações naquilo que falaram, escreveram e praticaram por muitos anos. As religiões e filosofias não escapam ao tempo e ao progresso; assim o engano no mundo em que habita é norma do processo de evolução espiritual. Não obstante, em tudo que fizer, que se lembre primeiro da sinceridade, para que a verdade possa acompanhá-lo em todos os instantes, e mesmo que não possa falar toda a verdade, é bom que viva com ela, para que algum dia possa dizer:
‘Eu sou a verdade”, como dizia Jesus.


Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

16.1.18

MEDIUNIDADE - DESENVOLVIMENTO

390 –É justo que um médium confie em si mesmo para a provocação de fenômenos, organizando trabalhos especiais com o fim de converter os descrentes?
-Onde o médium em tão elevada condição de pureza e merecimento, para contar com as suas próprias forças na produção desse ou daquele fenômeno? Ninguém vale, na terra, senão pela expressão da misericórdia divina que o acompanha, e a sabedoria do plano superior conhece minuciosamente as necessidades e méritos de cada um. A tentativa de tais trabalhos é um erro grave. Um fenômeno não edifica a fé sincera, somente conseguida pelo esforço e boa-vontade pessoal na meditação e no trabalho interior. Os descrentes chegarão à Verdade, algum dia, e a Verdade é Jesus. Anteciparmo-nos à ação do Mestre não seria testemunho de confusão? Organizar sessões medianímicas com objetivo de arrebanhar prosélitos é agir com demasiada leviandade. O que é santo e divino ficaria exposto aos julgamentos precipitados dos mais ignorantes e ao assalto destruidor dos mais perversos, como se a Verdade de Jesus fosse objeto de espetáculos, nos picadeiros de um circo.

391 – Os irracionais possuem mediunidade?
-Os irracionais não possuem faculdades mediúnicas propriamente ditas. Contudo, têm percepções psíquicas embrionárias, condizentes ao seu estado evolutivo, através das quais podem indiciar as entidades deliberadamente perturbadoras, com fins inferiores, para estabelecer a perplexidade naqueles que os acompanham em determinadas circunstâncias.


Livro “O Consolador” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

15.1.18

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – XL

Refletindo sobre as narrativas de André Luiz, enfeixadas no capítulo 41 – “Convocados à Luta” –, de “Nosso Lar”, percebemos, com clareza, que os espíritos conscientes indignam-se com as atitudes tomadas pelos países que se lançam à guerra, encabeçando “a desordem na Casa do Pai”, e não hesitam em se colocarem ao lado dos que são agredidos, afirmando que os países agressores, diante da Lei,  pagarão “um preço terrível”.
Muito importante o que o referido autor espiritual considera, quando traduz a palavra de Salústio: “... os países agressores convertem-se, naturalmente, em núcleos poderosos de centralização das forças do mal”.
Vejamos aqui, em forma de obsessão, a presença da “mediunidade coletiva”! Podemos mesmo nos referir a um “pentecostes” das trevas! Na época de Segunda Grande Guerra, os alemães, com as exceções de praxe, claro, instigados por Hitler e seus sequazes, os adeptos do nazismo, estabeleceram sintonia com as regiões trevosas – com os espíritos que, em falanges imensas, desejavam dominar para escravizar o pensamento humano. Não olvidemos que a “suástica”, o símbolo do nazismo, era uma cruz “retorcida” – a cruz gamada! O propósito foi, e continua sendo, o de sempre se opor ao Cristo de Deus!...
A loucura coletiva que tomou conta do povo alemão, estendendo-se aos seus aliados – em especial, Itália e Japão –, deixou claro o que comentava Salústio: “Legiões infernais precipitam-se sobre grandes oficinas do progresso comum, transformando-as em campos de perversidade e horror”.
No livro “Libertação”, André Luiz, transcrevendo a preleção do Ministro Flácus, anotou no capítulo primeiro: “Seres humanos, situados noutra faixa vibratória, apoiam-se na mente encarnada, através de falanges incontáveis, tão semiconscientes na responsabilidade e tão incompletas na virtude, quanto os próprios homens”.
*
Por que um acontecimento qual o da guerra interessa tanto o Mundo Espiritual?! Por que, no caso, a Segunda Grande Guerra, tanto interessava aos habitantes de "Nosso Lar”, que, por assim dizer, estavam à distância dos campos de batalha?! Em “Nosso Lar”, em 1938, às vésperas de estourar a guerra, faziam-se soar constantes clarinadas, qual se o Mundo Espiritual Superior estivesse desferindo sentido lamento pelo desastre que estava prestes a ocorrer!...
Salústio, ainda em diálogo com André Luiz, explanando sobre as clarinadas que se faziam ouvir, disse: “Temos o sinal de que a guerra prosseguirá com terríveis tormentos para o espírito humano (...), embora a distância, toda a vida psíquica americana teve na Europa a sua origem. Teremos grande trabalho em preservar o Novo Mundo”.
*
Não resta dúvida de que se, após uma guerra de destruição, a Humanidade se empenha na retomada do progresso, qual ocorreu após o término da Segunda Guerra Mundial, o progresso até então havido, se não tivesse sofrido drástica interrupção, teria sido muito maior – principalmente, no campo da fraternidade legítima, de vez que, até hoje, sob o aspecto moral, os homens estão a lidar com as sequelas morais deixadas pelo confronto de lamentável memória.
*
No desdobramento do capítulo 41, André Luiz transcreve alguns diálogos registrados entre os habitantes comuns de “Nosso Lar”, naturalmente preocupados com os familiares e amigos que, estando encarnados, haveriam de sofrer as consequências da desordem, que haveria de criar – como criou – centenas de carmas individuais e coletivos, que, em maioria, ainda não foram ressarcidos.

INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade na Internet

Uberaba – MG, 15 de janeiro de 2018.

14.1.18

O PSICOSCÓPIO

    - Eis aqui o nosso psicoscópio, de modo a facilitar-nos exames e estudos, sem o impositivo de acurada concentração mental.
    - Psicoscópio? que novo engenho vem a ser esse?
    - É um aparelho a que intuitivamente se referiu ilustre estudioso da fenomenologia espirítica, em fins do século passado. Destina-se à auscultação da alma, com o poder de definir-lhe as vibrações e com capacidade para efetuar diversas observações em torno da matéria - esclareceu Áulus, com leve sorriso.
    - Esperamos esteja, mais tarde, entre os homens. Funciona à base de eletricidade e magnetismo, utilizando-se de elementos radiantes, análogos na essência aos raios gama.
    É constituído por óculos de estudo, com recursos disponíveis para a microfotografia.
    - Em nosso esforço de supervisão, podemos classificar sem dificuldade as perspectivas desse ou daquele agrupamento de serviços psíquicos que aparecem no mundo. Analisando a psicoscopia de uma personalidade ou de uma equipe de trabalhadores, é possível anotar-lhe as possibilidades e categorizar-lhes a situação. Segundo as radiações que projetam, planejamos a obra que podem realizar no tempo.
    - Quer isso dizer que qualquer de nós pode ser submetido a exame dessa espécie?
    - Sem dúvida - considerou o nosso interlocutor bem-humorado -; decerto que estamos sujeitos às sondagens dos planos superiores, tanto quanto pesquisamos agora os planos que se nos situam à retaguarda. Se o espectroscópio permite ao homem perquirir a natureza dos elementos químicos, localizados a enormes distâncias, através da onda luminosa que arrojam de si, com muito mais facilidade identificaremos os valores da individualidade humana pelos raios que emite. A moralidade, o sentimento, a educação e o caráter são claramente perceptíveis, através de ligeira inspeção.
    -Mas e na hipótese de surgirem elementos arraigados ao mal, numa formação de cooperadores do bem? De posse da ficha psicoscópica, os instrutores espirituais providenciar-lhes-ão a expulsão?
    Não será preciso. Se a maioria permanece empenhada na extensão do bem, a minoria encarcerada no mal distancia-se do conjunto, pouco a pouco, por ausência de afinidade.
    - Contudo que acontece numa instituição cujo programa elevado se degenera em desequilíbrio, induzindo-nos a reconhecer que a virtude aí não passa de bandeira fictícia, acobertando a ignorância e a perversidade?
    - Então, nesse caso, dispensamos qualquer regime de perseguição ou denúncia. Encarrega-se a vida de colocar-nos no lugar que nos compete.
    E, sorrindo, ajuntou:
    - Os Anjos ou Ministros da Eterna Sabedoria entregam-nos, com segurança, às forjas renovadoras do tempo e da provação. Sabe-se, atualmente, na Terra, que um grama de rádio perde a metade do seu peso em dezesseis séculos e que um ciclotron, trabalhando com projeteis atômicos acelerados a milhões de electrons-volt, realiza a transmutação dos elementos químicos, de imediato. A evolução vagarosa nos milênios ou o choque brusco do sofrimento alteram-nos o panorama mental, aprimorando-lhe os valores.
    - Imaginemos uma sociedade humana que pudesse retratar a vida interior dos seus membros ... Isso economizaria grandes quotas de tempo na solução de inúmeros problemas psicológicos.
    - Sim - anuiu o mentor, cordial -, o futuro reserva prodígios ao senso do homem comum.
    Havíamos, porém, alcançado o portão de espaçoso edifício que o Assistente nos designou como sendo o santuário que nos competia visitar e servir.
    - Esta é a casa espírita-cristã onde encontraremos nosso ponto básico de experiências e observações.
Entramos.
    Atravessado largo recinto, em que estacionavam numerosas entidades menos felizes de nosso plano, o orientador esclareceu:
    - Vemos aqui o salão consagrado aos ensinamentos públicos. Todavia, o núcleo que buscamos jaz situado em reduto íntimo, assim como o coração dentro do corpo.
    Escoados alguns instantes, penetramos acanhado aposento, onde se consagrava reduzida assembléia, em silenciosa concentração mental.
    - Nossos companheiros - elucidou o Assistente - fazem o serviço de harmonização preparatória. Quinze minutos de prece, quando não sejam de palestra ou leitura com elevadas bases morais. Sabem que não devem abordar o mundo espiritual sem a atitude nobre e digna que lhes outorgará a possibilidade de atrair companhias edificantes e, por esse motivo, não comparecem aqui sem trazer ao campo que lhes é invisível as sementes do melhor que possuem.
    Hilário e eu nos inclinávamos à indagação, contudo, a respeitabilidade do recinto impunha-nos silêncio.
    Amigos da nossa esfera ali se demoravam em oração, compelindo-nos a estranhado recolhimento.
    O Assistente armou o psicoscópio e, depois de ligeira análise, recomendou-nos a observação.
    Chegada a minha vez de usá-lo, assombraram-me as peculiaridades do aparelho.
    Sem necessidade de esforço mental, notei que todas as expressões de matéria física assumiam diferente aspecto, destacando-se a matéria de nosso plano.
    Teto, paredes e objetos de uso corriqueiro revelavam-se formados de correntes de força, a emitirem baça claridade.
    Detive-me na contemplação dos companheiros encarnados que agora apareciam estreitamente associados entre si, pelos vastos círculos radiantes que lhes nimbavam as cabeças de opalino esplendor.
    Tive a impressão de fixar, em torno do apagado bloco de massa semi-obscura a que se reduzira a mesa, uma coroa de luz solar, formada por dez pontos característicos, salientando-se no centro de cada um deles o semblante espiritual dos amigos em oração.
    Desse colar de focos dourados alongava-se extensa faixa de luz violeta, que parecia contida numa outra faixa de luz alaranjada, a espraiar-se em tonalidades diversas que , de momento, não pude identificar, de vez que a minha atenção estava presa ao círculo dos rostos fulgurantes, visivelmente unidos entre si, à maneira de dez pequeninos sóis, imanados uns aos outros. Reparei que sobre cada um deles se ostentava uma auréola de raios quase verticais, fulgentes e móveis, quais se fossem diminutas antenas de ouro fumegante. Sobre essas coroas que se particularizavam, de companheiro a companheiro, caíam do Alto abundante jorros de luminosidade estelar que, tocando as cabeças ali irmanadas, pareciam suaves correntes de força a se transformarem em pétalas microscópicas, que se acendiam e apagavam, em miríades de formas delicadas e caprichosas, gravitando, por momentos , ao redor dos cérebros em que se produziam, quais satélites de vida breve, em torno das fontes vitais que lhes davam origem.
    Custodiando a assembléia, permaneciam os mentores espirituais presentes, cada qual irradiando a luz que lhe era própria.
    Admirado, porém, com os irmãos da esfera física, a se revelarem tão afins, na onda brilhante em que se reuniam, perguntei, entusiástico:
    - Áulus amigo, os companheiros que visitamos são, porventura, grandes iniciados na revelação divina?
    O interpelado estampou um gesto de bom-humor e respondeu:
    - Não. Achamo-nos ainda muito longe de semelhantes apóstolos. Vemo-nos aqui na companhia de quatro irmãs e seis irmãos de boa-vontade. Naturalmente, são pessoas comuns. Comem, bebem, vestem-se e apresentam-se na Terra sob o aspecto vulgar de outras criaturas do ramerrão carnal; no entanto, trazem a mente voltada para os ideais superiores da fé ativa, a expressar-se em amor pelos semelhantes.
    Procuram disciplinar-se, exercitam a renúncia, cultivam a bondade constante e, por intermédio do esforço próprio no bem e no estudo nobremente conduzido, adquiriram elevado teor de radiação mental.
    Hilário, que utilizara o psicoscópio em primeiro lugar, alegou com o deslumbramento de uma criança espantada:
    - Mas, e a luz? a matéria que conhecemos no mundo transfigurou-se. Tudo aqui se converteu em claridade nova! O espetáculo é magnífico!...
    - Nada de estranheza - falou o Assistente, bondoso -, não sabe você que um homem encarnado é um gerador de força electromagnética, com uma oscilação por segundo, registrada pelo coração? Ignora, porventura, que todas as substâncias vivas da Terra emitem energias, enquadradas nos domínios das radiações ultravioletas? Em nos reportando aos nossos companheiros, possuímos neles almas regularmente evolutidas, em apreciáveis condições vibratórias pela sincera devoção ao bem, com esquecimento dos seus próprios desejos. Podem, desse modo, projetar raios mentais, em vias de sublimação, assimilando correntes superiores e enriquecendo os raios vitais de que são dínamos comuns.
    Raios vitais? - redargüiu meu colega, faminto de esclarecimento.
    - Sim, para maior limpidez da definição, chamemos-lhes raios ectoplásmicos, unindo nossos apontamentos à nomenclatura dos espiritistas modernos. Esses raios são peculiares a todos os seres vivos. É com eles que a lagarta realiza suas complicadas demonstrações de metamorfose e é ainda na base deles que e efetuam todos os processos de materialização mediúnica, porquanto os sensitivos encarnados que os favorecem libertam essas energias com mais facilidade. Todas as criaturas, porém, guardam-nas consigo, emitindo-as em frequência que varia em cada uma, de conformidade com as tarefas que o Plano da Vida lhes assinala.
    E, otimista, acrescentou:
    - O estudo da mediunidade repousa nos alicerces da mente com o seu prodigioso campo de radiações.
    A ciência dos raios imprimirá, em breve, grande renovação aos setores culturais do mundo.
    Aguardemos o porvir.
    Em seguida, Áulus convidou-nos a inspecção mais direta e acompanhamo-lo, alegremente.


Livro: Nos Domínios da Mediunidade - Francisco C Xavier - André Luiz.