31.5.18

DUPLA VISTA


Questão 447 do Livro dos Espíritos

O Espírito é um somatório de belezas imortais, onde Deus colocou o Seu amor, de modo que, aflorando as faculdades na alma, provêm de uma só fonte: do poder de Deus em nós.
A dupla vista tem relação profunda com o sonambulismo, os sonhos e o êxtase, assim como se afina com todas as outras faculdades espirituais. A vista ampliada não é nada mais que um pouco de liberdade do Espírito. Quanto mais evoluído, mais sabe ele entrar em liberdade espiritual, como sendo uma das faculdades afloradas.
O homem do porvir será capaz de entrar em transe conscientemente, sem certas dificuldades que observamos agora, devido à falta de adestramento espiritual. Jesus não precisava entrar em catalepsia nem na inconsciência para ver com precisão o mundo espiritual, ou para receber as ondas etéricas enviadas por Deus. Ele era dotado de pureza mediúnica em todos os seus aspectos.
Nós outros estamos caminhando para a consciência, no exercício dos nossos dons, e o Espiritismo com Jesus nos faculta esses caminhos na senda do verdadeiro amor. No entanto, as almas devem procurar a perfeição das suas qualidades, não que elas se encontrem imperfeitas, mas, é a nossa posição ante os valores espirituais que estão sem preparo. Necessário se faz que despertemos o que dorme em nós. Os dons espirituais que todos nós possuímos são inerentes ao Espírito, e servem para mostrar que podemos nos servir dessa condição, mostrando que existe além do corpo físico uma chama inteligente como foco de Deus a brilhar na matéria.
Jesus, ensinando aos homens de boa vontade na Sua época, dizia para os que não tinham condições de aprender as lições, que muitos tinham olhos, mas não viam; tinham ouvidos, mas não escutavam. Por quê? Por que as suas qualidades espirituais permaneciam em estado latente, e que mais adiante o tempo poderia conferir-lhes essas qualidades, acordando-as.
Para ouvir as coisas espirituais, tanto quanto ver, é preciso estar preparado. Para tal empenho, carece-se de suportação. A verdade deve ser dosada de acordo com a elevação da alma. Tudo na vida se encontra em cadeia. As sequências vibratórias estão ligadas umas às outras, transmitindo as bênçãos do Criador em forma de comando. Desligando-se dele, tudo fenece, porque somente Ele, Deus, é doador da vida. A mediunidade esclarecida é faculdade já em estado de elevação.
O médium cristão trabalha conscientemente, exercitando suas faculdades em favor do próximo e, se persistir no bem, essas faculdades irão crescendo cada vez mais, de modo a mostrar nos seus simples exemplos que ele se movimenta com os fenômenos, a mostrar que a vida não é somente na carne, que esta é consequência da vida imortal onde palpita o Espírito.
É muito bom que todos os homens passem a conscientizar-se das verdades espirituais para facilitar o ingresso em outras dimensões de vida, assegurando para todos mais esperança na vida futura. Além da dupla vista, o ser humano, com a devida compreensão das verdades, começa a sentir a realidade. Não é preciso ver nem pegar, porque a verdade tem outros caminhos para se mostrar na intimidade do Espírito. Todos nós somos mananciais de Deus, onde Ele depositou toda a Sua confiança e o Seu amor, de modo que esse amor cresça e liberte os valores para a nossa felicidade.

Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

30.5.18

ANTE OS FALSOS PROFETAS


Emmanuel
Reunião pública de 30-3-59
Questão nº 624

Acautela-te em atribuir aos falsos profetas o fracasso de teus empreendimentos morais.
Recorda que todos somos tentados, segundo a espécie de nossas imperfeições.
Não despertarás a fome do peixe com uma isca de ouro, nem atrairás a atenção do cavalo com um prato de pérolas, mas, sim, ofertando-lhes à percepção leve bocado sangrento ou alguma concha de milho.
Desse modo, igualmente, todos somos induzidos ao erro, na pauta de nossa própria estultícia.
Dominados de orgulho, cremos naqueles que nos incitam à vaidade e, sedentos de posse, assimilamos as sugestões infelizes de quantos se proponham explorar-nos a insensatez e a cobiça.
É preciso lembrar que todos somos, no traje físico ou dele desenfaixados, espíritos a caminho, buscando na luta e na experiência os fatores da evolução que nos é necessária, e que, por isso mesmo, se já somos aprendizes do Cristo, temos a obrigação de buscar-lhe o exemplo para metro ideal de nossa conduta.
Não vale, assim, alegar confiança na palavra de quantos nos sustentam a fantasia, com respeito a fictícios valores de que sejamos depositários, no pressuposto de que venham até nós, na condição de desencarnados; pois que a morte do corpo é, no fundo, simples mudança de vestimenta, sem afetar, na maioria das circunstâncias, a nossa formação espiritual.
<> - diz-nos o Apóstolo -, porquanto semelhante atitude envolveria a crença cega em nossos próprios enganos, com a exaltação de reiterados caprichos.
O ouvido que escuta é irmão da boca que fala.
Ilusão admitida é nossa própria ilusão.
Apetite insuflado é apetite que acalentamos.
Mentira acreditada é a própria mentira em nós.
Crueldade aceita é crueldade que nos pertence.
De alguma sorte, somos também a força com a qual entramos em sintonia.
Procuremos, pois, o Mestre dos mestres como sendo a luz de nosso caminho. E cotejando, com as lições d’Ele, avisos e informes, mensagens e advertências que nos sejam endereçados, desse ou daquele setor de esclarecimento, aprenderemos, sem sombra, que a humildade e o serviço são nossos deveres de cada hora, para que a verdade nos ilumine e para que o amor puro nos regenere, preservando-nos, por fim, contra o assédio de todo mal.

Livro “Religião dos Espíritos” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

28.5.18

Em quem confiar?


A sorte está lançada. Onde encontrar as saídas para o nosso Brasil?
Há problemas urgentes para serem resolvidos. Tudo conspira para tempos tenebrosos, haja vista a falta de perspectiva de nosso futuro.
Estamos numa encruzilhada política no nosso País. De um lado, radicais conclamam que as mudanças sejam inevitáveis. De um jeito ou de outro, tem que mudar. De outro, os moderados, querem encontrar um meio-termo entre a barbárie e a revolução.
Onde nos encontramos, porém, não podemos mais ficar.
Os pretensos candidatos à presidência da República, até o momento, não apresentam uma agenda nova e convincente, quando possuem uma, e não significa apenas projetos pessoais de poder.
Tudo se dirige ao nada e a população indefesa e sofrida fica no meio do caminho sem saber direito para onde ir e em quem confiar.
Falta liderança de fato. Falta programa de ação consistente. Falta caráter visível que se estampe imediatamente. Falta segurança para o futuro.
Tudo isso, porém, tem jeito e razão de ser. Toda eleição é eivada de oportunidades de melhoria. Esta não será diferente, aliás, serão renovados quadros em várias esferas de poder e muita gente boa, portanto, pode vir a tomar acento nas casas legislativas estaduais e federais dando novo ânimo ao País. Sem citar os governantes, cheios de vontade de apresentar trabalho, e isto é um bom sinal, pelo menos.
A escolha sempre recai ao povo que, no fundo, sabe o que quer, mas deixa até o último instante para tirar, ele mesmo, a sua prova dos nove.
- Mas o povo erra, Dom Hélder, escolhe mal!
Não é bem assim, meus filhos, o povo sabe o que quer, mas o povo não tem uma carta nas mangas se sua aposta de esperança lhe decepciona. O poder não permite, infelizmente, no Brasil, uma correção rápida dos destinos quando se fere frontalmente a lealdade que o povo depositou em alguém e foi decepcionado.
Tudo tem a sua hora de acontecer. E o que houver de ser, será. Escreva aí!
Torcemos pelo voto certo e consciente, mas esperamos uma postura de cidadão depois do pleito em acompanhar o trabalho do seu representante.
Estejamos atentos aos que parecem ser o que não são. Há muitos desses aproveitadores por aí a enriquecerem com os bens dos outros.
Cuidai das coisas dos céus e o resto te chegará por acréscimo.

Hélder Câmara – Blog Novas Utopias

27.5.18

A Voz do Povo


A balburdia continua!
Os tempos são de agitação e desordem. Tudo que está aí cairá por terra e novos monumentos serão erguidos na defesa da democracia, da nova política, de mais liberdade.
O povo está cansado do modelo que está sendo disponibilizado para ele. Não se vê representado. Não se sente com voz ativa. Não lhe é dado qualquer atenção.
Querem fazer o povo de “besta”, isso é o que pensa a maioria dos políticos. O povo é retardado, pensam outros. É uma massa disforme e sem voz, clamam outros. Não é assim que pensam?
O que se vê nesta quadra da humanidade é um disparate de ideias sem que se chegue a um consenso sobre o que se deve fazer. Afinal de contas, como resolver as pendências populares e manter o povo cativo?
Antigamente, dizem estes políticos inescrupulosos, fazíamos um gesto qualquer e o povo estava na nossa mão. Hoje, não é mais assim.
O povo quer ter voz.
O povo deseja ser ouvido.
O povo quer que suas angústias sejam resolvidas.
Olha para um lado e para o outro e somente se enxerga indiferença.
Isso não pode continuar!
Eu vivo a clamar, nos espaços que disponho, por mais justiça social. Há uma eclosão de insatisfação que pode beirar a um caos social e político se nada for feito urgentemente.
Ora, se dá certo em determinados lugares, por que não daria no seio da nossa nação?
Apalpam-se os bolsos e eles estão vazios.
Senta-se um pouco e acha-se fome.
Olha-se de um lado a outro e não há esperança.
Esperança de emprego.
Esperança de dinheiro.
Esperança de saúde e educação.
Esperança de dias melhores.
Eu oro a Deus para que saibamos ter a consciência e a responsabilidade de fazer as coisas certas.
Meu povo querido, abramos os braços e lutemos com equilíbrio e ordem para que a justiça prevaleça.
Eu estarei aqui ao lado de uma casta de trabalhadores do Cristo que deseja um novo mundo, mesmo que para isso tenhamos que intervir em decisões humanas de longa ordem.
Fiquemos atentos e tranquilos.
No final, o bem vencerá!

Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal

26.5.18

A LUZ DA PALAVRA


Fala a palavra que norteia e aclara
O caminho de quem segue no escuro,
Tropeçando e caindo no monturo,
Sob o peso do fardo em que se ampara...

Diz a palavra muita vez tão rara
De se escutar em meio a grande apuro,
Que sofre, na incerteza do futuro,
Quem vai vivendo em provação amara...

Sussurra o verbo que asserena e acalma,
E que ao ecoar no âmago da alma,
Sustenta as suas forças na porfia...

Que a boca que consola a dor alheia
É semelhante ao Sol quando se alteia,
E acende sobre a Terra a luz do dia!...

Eurícledes Formiga
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã de sábado do dia 19 de maio de 2018, em Uberaba – MG).

25.5.18

SER E PARECER

    A essência, o ser em si mesmo, constitui a individualidade, que avança mediante o processo reencarnatório, adquirindo experiências e desenvolvendo as aptidões que lhes jazem inatas, heranças que são da sua origem divina.
    A expressão temporária, adquirida em cada existência corporal, com as suas imposições e necessidades, torna-se a personalidade de que se reveste o espírito, a fim de atingir a destinação que o aguarda.
    A primeira tem o sabor da eternidade, enquanto a outra é transitória.
    No âmago do ser encontra-se a vida pulsante, imorredoura, embora, na superfície, a aparência, o revestimento, quase sempre difere da estrutura que envolve.
    A individualidade resulta da soma das conquistas, através do êxito como do insucesso, logrados ao largo das lutas que lhe são impostas.
    A personalidade varia conforme a ocasião e as circunstâncias, os interesses e as ambições.
    Esta passa, enquanto aquela permanece.
    Máscara, forma de aparecer, a personalidade se adquire sem transformação substancial, profunda, ocultando, na maioria das vezes, o que se é, o que se pensa, o que se aspira.
    Legítima, a individualidade se aprimora, qual diamante que fulge ao atrito abençoado do cinzel.
    A personalidade extravasa, formaliza, apresenta.
    A individualidade aprimora, realiza, afirma.
    À medida que o ser evolui, mergulha no mundo íntimo, introspectivamente, desenvolvendo os valores que dormem em embrião e se agigantam.
    O exterior desgasta-se e desaparece.
    O interior esplende e agiganta-se.
    A semente que morre semente, não viveu, não realizou a missão que lhe estava reservada: multiplicar e produzir vida.
    A gema, sem lapidação, jamais fulgura.
    Faze a tua indagação à vida, em torno da tua destinação.
    Quem és hoje e o que pretendes alcançar?
    Cansado da aparência, realiza-te intimamente e desata as aptidões superiores que aguardam oportunidade e cresce para as finalidades elevadas da Vida.
    Tenta ser, por fora, conforme evoluis por dentro, sendo a pessoa gentil, mas nobre, fulgurante e abnegado, afável todavia leal.
    Tua aparência, seja também tua realidade, esforçando-te, cada vez mais, para conseguir a harmonia entre a individualidade e a personalidade, refletindo os ideais de beleza e amor que te vitalizam.

Livro: Momentos de Coragem - Divaldo P Franco - Joanna de Ângelis

24.5.18

REENCARNAÇÃO: EVIDÊNCIAS E FUNDAMENTOS


    EVIDÊNCIAS HISTÓRICAS
    As evidências históricas a favor da reencarnação nos colocam diante de uma realidade insofismável: não foi a Doutrina Espírita que inventou a Teoria da Reencarnação. A ideia da reencarnação, com outras designações (Palingênese, Transmigração da alma, etc.), é muito remota. Vamos encontrá-la nas civilizações mais antigas do globo.
    Recentes descobertas envolvendo a velha civilização de Atlântida, o continente perdido, que acredita-se tenha sido o berço da civilização greco-romana, vieram mostrar que naquele longínquo continente ensinava-se a Doutrina das Vidas Sucessivas.
    Na Índia, no Egito, na Pérsia, as ideias reencarnacionistas têm prevalecido desde os primórdios da civilização. O papiro Anana (1320 a.C.) demonstra a ideia entre os egípcios:
    "O homem retorna a vida várias vezes, mas não se recorda de suas prévias existências, exceto algumas vezes em um sonho. No fim todas essas vidas ser-lhe-ão reveladas."
    Pitágoras, Sócrates, Timeu de Locres, Buda, Empedócles, Apolônio de Tiana, Heródoto, Plotino, Porfírio, Jâmblico, todos defendiam esse princípio.
    Conta-se que quando Pitágoras foi apresentado a couraça que pertencera ao soldado Euphorbus, herói da guerra de Tróia, ele entrou em transe e disse: "Eu fui esse homem". E passou a recordar-se de várias existências.
    Muitas religiões se hão se baseado na crença das vidas sucessivas: o Bramanismo, o Budismo, o Druidismo, etc. O Cristianismo primitivo não fugiu à regra. Traços marcantes desta doutrina se nos deparam nos Evangelhos.
    REENCARNAÇÃO NOS EVANGELHOS
    Em várias passagens dos Evangelhos aparece claramente a ideia da reencarnação, mas Allan Kardec examina três, que ele considerava como as mais importantes:
    1ª) "Após a transfiguração, seus discípulos então o interrogaram desta forma: Porque dizem os escribas ser preciso que antes volte Elias? - Jesus lhes respondeu: É verdade que Elias há de vir e restabelecer todas as coisas, mas eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve. Então, seus discípulos compreenderam que fora de João Batista que ele falara." [Mateus-XVII:10-13] [Marcos-IX:11- 13]
    A consideração de que João Batista era Elias está presente várias vezes no Evangelho, reforçando a ideia de que muitos judeus tinham simpatia pela Teoria de Palingenética. Se fosse errôneo este pensamento, certamente Jesus o teria combatido, como fez em relação a vários outros.
    2º) "Ao passar, viu Jesus um homem que era cego desde que nascera; - e seus discípulos e fizeram esta pergunta: Mestre, foi pecado deste homem, ou dos que o puseram no mundo, que deu causa a que ele nascesse cego? - Jesus lhes respondeu: não é por pecado dele, nem dos que o puseram no mundo; mas para que nele se patenteiam as obras do poder de Deus." [João-IX:1-34]
    A pergunta dos discípulos: "foi algum pecado deste homem que deu causa aquele nascesse cego?" revela que eles tinham a intuição de uma existência anterior, pois, do contrário, ela careceria de sentido, visto que um pecado somente pode ser causa de uma enfermidade de nascença se cometido antes do nascimento, portanto numa existência anterior.
    3º) "Ora, entre os fariseus havia um homem chamado Nicodemos, senador dos Judeus, que veio à noite ter com Jesus e lhe disse: Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para nos instruir como um doutor, porquanto ninguém poderia fazer os milagres que fazes, se Deus não estivesse com ele.
    Jesus lhe respondeu: em verdade, em verdade, dito-te: ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo." [João-III:1-12]
    Não há dúvidas de que, sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação era ponto de uma das crenças dos judeus, ponto que Jesus e os profetas confirmaram de modo e forma. Donde se segue que negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo.
    EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS
    Além das evidências históricas e religiosas da reencarnação, discute-se, hoje, várias evidências de cunho científico, o que levou o parapsicólogo Hernani Guimarães Andrade a afirmar:
    "Dentro de mais alguns anos, a Palingênese deixará de ser encarada como crença religiosa e passará a ser estudada exclusivamente como mais uma lei da natureza."
    As principais evidências científicas da reencarnação são:
    Gênios Precoces
    São crianças prodígios, que desde a mais tenra idade mostram possuir conhecimentos de tal ordem à respeito de temas os mais diversos que seria impossível explicá-los sem a certeza de que viveram antes.
    Amadeus Mozart tocava piano aos 3 anos e violino aos 4 anos sem nunca ter visto um.
    Pierino Gamba foi maestro aos 11 anos. Pascal, matemático francês discutia matemática e geometria aos 12 anos.
    Miguel Angelo, com a idade de 8 anos, foi dispensado pelo seu professor de escultura porque este já nada mais tinha a ensiná-lo.
    Kardec, examinando a questão pergunta aos benfeitores como entender este fenômeno [LE-qst 219] e eles dizem: "Lembrança do passado, recordação anterior da alma."
    Recordação Espontânea de Vidas Passadas
    Caracteriza-se pelo fato de pessoas, especialmente crianças passarem a se recordar espontaneamente de vidas anteriores.
    Vários pesquisadores têm-se dedicado ao estudo deste fenômeno, tentando confrontar as declarações das pessoas com fatos reais que poderiam confirmar as informações. Dois desses pesquisadores se destacaram nos últimos anos: Prof. Benerjee, diretor do Instituto Indiano de Parapsicologia da Índia, que chegou a catalogar mais de 1000 casos comprovados de recordação de existências passadas e o Dr. Ian Stevenson, notável neurologista americano que escreveu [Vinte Casos que Sugerem Reencarnação].
    Regressão de Memória a Vidas Anteriores
    Inúmeros casos têm surgido de pessoas que passam a relatar vivências anteriores durante o fenômeno, hoje relativamente comum, de regressão de memória.
    No final do século passado, o pesquisador francês Alberto Rochas, realizando experiências com regressão de memória conseguiu levar uma das suas pacientes a uma existência precedente. A partir daí vários outros cientistas, em diversas partes do mundo, começaram a desenvolver essas técnicas, conseguindo anotar milhares de referências concordantes com o princípio da Palingênese.
    Recentemente, este processo foi desenvolvido com fins terapêuticos, onde psiquiatras espiritualistas se utilizam de técnicas apropriadas para, através da regressão de memória, dissolverem condições neuróticas de pacientes psiquiátricos. Esses processo, ainda no campo experimental, portanto não aceito pela Ciência Oficial, recebeu o nome de T.V.P. (Terapia de Vidas Passadas).
    Pluralidade X Unicidade das Encarnações
    A reencarnação se baseia nos princípios da misericórdia e da justiça de Deus.
    Na misericórdia divina, porque, assim como o bom pai deixa sempre a porta aberta a seus filhos faltosos, facultando-lhes a reabilitação, também Deus - através das vidas sucessivas - dá oportunidade para que os homens passam corrigir-se, evoluir e merecer o pleno gozo de uma felicidade duradoura. Emmanuel chega a dizer que "a reencarnação é quase o perdão de Deus."
    Na lei de justiça, pois os erros cometidos e os males infligidos ao próximo devem ser reparados durante novas existências, a fim de que, experimentando os mesmos sofrimentos, os homens possam resgatar seus débitos, passando a conquistar o direito de serem felizes.
    A unicidade das existências é injusta e ilógica, pois não atende às sábias leis do progresso espiritual.
    É injusta, porque grande parte dos erros humanos é resultante da ignorância e, numa só vida, não nos é possível o resgate de nossos erros, principalmente quando o arrependimento nos sobrevem quase ao findar da existência. É preciso que se dê oportunidades ao arrependido para que ele comprove sua sinceridade através das necessárias reparações.
    É ilógica, porque não pode explicar as gritantes diferenças de aptidões das criaturas desde sua infância; as ideias inatas, independentemente da educação recebida, que existem nuns e não aparecem em outros; os instintos precoces, bons ou maus, não obstante a natureza do meio onde nasceram.
    As reencarnações representam para as criaturas imperfeitas valiosas oportunidades de resgate e de progresso espiritual.
    Só a pluralidade das existências pode explicar a diversidade dos caracteres, a variedade das aptidões, a desproporção das qualidades morais, enfim, todas as desigualdades que ferem a nossa vista.
    Fora dessa lei, indagar-se-ia inutilmente porque certos homens possuem talento, sentimentos nobres, aspirações elevadas, enquanto muitos outros só tiveram em partilha tolices, paixões e instintos grosseiros.
    A influência dos meios, a hereditariedade, as diferenças de educação não bastam para explicar essas anomalias. Vemos os membros de uma mesma família, semelhantes pela carne e pelo sangue, educados nos mesmos princípios, diferençarem-se em bastantes pontos; personagens célebres têm descendido de pais obscuros e destituídos de valor moral.
    Para uns a fortuna, a felicidade constante e para outros a miséria, a desgraça inevitável? Para estes a força, a saúde, a beleza; para aqueles a fraqueza, a doença, a fealdade? Por que a inteligência aqui e a imbecilidade acolá? Por que há raças tão diversas? Umas inferiores a tal ponto que parecem confirmar com a animalidade e outras favorecidas com todos os dons que lhes asseguram a supremacia? E as enfermidades inatas, a cegueira, a idiotia, as deformidades, todos os infortúnios que enchem os hospitais, os albergues noturnos? A hereditariedade não explica tudo e muitas aflições não podem ser consideradas como resultados de descuidos, excessos e invigilância.
    Por que também as crianças mortas antes de nascer e as que são condenadas a sofrer desde o berço? Certas existências acabem em poucos anos, em poucos dias, outras duram quase um século.
    Os que defendem a unicidade das existências afirmam que isto se deve ao acaso ou constitui-se um mistério divino.
    Mas quando passamos a admitir a idéia de que já vivemos muitas vezes e voltaremos a viver outras tantas, tudo se esclarece, tudo se torna compreensível e Deus, Justo, Bom e Caridoso cresce diante do homem.

Bibliografia
1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
3) O Problema do Ser, do Destino e da Dor - Leon Denis
4) A Reencarnação e Suas Provas - Carlos Imbassay
5) Reencarnação - Gabriel Dellane
6) Depois da Morte - Leon Denis
7) A Memória e o Tempo - Hermínio Miranda
Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG

23.5.18

DE BOA FÉ


Questão 446 do Livro dos Espíritos

Se estudar os fenômenos com honestidade e boa fé, nunca a criatura será materialista nem atéia, porque esses fenômenos trazem a certeza de outra vida além do véu da carne. A filosofia espírita nos promete e apresenta novos campos de análise, com maior segurança das coisas espirituais. Em tudo o que fizermos não nos esqueçamos da honestidade, anunciando o que realmente sentimos e descobrimos nas pesquisas.
Convém a todos nós pesquisar em todas as áreas das atividades humanas, para que possamos comparar os fatos e sentir os fenômenos. O homem inteligente sabe que não adianta negar a verdade, que ela permanecerá de pé diante de todas as negações por conveniência.
Hoje em dia, como se pode ser materialista, crer somente na matéria, se a própria ciência já descobriu a anti-matéria? A ciência sabe que existe algo mais que as formas e pergunta sempre: de onde vem a inteligência? Por que os robôs não raciocinam? A máquina feita pelos homens não pode ser mais que os homens. Junto ao corpo se encontra o Espírito, chama divina é imortal, e depois do corpo existem muitos outros corpos sutis, que o Espírito usa como vestes. Assim como o corpo de carne tem muitas vestes, assim o Espírito.
Quem procura estudar de boa fé todos os fenômenos da vida, que são incontáveis, firma a sua fé no alicerce da razão e põe esta a contar as histórias que a vida continua em todas as direções do existir.
O ateu é a criatura que analisa as coisas com prevenção ou interesse e nega a realidade por simples conveniência. Ele não deseja a verdade; está acostumado às ilusões e delas faz alimentos para a sua ignorância. Perguntemos à razão mais profunda sobre a vida em todas as suas manifestações, que ela nos dará algo que fará meditarmos no desconhecido e, se a verdade nos interessa, comecemos a pesquisar a vida, ou pelo menos conversar sobre a espiritualidade, com alguém que já conhece essa realidade.
A filosofia espírita todos os dias traz revelações novas para a humanidade. Isso ocorre em todos os países, mesmo nos materialistas. Os canais são diversos, mas, são reais. A humanidade, queira ou não, vai assimilando a verdade de acordo com o seu despertamento espiritual. Assim sendo, dia chegará em que a maturidade se apresentará, e a alma passará a aceitar as verdades eternas asseguradas pela sinceridade do coração.
Negar a verdade é querer apagar o sol usando os dedos, como se faz com uma vela, ou um simples sopro que os seus lábios acionam. Nunca os fenômenos podem se adequar aos materialistas e ateus, porque se encontram em extremos opostos. No amanhã, todos os homens, em todas as nações do mundo, cientificar-se-ão das verdades eternas, aceitando e fazendo aceitar as leis naturais de Deus, pelas quais chegaremos a conhecer a verdade. Devemos ter boa fé em tudo o que fazemos, porque essa sinceridade nos levará à verdadeira fé, acionada pela razão e consubstanciada pelo amor. Estamos trabalhando há muito na atmosfera da Terra, para que os homens nela sediados possam converter-se às ideias de Jesus e passarem a sentir e fazer nascer o sol da esperança em seus corações.

Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

22.5.18

ANTE O ALÉM


Emmanuel
Reunião pública de 17-8-59 Questão n 182

Há quem lamente a incapacidade dos amigos desencarnados para mais amplo concurso na solução dos enigmas que atormentam a vida moral na Terra.
Estudiosos inúmeros desejariam que os chamados mortos se utilizassem dos sensitivos comuns, quais instrumentos mecânicos, para espetaculares eventos, e reclamam deles a intervenção positiva no laboratório terrestre, para a cura de moléstias dificilmente reversíveis ; a revelação de fórmulas milagrosas na matemática das finanças ; a descoberta de forças ocultas da Natureza, e a materialização de estadistas ilustres, domiciliados no Além, para que, de manifesto, venham falar ao povo na praça pública.
Suponhamos, porém, que uma escola seja diariamente assaltada por teorias inoportunas, com desrespeito à autoridade do magistério, desconhecendo-se a necessidade particular da instrução em cada discípulo...
Imaginemos um tribunal, sistematicamente invadido por sugestões exóticas, que alarmem o ânimo da magistratura, ignorando-se o imperativo do exame especial de todos os processos alusivos à regeneração de cada delinquente em si mesmo...
Conjeturemos quanto à perturbação de um hospital, incessantemente acometido de indicações extemporâneas, que transcendam o quadro dos experimentos da Medicina, estranhando-se o impositivo do tratamento individual para cada enfermo...
Decerto que à produtividade sobreviria a frustração, tanto quanto à luz do serviço se oporia a sombra do caos.
É mais do que justo nos empenhemos todos no amparo ao aprendiz, no auxílio ao encarcerado e no socorro ao doente, mas, além disso, ninguém espere que os companheiros desencarnados interfiram na atividade humana, favorecendo a inconsequência ou a desordem.
Quando os mensageiros da espiritualidade enobrecida recebem a permissão necessária para contribuir no progresso do Globo, corporificam-se no berço, à feição dos homens vulgares, comungando-lhes as vicissitudes e as dores.
É assim que encontramos um Thomas Edison vendendo jornais para se manter, aos quinze anos de idade, atingindo a posição de um dos maiores gênios técnicos de todos os tempos e deixando nada menos de oitocentas invenções registradas, e um Louis Pasteur, filho pobre de um curtidor, que, sem ser médico, pode ser considerado como sendo o fundador da microbiologia, apesar do trabalho valioso de seus predecessores.
Lembremo-nos do Cristo, o Divino Mestre por excelência.
Ele que podia, como ninguém, influenciar ambientes e criaturas, surge, entre os homens, como qualquer criança necessitada de arrimo ; vive, em sua época, ao modo de homem normal e, embora a luz e o amor lhe coroem a presença sublime, expira num lenho áspero, à maneira de qualquer condenado à morte, sem culpa.
Realmente, os Espíritos desencarnados não podem penetrar assuntos que a Humanidade ainda não pode compreender; entretanto, guarda a convicção de que te trazem eles a noticia mais importante de todas – a verdade de que a vida prossegue, além do sepulcro, e de que todos nós, desencarnados e encarnados, seja onde for, receberemos sempre de acordo com as nossas obras.

Livro “Religião dos Espíritos” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

21.5.18

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – LVIII


COMO VOCÊ INTERPRETA?! – LVIII
Elementais
Ainda no último capítulo do excelente “Nosso Lar”, livro de conteúdo ainda a ser explorado, mais atentamente, pelos espíritas em geral, dentre os quais eu me incluo, nos deparamos com o episódio de Narcisa que, atendendo ao apelo mental de André Luiz, o convida para irem à Natureza, a fim de “recolherem” fluidos no socorro a Ernesto, o segundo esposo de Zélia.
Antes, Narcisa teve o zelo de providenciar “passes de reconforto ao doente, isolando-o das formas escuras, que se afastaram como por encanto”. O passe, realmente, sendo, no dizer de Emmanuel, uma “transfusão de energias fisio-psíquicas”, através da simples imposição das mãos, opera prodígios. Nas Casas Espíritas, o passe é o legítimo “trabalho de cura”, sem desmerecermos, claro, o esforço dos medianeiros que se empenham no campo da cura segundo as suas características e as orientações de seus guias espirituais, que nem sempre possuem segura iniciação no estudo e na aplicação das forças “magnéticas”. Não nos esqueçamos de que Jesus curava pela imposição das mãos – Ele curava quando tocava e... quando era tocado! Curava através da saliva, do sopro, do olhar, de Sua simples Presença!...
*
Justificando o convite feito a André, para que fossem à Natureza, Narcisa, lhe diz: “Não só o homem pode receber fluidos e emiti-los. As forças naturais fazem o mesmo, nos reinos diversos em que se subdividem. Para o caso do nosso enfermo, precisamos das árvores. Elas nos auxiliarão eficazmente”.
Esse “para o caso de nosso enfermo”, naturalmente, nos leva a pensar na especificidade dos fluidos que Ernesto carecia, estando ele com os pulmões comprometidos. Com certeza, em outros casos fluidos de natureza diversa podem estar indicados, como aqueles nos quais, por exemplo, baseia-se a própria ciência Alopática, a Homeopática, a Fitoterápica, a Ortomolecular, e outras.
*
De mais notável, no entanto, no capítulo mencionado, é o encontro de Narcisa com os “servidores comuns do reino vegetal”, habitualmente chamados de “elementais”... Segundo André, ela os chamou com “expressões” que ele “não podia compreender”, ou seja, Narcisa a eles se dirigiu (eram “oito entidades espirituais”!) em seu “idioma”, nos induzindo a concluir que Narcisa, com certeza, já vivera entre eles e fora uma deles...
Concordam conosco, os irmãos e as irmãs internautas?!...
O assunto, ainda muito pouco estudado e desenvolvido pela literatura espírita, foi tratado, en passant, por Kardec, nas perguntas de 536 a 540, de “O Livro dos Espíritos”, quando os Instrutores falaram sobre a “Ação dos Espíritos Sobre os Fenômenos da Natureza”.
Vejamos a questão 538: “Os espíritos que presidem aos fenômenos da Natureza formam uma categoria no mundo espírita, são seres à parte ou espíritos que viveram encarnados, como nós?” Resposta: “Que o serão, ou que o foram”.
Diante da resposta dos Espíritos a Kardec, solicitamos vênia para uma indagação a todos os irmãos de Ideal que se nos dignarem responder: - Se os espíritos que presidem aos fenômenos da Natureza já foram, ou viveram encarnados como nós, tornando, após, à condição em que viveram, teriam eles regredido na escala evolutiva?...
Gostaríamos muito de ouvi-los nesta questão.
*
Ainda sobre o tema dos “elementais”, tomamos a liberdade de indicar aos interessados o livro de autoria de Paulino Garcia, “Espíritos Elementais”, editado pela LEEPP – o livro, coordenado pelo nosso preclaro Odilon Fernandes, foi editado em 2004, portanto há exatos 14 anos.
*
Chico Xavier nos contava que quando perdia determinado objeto que precisava encontrar – um documento, uma página psicografada perdida em meio aos seus tantos papéis, enfim, algo que lhe fosse essencialmente útil –, solicitava o auxílio desses “seres” que, então, algumas vezes atendiam ao seu chamado.
Não obstante, cremos que semelhante providência não seja para os incréus, mesmo para os incréus espíritas, que, por excesso de racionalismo, desprezam, muitas vezes, as obras da fé.

INÁCIO FERREIRA – Blog mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 21 de maio de 2018.

20.5.18

Reencarnação no Mundo Espiritual


    - No capítulo XI de A Gênese, Allan Kardec quando trata da evolução do "Princípio Espiritual". Ao referir-se à união do Princípio Espiritual e da Matéria, escreveu: "Desde que um espírito nasce na vida espiritual, para seu progresso, deve fazer uso de suas faculdades, as quais são a princípio rudimentares; é por isso que ele é revestido de um envoltório corporal apropriado ao seu estado de infância intelectual, envoltório este que ele deixa para se revestir de outro, à medida que suas forças aumentam".
    - Interessante! - exclamei, enfatizando. - desde que um espírito nasce na Vida Espiritual (prefiro aqui iniciar em maiúsculas), evidentemente...
    - Tem que imigrar de, corpo em corpo! Mas este é um assunto, Doutor, que, aos poucos, clareará para o entendimento dos nossos irmãos encarnados. A semente está lançada; com o tempo, germinará...
    - Chico, você me concede mais cinco minutos? - indaguei, não querendo deixar passar a oportunidade.
    - Pois não! - respondeu, lançando significativo olhar para Odilon.
    - Você sempre comentava que o homem tinha vindo do macaco e, ao mesmo tempo, não...
    - Este nosso Dr. Inácio! - disse, arrancando sorrisos da turma.
    - Eu não dizia nenhuma novidade. Está lá, no mesmo capítulo de "A Gênese". O assunto começou a ser estudado por Allan Kardec. O corpo do macaco acolheu o Princípio Inteligente... Foi no útero das gorilas que o Princípio Espiritual humanizado se desenvolveu. Permita-me citar textualmente o que encontramos nas páginas de "A Gênese": "Corpos de macacos teriam sido muito adequados a servir de vestimenta aos primeiros espíritos humanos, necessariamente pouco avançados, que vieram a encarnar na Terra; tais corpos terão sido os mais apropriados às suas necessidades e mais próprios ao exercício de suas faculdades, que o corpo de qualquer outro animal. Em lugar de ter sido necessário fazer-se um vestuário especial para o espírito, ele já encontrou um feito. Pode, pois, vestir a pele do macaco, sem cessar de ser um espírito humano, como o homem se reveste, às vezes, da pele de certos animais, sem cessar de ser homem".

  Livro "Reencarnação no Mundo Espiritual" de Carlos A Baccelli - Inácio Ferreira.
  Parte do dialogo entre os espíritos Chico Xavier e Dr. Inácio Ferreira na visita à Pousada "O Bom Samaritano", no plano subcrostal da espiritualidade.

19.5.18

NA ROMAGEM TERRESTRE


Esquece todo mal e a ofensa recebida,
Silenciando ao peito a mágoa que acalentes,
Sob o peso da cruz, jamais te desalentes,
Seguindo nesta estrada, embora a alma ferida...

Prossegue, haja o que houver, em tua nobre lida,
Procurando olvidar a voz dos descontentes,
A clamar entre prantos e ranger de dentes
Contra a fé que te ampara e te enobrece a vida...

Não deixes o sendal que o nosso Amado Mestre
Traçou para os teus pés na romagem terrestre,
Da manjedoura humilde ao Calvário bendito...

Luta, mas serve... Sofre e chora, mas avança,
Deixando-te guiar pela luz da esperança
Das veredas da Terra às Mansões do Infinito!...

Eurícledes Formiga
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião da Casa Espírita “Bittencourt Sampaio”, na noite de 20 de maio de 1988, em Uberaba – MG)

18.5.18

ANTE OS FENÔMENOS


Questão 445 do Livro dos Espíritos

Ante os fenômenos de sonambulismo e de êxtase, podemos devassar muitos segredos da natureza espiritual, compatíveis com os nossos desejos mais profundos.
Em estado de êxtase e sonambulismo, regredimos a memória e descobrimos as vidas passadas, e em muitas delas podemos rever os nossos feitos na sua origem. Essas faculdades quebram o véu que nos encobre recuadas eras. Na mensagem anterior, falamos das coisas que devem ficar encobertas, e que nós, pela ignorância, batalhamos para pôr á vista, e de outras que vêm à tona naturalmente, como sendo bênçãos de Deus para as nossas meditações. Não devemos querer saber o que não pode ser, principalmente quando se trata de outras vidas. Deus, quando coloca um véu entre a vida atual e o passado, tem uma razão para isso: Ele espera que fortaleçamos os sentimentos para suportar a verdade.
A missão do Espiritismo coordenado pelo Prof. Rivail é nos esclarecer a verdade sobre a nossa posição ante as leis que nos cercam e assistem. As raízes ficam encobertas pelo passado, para nos manter vivos e em preparação para outras tarefas que nos pedem paciência e fé.
O extático, estando livre e como lhe faculta o dom, vai ao passado. Sua consciência se abre e ele lê, como se fosse em um livro, o que passou em vidas pretéritas e lhe são revelados os arcanos das vidas, ou de muitas delas. Em muitos casos isso lhe serve de estímulos; em outros, traz-lhe aborrecimentos inúmeros, capazes de fazê-lo atrofiar e mesmo partir fora de época para o mundo espiritual. Aí, ele terá que voltar em piores condições, às vezes sem o dom de sonambulismo ou mediunidade reveladora.
Todo cuidado é pouco para os que têm as faculdades desenvolvidas, que devem conversar somente o necessário. Eles não sabem a capacidade de suportar dos ouvidos que os escutam, ou mesmo os seus próprios. O que devem revelar para todos é o exemplo de caridade e de amor, de perdão e de desprendimento. Essas revelações são úteis a todas as criaturas de Deus, porque melhoram seus sentimentos e lhes trazem alegria de viver.
Ser profeta do belicismo é escândalo anunciando escândalos. A nossa mediunidade é o que desejamos fazer dela; se respondemos pelo que fazemos, temos a liberdade de fazermos o que pretendemos. Os Espíritos que nos acompanham por misericórdia, afastam-se da conduta que não corresponde à verdade, e se induzimos para a falsa moral, os falsos profetas aproximar-se-ão das nossas faculdades e usa-las-ão para as mentiras.
Os mistérios espirituais, não é dado à razão descobri-los; somente as faculdades desenvolvidas, o sonambulismo e o êxtase, são as que penetram no desconhecido para dizer o que existe nessas paragens do invisível. No entanto, o equilíbrio espiritual seleciona o que devemos anotar na mente ativa, e conhecer conscientemente do nosso passado, se ele pode ser vivido pelo presente.
Para buscar as verdades do Espírito, necessário se faz que busquemos essa verdade em Espírito e verdade. Quem estiver em dúvidas sobre o buscar o desconhecido, que use a oração e o discernimento, pedindo a Jesus a opinião sobre o que deve fazer.

Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

17.5.18

AMIGOS


Emmanuel
Questão 938 -   O Livro dos Espíritos
(Reunião Pública de 19-  10-  59)

À medida que avances, montanha acima, nas trilhas da evolução, é possível que muitos de teus amigos se transformem, porque não possam ver o que vês.
É qual se o vinho capitoso surgisse transfigurado em resíduo de fel, ou como se o brilhante longamente acariciado se metamorfoseasse em pedra falsa.
Consagras-te agora à luz.
Dormitam muitos na sombra.
Escolhes hoje servir.
Demoram-se muitos reclamando o serviço alheio.
Buscas presentemente a verdade.
Afeiçoam-se muitos à mascara da ilusão.
Desapegas-te de prazeres inferiores e posses materiais.
Algemam-se muitos à egolatria.
Estranhando-te a nova atitude, quase sempre te classificam os anseios de elevação com adjetivos injuriosos.
Porque não mais te acomodas nas trevas, há entre eles quem te chame orgulhoso.
Porque conservas a humildade na luz da abnegação, há entre eles quem te chame covarde.
Porque não mais te relaciones com a mentira, há entre eles quem te chame fanático.
Porque esqueces a ti mesmo no culto do amparo a outrem, há entre eles quem te chame idiota.
Entretanto, ama-os, mesmo assim, sem exigir que te amem, cultivando o trabalho que a vida te confiou.
O serviço sustentado nas tuas mãos falará, sem palavras, de teus bons propósitos a criaturas diferente que, tangidas pelo divino amor, chegarão de outros campos em teu auxílio.
Para isso, porém, é indispensável não entres no labirinto das lamentações vinagrosas.
Censurar é ferir, e queixar-se é perder tempo.
Renuncia, pois, à satisfação da convivência com aqueles que, embora continuem amados em teu coração, não mais te comunguem as esperanças.
Se te esquecerem, perdoa.
Se te desprezarem, perdoa mais uma vez.
Se te insultarem, perdoa novamente.
Se te atacarem, perdoa sempre.
Seja qual for a maneira pela qual te apareçam, nos dias da incompreensão, ajuda-  os quanto puderes.
O silêncio em serviço é uma prece que fala.
Deus que concede à semente o refúgio da terra e a bênção da chuva para que germine, em louvor do pão, dar-te-á também outras almas, com as quais te associes para a glória do bem.

Livro “Religião dos Espíritos” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

16.5.18

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – LVII


Ainda refletindo sobre o último capítulo do livro “Nosso Lar”, nos deparamos com interessantes lições.
André Luiz, desencarnado há mais dez anos, e residindo na colônia espiritual há quase dois, tendo, inclusive, retomado o trabalho num dos hospitais do Ministério da Regeneração, ainda não havia experimentando os fenômenos da telepatia e da volitação, que, comumente, atribuem-se a todos os espíritos que deixam o corpo carnal.
Você já reparou nesse detalhe nas páginas da magnífica obra da lavra de Chico Xavier?!
Em “Nosso Lar”, para se movimentar, André tomava o “aeróbus”, e mesmo quando, depois de mais de dez anos, voltou a Terra, na companhia de Clarêncio, que acompanhava Dona Laura nas etapas iniciais de seu processo reencarnatório, tudo indica que o fez com o concurso de uma aeronave, que, então, o teria deixado nas proximidades da Crosta.
*
Somente quando André reconheceu que, de fato, Zélia, sua ex-esposa, e Ernesto se amavam muito, e passou a se sentir “companheiro fraternal de ambos”, ao necessitar de ajuda, mentalmente procurou entrar em contato com Narcisa – pela primeira vez, ele tentou a possibilidade da telepatia, que, em “O Livro dos Médiuns”, Kardec chamou de “telegrafia humana”. Foi com grande surpresa, e alegria, que, decorridos, mais ou menos, vinte minutos, Narcisa se apresenta, dizendo-lhe: “Ouvi seu apelo, meu amigo, e vim ao seu encontro”.
*
Sem dúvida, as conquistas de André Luiz no campo da espiritualidade própria, em tempo relativamente curto, se fizeram evidentes além da morte.
Todavia, enganam-se aqueles que imaginam que logo, ao deixarem o corpo, dispensarão, no Mais Além, o uso da palavra articulada. Chico Xavier nos contava que a sua mãezinha, Maria de São João de Deus, que, à época, estava se preparando para reencarnar, dissera a ele que estava estudando inglês no Mundo Espiritual – segundo ela, seria para facilitar o aprendizado do referido idioma quando, então, estivesse no corpo.
*
Depois que André e Narcisa logram socorrer ao Dr. Ernesto em sua recuperação, inclusive através da transmissão do passe e intervindo para afastar as três entidades que o vampirizavam no leito, por sentir-se extremamente “mais leve”, André conquista a capacidade de volitar, ou de se transportar no espaço através da volição, ou do voo sem o concurso de qualquer objeto voador. Já ao fim de seu segundo dia na Terra – ele obtivera uma semana de licença para visitar a família –, André começa se movimentar entre a Terra e “Nosso Lar” por si mesmo, simplesmente alçando-se ao Espaço.
*
Trata-se de outro equívoco quase generalizado entre os espíritas, que dizem que todos os espíritos, assim que deixam o corpo pesado para trás, adquirem a possibilidade de volitar, esquecidos de que o Mundo Espiritual também é regido pela Lei da Gravidade, e que, para volitar, o espírito carece de “perder peso”.
*
Muitos encarnados, porém, pelo fenômeno do desdobramento, no instante do repouso físico, já tiveram a experiência da volitação, que, sem dúvida, é extremante interessante – todavia, o espírito se movimenta dentro de limites que, pelas Leis da Física, não podem ser ultrapassados.
*
Percebamos, assim, que o desabrochar das quase infinitas possibilidades do espírito estão diretamente relacionadas com as suas conquistas de ordem íntima, incluindo, é claro, as suas aquisições de ordem mental.
*
Você, estimado (a) internauta, já teve oportunidade de experienciar no campo da telepatia, entre encarnado e encarnado, e no da volitação, em desdobramento?!...

INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 14 de maio de 2018.

15.5.18

KARDEC E NAPOLEÃO


Em  1799, quando Napoleão se fizera o primeiro Cônsul da República Francesa, reuniu-se grande assembleia, de espíritos sábios e benevolentes, Espíritos de velhos batalhadores do progresso que voltariam à carne ou que a seguiriam, de perto, para o combate à ignorância e a miséria, na laboriosa preparação da nova era da fraternidade e da luz.
No deslumbrante espetáculo da Espiritualidade Superior, com a refulgência de suas almas, achavam-se Sócrates, Platão Aristóteles, Apolônio de Tiana, Orígenes, Hipócrates, Agostinho, Fénelon, Giordano Bruno, Tomás de Aquino, S.Luis de França, Vicente de Paulo, Joana D’Arc, Tereza d’Avila, Catarina de Siena, Bossuet, Spinoza, Erasmo, Mílton, Cristóvão Colombo, Gutenberg, Galileu, Pascal, Swedenborg e Dante Alighieri para mencionar apenas alguns heróis e paladinos da renovação terrestre; e, em planos menos brilhantes, encontravam-se, no recinto maravilhoso, trabalhadores de ordem inferior, incluindo muitos dos ilustres guilhotinados da Revolução, quais Luís XVI, Maria Antonieta, Robespierre, Danton, Madame Roland, André Chenier, Bailly, Camile Desmoulins, e grandes vultos como Voltaire e Rousseau.
Havia também um grupo de almas, ainda encarnadas, que, constrangidas pela Organização Celeste, remontavam à vida espiritual, para a reafirmação de compromissos.
À frente, vinha Napoleão, que centralizou o interesse de todos os circunstantes. Era bem o grande corso, com os seus trajes habituais e com o seu chapéu característico.
Recebido por diversas figuras da Roma antiga, que se apressavam em ofercer-lhe apoio e auxilio, o vencedor de Rivoli ocupou radiosa poltrona que, de antemão, lhe fora preparada.
Entre aqueles que o seguiram, na singular excursão, encontravam-se respeitáveis autoridades reencarnadas no Planeta, como Beethoven, Ampère, Fúlton, Faraday, Goethe, João Dálton, Pestalozzi, Pio VII, além de muitos outros campeões da prosperidade e da independência do mundo.
Acanhados no veículo espiritual que os prendia à carne terrestre, quase todos os recém-vindos banhavam-se em lágrimas de alegria e emoção.
O Primeiro-Cônsul da França, recebendo o louvor de várias legiões, limitava-se a responder com acenos discretos, quando os clarins ressoaram. Imediatamente uma estrada de luz, à maneira de ponte levadiça, projetou-se do Céu, ligando-se ao castelo prodigioso, dando passagem a inúmeras estrelas resplendentes.
Em alcançando o solo delicado, contudo, esses astros se transformavam em seres humanos, nimbados de claridade celestial.
Dentre todos, no entanto, um deles avultava em superioridade e beleza. Tiara rutilante brilhava-lhe na cabeça, como que a aureolar-lhe de bênçãos o olhar magnânimo, cheio de atração e doçura. Na destra, guardava um cetro dourado, a recamar-se de sublimes cintilações...
Musicistas invisíveis, através dos zéfiros que passavam apressados, prorromperam num cântico de hosanas, sem palavras articuladas.
A multidão mostrou profunda reverência, ajoelhando-se muitos dos sábios e guerreiros, artistas e pensadores, enquanto todos os pendões dos vexilários arriavam, silenciosos, em sinal de respeito.
Foi então que o corso se pôs em lágrimas e, levantando-se, avançou com dificuldade, na direção do mensageiro que trazia o báculo de ouro, postando-se genuflexo, diante dele.
O celeste emissário, sorrindo com naturalidade, ergueu-o, de pronto, e procurava abraçá-lo, quando o Céu pareceu abrir-se diante de todos, e uma voz enérgica e doce, forte como a ventania e veludosa como a ignorada melodia da fonte, exclamou para o Napoleão, que parecia eletrizado de pavor e júbilo, ao mesmo tempo:
- Irmão e amigo ouve a verdade, que te fala em meu espirito! Eis-te à frente do apóstolo da fé, que, sob a égide do Cristo, descerrará para a Terra atormentada um novo ciclo de conhecimento...
César ontem, e hoje orientador, rende o culto de tua veneração, ante o pontífice da luz! Renova, perante o Evangelho, o compromisso de auxiliar-lhe a obra renascente!...
Aqui se congregam conosco lidadores de todas as épocas. Patriotas de Roma e das Gálias, generais e soldados que te acompanham nos conflitos da Farsália, de Tapso e de Munda, remanescentes das batalhas de Gergóvia e de Alésia aqui te surpreendem com simpatia e expectação... Antigamente, no trono absoluto, pretendias-te descendente dos deuses para dominar a Terra e aniquilar os inimigos... Agora, porém, o Supremo Senhor concedeu-te por berço uma ilha perdida no mar, para que te não esqueças da pequenez humana e determinou voltasses ao coração do povo que outrora humilhaste e escarneceste, a fim de que lhe garantas a missão gigantesca, junto da Humanidade, no século que vamos iniciar.
Colocado pela Sabedoria Celeste na condição de timoneiro da ordem, no mar de sangue da Revolução, não olvides o mandato para o qual fostes escolhido.
Não acredites que as vitórias das quais fostes investido para o Consulado devam ser atribuídas exclusivamente ao teu gênio militar e político. A Vontade do Senhor expressa-se nas circunstâncias da vida. Unge-te de coragem para governar sem ambição e reger sem ódio. Recorre à oração e à humildade para que te não arrojes aos precipícios da tirania e da violência!...
Indicado para consolidar a paz e a segurança, necessárias ao êxito do abnegado apóstolo que descortinará a era nova, serás visitado pelas monstruosas tentações do poder.
Não te fascines pela vaidade que buscará coroar-te a fronte... Lembra-te de que o sofrimento do povo francês, perseguido pelos flagelos da guerra civil, é o preço da liberdade humana que deves defender, até o sacrifício. Não te macules com a escravidão dos povos fracos e oprimidos e nem enlameies os teus compromissos com o exclusivismo e com a vingança!...
Recorda que, obedecendo a injunções do pretérito, renasceste para garantir o ministério espiritual do discípulo de Jesus que regressa à experiência terrestre, e vale-te da oportunidade para santificar os excelsos princípios da bondade e do perdão, do serviço e da fraternidade do Cordeiro de Deus, que nos ouve em seu glorificado sólio de sabedoria e de amor!
Se honrares as tuas promessas, terminará a missão com o reconhecimento da posteridade e escalarás horizontes mais altos da vida, mas, se as tuas responsabilidades forem menosprezadas, sombrias aflições amontoar-se-ão sobre as tuas horas, que passarão a ser gemidos escuros em extenso deserto...
Dentro do novo século, começaremos a preparação do terceiro milênio do Cristianismo na Terra.
Novas concepções de liberdade surgirão para os homens, a Ciência erguer-se-á a indefiníveis culminâncias, as nações cultas abandonarão para sempre o cativeiro e o tráfico de criaturas livres e a religião desatará os grilhões do pensamento que, até hoje, encarceram as melhores aspirações da alma no inferno sem perdão!...
Confiamos, pois, ao teu espírito valoroso a governança política dos novos eventos e que o Senhor te abençoe!...
Cânticos de alegria e esperança anunciaram nos céus a chegada do século XIX e, enquanto o Espírito da Verdade, seguido por várias cortes resplandecentes, voltava para o Alto, a inolvidável assembléia se dissolvia...
O apóstolo que seria Allan Kardec, sustentando Napoleão nos braços, conchegou-o de encontro ao peito e acompanhou-o, bondosamente, até religá-lo ao corpo de carne, no próprio leito.
....................................................................................................................................
Em 3 de outubro de 1804, o mensageiro da renovação renascia num abençoado lar de Lião, mas o Primeiro-Cônsul da República Francesa, assim que se viu desembaraçado da influência benéfica e protetora do Espírito de Allan Kardec e de seus cooperadores, que retomavam, pouco a pouco, a integração com a carne, confiantes e otimistas, engalanou-se com a púrpura do mando e, embriagado de poder, proclamou-se Imperador, em 18 de maio de 1804, ordenando a Pio VII viesse coroá-lo em Paris.
Napoleão, contudo, convertendo celestes concessões em aventuras sanguinolentas, foi apressadamente situado, por determinação do Alto, na solidão curativa de Santa Helena, onde esperou a morte, enquanto Allan Kardec, apagando a própria grandeza, na humildade de um mestre-escola, muita vez atormentado e desiludido, como simples homem do povo, deu integral cumprimento à divina missão que trazia à Terra, inaugurando a era espírita-cristã, que, gradativamente, será considerada em todos os quadrantes do orbe como a sublime renascença da luz para o mundo inteiro.

Livro Cartas e Crônicas - Espírito Irmão X - Psicografia Francisco C. Xavier.

14.5.18

Nova Lei Áurea


Até que ponto o homem consegue sentir a dor de outro homem?
Fico pensando nisto olhando para aqueles dias agora distantes da minha época quando estava vivo no corpo físico entre vocês.
O que vivenciei foi uma situação sui generis comparada ao que vocês vivem hoje. A escravidão descoberta e a escravidão revelada.
A escravidão descoberta, a do meu tempo, dizia respeito ao completo abandono aos direitos humanos dos negros que aqui aportavam vindos em caravanas hediondas normalmente da África.
Aquele comboio de humanos considerados bichos por muitos eram açoitados, despidos, desrespeitados em suas vontades, completamente subjugados. Algo inacreditável para se conceber no dia de hoje. Era uma sociedade nitidamente que separava estes dois entes e tudo era considerado absolutamente normal.
A escravidão revelada é aquela que se vive hoje nos porões das fábricas imundas, dos subempregos, dos biscates, dos remendos de trabalho e uma enorme quantidade de ocupações sem critério ou direito e apesar de toda uma legislação existente é tratado de maneira diferenciada e ninguém diz nada. Já é considerado normal.
Um e outro representam a subjugação humana. Um ato contínuo e explícito de desobediência às leis protetoras do trabalho. Tudo, porém, corre numa aparente normalidade e tolerância.
Carteira de trabalho, cada vez mais, parecerá objeto de estimação dada a inexistência dela ou será apenas um velho documento guardado em algum lugar da casa. Sem valia.
Claro que os tempos mudam e modificam-se as leis de trabalho em consonância com os tempos novos da tecnologia do conhecimento e digital, mas por trás de todo empreendimento há pessoas que devem possuir o respeito aos seus direitos mínimos.
Esse desrespeito é guardado a sete chaves e disfarçado, não era, porém, assim em tempos idos. Era frontalmente ignorado. Negro e nada se equivaliam em termos de direito. Os poucos negrinhos do Ventre Livre foram aos devagar ensejando a criação de uma classe nova e inusitada: a nova geração de negros livres. E onde ela caberia numa sociedade de mentalidade escravocrata?
Ficava à margem de tudo e se constituiu aos poucos uma base de resistência nos Quilombos contra o império do arbítrio dos senhores de engenho e outros tais.
Que vexame na nossa história! Também que oportunidade gloriosa de redenção e paz.
Vi negros sendo chicoteados bem mais do que animais.
Vi negros sendo jogados ao léu como moeda podre porque não serviam para nada.
Vi negros sendo mortos pelo excesso de carga e trabalho e abandonados na rua para não o encargo de leva-los para algum lugar e enterrá-los.
Depois ficava o preconceito e a tentativa de diminuição de qualquer movimento emancipacionista de direitos dos negros.
O combate febril e incansável valeu a pena. E como valeu!
A princesa Isabel outorgou a liberdade negra em 13 de maio de 1888, portanto, há 130 anos exatos. Liberdade tardia, mas não menos gloriosa.
Havia um papel histórico ali resgatado, havia, porém, um débito de mais de dois séculos que até hoje não foi pago, pelo contrário, foi acrescido pelo abandono e pelo descuido do Estado.
Poucos ascenderam socialmente. Poucos foram reconhecidos. Poucos são cidadãos de destaque. Poucos, na verdade, têm oportunidade.
É este elo que faço agora com o tempo espiritual que vivemos. Um tempo onde escravizar, quem quer que seja, é não somente inadmissível como igualmente intolerável na nova Nação que já está em construção.
Um País de livres, como aliás toda a aldeia global, mas a nossa tem que dar exemplo – e exemplo dos bons.
Não adianta discursos bonitos e mãos vazias.
De nada vale uma lei brilhante posta de lado.
Que dizer de cotas que significam migalhas.
Há 130 anos de distância da Lei Aurea serve-nos de consolo que quase um candidato a presidência concorreria com alguma chance de êxito. O mesmo que se assentou numa cadeira da corte suprema de Justiça. Simbólico, mas uma honrosa exceção à regra.
O débito persiste e parece que é cada vez mais ampliado, haja vista que são os negros os que mais tombam nos morros e batidas policiais.
São os negros que ainda aviltam as ruas como pedintes.
São os negros que refugiados de suas terras natais são tratados como indulgentes e incapazes.
É necessária nova lei áurea para as consciências adormecidas e preconceituosas que não veem ou não desejam ver o óbvio de que a lei de ouro deve estar numa consciência livre da submissão de um humano perante outro ser humano.
Bem-aventurados os que persistem no embate do bem e do amor. Eles vencerão.
Feliz seja o dia da libertação definitiva.
Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal