30.11.17

NOSSOS MORTOS

Os que se vão nas mágoas e na poeira
Dos caminhos da morte soterrados,
Levam consigo a imagem derradeira,
A visão dos seus mortos bem amados.

Mortos que ai ficaram na canseira,
Nos trabalhos do mundo acorrentados,
Padecentes de dor e de cegueira
Nos maiores tormentos flagelados...

Aqueles que amei nunca os esqueço,
É por eles que sofro e que padeço
Numa longa saudade introduzida;

Eu os espero na luz da eternidade,
Mas, ó seres que eu  amo, esta saudade
É o cinamomo em flor desta outra vida!...


Livro: LIRA IMORTAL - Francisco Cândido Xavier - Alphonsus Guimarães

29.11.17

NA LETARGIA

Questão 423 do Livro dos Espírtos

Em estado letárgico, o Espírito se encontra ligado ao seu fardo físico, não obstante, dá aparências de morto, porque a sua força vital volta a um estado latente. Para bem dizer, ela se recolhe, sem certas funções na atividade do complexo fisiológico.
A alma somente se prepara para sair do corpo quando os órgãos entram em inatividade; paralisando esses, o Espírito nada tem a fazer, a não ser sair para a sua morada verdadeira, a erraticidade ou mundo espiritual. Todavia, essa saída depende de muitas circunstâncias, que o faz demorar-se pouco ou muito, do quanto está ligado ao fardo físico.
Poderemos encontrar essa fala em muitos livros mediúnicos de muitos autores, onde alguns mostram que certos Espíritos, mesmo com o corpo em estado de decomposição, e até já decomposto, continuam ligados a ele, querendo retornar à vida física, sem desconfiar que não há possibilidades para tal evento.
Diz-nos “O Livro dos Espíritos”, obra que não deixa dúvidas aos estudantes do Espiritismo, que a alma, ainda estando ligada ao corpo físico, em muitos casos pode a ele voltar a viver no seu instrumento físico, mas, depois que se romperem esses laços espirituais, terminou sua atividade no mundo das formas, como Espírito encarnado. Somente resta a esperança de reencarnar em novo corpo, para novas tarefas evolutivas. Não sendo completa a morte, há meios do Espírito retornar às suas funções e comandar os seus órgãos, senão o corpo, para continuar a sua tarefa, em nome de Deus.
É bom, e muito bom, que compreendamos que tudo isso depende de muitos fatores, dos quais destacamos a presença de Nosso Senhor Jesus Cristo, como diretor espiritual do planeta em que habitamos e trabalhamos, por misericórdia desse mesmo Guia Espiritual da humanidade. Com Jesus, o caso é diferente. Ele, no caso de Lázaro, restabeleceu seu corpo físico, e fez circular a força vital em seu organismo. Como Lázaro ainda estava ligado ao corpo, deu ordem - porque tinha essa autoridade - para que aquele Espírito voltasse à vida física, e assim se deu, para glória de Deus, que Se manifestava visivelmente em Jesus.
Lázaro passou a viver com suas irmãs normalmente, enriquecido pela fé que já tinha no coração. Há muitas criaturas que sentem dificuldades em desligar-se dos laços que os prendem ao corpo na hora da desencarnação. Isso ocorre por falta de educação espiritual, mas, a Doutrina dos Espíritos vem ajudar esses Espíritos dentro de um esclarecimento lógico e fácil de ser entendido, mostrando a todos que ninguém morre, e que a vida continua além do túmulo, ainda com mais esplendor, requerendo, assim, do companheiro, abstinência dos pensamentos inferiores e limpeza na mente das más tendências.
Na letargia, já dissemos, as forças espirituais estão em decadência, e o Espírito inativo, mas consciente das suas funções, só não pode mover-se devido às dificuldades dessa operação com os órgãos que lhe servem de instrumento. Mas, as faculdades da alma propriamente dita, da profundidade do ser, essas são luzes na luz de Deus, e nunca se apagam pelos poderes dos homens.
Observemos que nos homens mais lúcidos os pensamentos são rápidos, elevados e mais contínuos que nos homens mais próximos ao lado primitivo, aos quais faltam corpos que o ajustem para esse desempenho espiritual.
Para livrar desse estado de letargia dos muitos corpos que revestem o Espírito, é preciso que se procure Jesus, que Ele, com seus demais trabalhadores do bem comum, indicará como acender a luz no coração e tornar-se livre, pelos conhecimentos da verdade.

Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz

28.11.17

ESPIRITISMO PRÁTICA – V

379 –Como deverá agir o estudioso para identificar as entidades que se comunicam?
-Os Espíritos que se revelam, através das organizações mediúnicas, devem ser identificados por suas ideias e pela essência espiritual de suas palavras.
Determinados médiuns, com tarefas especializadas podem ser auxiliares preciosos à identificação pessoal, seja no fenômeno literário, nas equações da ciência, ou satisfazendo a certos requisitos da investigação; todavia, essa não é a regra geral, salientando-se que as entidades espirituais, muitas vezes, não encontram senão um material deficiente que as obriga tão-só ao indispensável, no que se refere à comunicação.
Devemos entender, contudo, que a linguagem do Espírito é universal, pelos fios invisíveis do pensamento, o que, aliás, não invalida a necessidade de um estudo atento acerca de todas as ideias lançadas nas mensagens, guardando-se muito cuidado no capítulo dos nomes ilustres que porventura as subscrevem.
Nas manifestações de toda natureza, porém, o crente ou o estudioso do problema da identificação, não pode dispensar aquele sentido espiritual de observação que lhe falará sempre no imo da consciência.
380 –É justo que o espiritista, depois de sofrer pela morte a separação de um ente amado, provoque a comunicação dele nas sessões medianímicas?
-O espiritista sincero deve buscar o conforto moral, em tais casos, na própria fé que lhe deve edificar intimamente o coração.
Não é justo provocar ou forçar a comunicação com esse ou aquele desencarnado. Além de não conhecerdes as possibilidades de sua nova condição na esfera espiritual; deveis atender ao problema dos vossos méritos.
O homem pode desejar isso ou aquilo, mas há uma Providência que dispõe no assunto, examinando o mérito de quem pede e a utilidade da concessão.
Qualquer comunicado com o Invisível deve ser espontâneo, e o espiritista cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do egoísmo humano, ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem amou, e esperando a sua palavra direta, quando e como julguem os mentores espirituais convenientes e oportunos.


Livro “O Consolador” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

27.11.17

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – XXXV

Na sequência do diálogo com André, no capítulo 38, Tobias escuta dele o seguinte argumento, que, aliás, é o argumento de muitos que não concordam com a união esponsalícia dos espíritos além da morte do corpo carnal.
- Muitas vezes já lembrei, com interesse, a passagem evangélica em que o Mestre nos promete a vida dos anjos, quando se referiu ao casamento na eternidade.
Ao que Tobias, responde:
- Forçoso é reconhecer, todavia, com toda a nossa veneração ao Senhor (...), que ainda não nos achamos na esfera dos anjos e, sim, dos homens desencarnados.
Infelizmente, devido à forte sugestão mental recebida ao longo dos séculos, prevalece entre muitos adeptos do Espiritismo a ideia de que o Mundo Espiritual é extremamente sui generis, nada tendo a ver com o Mundo Material, quando já se sabe que nas Esferas próximas ao orbe terrestre a humanidade dos espíritos continua.
*
Apenas a título de reflexão sobre tema tão transcendente, remetemos os nossos irmãos e irmãs internautas à questão 695, de “O Livro dos Espíritos”: - O casamento, ou seja, a união permanente de dois seres, é contrária à lei natural? Resposta: - É um progresso na marcha da Humanidade.
Notemos que fica subentendido que a união matrimonial, ou seja, a união permanente entre dois seres, através do casamento, (aqui não há qualquer referência à sexualidade) “é um progresso na marcha da Humanidade”, que, evidentemente, continuará marchando...
Adiante, na pergunta 697, apenas também a título de ilustração, os Espíritos Superiores afirmam que a indissolubilidade absoluta do casamento é uma lei humana, “muito contrária à lei natural”.
Tobias, em seu diálogo com André Luiz, esclarece que “o verdadeiro casamento é de almas e essa união ninguém poderá quebrantar” – e nem haverá necessidade de formalizar.
*
Aproveitamos para comentar que, neste aspecto, muitos têm cogitado de qual seria a “alma gêmea” de Jesus Cristo. Sinceramente, consideramos tal especulação inteiramente despropositada. Aliás, tudo o que se refere à evolução do Cristo, em termos de nossas especulações humanas, de encarnados e desencarnados, é infantilidade. Inútil perda de tempo, discussões em torno, por exemplo, da “alma gêmea do Cristo”, da natureza de seu corpo, e mesmo a respeito de onde Ele teria estado dos 12 aos 30 de idade! Cremos que tais discussões apenas e tão somente nos fazem desviar o foco de nossas atenções, que deve se concentrar sobre a excelência de suas Palavras. Batráquios, ou, menos que isto, vermes, não podem compreender a natureza do Sol! Minhocas têm é que continuar comendo terra e produzindo húmus...
*
Bem, para não nos estendermos, diremos: Tobias, em “Nosso Lar”, residia, na mesma casa, com Hilda, a esposa, e Luciana, a companheira que, quando Hilda desencarnou, tomara o seu lugar, auxiliando Tobias a criar os dois filhos menores.
Hilda, explica a André, que, na condição de desencarnada, vitimada por excessivo ciúme, ou sentimento de posse, começou a perseguir Luciana. Foi quando, recebendo a visita da avó materna, registrou as suas sábias palavras, ditas com brandura e energia:
- Que é isso, minha neta? Que papel é o seu na vida? Você é leoa ou alma consciente de Deus? Pois nossa irmã Luciana serve de mãe a seus filhos, funciona como criada de sua casa, é jardineira do seu jardim, suporta a bílis do seu marido e não pode assumir o lugar provisório de companheira de lutas, ao lado dele? É assim que o seu coração agradece os benefícios divinos e remunera aqueles que o servem? Quer você uma escrava e despreza uma irmã?”
Ao término da conversa em torno de assunto tão complexo, Hilda, percebendo o pensamento de André Luiz, arremata:
- Fique tranquilo. Luciana está em pleno noivado espiritual. Seu nobre companheiro de muitas etapas terrenas precedeu-a há alguns anos, regressando ao círculo carnal. No ano próximo, ela seguirá igualmente ao seu encontro. Creio que o momento feliz será em São Paulo.
*
Maravilhosa lição, mas que poderão compreender apenas aqueles que já se libertaram um tanto do sentimento de posse e logram uma visão mais profunda do amor em sua essência.

INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade na Internet

Uberaba – MG, 27 de novembro de 2017.

26.11.17

Ninguém é tão pobre

   Não olvides o silêncio para a calúnia, a bondade para com todos, a gentileza incessante, a frase amiga que reconforta, a roupa que se fez inútil para o corpo, susceptível de ser aproveitada pelo irmão mais necessitado, o pão dividido, a prece em comum, a conversação edificante, o gesto espontâneo de solidariedade...
    Ninguém é tão pobre que não possa dar alguma coisa aos semelhantes, e aquele que se compadece e ajuda cede ao próximo algo de si mesmo.


Livro: Instrumentos do Tempo - Francisco C Xavier - Emmanuel  

25.11.17

ORANDO EM TROVAS

Senhor Jesus, se consentes,
Venho pedir-Te nas trovas
A força para vencer
As minhas lutas e provas.

Dá-me a Tua inspiração
No caminho em que prossigo,
Ensinando a me afastar
De todo e qualquer perigo.

Que eu não deserte ao dever
De servir-Te, hora por hora,
Trabalhando sem cansaço
No Bem que me revigora.

Que eu Te siga o exemplo santo,
Aprendendo em minha vida
A transformar cada pedra
Em degrau para a subida.

Não me permitas a queda
Nas valas da obsessão...
Para livrar-me do mal,
Careço de Tua mão.

Que eu não busque revidar
Ofensa que alguém me faça,
Sorvendo, em silêncio, o fel
Que me transborde da taça.

Se, porventura, ferido
No que tenha de mais caro,
Que eu procure me entregar
Às bênçãos do Teu amparo.

Não me deixes a vagar
Por esses trilhos a esmo,
Como alguém que não encontra
A paz dentro de si mesmo.

Sobretudo, nesta prece,
Mestre de Amor e Bondade,
Eis que venho suplicar-Te
O refúgio da humildade.

Que eu possa ver com Teus olhos
E caminhar nos Teus passos,
Carregando a minha cruz
Com o auxílio dos Teus braços!...

Eurícledes Formiga – Blog Reflexões de um Imortal

(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do “Grupo Espírita da Prece”, na noite de 22 de outubro de 1988, em Uberaba – MG).

24.11.17

Motivos de resignação.

    Por estas palavras: Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados, Jesus aponta a compensação que hão de ter os que sofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer do sofrimento, como prelúdio da cura. Também podem essas palavras ser traduzidas assim: Deveis considerar-vos felizes por sofrerdes, visto que as dores deste mundo são o pagamento da dívida que as vossas passadas faltas vos fizeram contrair; suportadas pacientemente na Terra, essas dores vos poupam séculos de sofrimentos na vida futura. Deveis, pois, sentir-vos felizes por reduzir Deus a vossa dívida, permitindo que a saldeis agora, o que vos garantirá a tranquilidade no porvir. O homem que sofre assemelha-se a um devedor de avultada soma, a quem o credor diz: "Se me pagares hoje mesmo a centésima parte do teu débito, quitar-te-ei do restante e ficarás livre; se o não fizeres, atormentar-te-ei, até que pagues a última parcela." Não se sentiria feliz o devedor por suportar toda espécie de privações para se libertar, pagando apenas a centésima parte do que deve? Em vez de se queixar do seu credor, não lhe ficará agradecido? Tal o sentido das palavras: "Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados." São ditosos, porque se quitam e porque, depois de se haverem quitado, estarão livres. Se, porém, o homem, ao quitar-se de um lado, endivida-se de outro, jamais poderá alcançar a sua libertação.     Ora, cada nova falta aumenta a dívida, porquanto nenhuma há, qualquer que ela seja, que não acarrete forçosa e inevitavelmente uma punição. Se não for hoje, será amanhã; se não for na vida atual, será noutra. Entre essas faltas, cumpre se coloque na primeira fiada a carência de submissão à vontade de Deus. Logo, se murmurarmos nas aflições, se não as aceitarmos com resignação e como algo que devemos ter merecido, se acusarmos a Deus de ser injusto, nova dívida contraímos, que nos faz perder o fruto que devíamos colher do sofrimento. E por isso que teremos de recomeçar, absolutamente como se, a um credor que nos atormente, pagássemos uma cota e a tomássemos de novo por empréstimo. Ao entrar no mundo dos Espíritos, o homem ainda está como o operário que comparece no dia do pagamento. A uns dirá o Senhor: "Aqui tens a paga dos teus dias de trabalho"; a outros, aos venturosos da Terra, aos que hajam vivido na ociosidade, que tiverem feito consistir a sua felicidade nas satisfações do amor-próprio e nos gozos mundanos: "Nada vos toca, pois que recebestes na Terra o vosso salário. Ide e recomeçai a tarefa."

Livro: Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec

23.11.17

Psicografia do Espírito Noel Rosa

Recebida pelo médium Geralcino Gomes, do Grupo Espírita "Regeneração.

    "Verdadeiramente, a obra parece o retorno aos bancos escolares. A narração, repleta de exemplos e valores, colhidas no sentimento, refazem, ou melhor, descobrem para nós, uma profunda admiração e um saudosismo purificado".
    O Espírito Jose do Patrocínio (centro ) iniciou e o Espírito Noel Rosa (esquerda) prosseguiu, pela mão de Geralcino Gomes (direita) "Aqui neste lugar, repositório secular da cultura de nossa Pátria, esperava encontrar, com todo o respeito devido, trajes antigos, formas conservadoras e uma verdadeira e salutar nostalgia dos memoráveis tempos monárquicos. É bem verdade que aqui do nosso lado, isto é no mundo espiritual, não é bem assim que está o ambiente.
    Explico, ou retifico: seres (espíritos) compenetrados, amigos de um passado de equilíbrio, grupos conversando sobre o vivenciado nesse tempo, ocorrências melhor compreendidas no presente e traçando opiniões esperançosas sobre o amanhã do nosso querido Brasil.
    Sim, um austero clima de esperança! A lembrança trazida pelo livro em lançamento deixa-nos verdadeiramente sensibilizados.
    Brasileiros valorosos, exemplo dignificante de nossa história, respeitados por republicanos ou monarquistas. Eles, os homenageados com "a verdade", construíram um exercício de vida exemplar, reto em atitudes, íntegros em suas dolorosas provas vivenciadas.
    Verdadeiramente, a obra parece o retorno aos bancos escolares. A narração, repleta de exemplos e
valores, colhidas no sentimento, refazem, ou melhor, descobrem para nós, uma profunda admiração e um saudosismo purificado, analisando-se o comportamento diferenciado de nossos heróis homenageados no livro.
    Ainda é tempo de reestudarmos valores, aprofundando-nos nas razões do passado e nas atitudes muitas vezes generosamente isentas de personalismo, abdicando de seus direitos com um respeitoso e difícil sacrifício em favor dos filhos da Pátria.
    Enfim, saio daqui orgulhoso do passado de nossa instituição política, entregue pelo "Mundo Maior" aos personagens tão cheios de surpresas positivas e qualidades que rareiam nos homens que fazem a nossa História nos tempos atuais.
    Fico repleto de satisfação. Ser brasileiro é ser teimoso em esperança; insistente em sua boa fé e, com
certeza, ligados a uma estranha energia que nos impulsiona para o bem, para um luminoso amanhã, o
destino sublime plantado e semeado nos tempos abençoados de Pedro de Alcântara.

Noel Rosa (*)
(*) Nota da redação:a primeira frase foi ditada pelo Espírito José do Patrocínio, que não conseguiu prosseguir por falta de condições no ambiente, dando o Espírito Noel Rosa prosseguimento
em nome do primeiro. Sob orientação pessoal do Diretor André Marouço, (à esquerda) a TV Mundo Maior cobriu o evento. A Radio Rio de Janeiro, que noticiou intensamente o evento, muito contribuiu para grande afluência de público Espírita, que foi prestigiar o encontro na ABL. Acadêmicos também prestigiaram o evento. O imortal Eduardo Portela, ex-Ministro da Educação e Cultura, recebe das mãos do autor o livro em lançamento. A Rádio Rio de Janeiro, a Emissora da Fraternidade, cobriu, com dedicação, todo o evento na ABL, dispensando amplo noticiário sobre esse acontecimento que

certamente ficará na História.

22.11.17

LETARGIA E CATALEPSIA

Questão 422 do Livro dos Espíritos

A criatura em estado de letargia ou catalepsia fica impedida de falar e, por vezes, ver e ouvir pelos canais físicos; no entanto, ela percebe tudo o que se passa, pela sensibilidade espiritual. Isso também ocorre com o Espírito, livre do corpo, que pode ter os mesmos impedimentos em relação ao corpo espiritual ou perispírito.
Nada há a não ser Deus que possa impedir o Espírito de manifestar seus sentidos mais profundos, porque o Espírito é luz de Deus, com dons que Ele mesmo deu, por amor. Nos casos focalizados, o Espírito fica impossibilitado de manifestar-se na área humana por impedimento dos órgãos materiais; o mesmo acontece com o perispírito que, mesmo com a tenuidade de seu corpo sutil, impede o Espírito de manifestar-se nesses casos. E assim acontece com outros corpos, que têm funções, como vestes e aparelhos no resguardo da alma, para que se estenda gradativamente a luz nos caminhos do Espírito imortal.
Outra letargia e outra catalepsia piores que as do corpo, são aquelas dos sentimentos espirituais, dos que dormem no mal. Esses são os “mortos”, como diz o Evangelho, naquela passagem que Jesus afirma: “Deixai aos mortos o cuidado de enterrarem os seus mortos” (Lucas, 9: 59 e 60)
Os seres humanos que param nas paixões inferiores se encontram em estado de letargia profunda, da qual podem demorar a se desligar. Outros, estão envolvidos na catalepsia do crime e da violência, vindo, depois, a sofrerem as consequências da aceitação desse estado anormal. A cabeça do indivíduo que somente forma ideias perniciosas está em fase de horrível catalepsia e somente o tempo, a ajuda dos benfeitores espirituais e a sua boa vontade poderão ajudá-lo a sair dessas trevas. As sequelas ainda o acompanham por muito tempo. Os que ainda se encontram na letargia da fornificação, do egoísmo, do orgulho, da vaidade, do ciúme e da violência demoram muito tempo recebendo a dor como terapia divina, para despertar do sono e fazer lugar com certas reformas no mundo íntimo, ao amor, à paz e ao desprendimento, dedicando-se ao perdão sem condições, com pulso forte, para a conquista da fraternidade.
As letargias e catalepsias de momento, provocadas pelos hipnotizadores e os magnetizadores, são breves. As piores são aquelas em que nós mesmos caímos em transe pela falta de vigilância, desconhecendo o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Espiritismo com o Cristo tem o poder de nos acordar para a luz de Deus, moldando as nossas forças para as forças do bem, conduzindo-nos para a paz de consciência. É Jesus voltando e curando as nossas enfermidades por amor, mostrando-nos como devemos fazer para consolidar a cura definitiva no nosso mundo da consciência. É bom que compreendamos que somente vivendo as leis de amor entramos em plena sintonia com o amor de Deus, de modo a receber e guardar as bênçãos de Jesus para sempre no coração.
Convidamos os irmãos da Terra, para estudarmos juntos todas as filosofias espirituais, selecionando o que for conveniente, como diz Paulo: Não frustreis o Espírito, não desprezeis as escrituras, mas, retende o que é bom (Tessalonícenses, 5:19 a 22).
O estudante de boa vontade, o honesto trabalhador nunca fica sozinho em caminho, pois tem sempre mãos amigas que o ajudam a compreender as leis, facilitando-lhe em suas práticas. Vamos acordar, pois Jesus nos chama todos para viver.


Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

21.11.17

ESPIRITISMO PRÁTICA – IV

376 –Há estudiosos da Doutrina que se afastam das reuniões, quando as mesmas não apresentam fenômenos. Como se deve proceder para com eles?
-Os que assim procedem testemunham, por si mesmo, plena inabilitação para o verdadeiro trabalho do Espiritismo sincero. Se preferirem as emoções transitórias dos nervos ao serviço da autoiluminação, é melhor que se afastem temporariamente dos estudos sérios da Doutrina, antes de assumirem qualquer compromisso. A compreensão do Espiritismo ainda não está bastante desenvolvida em seu mundo interior, e é justo que prossigam em experiências para alcança-la.
O êxito dos esforços do plano espiritual, em favor do Cristianismo redivivo, não depende da quantidade de homens que o busquem, mas da qualidade dos trabalhos que militam em suas fileiras.

378 –Por que motivo à doutrinação e a evangelização nas reuniões espiritistas beneficiam igualmente os desencarnados, se a estes seria mais justo o aproveitamento das lições recebidas no plano espiritual?

-Grande número de almas desencarnadas nas ilusões da vida física, guardadas quase que integralmente no íntimo, conservam-se, por algum tempo, incapazes de aprender as vibrações; do plano espiritual superior, sendo conduzidas por seus guias e amigos redimidos às reuniões fraternas do Espiritismo evangélico, onde, sob as vistas amoráveis desses mesmos mentores do plano invisível, se processam os dispositivos da lei de cooperação e benefícios mútuos, que rege os fenômenos da vida nos dois planos.


Livro “O Consolador” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

20.11.17

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – XXXIV

O livro “Nosso Lar”, este compêndio de extraordinárias lições, em seu capítulo 38 – “O Caso Tobias” –, transmite-se valiosos ensinamentos a respeito da vida afetiva dos espíritos, além da morte do corpo físico.
Resumindo, diremos que Tobias, um dos grandes seareiros de “Nosso Lar”, convidara André Luiz para efetuar uma visita à sua residência, onde ele, Tobias, residia na companhia de duas irmãs.
Interessante a informação que André nos transmite logo no terceiro parágrafo: “Reunidos na formosa biblioteca de Tobias, examinamos volumes maravilhosos na encadernação e no conteúdo espiritual.”
E aqui, naturalmente, surgem as primeiras perguntas que tomamos a liberdade de dirigir aos nossos internautas:
- Que livros seriam aqueles na biblioteca de Tobias?! Livros de autores encarnados, ou desencarnados?! Livros que haviam sido concebidos na Terra e na Terra impressos, ou escritos lá mesmo, no Mundo Espiritual, por autores desencarnados, e impressos por um serviço gráfico do Além?!...
*
Examinar, com atenção, cada parágrafo de “Nosso Lar” é de suma importância para que, tanto quanto possível, nada nos escape em termos de informação.
Muitos dos que rejeitam a referida Obra, psicografada por Chico Xavier, talvez, ainda não tenham alcançado o necessário amadurecimento para conceber a Vida em seu natural espírito de sequência – inconscientemente, influenciados por outras teologias religiosas, ainda não conseguem raciocinar sob outro prisma, se não aqueles que descrevem a Vida no Além de forma maravilhosa, ou sobrenatural.
*
Em seguida a sua visita à biblioteca, André é convidado pela senhora Hilda a observar o jardim, novamente, assim, dando especial destaque à Natureza no Mundo Espiritual, demonstrando, uma vez mais, que, por aqui, nada é criação da mente, pois que as plantas crescem e se desenvolvem como crescem e se desenvolvem nos jardins terrestres – existe, sim, REPRODUÇÃO VEGETAL, como também REPRODUÇÃO ANIMAL, e, consequentemente, REENCARNAÇÃO NO MUNDO ESPIRITUAL.
Irmãos, poucos esclarecidos ou maledicentes, têm afirmado que nós temos dito que espírito reproduz, quando a tese que sustentamos é que corpo espiritual se reproduz, ou seja: perispírito, ou envoltórios do espírito, que constituem os seus corpos mais ou menos materiais, podem, sim, se reproduzir.
Espanta-nos, em nossos confrades adeptos da tese da FÉ RACIOCINADA, a não aceitação desta realidade, tão clara quanto à meridiana luz do Sol. Se bem, Nicodemos, o doutor da lei, nada entendeu quando Jesus tentou explicar a ele a Reencarnação, dizendo: “Mas, se não me credes, quando vos falo das coisas da Terra, como me crereis, quando vos fale das coisas do céu?”
*
Entrando em conversação mais íntima com André, Tobias começa a narrar a ele o seu interessante caso familiar, semelhante a milhares de outros existentes na Terra inteira.
Tobias havia sido casado na Terra duas vezes – casara-se, inicialmente, com Hilda, com quem tivera dois filhos, e, depois, por sua vez, desposara Luciana. Ambas estavam residindo com ele, na mesma casa, em “Nosso Lar”. Os mais afoitos, talvez, pensem que Tobias, desencarnado, tenha constituído um harém depois da morte...
André, no entanto, que ainda ignorava que a sua esposa, Zélia, havia se unido a outro companheiro na Terra, diz a Tobias: - De fato (...), o problema interessa profundamente a todos nós. Há milhões de pessoas, nos circuitos do planeta, em estado de segundas núpcias. Como resolver tão alta questão afetiva, considerando a espiritualidade eterna?”
Um de nós – quem sabe?! –, talvez esteja dentro da mesma situação de Tobias... Quantos, enviuvando-se, sentem necessidade de se unirem a novo cônjuge?! E, na maioria das vezes, não é nem por conta de viuvez, mas pelo motivo de uma separação motivada, por exemplo, devido a incompatibilidade entre o casal...
Antes de encerrarmos, porém, a matéria desta semana, perguntamos: por que razão as uniões conjugais prosseguem além da morte?! Por que Tobias continuava com Hilda na condição de sua esposa, tudo levando a crer, que ele e ela prosseguiam mantendo íntimo relacionamento na Vida Espiritual?! Ora, anteriormente, no capítulo 18 – “Amor, Alimento das Almas” –, vimos que Lísias sai ao encontro de Lascínia, de quem se encontrava enamorado, e que o aguardava no “Campo da Música”.

INÁCIO FERREIRA – Blog mediunidade na internet
Uberaba, 20 de novembro de 2017.

19.11.17

Mistérios da Torre Saint Michel de Bordeaux

    "O Espírito ligado ao seu corpo e sofrendo ainda as torturas dos últimos instantes, pois se achando no meio de Espíritos sofredores, desesperançosos de seu perdão não é o inferno com seus prantos e seu ranger de dentes? É necessário fazer dele uma fornalha com as chamas e as forcas? Essa crença na perpetuidade dos sofrimentos é, como se sabe, um dos castigos infligidos aos Espíritos culpados. Esse estado dura tanto quanto o Espírito não se arrepende, e durará sempre se não se arrepende jamais, porque Deus não perdoa senão ao pecador arrependido. Desde que o arrependimento entre em seu coração, um raio de esperança lhe faz entrever a possibilidade de um fim para os seus males; mas só o arrependimento não basta; Deus quer a expiação e a reparação, e é pelas reencarnações sucessivas que Deus dá aos Espíritos imperfeitos a possibilidade de se melhorarem, na erraticidade eles tomam resoluções que procuram executar em sua vida corporal; é assim que, a cada existência, deixando alguma impureza, chegam gradualmente a se aperfeiçoarem, e dão um passo adiante para a felicidade eterna. A porta da felicidade, portanto jamais lhes é fechada, mas a alcançam num tempo mais ou menos longo, segundo a sua vontade e o trabalho que fazem, sobre si mesmos, para merecê-lo."
    "Não se pode admitir a onipotência de Deus sem a presciência; desde então, pergunta-se por que Deus, criando uma alma, sabendo que ela deverá falir sem poder se levantar, a tirou do nada para voltá-la aos tormentos eternos? Quis, pois, criar almas infelizes? Esta proposição é insustentável com a ideia da bondade infinita, que é um dos seus atributos essenciais. de duas coisas uma, ou ele sabia, ou não sabia; se não sabia não é todo-poderoso; se o sabia, não é nem justo e nem bom; ora, tirar uma parcela do infinito dos atributos de Deus, é negar a divindade. Tudo se concilia, ao contrário, com a possibilidade deixada ao Espírito de reparar suas faltas. Deus sabia que, em virtude de seu livre arbítrio, o Espírito faliria, mas sabia também que se reabilitaria; sabia que tomando o mau caminho retardaria sua chegada ao objetivo, mas que chegaria cedo ou tarde, e é para fazê-lo chegar mais depressa que multiplica as advertências sobre seu caminho; se não as escuta, não é senão mais culpável, e merece o prolongamento de suas provas. Dessas duas doutrinas, qual é a mais racional?"


Livro: Revista Espírita - tomo 5 - 1862 - Allan Kardec

18.11.17

RABICHO DE PAI

(Querido amigo, eis o NOSSO singelo presente de aniversário para você)

Tudo o que sou e sei devo ao meu Pai,
Ao meu Pai que, por mim, tem um rabicho,
E só fala comigo num cochicho
De Amor, com que da alma não me sai...

Quanto mais passa o tempo que se esvai,
Mais o Velho me ama no capricho,
Grudado em mim, parece um carrapicho,
Que a gente leva junto aonde vai...

Se me ouve chorar, apressa os passos,
Vem correndo e me toma nos Seus braços,
E mima-me com ósculos de luz...

Meu Pai, que é a minha Mãe também,
A este filho caçula, Seu neném,
Deu um Irmão maior, que é Jesus!...

Eurícledes Formiga
e
Outros

(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, no alvorecer do dia 9 de novembro de 2017, no recinto do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, em Uberaba – MG).

17.11.17

MINHA LUZ


Eu era, Dor, a alma rubra e inquieta,
A pomba predileta
Do prazer, da ilusão e da alegria...
Meu coração, alegre cotovia,
Saudava alvoroçado
O segredo da noite e a luz clara do dia,
Quando chegaste de mansinho,
Pisando sutilmente o meu caminho...

E eu te enxerguei, despreocupada,
Em meu engano, em minha fantasia:
Primeiramente,
Foste, austera e inclemente,
A um dos belos tesouros que eu possuía
E mo roubaste para sempre...
Em fúria iconoclasta,
Como o simum que arrasta
As cidades repletas de tesouros
Confundindo-as no pó,
Foste aos meus ídolos mais caros,
Destruindo-os sem dó.

Prosseguiste, ó divina estatuária,
Na tua obra silente e solitária,
E quebraste
Minhas cítaras de ouro,
Meus mármores de Paros,
Meus cofres de alabastros,
Minhas bonecas de biscuí,
Minhas estatuetas singulares...
E humilhaste
Meus sonhos de mulher e de menina,
Que eu pusera nos astros
Em meio às melodias estelares!

Mas, desde que chegaste,
Foste a sombra divina
Que acompanhou meus passos ao sepulcro...

Tudo sofri,
Ó Dor, por te querer,
Porque depois que vieste
Qual pássaro celeste
Para abrir rosas de sangue no meu peito,
Encheste a minha vida
De um estupendo prazer, quase perfeito!

Aos poucos me ensinaste a abandonar
Meus prazeres fictícios,
Trocando-os pela luz dos sacrifícios!
Por tudo eu te bendigo, ó Dor depuradora,
Porque representaste em meu destino,
De alma sofredora,
O fanal peregrino
Que me guiou constantemente
Através das estradas espinhosas
Para as manhãs radiosas
Da Luz Resplandecente...

Sê, pois, bendita, ó Dor linda e gloriosa,
Pois da volúpia estranha dos teus braços,
Vim pelas mãos da morte complacente
Para a vida sublime dos Espaços!...


Livro: Parnaso de Além-Túmulo - Francisco C Xavier.
CARMEN  CINIRA
    NOME literário de Cinira do Carmo Bordini Cardoso: nasceu no Rio de Janeiro, em 1902, e faleceu em 30 de agosto de 1933. Sua espontaneidade poética era tão grande que ela própria acreditava serem os seus versos de origem mediúnica. Glorificou o Amor, a Renúncia, o Sacrifício e a Humildade, em obras como: Crisálida, Grinalda de Violetas, Sensibilidade.

16.11.17

PENSAMENTOS SEMELHANTES

Questão 421 do Livro dos Espíritos

A analogia dos pensamentos faz duas pessoas ou mais, no mesmo instante, pensarem a mesma coisa. A formação dos pensamentos ainda é mistério para as criaturas humanas. Sempre nos encontramos com essa pergunta: como se formam os pensamentos? A força para pensar vem de Deus; ela é, pois, ancila do Senhor, que a passa às nossas mãos como luz divina, de modo que possamos dar-lhe as tonalidades que queiram nossos corações.
A virgindade dos nossos pensamentos nasce de Deus. Nós somos apenas controladores, amplificadores e tonalizadores dos seus destinos. Tornam-se os pensamentos sementes que podem nascer onde semearmos.
O homem afável em todas as suas comunicações já se encontra amadurecido de alguma forma e começa a iluminar suas ideias. O homem cristão, que já deixou nascer o Cristo na sua intimidade, passa a mostrar o seu verbo ameno e sua conversa se eterniza nos corações, levando a esperança e a fé para os que sofrem.
Os pensamentos são domáveis, desde que comecemos a trabalhar neles antes que despontem na cidade da mente. Isso requer um pouco de paciência, de boa vontade e de conhecimento dos segredos do amor.
Se podemos perceber os pensamentos alheios, os outros podem sentir igualmente os nossos. Eis aí uma grande responsabilidade. E os efeitos dessas ideias nos outros? Se boas, teremos de volta semelhante força; se más, responderemos por suas ações maléficas. Jesus foi o maior exemplo de ideias nobres, de pensamentos puros, e é por Ele e n’Ele que devemos firmar nossos destinos, copiando Seus exemplos de amor, perdão e caridade.
Somos o que pensamos ser, no entanto, não queiramos, de um dia para o outro, transformar nossos destinos, já firmado há milênios sem conta. O trabalho deve ser, como no dito popular, na ciência do “devagar e sempre”, persistir nas mudanças, e “bater na tecla todos os dias, que uma hora a nota saí”. A vitória do bem consiste em permanecer sempre no exercício da caridade em todas as suas modalidades.
Os Espíritos que se afinizam sempre trocam ideias, mesmo que não estejam juntos; seus pensamentos entram em cadeia, elaborando ideias e formando decisões, e assim é que podemos dizer que, nem sempre, precisamos estar juntos para participar das conversações. Nunca estamos sós. Onde quer que estejamos, estamos sempre ligados por correntes mentais que nos sugerem e nos deixam oportunidade de nos inspirar nos outros.
Ainda mais, nós todos conversamos uns com os outros onde quer que estejamos, na linguagem universal dos Espíritos, e muitas vezes sem nos conscientizarmos desse fato, quando movendo um corpo de carne. Essa é a filosofia divina, que nunca desaparece, por serem leis espirituais, que nunca mudam, porque são eternas: somente as leis dos homens são mutáveis. O que se aperfeiçoa é o nosso modo de ser, é o nosso despertamento espiritual, o modo de perceber leis de Deus. Assim, a Divindade é imutável. Ele é, e nunca precisa ser outra coisa. Trabalhemos, pois, na nossa casa interna, para que, cada vez mais, os nossos dons despertem, procurando qualidades maiores, e nesse avançar, sempre que percebemos melhores dias, e a felicidade tão decantada por todos os povos se nos mostra mais visível em nossos caminhos, como sendo realidade e bênção de Deus para todos os Seus filhos de amor.


Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

15.11.17

O Papel da sexualidade na saúde

SEXUALIDADE MAL CONDUZIDA GERA DOENÇAS

Quando em desequilíbrio: descarrega energias, enlouquece, aprisiona, exacerba o egoísmo e o orgulho; nessas condições não ocorre troca, usa - se ou possui-se, vende-se ou troca-se, o que gera débitos a serem corrigidos futuramente.
Somos capazes de desviar e viciar instintos que levaram milhões de anos em desenvolvimento.
Teimamos também em viciar a fisiologia, pois comemos sem ter fome (instinto de sobrevivência).
Matamos por esporte ou lazer.
Usamos a energia sexual por puro prazer (instinto de perpetuação da espécie) chegando às raias do egoísmo desajustado: somos os únicos que tem relação sexual sozinhos. E os que pagam para fazer sexo; e, se prostituem.
Um recurso tão poderoso na mão de crianças em evolução; sem dúvida poderia tornar-se um brinquedo perigoso. Daí, o uso das energias sexuais, tornou-se um foco de desequilíbrios, cujo conjunto causa - efeito flui e reflui vida após vida, nas tendências inatas para adoecer; e, é um dos principais veículos detonadores de violências, traições, assassinatos, suicídios; o que gera débitos que atravessarão séculos ou milênios até o inexorável resgate ou reparação.
Uma das matérias mais difíceis da evolução humana; quem a dominar, segue...
O mau uso do sexo como veículo de promoção social, comercial, artística e cultural, com graves e imprevisíveis consequências para o desenvolvimento pessoal e coletivo, é bem antigo e, as maiores vítimas do consumismo sexual são as crianças e os jovens. Aí estão nos noticiários do cotidiano, as ocorrências dos prazeres sexuais, dos amores descontrolados, traições, vinganças, morte.
Nessa condição egoísta de sexualidade, um dos parceiros sequestra a vitalidade emocional do outro ou ambos se exploram reciprocamente, caindo em exaustão. No entanto estamos sempre insatisfeitos, e século após século a ilusão do prazer sexual pelo simples prazer, nos traz inúmeros sofrimentos; pois sem o amor que lhe dá harmonia, ele é como um sonho e; quem faz uso do sexo dessa forma, sempre acorda dele insatisfeito; é preciso cautela, pois confundimos cobiçar o corpo, a companhia, as sensações, com o verdadeiro amor; o sexo é o caminho, não o fim...
No campo da evolução pessoal: o desequilíbrio do centro de força genésico é devastador; pois afeta a maioria dos outros chakras, causando lesões e disfunções no corpo físico; e deixando terreno propício para doenças sexualmente transmissíveis.
Os desequilíbrios não corrigidos no devido tempo, são impressos no perispírito, reaparecendo no próximo corpo físico, como malformações, esterilidade...; além de tendências para problemas mentais e emocionais: alterações de conduta, viciações, impulsos, taras, desequilíbrio sentimental, pobreza de sentimentos, aversão ao sexo, emoções primárias exacerbadas e dominantes ou perversão dos instintos; e permanece vida após vida até que o equilíbrio seja alcançado através do esforço ativo, muito lentamente pois a mente em desalinho e repleta de clichês sensuais impossibilita manter o pensamento em ordem.


Américo Canhoto

14.11.17

ESPIRITISMO PRÁTICA

374 –Nas sessões, os dirigentes e os médiuns têm uma tarefa definida e diferente entre si?
-Nas reuniões doutrinárias, os papéis do orientador e do instrumento mediúnicos devem estar sempre identificados na mesma expressão de fraternidade e de amor, acima de tudo; mas, existem características a assinalar, para que os serviços espirituais produzam os mais elevados efeitos, salientando-se que os dirigentes das sessões devem ser o raciocínio e a lógica, enquanto o médium deve representar a fonte de água pura do sentimento. É por isso que, nas reuniões onde os orientadores não cogitam da lógica e onde os médiuns não possuem fé e desprendimento, a boa tarefa é impossível, porque a confusão natural estabelecerá a esterilidade no campo dos corações.

375 –Os agrupamentos espiritistas podem ser organizados sem a contribuição dos médiuns?
-Nas reuniões doutrinárias, os médiuns são úteis, mas não indispensáveis, porque somos obrigados a ponderar que todos os homens são médiuns, ainda mesmo sem tarefas definidas, nesse particular, podendo cada qual sentir e interpretar, no plano intuitivo, a palavra amorosa e sábia de seus guias espirituais, no imo da consciência.

Livro “O Consolador” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

13.11.17

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – XXXIII

Concluindo as nossas ligeiras reflexões sobre o capítulo 37, de “Nosso Lar”, versando sobre a preleção da Ministra Veneranda, estimaríamos ainda destacar alguns trechos de sua inspirada e profunda dissertação.
- “Será crível que, somente por admitir o poder do pensamento, ficasse o homem liberto de toda a condição inferior? Impossível!
Uma existência secular, na carne terrestre, representa período demasiadamente curto para aspirarmos à posição de cooperadores essencialmente divinos. Informamo-nos a respeito da força mental no aprendizado mundano, mas esquecemos que toda a nossa energia, nesse particular, tem sido empregada por nós, em milênios sucessivos, nas criações mentais destrutivas ou prejudiciais a nós mesmos.”
Antes de Cristo, em termos evolutivos, o que éramos sobre a Terra?! Qual seria o nosso grau de lucidez espiritual, no que se refere, por exemplo, à própria imortalidade e as nossas condições de sobrevivência além da morte?!
Em dois mil anos, ou vinte séculos, quantas vezes teremos vindo ao Mundo Espiritual e voltado a Terra, em novo corpo, sem justa noção da própria desencarnação?!
Quais os pensamentos que nos “fizeram” a cabeça até agora, quando, então, estamos tendo oportunidade de conhecer o Espiritismo, que, segundo Emmanuel, “é processo libertador de consciências, a fim de que a visão do homem alcance horizontes mais altos”?!
*
No excelente livro “Pensamento e Vida”, da lavra mediúnica de Chico Xavier, Emmanuel, no capítulo 20 – “Hábito” –, considera que “o hábito é uma esteira de reflexos mentais acumulados, operando constante indução à rotina.
Herdeiros de milênios, gastos na recapitulação de muitas experiências análogas entre si, vivemos, até agora, quase que à maneira de embarcações ao gosto da correnteza, no rio de hábitos aos quais nos ajustamos sem resistência.”
E mais adiante, acentua:
“Nesse círculo vicioso, vive a criatura humana, de modo geral, sob o domínio da ignorância acalentada, procurando enganar-se depois do berço, para desenganar-se depois do túmulo, aprisionada no binômio ilusão-desilusão, com que despende longos séculos, começando e recomeçando a senda em que lhe cabe avançar.” (destacamos)
Lamentável verdade!
No entanto, mesmo agora, com a Terceira Revelação, o pensamento de muitos prossegue oferecendo resistência à Verdade, com imensa tendência ao comodismo.
Alguns adeptos do Espiritismo, por exemplo, continuam não aceitando as revelações constantes nas obras de André Luiz, preferindo ficar apenas com o que os Espíritos falaram a Kardec – para eles, o espírito desencarnado vive em função de uma nova encarnação na Terra, posto que, através do trabalho e do estudo, não lhe é dado progredir no Planeta Espiritual!
*
Infelizmente, temos constatado enorme dificuldade da parte até de alguns companheiros considerados mais cultos para aceitarem o que, já em 1935, no livro “Cartas de Uma Morta”, Maria João de Deus, a genitora de Chico nos falava pelo seu abençoado lápis: “A vida é o eterno fenômeno dos jogos vibratórios e tempo virá em que as almas na Terra compreenderão o papel do espírito na sua esfera infinita de influenciação.”
*
O mundo real é somente o Espiritual – o Espiritual do Espiritual, e, assim. sucessivamente. Todos os demais Planos nos quais a Vida se manifesta é expressão mental de seus habitantes, que, na condição de cocriadores, os “criam” para si, no aprendizado gradativo que lhes compete realizar, despertando as suas faculdades latentes – o espírito que vive na superfície dos sentidos, vive ilusoriamente.
*
Podemos dizer que, sem dúvida, grosso modo, a Terra é um “Matrix”, tanto quanto o Mundo Espiritual que povoamos ainda o é.
Deus cria a realidade, e o homem, a ficção, até o dia em que a ficção humana se ajuste à Realidade Divina.
Ouça o que tenha ouvidos de ouvir.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba, 13 de novembro de 2017.

12.11.17

MENSAGEM DO MENTOR A UMA PESSOA EM DÚVIDA

    A maior parte das criaturas são Espíritos inferiores, carentes de educação e de disciplina, e, por enquanto, para eles a melhor escola, o melhor lar e o melhor hospital, é ainda a terra. Os processos das vidas sucessivas, como bem o sabes, são a porta sagrada para eles melhorarem, não obstante, onde estiverem, criarão problemas. Matam-se uns aos outros, porque são assim, mas depois haverão de despertar para o Amor, pois foram feitos para isso.
    Deus todo poderoso, está vendo isso muito melhor do que nós outros, e já tomou as providências cabíveis para a educação coletiva destas almas. Não blasfemes contra a Divindade, nem penses que esses homens estejam órfãos das bênçãos de Deus. Existem no seio da humanidade, por misericórdia da Luz Espiritual, falanges de Anjos que desceram por amor, para ajudar na difusão do Bem, do Amor e da Caridade, e isso é trabalho demorado, mas são sementes que vão nascer e florescer, mais tarde, na terra dos corações. Se quiseres, meu filho, poderás ser uma destas sementes de luz a serviço do Amor de Deus, sob a orientação do Cristo. Não temas. O teu destino já está delineado por mãos invisíveis que te conduzem. O que resta fazer depende de ti. Não te esqueças de orar, e, igualmente, de vigiar, e confia em Deus e em ti, que tudo o mais chegará por misericórdia do Criador. Sempre estarei contigo. Adeus...


Livro: Francisco de Assis - João Nunes Maia - Miramez

11.11.17

ORANDO PELA PAZ

Senhor, que a Vossa soberana paz
Possa estender-se a toda Humanidade,
Impedindo que a sombra da maldade
Continue a espalhar-se no que faz...

Mostrando do que o Amor seja capaz,
Que entre os homens haja mais bondade,
E que a justiça, em nome da Verdade,
Possa imperar no bem que nos apraz...

Amenizando as nossas provações,
Fazei calar a boca dos canhões,
Que o futuro da Terra põe em risco...

Conduzi as ovelhas tresmalhadas,
Do rebanho divino desgarradas,
Uma a uma, de volta ao Vosso aprisco!...

Eurícledes Formiga
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã de sábado do dia 4 de novembro de 2017, em Uberaba – MG).

10.11.17

Memórias de um Suicida (Esperanto)

Yvonne A. Pereira

    Não obstante, jamais me senti satisfeito e tranquilo comigo mesmo. Existe um vácuo em meu ser que não será preenchido senão depois da renovação em corpo carnal, depois de plenamente testemunhado a mim mesmo o dever que não foi perfeitamente cumprido na última romagem terrena, abreviada pelo suicídio! A recordação dolorosa daquele Jacinto de Ornelas y Ruiz, por mim desgraçado com a cegueira irremediável, num gesto de despeito e ciúme, permanece indelével, impondo-se às cordas sensíveis do meu ser como estigma trágico do Remorso inconsolável, requisitando de meu destino futuro penalidade idêntica, ou seja - a cegueira, já que aprova máxima de ser cego fora por mim anulada à frente do primeiro ensejo ofertado pela Providência, mediante o suicídio com que julgara poder libertar-me dela, ficando, portanto, com esse débito na consciência! De há muito devera eu ter voltado à reencarnação. O que fora lícito aprender nas Academias da Cidade Esperança foi-me facultado generosamente, pela magnânima diretoria da Colônia, a qual não interpôs dificuldades ao longo aprendizado que desejei fazer. Até mesmo avantajados elementos da medicina psíquica adquiri ao contato dos mestres, durante aulas de Ciência e no desempenho de tarefas junto às enfermarias do Hospital Maria de Nazaré, onde sirvo há doze anos, substituindo Joel, que partiu para novas experiências terrenas, no testemunho que à Lei devia, como suicida que também era. Tal aptidão valer-me-á o poder tornar-me "médium curador", mais tarde, quando novamente habitar a crosta do planeta onde tantas e tão graves expressões de sofrimento existem para flagelar a Humanidade culposa de erros constantes!
    Faltava-me, todavia, o idioma fraterno do futuro, aquele penhor inestimável da Humanidade, e que tenderá a envolvê-la no amplexo unificador das raças e dos povos confraternizados para a conquista do mesmo ideal: - o progresso, a harmonia, a civilização iluminada pelo Amor! Era estudo facultativo esse, como, aliás, todos os demais deveres que tenderíamos a abraçar, mas que os iniciados, particularmente, aconselhavam a fazermos, a ele emprestando grande importância, porquanto esse idioma, cujo nome simbólico é o mesmo de nossa Cidade Universitária, isto é, Esperança - (Esperanto) -, resolverá problemas até mesmo no além-túmulo, facultando aos Espíritos elevados o se comunicarem eficiente e brilhantemente, através de obras literárias e científicas, as quais o mundo terreno tende a receber do Invisível nos dias porvindouros - servindo-se de aparelhos mediúnicos que também se hajam habilitado com mais essa faculdade a fim de bem atenderem aos imperativos da missão que, em nome do Cristo e por amor da Verdade e da redenção do gênero humano, deverão exercer. Ora, convinha extraordinariamente aos meus interesses em geral e aos espirituais em particular, a aquisição, no plano invisível, desse novo conhecimento, ou seja, do idioma "Esperanto".
    Ao reencarnar, levando-o decalcado nas fibras luminosas do cérebro perispiritual, em ocasião oportuna advirme-ia a intuição de reaprendê-lo ao contato de mestres terrenos. Eu fora, aliás, informado de que seria médium na existência porvindoura e comprometera-me a trabalhar, uma vez reencarnado, pela difusão das verdades celestes entre a Humanidade, não obstante o fantasma da cegueira que se postou à minha espera nas estradas do futuro. Meditei profundamente na conveniência que adviria da ciência de um idioma universal entre os homens e os Espíritos, do quanto eu mesmo, como médium que serei, poderei produzir em prol da causa da Fraternidade - a mesma do Cristo -, uma vez o meu intelecto de posse de tal tesouro. Obtida, pois, a permissão para mais esse curso, matriculei-me na Academia que lhe era afeta e me dediquei fervorosamente ao nobre estudo. Não era simplesmente um edifício a mais, figurando na extensa Avenida Acadêmica onde suntuosos palácios se alinhavam em magistral efeito de arte pura, mas escrínio de beleza arquitetônica, que levaria o pensador ao sonho e ao deslumbramento! Era também um templo, como as demais edificações, e nos seus majestosos recintos interiores a Fraternidade Universal era homenageada sem esmorecimentos, e sob as mais sadias inspirações da Esperança, por ministros do Bem, incansáveis em operosidades tendentes ao beneficio e progresso da Humanidade.
    Localizado num extremo da artéria principal da nobre e graciosa cidade do Astral, elevava-se sobre ligeiro planalto circulado de jardins cujos tabuleiros profusos também se multiplicavam em matizes suaves, evolando oblatas de perfumes ao ar fresco, que se impregnava de essências agradáveis e puras.     Arvoredos floridos, caprichosamente mesclados de tonalidades verde-gaio e como que translúcidas, ora esguios, de galhadas festivas, ou frondosos, orlados de festões garridos onde doces virações salmodiavam queixumes enternecidos, alinhavam as alamedas e pequenas praças do jardim, emprestando ao encantador recanto o idealismo augusto dos ambientes criados sob o fulgor das inspirações de mais elevadas esferas. Não foi sem sentir vibrar nas cordas sutis do meu Espírito um frêmito de insólita emoção que lentamente galguei as escadarias que levavam à alameda principal, acompanhado, a primeira vez, de Pedro e Salústio, representantes que eram da direção do movimento universitário do cantão, isto é, espécie de inspetores escolares.
    Ao longe, o edifício fulgia docemente, como estruturado em esmeraldinos tons de delicada quintaessência do Astral. Dir-se-ia que os revérberos do Astro Rei, que muito de mansinho penetrava os horizontes do nosso burgo, resvalando brandamente pelos zimbórios e pelas cornijas rendilhadas e graciosas, o envolviam em bênçãos diárias, aquecendo com ósculos de fraterno estímulo a ideia genial processada no seu interior augusto por um pugilo de entidades esclarecidas, enamoradas do progresso da Humanidade, de realizações transcendentes entre as sociedades da Terra como do Espaço. Era, todavia, a única edificação refulgindo tonalidades esmeraldinas e flavas, em desacordo com suas congêneres, que lucilavam nuanças azuladas e brancas, e que não obedecia ao clássico estilo hindu. Lembraria antes o estilo gótico, evocando mesmo certas construções famosas da Europa, como a catedral de Colônia, com suas divisões e reentrâncias bordadas quais joias de filigrana, suas torres apontando graciosamente para o alto entre flamejamentoa que se diriam ondas transmissoras de perenes inspirações para o exterior.
    Os recintos interiores não decepcionavam, porquanto eram o que de mais belo e mais nobre pude apreciar nos interiores da Cidade Esperança. Feição de catedral, com efeitos de luzes surpreendentes e um acento de arte fluídica da mais fina classe que me seria possível conceber, compreendia-se imediatamente não serem orientais e tampouco iniciados os seus idealizadores; que não pertenceriam à falange sob cujos cuidados nos reeducávamos e que antes deveria tratar-se de realização transplantada de outras falanges, como que uma embaixada especial, sediada em outras plagas, mas com elevadas missões entre nós outros, e cuja finalidade seria, sem sombra de dúvidas, igualmente altruística.
    Com efeito! A uma interrogação minha, Pedro e Salústio responderam tratar-se de uma filial da grande Universidade Esperantista do Astral, com sede em outra esfera mais elevada, a qual irradiava inspiração para suas dependências do Invisível, como até da Terra, onde já se iniciava apreciável movimentação em torno do nobilíssimo certame, entre intelectuais e pensadores de todas as raças planetárias! Igualmente não era, como as demais Escolas do nosso burgo, dirigida por iniciados em Doutrinas Secretas. Seus diretores seriam neutros, na Terra como no Além, em matéria de conhecimentos filosóficos ou crenças religiosas em geral. Seriam antes renovadores por excelência, idealistas a pugnarem por um melhor estado nas relações sociais, comerciais, culturais, etc., etc., que tanto interessam a Humanidade.
    Ali destacamos grandes vultos reformadores do Passado emprestando do seu valioso concurso à formosa causa, alguns deles tendo vivido na Terra aureolados por insuspeitáveis virtudes, e com os próprios nomes registrados na História como mártires do Progresso, porquanto trabalharam em várias etapas terrenas, nobre e heroicamente, pela melhoria da situação humana e da confraternização das sociedades. Surpreendido, ali encontrei plêiade cintilante de intelectuais de toda a Europa aderidos ao movimento, entre muitos o grande Victor Hugo, para só me referir a um representante do continente francês, ainda e sempre genial e trabalhador, dando de suas vastas energias à ideia da difusão de um inapreciável patrimônio entre a Humanidade. Quando, por isso mesmo, tomei lugar no amplo e bem iluminado salão para o advento das primeiras aulas, confessava-me grandemente atraído para essa nova e admirável falange de servidores da Luz.
    Uma vez no recinto, onde nuanças docemente esmeraldinas se casavam ao rendilhado dourado da arquitetura fluídica e sutil, emprestando-lhe sugestões encantadoras, não me pude furtar à surpresa de averiguar ser o elemento feminino superior em número ao masculino, referência feita aos aprendizes. E, durante o prosseguimento de todo o interessante curso, pude verificar com que fervor minhas gentis colegas de aprendizado, as mulheres, se dedicavam à vultosa conquista de armazenarem no refolho do cérebro perispiritico as bases espirituais de um idioma que, uma vez reencarnadas, lhes seria grato lenitivo no futuro, afã generoso a lhes descortinar horizontes mais vastos, assim para a mente como para o coração, dilatando ainda possibilidades muito mais ricas de suavizar críticas situações, remover empecilhos, solucionar problemas com que porventura viessem a deparar no trajeto das reparações e testemunhos inalienáveis do porvir. E que de afeições puríssimas e blandiciosas, durante o mencionado labor?!...
    Ao amável aconchego dos meus companheiros de ideal esperantista, desde os primeiros dias harmonizadas as cordas do meu ser às suas vibrações gêmeas da minha, encheu-se o meu Espírito de indizível satisfação, o coração se me dilatando para o advento da mais viva e consoladora Esperança de melhores dias presidindo às sociedades terrenas do futuro, no seio das quais tantas vezes ainda renasceríamos, rumando para as alcandoradas plagas do Progresso!
     Tal como no desenrolar das lições ministradas pelos antigos mestres Aníbal e Epaminondas, desde o primeiro dia de aula na Academia de Esperanto verificou-se magistral desfile de civilizações terrenas.    Suas dificuldades, muitas até hoje insanadas, muitos dos seus mais graves impasses foram analisados sob nossas vistas interessadas, em quadros expositivos e sequentes como o cinematógrafo, mostrando a Humanidade a debater-se contra as ondas até hoje insuperáveis da multiplicidade de idiomas e dialetos, dificuldades que figuravam ali como um dos flagelos que assolam a atribulada Humanidade, complicando até mesmo o seu futuro espiritual, porquanto no próprio Mundo Invisível se luta contra estorvos motivados pela diferença de linguagem, nas zonas inferiores ou de transição, onde prolifera o elemento espiritual pouco evolvido ou ainda muito materializado.
    Minúcias, ramificações, consequências surpreendentes até mesmo dentro do lar doméstico, empeços desanimadores, no alongamento das relações e até do amor, entre as nações, os povos e os indivíduos, tudo foi magistralmente examinado desde as primeiras civilizações contempladas no planeta até ao século XX, que eu próprio não alcançara no plano material. E, depois, a simplificação dos mesmos casos, a remoção das mesmas dificuldades, a aurora de um progresso franco, também alicerçado na clareza de um idioma que será patrimônio universal, da mesma forma que a Fraternidade e o Amor, unindo ideias, mentes, corações e esforços para um único movimento geral, uma gloriosa conquista: - a difusão da cultura em geral, a aproximação dos povos para o triunfo da unidade de vistas, a felicidade das criaturas! Soletramos, então, os vocábulos. Eram-nos apresentados artística e gentilmente, através de quadros vivos e inteligentes.
    Sobrepunham-se estes em sequências admiráveis de leitura, fornecendo-nos o de que necessitávamos para nos apossarmos dos segredos que nos permitiriam mais tarde até mesmo discursar fluentemente, em assembleias seletas. Eram, portanto, álbuns, livros móveis, inteligentes, como que animados por fluido singular, a nos ensinarem a conversação, a escrita, toda a esplendente irradiação de um idioma que se ia decalcando em nosso intelecto, permitindo-nos, quando reencarnados, a explosão de intuições brilhantes tão logo nos encontrássemos na pista do assunto! E tais eram as perspectivas que nos acenavam os fatos do cimo glorioso daquela conquista, que nos sentimos triplicemente irmanados a toda a Humanidade: pelos laços amoráveis da Doutrina do Cristo; pelo beneplácito da Ciência que nos iluminava o coração e pela finalidade a que nos arrastaria o exercício de um idioma que futuramente nos habilitaria a nos reconhecermos como em nossa própria casa, estivéssemos em nossa Pátria ou vivendo no seio de nações situadas nas mais diferentes plagas do globo terrestre, como até no seio do mundo invisível!
    Ora, a Embaixada Esperantista em nossa Colônia não se limitava a facultar-nos elementos linguísticos capazes de nos confraternizar com os demais cidadãos terrenos, com quem seríamos compelidos a viver nos arraiais da crosta planetária, em futuro próximo. De quando em quando, das esferas mais elevadas desciam visitas de confraternização, no intuito generoso de encorajarem os irmãos de ideal ainda ergastulados nas dificuldades de antigas delinquências. Verdadeiros congressos que eram, tais visitas à nossa Academia tratavam, em assembleias brilhantes, do interesse da Causa, das atividades para a vitória do Ideal, dos sacrifícios e lutas de muitos pares do novo empreendimento para a sua difusão e progresso!
    Era quando tínhamos ocasião de avaliar a colaboração daqueles vultos eminentes que viveram na Terra e cujos nomes a História registrou, e dos quais falamos mais atrás. Grandes turmas de alunos, aprendizes do mesmo movimento, e pertencentes a outras esferas, aderiam a tais congressos, piedosamente colaborando para o reconforto de seus pobres irmãos prisioneiros do suicídio. Então, eram dias festivos em Cidade Esperança! Nas suntuosas praças ajardinadas que circundavam o majestoso palácio da Embaixada Esperantista, sobre tapetes de relvas cetinosas, garridamente mescladas de miosótis azuis, de azáleas níveas ou róseas, realizavam-se os jogos florais, perfeitos torneios de Arte Clássica, durante os quais a alma do espectador se deixava transportar ao ápice das emoções gloriosas, deslumbrada diante da majestade do Belo, que então se revelava em todos os delicados e maviosos matizes possíveis à sua compreensão!
    Destacavam-se os bailados coreográficos e mesmo individuais, levados a cena por jovens e operosas esperantistas, cujas almas reeducadas à luz benfazeja da Fraternidade não desdenhavam testemunhar a seus irmãos cativos do pecado o apreço e a consideração que lhes votavam, descendo das paragens luminosas e felizes em que viviam para a visitação amistosa, com que lhes concediam tréguas para as ominosas preocupações através do refrigério de magnificentes expressões artísticas! Então, a beleza do espetáculo atingia o indescritível, quando, deslizando graciosamente pelo relvado florido, pairando no ar quais libélulas multicores, os formosos conjuntos evolucionavam traduzindo a formosa arte de Terpsicore através do tempo e dos característicos das falanges que melhor souberam interpretá-la; agora, eram jovens que viveram outrora na Grécia, interpretando a beleza ideal dos "ballets" de seu antigo berço natal; depois, eram egípcias, persas, hebraicas, hindus, europeias, extensa falange de cultivadores do Belo a encantar-nos com a graça e a gentileza de que eram portadoras, cada grupo alçando ao sublime o talento que lhes enriquecia o ser, enquanto suntuosos efeitos de luz inundavam o cenário como se feéricos, singulares fogos de artifício descessem dos confins do firmamento para irradiar em bênçãos de luzes sobre a cidade, que toda se engalanava de esbatidos multicores, nuanças delicadas e lindas, que se transmudavam de momento a momento em raios que se entrechocavam, indescritivelmente, em artísticos jogos de cores, entrecruzando-se, transfundindo-se em cintilações sempre novas e surpreendentes!
    E todo esse empolgante e intraduzível espetáculo de arte, que por si mesmo seria uma oblata ao Supremo Detentor da Beleza, verificado ao ar livre e não no recinto sacrossanto dos Templos, fazia-se acompanhar de orquestrações maviosas onde os sons mais delicados, os acordes flébeis de poderosos conjuntos de harpas e violinos, que eram como pássaros garganteando modulações siderais, arrancavam de nossos olhos deslumbrados, de nossos corações enternecidos, haustos de emoções generosas que vinham para tonificar nossos Espíritos, alimentando nossas tendências para o melhor, ao nosso ser ainda frágil descortinando horizontes jamais entrevistos para o plano intelectual! Quantas vezes músicos célebres que viveram na Terra acompanharam as caravanas esperantistas à nossa Colônia, colaborando com suas sublimes inspirações, agora muito mais ricas e nobres, nessas fraternas festividades que o Amor ao próximo e o culto à Beleza promoviam!
    Mas tudo isso era manifestado em um estado de superioridade e grandiosa moral que os humanos estão longe de conceber! Sucediam-se, porém, os concertos: cânticos orfeônicos atingiam expressões miríficas; peças musicais perante as quais as mais arrebatadas melodias terrenas empalideceriam; certames poéticos em cenas de declamação cuja suntuosidade tocava o inimaginável, arrebatando-nos até ao êxtase! E o idioma seleto de que se utilizava esse pugilo magnífico de artistas pertencentes a falanges que viveram e progrediram sob a bandeira de todos os climas, de todas as Pátrias do globo terrestre, era o Esperanto, aquele que iria coroar a iniciação que fizéramos, reeducando-nos aos conceitos da Moral, da Ciência e do Amor! Só se admitia, no entanto, a Arte Clássica.

    Em nossa Cidade Universitária jamais presenciamos o regionalismo de qualquer espécie. E depois que as lágrimas banhavam nossas faces, empolgadas nossas almas ante tanto esplendor e maravilhas, diziam nossas boas vigilantes, acompanhando-nos ao internato para o repouso noturno: - Não vos admireis, meus amigos! O que vistes é apenas o início da Arte no além-túmulo . . . Trata-se da expressão mais simples do Belo, a única que vossas mentalidades poderão alcançar, por enquanto... Em esferas mais bem dotadas que a nossa existe mais, muito mais! . . . Cumpre, porém, à alma pecadora refazer-se das quedas em que incorreu, virtualizando-se através da renúncia, do trabalho, do amor, a fim de merecer o gravitar para elas...