30.4.18

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – LV


Concluindo as nossas reflexões sobre o capítulo 49, de “Nosso Lar”, reflexões que temos efetuado com os irmãos internautas que nos auxiliam o raciocínio, depreendemos que, de fato, a Sabedoria de Deus se patenteia não consentindo que encarnados e desencarnados, mormente os pertencentes ao mesmo grupo consanguíneo/afetivo, não estejam sempre em contato, pois, realmente, não lograriam suportar a realidade, ante os novos caminhos que uns e outros são chamados a trilhar, em obediência às suas necessidades de aprendizado.
Vejamos o caso de André Luiz:
- a esposa, Zélia, havia contraído novo matrimônio;
- a filha mais nova ironizava as saudades que a primogênita estava sentindo do pai, desencarnado há mais de dez anos;
- o seu único filho varão, praticando “loucuras” pela cidade...
Eis o que, com as suas próprias palavras, ele nos diz: “Angústias e decepções sucediam-se a tropel. Minha casa pareceu-me, então, um patrimônio que os ladrões e os vermes haviam transformado. Nem haveres, nem títulos, nem afetos! Somente uma filha ali estava – a primogênita – de sentinela ao meu velho e sincero amor”.
E carecemos de considerar que André Luiz, teria sido um homem devotado à família, que, ao que tudo indica, ainda sobrevivia a expensas do patrimônio material que ele lhe havia deixado. Contudo, em seu primeiro dia de sua visita ao lar – ele conseguira uma semana para tanto –, aliás, em suas primeiras horas, fora o suficiente para que registrasse: “Nem os longos anos do sofrimento, nos primeiros dias de além-túmulo, me haviam proporcionado lágrimas tão amargas”.
Como o homem encarnado carece de se exercitar no campo do desapego, notadamente no que ele, habitualmente, imagina ser sua propriedade!...
*
Outro fato digno de destaque é a visita que o Ministro Clarêncio lhe faz à noitinha. Percebendo o abatimento em que o amigo se encontrava mergulhado, Clarêncio não se dirigiu a ele com palavras de adulação – não o abraçou qual estivesse abraçando a vítima de uma ingratidão familiar. Sem meias palavras, o Ministro foi curto e grosso ao lhe dizer:
“Compreendo suas mágoas e rejubilo-me pela ótima oportunidade deste testemunho! (Vale a repetição, com destaque: “... rejubilo-me pela ótima oportunidade deste testemunho!) Não tenho diretrizes novas. Qualquer conselho de minha parte, portanto, seria intempestivo. Apenas, meu caro, não posso esquecer que aquela recomendação de Jesus para que amemos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, opera sempre, quando seguida, verdadeiros milagres de felicidade e compreensão, em nossos caminhos”.
A hora do testemunho, que, em geral, sempre tememos, na palavra de Clarêncio é sempre ótima oportunidade de autossuperação...
E, no caso de André Luiz, era a de entender que a sua família não se resumia àqueles quatro corações queridos, que ele, depois de mais de dez anos, estava logrando visitar!...
*
No último parágrafo do referido capítulo, André escreveu magistralmente – após ouvir rapidamente a Clarêncio:
“Preciso era, pois, lutar contra o egoísmo feroz. Jesus conduzira-me a outras fontes.”
Sinceramente, sabedor como sou de que nada acontece antes do tempo devido, principalmente no campo das bênçãos que descem de Mais Alto sobre os homens na Terra, ponho-me, neste instante, a pensar se, em verdade, os homens, e, no caso, principalmente, os espíritas, estariam, de fato, preparados para receberem uma obra tão esclarecedora/reveladora como é “Nosso Lar”?!...
 O que você acha, amigo (a) internauta?!...
Sobre a Terra, um mundo ainda de tanta indiferença espiritual pela Vida, algum espírito seria capaz de chegar às conclusões alcançadas por André Luiz, o nosso eminente Dr. Carlos Chagas, um dos maiores humanistas do século?!...
Sei não...
Tenho quase a impressão de que, no que tange à Obra Mediúnica de Chico Xavier, pérolas foram atiradas aos porcos, que, a confundi-las com farelo, as andam fuçando...
E, no caso, os suínos somos nós, encarnados e desencarnados, os que receberam um nome na “pia batismal”, e, em qualquer circunstância, não se avexam de assumi-lo, e os que, a pretexto de humildade, não têm sequer coragem de decliná-lo...

INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 30 de abril de 2018.

29.4.18


Adaptação de texto psicografado por Chico Chavier
    "Quando você conseguir superar graves problemas de relacionamento, não se detenha na lembrança dos momentos difíceis, mas na alegria de haver atravessado mais esta prova em sua vida. Quando saíres de um longo tratamento de saúde, não pense no sofrimento que foi necessário enfrentar,  mas na benção de Deus que permitiu a cura."
    "Leva na sua memória, para o resto da vida, as coisas boas que surgiram no meio das dificuldades. Elas serão uma prova de sua capacidade em vencer e lhe darão confiança na presença Divina, que auxilia em qualquer situação, em qualquer tempo, diante de qualquer obstáculo".

28.4.18

AO SOL DA ETERNIDADE


Se te sentes no mundo alguém sozinho,
Eleva aos céus o coração que chora,
Confia em Deus e, reverente, ora,
Para que a paz se faça em teu caminho...

Dor é buril que o espírito aprimora,
E o Senhor que abençoa com carinho
O campo e a fonte, a árvore e o ninho,
Pelos teus passos vela estrada afora...

Não te deixes vencer pela tristeza...
A conclamar-te às bênçãos da alegria,
Louvando a Vida, canta a Natureza...

Abraça a tua cruz porque, em verdade,
Contigo ela será, no Grande Dia,
Asas de luz ao Sol da Eternidade!...

Auta de Souza
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião do dia 31 de julho de 1986, na cidade de Uberaba – MG).

27.4.18

PSICOFONIA SONÂMBULA

Sob a guarda de venerando amigo, que mais se nos afigurava um nume apostolar, pobre Espírito dementado varou o recinto.
Lembrava um fidalgo antigo, repentinamente arrancado ao subsolo, porque os fluidos que o revestiam era verdadeira massa escura e viscosa, cobrindo-lhe a roupagem e despedindo nauseabundas emanações.
Nenhuma das entidades sofredoras que se acotovelavam à frente exibia tão horrenda fácies.
Aqui e ali, nos variados semblantes a se comprimirem no lugar reservado a irmãos felizes, as máscaras de sofrimento eram suavizadas por sinais inequívocos de arrependimento, fé, humildade, esperança...
Mas naquele rosto patibular, parecendo emergir de um lençol de lama, aliavam-se a frieza e a malignidade, a astúcia e o endurecimento.
Ante a expressão com que surgia de inopino, os próprios Espíritos perturbados recuaram receosos.
Na destra, o estranho recém-chegado trazia um azorrangue que tentava estalar, ao mesmo tempo que proferia estrepitosas exclamações.
-Quem me fez chegar até aqui, contra a minha vontade? - bramia, semi-afônico. - Covardes! Por que me segregaram assim? Onde estão os abutres que me devoraram os olhos? Infames! Pagar-me-ão caro os ultrajes sofridos!...
E evidenciando o extremo desequilíbrio mental de que se fazia portador, continuava em rude tom de voz:
- Quem disse que malfadada revolução dos franceses terá reflexos no Brasil? A loucura de um povo não pode alastrar-se a toda a Terra...Os privilégios dos nobres são invioláveis! Vêm dos reis, que são indiscutivelmente os escolhidos de Deus! Defenderemos nossas prerrogativas, exterminando a propaganda dos rebeldes e regicidas! Venderei meus escravos alfabetizados, nada de panfletos e comentários da rebelião. Como produzir sem o chicote no lombo? Cativos são cativos, senhores são senhores. E todos os fujões e criminosos conhecerão o peso dos meus braços... Matarei sem piedade. Cinco troncos de suplício! Cinco troncos! Eis aquilo de que necessito para refazer a nossa tranqüilidade.
- Foi um fazendeiro desumano - esclareceu nosso orientador amigo. - Desencarnou nos últimos dias do século XVIII, mas ainda conserva a mente estagnada na concha do próprio egoísmo. Nada percebe, por enquanto, senão os quadros interiores, criados por ele mesmo, constando de escravos, dinheiro e lucros da antiga propriedade rural em que enterrou o pensamento, convertendo-se hoje em vampiro inconsciente de almas reencarnadas que lhe foram queridas no Brasil colonial. Com todo o respeito que devemos à fraternidade, podemos dizer que ele nada mais fora que desapiedado algoz dos infortunados cativos que lhe caíam sob o guante de ferro. Detentor de vastíssimo latifúndio, possuía consigo larga região de servidores que lhe conheceram, de perto, a tirania e a perversidade.
Valendo-me da pausa espontânea, fitei o rosto do triste recém-chegado, com mais atenção, reconhecendo que os seus olhos, embora móveis quanto os de um felino, estavam vidrados, mortos...
Ia apontar para aquelas órbitas inexpressivas, quando o instrutor, adivinhando-me o impulso, acrescentou:
- Odiava os trabalhadores que lhe fugiam às garras e quando conseguia arrebatá-los ao quilombo, não somente os algemava aos troncos de martírio, mas queimava-lhes os olhos, reduzindo-os à cegueira, para escarmento das senzalas. Alguns dos raros quilombolas que resistiam à morte eram sentenciados, depois de cegos, às mandíbulas de cães bravios, de cuja sanha não conseguiam escapar. Com semelhante sistema de repressão, instalou o terror em derredor dos seus passos, granjeando, então, fama e riqueza. Contudo, veio a jornada inevitável do túmulo e, nessa fase nova, não encontrou senão desafetos, a se levantarem, junto dele, na feição de temíveis perseguidores. Muitas vítimas de alma branda lhe haviam desculpado as ofensas, mas outras não conseguiram a força para o perdão espontâneo e converteram-se em vingadores do passado a lhe cumularem o espírito de aflitivo pavor. Emaranhado nas teias da usura e fazendo do ouro o único poder em que acreditava, nem de leve se sentiu transportado de um modo de vida para outro, através da morte. Crê-se num cárcere de trevas, atormentado pelos escravos, prisioneiro das próprias vítimas. Vive, assim, entre a desesperação e o remorso. Martirizado pelas reminiscências das flagelações que decretava e hipnotizado pelos algozes de agora, dos quais no pretérito foi verdugo, vê-se reduzido a extrema cegueira, por se lhe desequilibrarem no corpo espiritual as faculdades da visão.
Enquanto se nos alongava o entendimento, o infeliz foi situado junto de Dona Celina.
A medida impressionou-me desfavoravelmente.
Logo Dona Celina, o melhor instrumento da casa, é quem deveria acolher o indesejável comunicante?!
Reparei-lhe a luminosa auréola, contrastando com a vestimenta pestilencial do forasteiro, e deixei-me avassalar por incoercível temor.
Semelhante providência não seria o mesmo que entregar uma harpa delicada às patas de uma fera?
Áulus, porém, deu-se pressa em explicar-nos:
- Acalmem-se. O amigo dementado penetrou o templo com a supervisão e o consentimento dos mentores da casa. Quanto aos fluidos de natureza deletéria, não precisamos temê-los. Recuam instintivamente ante a luz espiritual que os fustiga ou desintegra. É por isso que cada médium possui ambiente próprio e cada assembléia se caracteriza por uma corrente magnética particular de preservação e defesa. Nuvens infecciosas da Terra são diariamente extintas ou combatidas pelas irradiações solares, e formações fluídica, inquietantes, a todo momento são aniquiladas ou varridas do Planeta pelas energias superiores do Espírito. Os raios luminosos da mente orientada para o bem incidem sobre as construções do mal, à feição de descargas elétricas. E, compreendendo-se que mais ajuda aquele que mais pode, nossa irmã Celina é a companheira ideal para o auxílio desta hora.
Indicando-a, exclamou:
- Observemos.
A médium desvencilhou-se do corpo físico, como alguém que se entregava a sono profundo, e conduziu consigo a aura brilhante de que se coroava.
Clementino não teve necessidade de socorrê-la. Parecia afeita àquele gênero de tarefa. Ainda assim, o condutor do grupo amparou-a, solícito.
A nobre senhora fitou o desesperado visitante manifesta simpatia e abriu-lhe os braços, auxiliando-o a senhorear o veículo físico, então em sombra.
Qual se fora atraído por vigoroso imã, o sofredor arrojou-se sobre a organização física da médium, colocando-se a ela, instintivamente.
Se Eugênia revelara-se benemérita enfermeira, Dona Celina surgia aos nossos olhos por abnegada mãezinha, tal a devoção afetiva para com o hóspede infortunado.
Dela partiam fios brilhantes a envolvê-lo inteiramente e o recém-chegado, em vista disso, não obstante senhor de si, demonstrava-se criteriosamente controlado.
Assemelhava-se a um peixe em furiosa reação, entre os estreitos limites de um recipiente que, em vão, procurava dilacerar.
Projetava de si estiletes de treva, que se fundiam na luz em que Celina-alma o rodeava, delicada.
Tentava gritar impropérios, mas debalde.
A médium era um instrumento passivo no exterior, entretanto, nas profundezas do ser, mostrava as qualidades morais positivas que lhe eram conquista inalienável, impedindo aquele irmão de qualquer manifestação menos digna.
- Eu sou José Maria... - clamava o visitante, irritadíssimo, enfileirando outros nomes com o evidente intuito de lançar importância sobre a sua origem.
Amontoava reclamações, deitava reprimendas e revoltava-se exasperado, contudo, percebi que não usava palavras semelhantes às que proferira junto de nós. Achava-se como que manietado, vencido, embora prosseguisse rude e áspero.
Aparecia tão completamente implantado na organização fisiológica da medianeira, tão espontâneo e tão natural, que não sopitei as perguntas a me escorrerem céleres do pensamento.
A mediunidade falante em Celina era diversa? Eugênia e ela se haviam desligado da veste carnal, durante o trabalho... Por que a primeira se mantivera preocupada, qual enfermeira inquieta, enquanto que a segunda parecia devotada tutora do irmão dementado, seguindo-o com cuidados de mãe? Por que numa delas a expectação atormentada e na outra a serena confiança?
Desculpando-nos a condição de aprendizes, Áulus passou a esclarecer-nos, enquanto Clementino e Raul Silva amparavam o comunicante, através de orações e frases renovadoras de incentivo ao bem.
- Celina - explicou, bondoso - é sonâmbula perfeita. A psicofonia, em seu caso, se processa sem necessidade de ligação da corrente nervosa do cérebro mediúnico à mente do hóspede que o ocupa. A espontaneidade dela é tamanha na cessão de seus recursos às entidades necessitadas de socorro e carinho, que não tem qualquer dificuldade par desligar-se de maneira automática do campo sensório, perdendo provisoriamente o contacto com os centros motores da vida cerebral. Sua posição medianímica é de extrema passividade. Por isso mesmo, revela-se o comunicante mais seguro de si, na exteriorização da própria personalidade. Isso, porém, não indica que a nossa irmã deva estar ausente ou irresponsável. Junto do corpo que lhe pertence, age na condição de mãe generosa, auxiliando o sofredor que por ela se exprime qual se fora frágil protegido de sua bondade. Atraiu-o a si, exercendo um sacrifício voluntário, que lhe é doce ao coração fraterno, e José Maria, desvairado e desditoso, imensamente inferior a ela, não lhe pôde resistir. Permanece, assim, agressivo tanto quanto é, mas vê-se controlado em suas menores expressões, porque a mente superior subordina as que se lhe situam à retaguarda, nos domínios do espírito. É por essa razão que o hóspede experimenta com rigor o domínio afetuoso da missionária que lhe dispensa amparo assistencial. Impelido a obedecer-lhe, recebe as energias mentais constringentes que o obrigam a sustentar-se em respeitosa atitude, não obstante revoltado como se encontra.
Diante da pausa que se fazia natural, reparamos que Silva conseguia franco progresso na doutrinação.
O ex-tirano rural começava a assimilar algumas réstias de luz.
Hilário, contudo, provocou a continuidade da lição, perguntando:
- Embora seja preciosa auxiliar, como vemos, não se lembrará Dona Celina das palavras que o visitante pronuncia por seu intermédio?
- Se quiser, poderá recordá-las com esforço, mas na situação em que se reconhece, não vê qualquer vantagem na retenção dos apontamentos que ouve.
- Indubitavelmente - ponderou meu colega - observamos singular diferença entre as duas médiuns que caíram em transe... Tenho a idéia de que, na psicofonia consciente, Dona Eugênia exercia um controle mais direto sobre o hóspede que lhe utilizava os recursos, ao passo que Dona Celina, embora vigiando o companheiro que se comunica, deixa-o mais à vontade, mais livre... Caso não fosse Dona Celina a trabalhadora hábil, capaz de intervir a tempo, em qualquer circunstância menos agradável, não seria de preferir as faculdades de Dona Eugênia?
- Sim, Hilário, você tem razão. O sonambulismo puro, quando em mãos desavisadas, pode produzir belos fenômenos, mas é menos útil na construção espiritual do bem. A psicofonia inconsciente naqueles que não possuem méritos morais suficientes à própria defesa, pode levar à possessão, sempre nociva, e que, por isso, apenas se evidencia integral nos obsessos que se renderam às forças vampirizantes.
Hilário refletiu um momento e tornou a considerar:
- Aqui, vemos a médium fora do vaso físico, dominando mentalmente a entidade que lhe é inferior... Mas... e se fosse o contrário? Se tivéssemos aqui uma entidade intelectualmente superior senhoreando mentalmente a médium?
- Nesse caso - redargüiu o paciente interlocutor -, Celina seria naturalmente controlada. Se o comunicante fosse, nessa hipótese, uma inteligência degenerada e perversa, a fiscalização correria por conta dos mentores da casa e, em se tratando de um mensageiro com elevado patrimônio de conhecimento e virtude, a médium apassivar-se-ia com satisfação, porquanto lhe aproveitaria as vantagens da presença, tal como o rio se beneficia com as chuvas que caem do alto.
O instrutor ia continuar, mas Clementino solicitou-lhe o concurso para a remoção de José Maria que, algo renovado, principiava a aceitar o serviço da prece, chegando mesmo a atingir a felicidade de chorar.
Nosso orientador passou a contribuir na assistência ao visitante, que foi novamente entregue ao amigo paternal que o trazia, a fim de internar-se em organização socorrista distante.
Sob a guarda de venerando amigo, que mais se nos afigurava um nume apostolar, pobre Espírito dementado varou o recinto.
Lembrava um fidalgo antigo, repentinamente arrancado ao subsolo, porque os fluidos que o revestiam era verdadeira massa escura e viscosa, cobrindo-lhe a roupagem e despedindo nauseabundas emanações.
Nenhuma das entidades sofredoras que se acotovelavam à frente exibia tão horrenda fácies.
Aqui e ali, nos variados semblantes a se comprimirem no lugar reservado a irmãos felizes, as máscaras de sofrimento eram suavizadas por sinais inequívocos de arrependimento, fé, humildade, esperança...
Mas naquele rosto patibular, parecendo emergir de um lençol de lama, aliavam-se a frieza e a malignidade, a astúcia e o endurecimento.
Ante a expressão com que surgia de inopino, os próprios Espíritos perturbados recuaram receosos.
Na destra, o estranho recém-chegado trazia um azorrangue que tentava estalar, ao mesmo tempo que proferia estrepitosas exclamações.
-Quem me fez chegar até aqui, contra a minha vontade? - bramia, semi-afônico. - Covardes! Por que me segregaram assim? Onde estão os abutres que me devoraram os olhos? Infames! Pagar-me-ão caro os ultrajes sofridos!...
E evidenciando o extremo desequilíbrio mental de que se fazia portador, continuava em rude tom de voz:
- Quem disse que malfadada revolução dos franceses terá reflexos no Brasil? A loucura de um povo não pode alastrar-se a toda a Terra...Os privilégios dos nobres são invioláveis! Vêm dos reis, que são indiscutivelmente os escolhidos de Deus! Defenderemos nossas prerrogativas, exterminando a propaganda dos rebeldes e regicidas! Venderei meus escravos alfabetizados, nada de panfletos e comentários da rebelião. Como produzir sem o chicote no lombo? Cativos são cativos, senhores são senhores. E todos os fujões e criminosos conhecerão o peso dos meus braços... Matarei sem piedade. Cinco troncos de suplício! Cinco troncos! Eis aquilo de que necessito para refazer a nossa tranqüilidade.
- Foi um fazendeiro desumano - esclareceu nosso orientador amigo. - Desencarnou nos últimos dias do século XVIII, mas ainda conserva a mente estagnada na concha do próprio egoísmo. Nada percebe, por enquanto, senão os quadros interiores, criados por ele mesmo, constando de escravos, dinheiro e lucros da antiga propriedade rural em que enterrou o pensamento, convertendo-se hoje em vampiro inconsciente de almas reencarnadas que lhe foram queridas no Brasil colonial. Com todo o respeito que devemos à fraternidade, podemos dizer que ele nada mais fora que desapiedado algoz dos infortunados cativos que lhe caíam sob o guante de ferro. Detentor de vastíssimo latifúndio, possuía consigo larga região de servidores que lhe conheceram, de perto, a tirania e a perversidade.
Valendo-me da pausa espontânea, fitei o rosto do triste recém-chegado, com mais atenção, reconhecendo que os seus olhos, embora móveis quanto os de um felino, estavam vidrados, mortos...
Ia apontar para aquelas órbitas inexpressivas, quando o instrutor, adivinhando-me o impulso, acrescentou:
- Odiava os trabalhadores que lhe fugiam às garras e quando conseguia arrebatá-los ao quilombo, não somente os algemava aos troncos de martírio, mas queimava-lhes os olhos, reduzindo-os à cegueira, para escarmento das senzalas. Alguns dos raros quilombolas que resistiam à morte eram sentenciados, depois de cegos, às mandíbulas de cães bravios, de cuja sanha não conseguiam escapar. Com semelhante sistema de repressão, instalou o terror em derredor dos seus passos, granjeando, então, fama e riqueza. Contudo, veio a jornada inevitável do túmulo e, nessa fase nova, não encontrou senão desafetos, a se levantarem, junto dele, na feição de temíveis perseguidores. Muitas vítimas de alma branda lhe haviam desculpado as ofensas, mas outras não conseguiram a força para o perdão espontâneo e converteram-se em vingadores do passado a lhe cumularem o espírito de aflitivo pavor. Emaranhado nas teias da usura e fazendo do ouro o único poder em que acreditava, nem de leve se sentiu transportado de um modo de vida para outro, através da morte. Crê-se num cárcere de trevas, atormentado pelos escravos, prisioneiro das próprias vítimas. Vive, assim, entre a desesperação e o remorso. Martirizado pelas reminiscências das flagelações que decretava e hipnotizado pelos algozes de agora, dos quais no pretérito foi verdugo, vê-se reduzido a extrema cegueira, por se lhe desequilibrarem no corpo espiritual as faculdades da visão.
Enquanto se nos alongava o entendimento, o infeliz foi situado junto de Dona Celina.
A medida impressionou-me desfavoravelmente.
Logo Dona Celina, o melhor instrumento da casa, é quem deveria acolher o indesejável comunicante?!
Reparei-lhe a luminosa auréola, contrastando com a vestimenta pestilencial do forasteiro, e deixei-me avassalar por incoercível temor.
Semelhante providência não seria o mesmo que entregar uma harpa delicada às patas de uma fera?
Áulus, porém, deu-se pressa em explicar-nos:
- Acalmem-se. O amigo dementado penetrou o templo com a supervisão e o consentimento dos mentores da casa. Quanto aos fluidos de natureza deletéria, não precisamos temê-los. Recuam instintivamente ante a luz espiritual que os fustiga ou desintegra. É por isso que cada médium possui ambiente próprio e cada assembléia se caracteriza por uma corrente magnética particular de preservação e defesa. Nuvens infecciosas da Terra são diariamente extintas ou combatidas pelas irradiações solares, e formações fluídica, inquietantes, a todo momento são aniquiladas ou varridas do Planeta pelas energias superiores do Espírito. Os raios luminosos da mente orientada para o bem incidem sobre as construções do mal, à feição de descargas elétricas. E, compreendendo-se que mais ajuda aquele que mais pode, nossa irmã Celina é a companheira ideal para o auxílio desta hora.
Indicando-a, exclamou:
- Observemos.
A médium desvencilhou-se do corpo físico, como alguém que se entregava a sono profundo, e conduziu consigo a aura brilhante de que se coroava.
Clementino não teve necessidade de socorrê-la. Parecia afeita àquele gênero de tarefa. Ainda assim, o condutor do grupo amparou-a, solícito.
A nobre senhora fitou o desesperado visitante manifesta simpatia e abriu-lhe os braços, auxiliando-o a senhorear o veículo físico, então em sombra.
Qual se fora atraído por vigoroso imã, o sofredor arrojou-se sobre a organização física da médium, colocando-se a ela, instintivamente.
Se Eugênia revelara-se benemérita enfermeira, Dona Celina surgia aos nossos olhos por abnegada mãezinha, tal a devoção afetiva para com o hóspede infortunado.
Dela partiam fios brilhantes a envolvê-lo inteiramente e o recém-chegado, em vista disso, não obstante senhor de si, demonstrava-se criteriosamente controlado.
Assemelhava-se a um peixe em furiosa reação, entre os estreitos limites de um recipiente que, em vão, procurava dilacerar.
Projetava de si estiletes de treva, que se fundiam na luz em que Celina-alma o rodeava, delicada.
Tentava gritar impropérios, mas debalde.
A médium era um instrumento passivo no exterior, entretanto, nas profundezas do ser, mostrava as qualidades morais positivas que lhe eram conquista inalienável, impedindo aquele irmão de qualquer manifestação menos digna.
- Eu sou José Maria... - clamava o visitante, irritadíssimo, enfileirando outros nomes com o evidente intuito de lançar importância sobre a sua origem.
Amontoava reclamações, deitava reprimendas e revoltava-se exasperado, contudo, percebi que não usava palavras semelhantes às que proferira junto de nós. Achava-se como que manietado, vencido, embora prosseguisse rude e áspero.
Aparecia tão completamente implantado na organização fisiológica da medianeira, tão espontâneo e tão natural, que não sopitei as perguntas a me escorrerem céleres do pensamento.
A mediunidade falante em Celina era diversa? Eugênia e ela se haviam desligado da veste carnal, durante o trabalho... Por que a primeira se mantivera preocupada, qual enfermeira inquieta, enquanto que a segunda parecia devotada tutora do irmão dementado, seguindo-o com cuidados de mãe? Por que numa delas a expectação atormentada e na outra a serena confiança?
Desculpando-nos a condição de aprendizes, Áulus passou a esclarecer-nos, enquanto Clementino e Raul Silva amparavam o comunicante, através de orações e frases renovadoras de incentivo ao bem.
- Celina - explicou, bondoso - é sonâmbula perfeita. A psicofonia, em seu caso, se processa sem necessidade de ligação da corrente nervosa do cérebro mediúnico à mente do hóspede que o ocupa. A espontaneidade dela é tamanha na cessão de seus recursos às entidades necessitadas de socorro e carinho, que não tem qualquer dificuldade par desligar-se de maneira automática do campo sensório, perdendo provisoriamente o contacto com os centros motores da vida cerebral. Sua posição medianímica é de extrema passividade. Por isso mesmo, revela-se o comunicante mais seguro de si, na exteriorização da própria personalidade. Isso, porém, não indica que a nossa irmã deva estar ausente ou irresponsável. Junto do corpo que lhe pertence, age na condição de mãe generosa, auxiliando o sofredor que por ela se exprime qual se fora frágil protegido de sua bondade. Atraiu-o a si, exercendo um sacrifício voluntário, que lhe é doce ao coração fraterno, e José Maria, desvairado e desditoso, imensamente inferior a ela, não lhe pôde resistir. Permanece, assim, agressivo tanto quanto é, mas vê-se controlado em suas menores expressões, porque a mente superior subordina as que se lhe situam à retaguarda, nos domínios do espírito. É por essa razão que o hóspede experimenta com rigor o domínio afetuoso da missionária que lhe dispensa amparo assistencial. Impelido a obedecer-lhe, recebe as energias mentais constringentes que o obrigam a sustentar-se em respeitosa atitude, não obstante revoltado como se encontra.
Diante da pausa que se fazia natural, reparamos que Silva conseguia franco progresso na doutrinação.
O ex-tirano rural começava a assimilar algumas réstias de luz.
Hilário, contudo, provocou a continuidade da lição, perguntando:
- Embora seja preciosa auxiliar, como vemos, não se lembrará Dona Celina das palavras que o visitante pronuncia por seu intermédio?
- Se quiser, poderá recordá-las com esforço, mas na situação em que se reconhece, não vê qualquer vantagem na retenção dos apontamentos que ouve.
- Indubitavelmente - ponderou meu colega - observamos singular diferença entre as duas médiuns que caíram em transe... Tenho a idéia de que, na psicofonia consciente, Dona Eugênia exercia um controle mais direto sobre o hóspede que lhe utilizava os recursos, ao passo que Dona Celina, embora vigiando o companheiro que se comunica, deixa-o mais à vontade, mais livre... Caso não fosse Dona Celina a trabalhadora hábil, capaz de intervir a tempo, em qualquer circunstância menos agradável, não seria de preferir as faculdades de Dona Eugênia?
- Sim, Hilário, você tem razão. O sonambulismo puro, quando em mãos desavisadas, pode produzir belos fenômenos, mas é menos útil na construção espiritual do bem. A psicofonia inconsciente naqueles que não possuem méritos morais suficientes à própria defesa, pode levar à possessão, sempre nociva, e que, por isso, apenas se evidencia integral nos obsessos que se renderam às forças vampirizantes.
Hilário refletiu um momento e tornou a considerar:
- Aqui, vemos a médium fora do vaso físico, dominando mentalmente a entidade que lhe é inferior... Mas... e se fosse o contrário? Se tivéssemos aqui uma entidade intelectualmente superior senhoreando mentalmente a médium?
- Nesse caso - redargüiu o paciente interlocutor -, Celina seria naturalmente controlada. Se o comunicante fosse, nessa hipótese, uma inteligência degenerada e perversa, a fiscalização correria por conta dos mentores da casa e, em se tratando de um mensageiro com elevado patrimônio de conhecimento e virtude, a médium apassivar-se-ia com satisfação, porquanto lhe aproveitaria as vantagens da presença, tal como o rio se beneficia com as chuvas que caem do alto.
O instrutor ia continuar, mas Clementino solicitou-lhe o concurso para a remoção de José Maria que, algo renovado, principiava a aceitar o serviço da prece, chegando mesmo a atingir a felicidade de chorar.
Nosso orientador passou a contribuir na assistência ao visitante, que foi novamente entregue ao amigo paternal que o trazia, a fim de internar-se em organização socorrista distante.

Livro: "Nos Domínios da Mediunidade" - Francisco Candido Xavier - André Luiz.

26.4.18

O EXTÁTICO E A REALIDADE


Questão 443 do Livro dos Espíritos

Tratando dessa faculdade extraordinária que é o êxtase, podemos dizer que nem tudo o que o extático vê é real; no entanto, quase tudo se mostra dentro da realidade que ocupa a sua mente, mais ou menos ligada à Terra. Entretanto, essas diferenças ou falhas se assim podemos chamá-las, existem em todas as funções mediúnicas, de todos os médiuns sem exceção. Todas as modalidades de paranormalidade sensorial pertencem a uma escala de elevação, de pureza medianímica. O único médium sem mácula que pisou na Terra foi Nosso Senhor Jesus Cristo; todos os outros pertencem à escala, onde podem existir falhas humanas, ou mesmo Espíritos que ainda não dominam a verdade, no padrão que lhes é necessário. Todos estamos na escola, procurando o aperfeiçoamento espiritual.
A filtragem mediúnica pode também apresentar deficiências. Os médiuns precisam do amparo dos leitores, na compreensão e em suas preces endereçadas a todos os sensitivos em funções mediúnicas. Ocorre o mesmo com o médium psicógrafo: o medianeiro se encontra em operação de despertar, tem suas provas e se esforça para melhorar. É uma criatura igual às outras, com as mesmas necessidades.
O uso de variados dons, principalmente para o médium psicógrafo, pode facilitar certas interferências, de modo a misturar verdades que poderiam, se não fosse isso, sair dos seus canais mediúnicos como as claridades do sol. Antes de criticar certas falhas mediúnicas, devemos cooperar com os médiuns em função, para que a verdade possa surgir com mais nitidez nos caminhos da Doutrina Espírita. Os médiuns e os espíritas, em geral, precisam estudar, trabalhar e servir com grande empenho, para que surja o amor nos seus caminhos, porque somente quem ama dentro do amor universal é que compreende com mais propriedade a lição valiosa do Cristo de Deus.
Em se falando do extático, ele pode confundir as coisas que vê com as do mundo que habita, e com as quais está envolvido. O condicionamento é uma verdade, que pode interferir na filtragem que ele recebe do mundo espiritual. Somente um mundo de pureza espiritual não tem ambiente para as dúvidas e as comunicações traduzem a realidade.
Para ficar envolvido pela verdade, é necessário que se procure a verdade, que ela aparecerá. Quando o aluno está pronto, é da justiça que o mestre surja em sua intimidade a lhe dizer a verdade, no sentido de libertá-lo das amarras da ignorância. Para se encontrar com a realidade, é preciso perseverar nas linhas de Jesus. Se aparecerem os obstáculos, é sinal de que se está caminhando certo.
Se a dor surgir a nos visitar, entendamo-la como estímulo para prosseguir. Os infortúnios, já o dissemos alhures, não erram o endereço do devedor. Pagando as dívidas, ficaremos livres do credor.
É de noção comum que devemos falar da realidade, dizer a verdade para os ouvidos alheios, mas, quando alguém fala para os nossos ouvidos, vêm à tona os melindres. Eis aí a marca da nossa inferioridade. Analisemos o que ouvimos, que encontraremos algo educativo nos sons recolhidos pela audição. A natureza não perde tempo, e as lições ministradas por ela são luzes que clareiam os nossos caminhos para a eternidade. A vida para a frente e para o alto consiste em cair e levantar, errar e acertar, e é nesta sequência que os dons espirituais despertam em nossos corações, de modo a mostrar ao mundo e à humanidade que encontramos o Cristo, luz de Deus libertando-nos para sempre.
Estamos em busca do real, mas, antes passamos pelas ilusões. Elas é que nos mostram a grandeza da verdade. O homem de imaginação fértil pelo desenvolvimento intelectual, é mais fácil de ser enganado pela força da sua criação.

Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

25.4.18

ABORTO DELITUOSO


Emmanuel

Comovemo-nos, habitualmente, diante das grandes tragédias que agitam a opinião.
Homicídios que convulsionam a imprensa e mobilizam largas equipes policiais...
Furtos espetaculares que inspiram vastas medidas de vigilância...
Assassínios, conflitos, ludíbrios e assaltos de todo jaez criam a guerra de nervos, em toda parte; e, para coibir semelhantes fecundações de ignorância e delinqüência, erguem-se cárceres e fundem-se algemas, organiza-se o trabalho forçado e em algumas nações a própria lapidação de infelizes é praticada na rua, sem qualquer laivo de compaixão.
Todavia, um crime existe mais doloroso, pela volúpia de crueldade com que é praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no regaço da Natureza...
Crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade e nem braços robustos com que se confie aos movimentos da reação.
Referimo-nos ao aborto delituoso, em que pais inconscientes determinam a morte dos próprios filhos, asfixiando-lhes a existência, antes que possam sorrir para a bênção da luz.
Homens da Terra, e sobretudo vós, corações maternos chamados à exaltação do amor e da vida, abstende-vos de semelhante ação que vos desequilibra a alma e entenebrece o caminho!
Fugi do satânico propósito de sufocar os rebentos do próprio seio, porque os anjos tenros que rechaçais são mensageiros da Providência, assomantes no lar em vosso próprio socorro, e, se não há legislação humana que vos assinale a torpitude do infanticídio, nos recintos familiares ou na sombra da noite, os olhos divinos de Nosso Pai vos contemplam do Céu, chamando-vos, em silêncio, às provas do reajuste, a fim de que se vos expurgue da consciência a falta indesculpável que perpetrastes.

Livro “Religião dos Espíritos” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

24.4.18

COMO VOCÊ INTERPRETA?! LIV


O capítulo 49 – “Regressando a Casa” –, é o penúltimo dos 50 capítulos de “Nosso Lar”. Nele, de maneira sintética, o autor narra as suas surpresas de espírito, quando, depois de quase dez anos no Mundo Espiritual, tem oportunidade de rever a família na Terra.
Durante uma semana, André, despedindo-se de Dona Laura, permaneceria em visita à família consanguínea, domiciliada no Rio de Janeiro.
Logo nos primeiros parágrafos, o autor espiritual fala de sua emoção ao rever Zélia, a esposa, que, então, se mostrou insensível ao seu espontâneo gesto de amor. Ela estava conversando com um cavaleiro, médico, que havia ido ver a Ernesto, o seu segundo esposo, que estava acamado, acometido de grave enfermidade nos pulmões.
A constatação de André é uma lição a quantos consideram que os seus afetos, por mais queridos, sejam sua propriedade. Afinal, Zélia não parecia ser a “alma gêmea” de André Luiz, porque as “almas gêmeas”, com raras exceções, costumam ser fieis àqueles que demandam o Mais Além...
*
Zélia chorava, dizendo ao médico que cuidava de Ernesto que não haveria de suportar uma segunda viuvez. E André registra nas páginas do livro:
“Um corisco não me fulminaria com tamanha violência. Outro homem se apossara do meu lar. A esposa me esquecera. A casa não mais me pertencia. Valia a pena ter esperado tanto para colher semelhantes desilusões? Corri ao meu quarto, verificando que outro mobiliário existia na alcova espaçosa. No leito, estava um homem de idade madura, evidenciando melindroso estado de saúde. Ao lado dele, três figuras negras iam e vinham, mostrando-se interessadas em lhe agravar os padecimentos.”
Além de tudo, Zélia se consorciara com um homem de espírito comprometido com entidades infelizes que se valiam de seu estado de debilidade para vampirizá-lo, concorrendo para o seu desenlace.
*
André, desde que desencarnou, mantivera-se na expectativa de um dia, poder reencontrar a companheira, que supunha ser a metade de sua alma...
Quantas surpresas reservam-se ao espírito na desencarnação?! Convém, pois, que todos nós estejamos sempre preparados para enfrentar os próprios equívocos... André, na juventude, pressionado pela família, renegara o amor de uma jovem serviçal de sua casa, e agora, talvez, consorciando-se por conveniência social, sentia-se abandonado!...
A Lei de Causa e Efeito é inexorável, e, no espaço e no tempo, não poupa a espírito algum.
*
Os filhos de André, igualmente, quase que já o haviam esquecido, a não ser pela filha primogênita, que, naquele dia, começara a pensar no pai desencarnado. Zélia, no entanto, repreende a filha – simplesmente por mencionar a memória de André, ela repreende a filha! Positivamente, Zélia não era a “alma gêmea”, ou, pelo menos, a alma de afinidade com os seus mais elevados sentimentos.
*
Zélia, ao repreender a filha mais velha, diz o que André, amargamente, pode escutar:
“(...) Já proibi a vocês, terminantemente, qualquer alusão nesta casa, a seu pai. (...) Já vendi tudo quanto nos recordava aqui o passado morto; modifiquei o aspecto das próprias paredes, e você não me pode ajudar nisso?”
André, em sua própria casa, era considerado um “passado morto”!...
Para inteirar, a filha caçula de André lança acusações sobre a irmã por se interessar pelo “maldito” Espiritismo, negando que os mortos pudessem voltar a Terra.
- Onde já se viu tal disparate? Essa história dos mortos voltarem é o cúmulo dos absurdos!
*
Convém, pois, a vocês que ainda vão morrer prepararem-se, não tanto para as surpresas de além-túmulo, mas para um melhor conhecimento próprio, junto àqueles que, infelizmente, revelam-se de espírito tão pequeno.
Zélia, sem dúvida, tinha todo o direito de consorciar-se com Ernesto – afinal, já amargara muito tempo de solidão afetiva, na condução solitária dos destinos da família, para o que ela se revelara frágil. Todavia, ela não necessitava, praticamente, de exorcizar a memória do ex-marido, pai de seus três filhos, que, pelo menos, lhe deixara o teto sob o qual passara a viver com outro companheiro.

INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 23 de abril de 2018.


23.4.18

Regime de Alerta


O mundo passa por dias difíceis. Como sempre temos fatos que colaboram, de certa forma, com a instabilidade planetária. Somos comumente acolhidos de novidades sobre isso ou aquilo. Partem de todos os lugares e influenciam, mesmo que não desejemos, as nossas vidas.
O fato recente que deixa-nos perplexos, em regime de alerta, é esta reação norte-americana e de países aliados contra a Síria do ditador Bashar Al-Assad. De um lado, o beligerante Trump, de outro, no escudo de proteção econômica e política, Vladimir Putin.
O que nos deixa preocupados não é nem tanto a Síria, embora estejamos, há algum tempo, envidando esforços de paz e normalização da vida daquele povo. O que nos preocupa são os desdobramentos desse ataque.
Vivemos um jogo de xadrez na política internacional. Cada movimento representa algo importante para o desfecho da partida. Portanto, um gesto aqui, uma jogada no outro flanco, poderá ter repercussões sérias para o conjunto planetário.
Nos dois modos da vida humana, movimentam-se forças antagônicas ao bem e se recebe a reciprocidade do outro lado, aí então as consequências podem ser desastrosas.
São pequenos movimentos que somando-se uns aos outros vão criando uma situação desconfortável no tabuleiro da geopolítica mundial.
Até o momento, o lance de ataque foi diminuído na sua intensidade devido a justificativa e ao recuo estratégico de não continuar as ofensivas, mas toda ação possui no outro lado uma reação contrária e igualmente vigorosa.
Estas ações são monitoradas milimetricamente pelos tutores espirituais da humanidade que buscam encontrar eco no coração dos dirigentes para não responderem com a mesma moeda e aí iniciarem um processo de guerra sem fim.
Pode parecer algo extraordinário, até certo ponto desconfortável, mas não podemos esconder aquilo que acontece nos bastidores do poder mundial.
Estejamos em paz e tranquilidade que nada ocorrerá abruptamente e que não estejamos atentos a agir de maneira proativa e inteligente para que o mal não prospere.
Alias, as hostes do bem nunca estiveram tão unidas e coesas na busca de um mesmo ideal.
O bem sempre vence porque é o estado natural das coisas no universo, é a tendência dos movimentos humanos.
Estejamos tranquilos e construamos, dia após dia, o reinado do bem sobre a Terra.
Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal

22.4.18

Caminhada Redentora


Todos, sem exceção, estão condenados a serem pessoas melhores. Esta lei universal abrange a todos os seres. Somos “vítimas” do progresso humano. Eu, na condição de um bispo aposentado no mundo espiritual, vejo que as confusões reinantes na Terra e no nosso querido Brasil têm a sua razão de ser.
O que ocorre, meus irmãos, é que estamos num estágio de transformação social, política e econômica jamais visto na história da humanidade.
As pessoas estão confusas, não sabem para onde ir e o que devem fazer. São notícias que chegam de todos os lados que elas não sabem direito para onde devem caminhar.
Esta situação é típica deste instante de mudanças profundas. Eu, aqui no mundo dos espíritos, também passo por estas revisões na maneira de pensar e de agir ante os tempos novos.
São novidades que chegam de todos os lados da Terra. Umas produzidas aqui, outras concretizadas aí. É um verdadeiro “rebuliço” na situação planetária que vivemos.
Os questionamentos de como será que ficará algo ou aquela outra condição é natural, mas não possuímos ainda as respostas definitivas, no entanto, temos já a consciência de por onde caminharão essas mudanças.
O homem será melhor porque esta foi a lei traçada por Deus para ele. Ele não pode estagnar-se para sempre. Ficar paralisado, imobilizado, sem forças para agir. Ele deve progredir e ir bem alto na escala do sucesso pessoal.
Quando me refiro a sucesso, essa palavra tão em uso e que se assemelha a conquistas materiais, refiro-me, na verdade, ao sucesso de conseguir suplantar as suas próprias deficiências, sejam elas morais, emocionais e assim por diante.
O sucesso é garantido para aquele que luta em ser alguém melhor. Porque, em realidade, o sucesso não está no ponto de chegada, mas na sua própria caminhada redentora.
O que peço, nesta estrada evolutiva do espírito, é não se esquecer das palavras de sabedoria do Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ele, no seu Evangelho singular, trouxe-nos todas as ferramentas necessárias para construirmos um edifício vigoroso e próspero para os nossos espíritos ainda enfermos e teimosos.
Ele está no leme dessas mudanças. Foi Ele quem disse que haveríamos de passar por uma fase de “ranger de dentes”, portanto, haverá sofrimento e dor, angústia e temor, mas nada será tenebroso se estivermos ancorados na fé e na coragem de sua proteção amável e segura.
Meus irmãos, as palavras não conseguem exprimir tudo que sinto e percebo. Somos limitados para descrever o emaranhado de coisas que precisamos repassar para vocês, mas aos poucos já estamos fazendo isso.
Fiquemos na paz de Deus!
Helder Camara – Blog Novas Utopias

21.4.18

SIGAMOS


Sigamos, companheiro, pela estrada,
Sem desertar da luta abençoada
Que Deus nos concedeu...
Levemos a palavra de carinho,
A quem de tanto padecer sozinho
A própria fé perdeu...

Se a cruz nos pesa aos ombros, não importa!...
Ouvindo a Voz que à frente nos exorta,
Sigamos sem cansaço,
Levando-a, monte acima, passo a passo...

A quem caiu em grande desventura,
Estendamos a mão,
Seja ofertando um copo de água pura,
Quer repartindo o pão...

Vamos! Há muito que fazer...
Levanta-te da inércia e vem agora!...
Se cada qual cumprir o seu dever,
A paz com que sonhamos não demora...

Vamos, porquanto o tempo não espera
E precisamos acender no mundo,
Com o trabalho do Bem, almo e fecundo,
A luz da Nova Era!...

Eurícledes Formiga – Blog: Espiritismo em Prosa e Verso
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião da Casa Espírita “Bittencourt Sampaio”, na noite de 15 de março de 1989, em Uberaba – MG).


20.4.18

Oração


Agnaldo - Mas não aprendemos que uma prece feita com fé pode realizar muitas coisas? Não foi Jesus que disse: "Tudo  é possível àquele que crê?".
Espírito José Lázaro - O Nazareno também ensinou: A fé sem obras é morta. O esforço para melhorar o amor ao próximo, a disposição para o serviço no bem, aliado à fé. Somente assim haverá um resultado satisfatório.

Livro: Não Há Mais Tempo - Agnaldo Paviani - Espíritos diversos

19.4.18

PROFESSOR DE TEOLOGIA DEFENDE A INTERPRETAÇÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA


         Numa insistência verdadeiramente desanimadora, certas seitas religiosas que fazem do combate ao Espiritismo a sua principal tarefa, alegam sempre que os espíritas têm medo da Bíblia. Num debate de TV, o reitor de um instituto bíblico protestante chegou a declarar aos espíritas presentes, de Bíblia em punho: "Vocês não querem ouvir a palavra de Deus, mas hoje vão ouvir"! Na sua ingenuidade, pensava que a leitura da Bíblia poria os espíritas a correr.
         Outro pastor, chefe de uma seita por ele mesmo fundada, escandalizou-se quando afirmamos que a Bíblia não é a palavra de Deus, e ingenuamente perguntou-nos: "Mas o Senhor tem a coragem de dizer uma coisa dessas na frente do povo de São Paulo"? Mais tarde, esquecendo os seus deveres religiosos de honestidade e respeito à verdade, promoveu uma campanha sistemática, pelo rádio, de desvirtuamento das nossas declarações. Pensava, certamente, que Deus aprovava sua bonita atitude.
          Alguns espíritas, por sua vez, ficaram assustados com a nossa audácia. Achavam que poderíamos afastar do Espiritismo os crentes na Bíblia. Esqueceram-se de que o Espiritismo não se interessa por quantidade de adeptos, mas pela sua qualidade. Espíritas que se assustam com a verdade sobre a Bíblia, estão ainda longe de compreender a Doutrina. Foi por isso tudo que resolvemos enfrentar o tema durante algum tempo, nesta seção(1) . É necessário que se diga a verdade, que se esclareça o povo, em vez de deixá-lo iludido por expressões como "a palavra de Deus", que servem apenas para os que não querem estudar o problema bíblico em sua realidade histórica, religiosa e cultural.
          Os que vivem gritando, de Bíblia em punho, que o Espiritismo é condenado pela Bíblia, não conhecem uma coisa nem outra. Ignoram o que seja a Bíblia e não têm a mais leve noção de Espiritismo. No dia em que conhecerem ambas as coisas, terão vergonha de suas acusações atuais. Se essas pessoas gostassem de ilustrar-se um pouco, indicaríamos a elas a leitura de alguns livros de ilustres figuras protestantes. Por exemplo, o livro de Haraldur Nielson, teólogo, tradutor da Bíblia para o islandês e professor de teologia da Universidade da Islândia, intitulado: O Espiritismo e a Igreja (2) . É um livrinho pequeno, que ainda agora aparece em nova edição brasileira e está nas livrarias. Nesse livro, os nossos acusadores terão o testemunho de um membro da Sociedade Bíblica Inglesa, que não se tornou espírita, mas que reconhece a natureza dos livros bíblicos. Ele protesta contra as afirmações, sempre levianas, de que a Bíblia condena as manifestações espíritas e as sessões de Espiritismo.

(1) O autor se refere à coluna que mantinha no "Diário de São Paulo".
(2) Livro relançado por "Edições Correio Fraterno", Caixa Postal 58. CEP 09700, São Bernardo do Campo - SP.

Livro: Visão Espírita da Bíblia - J. Herculano Pires

18.4.18

ABANDONO DEFINITIVO


Pergunta 442 do livro dos Espíritos

O Espírito em transe extático poderia, desejando fortemente, abandonar definitivamente o corpo, porém, se for evoluído, ele não pensará dessa forma, por conhecer as leis naturais formuladas por Deus para a harmonia da criação.
O Espírito elevado comunga com a paz universal e conhece todas as leis. O erro é ambiente somente para a ignorância, e é por isso que a Doutrina Espírita vem mostrando Jesus na feição grandiosa da Sua inteligência e do Seu amor para com toda a humanidade, para que não se percam as oportunidades proporcionadas aos que se encontram na Terra, movendo-se em corpos materiais. As leis nos falam que, contrariando-as, voltaremos com mais dificuldades para obedecê-las depois. Repetir o ano na escola é fator de ignorância.
Toda repetição nesse sentido é perda de tempo que poderia ser gasto em atividades de grande proveito.
Há muitos suicidas que sofrem a dor do arrependimento. Deus não os tolhe em seu livre arbítrio, e dá uma lição ao aluno afoito. Busquemos os exemplos dos grandes mártires do Cristianismo, colhendo deles as bênçãos da serenidade em todas as suas provas, recolhendo forças para as nossas necessidades. Que seja feita a vontade de Deus e não a nossa, pois, Ele, o Senhor de todas as coisas, sabe mais do que todas as criaturas juntas. Ele é onisciente dentro do pensamento como Criador e, de nossa parte, torcemos os impulsos santos, sofrendo por nos desviarmos da verdade.
O Senhor nos dá a liberdade de tirarmos a nossa vida física, mas nos entrega a responsabilidade do que nos poderá acontecer por esse gesto de ignorância. Quando acompanhamos Jesus, seguindo-O, fazendo forças para praticar Seus ensinamentos, claro que o próprio corpo rejeita essa mudança vibracional; contudo, o nosso dever é prosseguir, fazendo nascer em nós uma força vigorosa de amor, no lugar dos contrários à caridade. No fim, será como diz o Evangelho: “Quem perseverar até o fim, será salvo”.
O Espírito já limpo das paixões humanas não pratica o ato suicida em escala alguma, somente faz a vontade de Deus, porque respeita todas as Suas leis de amor; compreende Sua missão na Terra e sabe que em volta Dele se encontram muitos benfeitores da verdade a instruí-los e ajudar, assim como existem muitos Espíritos ignorantes esperando exemplos dignificantes. O médium espírita não deve nem pensar em abandonar sua tarefa mediúnica por simples arranhões nos caminhos. Jesus foi muito mais oprimido e soube vencer todos os infortúnios, deixando Sua marca de coragem para que possamos segui-Lo, alcançando a luz e a paz de consciência.
O Mestre, certa feita, falou a Paulo: “Fale, e não se cale”. É o que devemos fazer também; falar aos irmãos do caminho que estiverem esmorecidos e não nos calarmos, porque muitas vezes a palavra pode mudar suas ideias, soerguendo-os rumo ao dever, dando as mãos ao Senhor. Nesse momento de reação no bem, surgirão as claridades da esperança. Todos temos o nosso calvário a subir, mas, encontramos sempre nos nossos caminhos os cireneus a nos ajudarem a levarmos a nossa cruz, além do mesmo Jesus que não falta à Sua palavra de que não deixaria Órfãs as Suas ovelhas, as ovelhas que o Pai Lhe entregou.

Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

17.4.18

ABENÇOA


Emmanuel
Questão 752

Deixa que a bênção de Deus te ilumine o coração para que saibas abençoar.
Ninguém prescinde do amor para viver.
Observa os que marcham, desdenhosos, ignorando-te a presença, habituados à convicção de que o ouro pode comprar a felicidade.
Abençoa-os e passa.
Ninguém conhece o rochedo em que o barco da ilusão lhes infligirá o derradeiro travo de angústia.
Vês, inquieto, os que se desmandam no poder.
Abençoa-os e passa.
Muitos deles simplesmente arrastam as paixões que os arrastarão para o gelo do ostracismo ou para a cinza do esquecimento.
Contemplas, espantado, os que são portadores de títulos preciosos, a te exigirem considerações e tributos especiais.
Abençoa-os e passa.
O tempo cobrar-lhes-á aflitivo imposto da alma pelas distinções que lhes conferiu.
Ouves, triste, os que injuriam e amaldiçoam.
Abençoa-os e passa.
São eles tão infelizes que ainda não podem assinalar as próprias fraquezas.
Fitas, admirado, os que fazem tábua rasa dos mais altos deveres para desfrutarem prazeres loucos, enquanto a vitalidade lhes robustece o corpo jovem.
Abençoa-os e passa.
Amanhã, surgirão acordados, em mais elevado nível de entendimento.
Se alguém te fere, abençoa.
E se esse mesmo alguém volta a ferir-te, abençoa outra vez.
Não te prevaleças da crueldade para mostrar a justiça, porque a justiça integral é de Deus e todos viverão para conhecê-la.
Se teu filho é rebelde e insensato, abençoa teu filho, porque teu filho viverá.
Se teus pais são irresponsáveis e desumanos, abençoa teus pais, porque teus pais viverão.
Se o companheiro aparece ingrato e desleal, abençoa teu companheiro, porque continuará ele vinculado à existência.
Se há quem te calunia ou persegue, abençoa os que perseguem e caluniam, porque todos eles viverão.
Humilhado, batido, esquecido ou insultado, abençoa sempre.
Basta a vida para retificar os erros da consciência.
Inquirido, certa vez, pelo Apóstolo quanto ao comportamento que lhe cabia perante a ofensa, afirmou Jesus:
— "Perdoarás não sete vezes mas setenta vezes sete."
Com isso o Divino Mestre desejava dizer que ninguém precisa vingar-se, porque o autor de qualquer crueldade tê-la-á como fogo nas próprias mãos.

Livro “Religião dos Espíritos” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

16.4.18

COMO VOCÊ INTERPRETA?! – LIII


No encerramento do capítulo 48, de “Nosso Lar”, André narra o emocionante encontro de Ricardo, que já estava reencarnado, com a família – Dona Laura, não nos esqueçamos, estava prestes a reencarnar, e, no outro dia, na companhia de Clarêncio, tomaria a direção da Terra, dando início aos preparativos imediatos para a sua volta ao corpo.
*
Ricardo, então, parcialmente liberto do corpo, manifesta-se, com o concurso de médiuns de efeitos físicos, num “globo cristalino”, espécie de TV de plasma, cujo surgimento André Luiz antecipa em várias décadas.
Interessante que, antes da materialização, maravilhoso hino, composto pelos filhos de Ricardo, é cantado ao som do piano, da harpa e da cítara.
*
Nos dias que correm, a Ciência anuncia que descobriu a existência de um novo órgão no corpo humano: o mesentério, ou interstício, formado de tecido conjuntivo – uma espécie de “plástico bolha” que reveste e protege quase todos os demais órgãos importantes do corpo.
A pergunta é a seguinte: há quantos anos o corpo vem sendo dissecado pelos anatomistas, e perquirido pelos fisiologistas, sem que eles, tendo semelhante órgão à vista, pudessem atinar com a sua existência?!
Quando será que, praticamente, tendo o Mundo Espiritual à vista da lógica, a Ciência confirmará a tese de sua existência, que, há mais de século e meio, vem sendo sustentada pelo Espiritismo?!...
*
Emocionante quando Judite, filha de Ricardo e Laura, abraça-se à figura do pai no “globo cristalino”, e lhe endereça, em nome da família, interessante pergunta:
- Pai querido, diga o que precisa de nós, esclareça em que poderemos ser úteis ao seu abnegado coração?
Dialogando com a filha com extremado carinho, Ricardo, então, responde, ao questionamento filial, com transcendente sabedoria:
- Ah! filhos meus, alguma coisa tenho a pedir-lhes do fundo de minhalma! roguem ao Senhor para que eu nunca disponha de facilidades na Terra, a fim de que a luz da gratidão e do entendimento permaneça viva em meu espírito!... (destacamos)
Em qualquer outra circunstância, com certeza, nós outros, haveríamos de pedir exatamente o contrário do que Ricardo solicitou – aliás, os homens encarnados, com raras exceções, vivem exorando ao Mundo Espiritual pela concessão de facilidades e privilégios a eles...
*
Após a reunião ter sido encerrada com uma prece formulada pelo Ministro Clarêncio, ele se aproximou de André Luiz e o convidou para que, no outro dia, integrasse a equipe que acompanharia Laura nos passos iniciais de seu processo reencarnatório.
Note-se que André Luiz, pelos cálculos efetuados, estava há cerca de dez anos sem visitar o seu lar. Após a sua permanência de quase nove anos em uma das regiões umbralinas, permanecera durante quase um ano em tratamento ativo em um dos hospitais de “Nosso Lar”...
*
E há gente que pensa que, ao deixar ao corpo, sairá volitando por aí, feito uma borboleta, tomando a direção que bem lhe aprouver aos mais diferentes campos do Universo...
Quanta ilusão!...
Ou, sem ofensa, quanta ignorância!...

INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 16 de abril de 2018.

15.4.18

Pensamentos e Fluídos


    "Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável" - (Allan Kardec - A Gênese, cap. XIV, item 16).
    Vimos que o pensamento exerce uma poderosa influência nos fluidos espirituais, modificando suas características básicas. Os pensamentos bons impõem-lhes luminosidade e vibrações elevadas que causam conforto e sensação de bem estar às pessoas sob sua influência. Os pensamentos maus provocam alterações vibratórias contrárias às citadas acima. Os fluidos ficam escuros e sua ação provoca mal estar físico e psíquico.
    Pode-se concluir assim, que em torno de uma pessoa, de uma família, de uma cidade, de uma nação ou planeta, existe uma atmosfera espiritual fluídica, que varia vibratoriamente, segundo a natureza moral dos Espíritos envolvidos.
    À atmosfera fluídica associam-se seres desencarnados com tendências morais e vibratórias semelhantes. Por esta razão, os Espíritos superiores recomendam que nossa conduta, nas relações com a vida, seja a mais elevada possível. Uma criatura que vive entregue ao pessimismo e aos maus pensamentos, tem em volta de si uma atmosfera espiritual escura, da qual aproximam-se Espíritos doentios. A angústia, a tristeza e a desesperança aparecem, formando um quadro físico-psíquico deprimente, que pode ser modificado sob a orientação dos ensinos morais de Jesus.
    "A ação dos Espíritos sobre os fluidos espirituais tem consequências de importância direta e capital para os encarnados. Desde o instante em que tais fluidos são o veículo do pensamento; que o pensamento lhes pode modificar as propriedades, é evidente que eles devem estar impregnados das qualidades boas ou más, dos pensamentos que os colocam em vibração, modificados pela pureza ou impureza dos sentimentos" - (Allan Kardec - A Gênese, cap. XIV, item 16).
    À medida que cresce através do conhecimento, o homem percebe que suas mazelas, tanto físicas quanto espirituais, é diretamente proporcional ao seu grau evolutivo e que ele pode mudar esse estado de coisas, modificando-se moralmente. Aliando-se a boas companhias espirituais através de seus bons pensamentos, poderá estabelecer uma melhor atmosfera fluídica em torno de si e, consequentemente, do ambiente em que vive. Resumindo, todos somos responsáveis pelo estado de dificuldades morais que vive o planeta atualmente.
"Melhorando-se, a humanidade verá depurar-se a atmosfera fluídica em cujo meio vive, porque não lhe enviará senão bons fluidos, e estes oporão uma barreira à invasão dos maus. Se um dia a Terra chegar a não ser povoada senão por homens que, entre si, praticam as leis divinas do amor e da caridade, ninguém duvida que não se encontrem em condições de higiene física e moral completamente outras que as hoje existentes" - (Allan Kardec - Revista Espírita, Maio, 1867).
    Suas opiniões revelam o verdadeiro lugar que você ocupa no mundo.

14.4.18

EMPREITADA DE LUZ


Peregrino do Bem, a senda é estreita,
Repleta de armadilhas traiçoeiras,
Sorvedouros, abismos, lamaceiras,
Dentro da noite escura que te espreita...

Serve atento ao dever que o Céu te empreita,
De trabalhar nas últimas fileiras,
Onde a dor sabe agir de mil maneiras,
Para fazer sofrer a quem sujeita...

Com a mansidão das pombas e a prudência
Das serpentes, atende à advertência
Do Mestre que te ampara na labuta...

Que sobre a Terra, em mística peleja,
À serviço da paz quer onde esteja,
O outro nome do cristão é “luta”!...

Eurícledes Formiga

(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã de sábado do dia 7 de abril de 2018, em Uberaba – MG).