30.6.15

CARTA À MÃE DE UM JOVEM SUICIDA

Minha senhora, a sua carta, relatando o suicídio de seu único filho, tocou o meu coração – o seu veemente apelo a Deus para que dele cuide aonde quer que ele se encontre!
- “Estamos sofrendo muito. A dor é irresistível. Foi de forma trágica. Ele era estudante de Psicologia. Caiu de um prédio... Estamos desesperados. Ajude-nos, pelo amor de Deus!”

E, em sua grande dor, acrescenta:
- “Quando for da permissão do Pai, se possível, desejo uma psicografia de meu filho. Só vou me sentir melhor quando eu souber como ele está? Como foi que aconteceu? Por quê?...”
Ainda não pude – o tempo foi curto para mim, pois a sua carta me chegou ontem às mãos – localizar o nosso D. – mas, assim que possível, claro que tudo farei para auxiliar ao seu filho como se meu filho fosse.
Não se entregue ao desespero, minha irmã, pois, os nossos filhos, antes de serem nossos, pertencem a Deus, e Deus é Pai de Infinita Misericórdia e Bondade.
Eu não sou da teoria do chamado “Vale dos Suicidas”, que, imagino, talvez, possa existir para os espíritos extremamente revoltados, que, não necessariamente, tenham, num momento de insanidade, cortado o fio da existência no corpo carnal – espíritos que praticam crimes muito mais graves, porque, direta ou indiretamente, ocasionam o mal a centenas e milhares de pessoas.
Se existisse um “Vale” específico para os suicidas, por que não haveria outro, muito mais profundo e tenebroso, para os traficantes, para os estupradores, para os ditadores sanguinários, para os políticos corruptos que desviam recursos da Saúde e da Educação, atravancando o progresso moral e intelectual dos espíritos que voltam a Terra pela bênção da reencarnação?! E, nesta linha de raciocínio, a Vida além da morte seria apenas e tão somente constituída de “Vales”, você não acha?! Um Mundo Espiritual repleto de “buracos” infindos, nos quais pudéssemos nos ocultar envergonhados da própria consciência!...
Para mim, os suicidas não são criminosos – são doentes! Que crime o seu D., de apenas 25 de idade, poderia ter cometido?! – um rapaz que já estava cursando o último ano de Psicologia?! Talvez, ele não tenha suportado o confronto consigo mesmo, não é?! A nossa realidade íntima, quando não nos preparamos para enfrentá-la, é sempre dura em demasia, e, sem a companhia de Jesus Cristo, ninguém deveria se arriscar a melhor conhecê-la.
Evidente que não podemos
aprovar atitudes assim, porque, caso contrário, no mundo todo, seriam muitos que, sem motivação para continuar lutando, praticariam o autoextermínio, e ninguém morre! Quer estejamos no corpo ou não, a Vida continua sendo sempre a mesma Vida!...
O seu menino, por certo, já percebeu que agiu com extrema imaturidade, impondo a vocês dois, os seus pais, o peso de um sofrimento que, realmente, somente Deus poderá aliviar, e, ao longo do tempo, fornecer-lhes a devida compreensão de tamanha dor.
Mas não se preocupe, imaginado que, transformado em gênio demoníaco, ele possa estar vagando por aí, ou, então, passados três meses do gesto impensado, preso ainda ao organismo em estado de putrefação, assistindo aos vermes lhe devorarem as entranhas do corpo do qual ele próprio deliberou sair...
Os
bons samaritanos
também existem deste Outro Lado da Vida! Além do egoísmo humano, a Caridade é sempre mais Caridade!
Não poderíamos encorajá-los às tarefas de amor ao próximo na Terra, mantendo aqui, no Mundo Espiritual, os nossos braços cruzados.
O seu filho receberá tratamento adequado – de acordo com o que a situação requer, ele será hospitalizado e convenientemente tratado, de possíveis sequelas da queda em seu corpo espiritual, mas, sobretudo, dos conflitos que dentro dele se instalaram de maneira patológica.
Não vamos aqui falar da ação de espíritos obsessores, que possam ter agido, induzindo o nosso menino a se lançar de tão grande altura – creio que do 9º andar, não é?!
Receba com o seu esposo o meu carinho de irmão, e procurem vocês dois fortalecerem-se na fé, não consentindo que a prova que estão atravessando os induza à descrença e à amargura, ocasionando-lhes maior estrago ao espírito.
Não se sintam órfãos de filho, pois a orfandade, de filhos e de pais, somente existe para os pais e os filhos que ainda não aprenderam a amar ao próximo como a si mesmos.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 29 de junho de 2015.

29.6.15

Apelo ao Patriotismo

Brasileiros,
Parece que ficou fora de moda amar a Pátria. Pouco se vê atualmente sobre o sentimento de nacionalismo. A internacionalização das coisas tornou-nos cidadãos do mundo, todos nós, e, portanto, enaltecer a pátria-mãe passou a ser algo considerado ultrapassado.
Nos meus tempos entre vós havia um sentimento nacionalista forte, possivelmente porque existia a concorrência estrangeira a nos tirar espaços da economia e porque éramos, até pouco tempo, então, dependentes da Coroa Portuguesa. Hoje, naturalmente, os tempos são outros, bem sei, mas o que enalteço nestas linhas é a capacidade de defesa dos interesses nacionais sobre aqueles que não julgarmos convenientes às questões locais. 
É claro que pouco pode se fazer –e eu não estou aqui para criticar – quanto à avalanche que temos de empresas multinacionais. Elas representam interesses legítimos e maioria delas se estabelece por sua própria competência. Não é isto que está em jogo. O que ressalto é que tais empreendimentos atendem a interesses matriciais ou mesmo cosmopolitas e nada tem a ver com as necessidades do nosso povo representado em nação. São tais interesses que repudio e evoco aqui a pátria como sendo uma alavanca para defesa dos interesses locais.
O que devemos fazer diante da desnacionalização?
Reprimir? Talvez sim. Não creio, porém, que isto, por si só, irá ser suficiente. O que expresso é a necessidade de desenvolvermos competência geral naquilo que somos mais fortes, no que sejam as nossas vocações, e buscarmos incluir nisto a preservação das rendas para o nosso povo.
O que se faz, de outro modo, é o que se fez num passado não muito distante. Os grandes capitais aqui se apeavam e tiravam todas as nossas riquezas enviando-as para seus Estados-Sede, enquanto nós ficávamos a mercê dos restos da produção e dos ganhos. É contra este estado de coisas que me rebelo.
Isto não vai de encontro a nenhum princípio comercial ou desprotege demasiadamente acordos internacionais, o que está sendo pregado é que tenhamos a coragem de afirmar que parte deste capital fique aqui para alimentar novos investimentos e não se vá sem o devido retorno para o povo nativo.
Eles, os grandes capitalistas, fazem isto, sempre fizeram, mas respeitarão aqueles que de forma concisa, objetiva, deixar bem claro que não repudia a expansão de mercados, mas que observa, entretanto, a valorização dos interesses nacionais.
Com regras claras, tudo fica muito fácil para o entendimento. O que não se deve fazer é mudar regras constantemente. O que não se aprova é um governo frouxo na economia. O que não se aconselha é um alheamento a tais interesses. Se depender do jogo dos capitalistas vencerá naturalmente o mais forte deles. Esta questão já é sabida por todos.
O nacionalismo que defendo não é anacrônico, caduco, conservador, piegas, eufemístico, vazio. Defendo um nacionalismo onde os patriotas defendam a sua pátria. Onde lute para que tais empreendimentos aqui fiquem, mas que respeitem as nossas leis.
Que desejamos, senão, a produção de riquezas e o usufruto dela pela maior parte de nossa população?
A exclusividade, o apadrinhamento, a restrição de créditos, e um sem número de privilégios, isto é que não é recomendável.
Gostar do Brasil é dizer de viva voz que queremos que a nossa riqueza fique, a maior parte dela, entre os brasileiros, pois nossa gente ainda é bastante carente de coisas mínimas.
Enquanto não deixarmos o nosso povo de barriga cheia e de dignidade na sua moradia, não podemos nos arvorar a expurgar nossos capitais, aumentando ainda mais a riqueza dos que já são ricos.
O mesmo princípio, defendo para todos os outros povos. Quantos países africanos vivem a míngua com riquezas naturais abundantes? Quantas nações na Ásia e nas Américas vivem da subtração dos seus recursos naturais que são exportados “a preço de banana” para os países investidores?
Na prática, há uma parcela significativa dessa gente que nem pátria possui, somente aquela que se denomina a sua Organização.
Basta, meus senhores, de escravidão disfarçada!
Paremos com a exploração desenfreada!
Executemos uma política de valorização nacional, sobretudo estimulando o empreendedor local a se fortalecer a ponto de competir, de igual para igual, com o grande capital estrangeiro. Isto, sim, pode ser feito.
Cadê os homens e mulheres que sentem nas veias, de verdade, o pulsar do sangue brasileiro?
Capacitemo-nos para sermos mais competitivos.
Operemos a reciprocidade de tratamento mercantil.
Façamos justiça fiscal e social.
Há muitas formas de privilegiar o empreendor brasileiro sem molestar os Interesses das grandes empresas. Um e outro podem conviver pacificamente, principalmente se a liberdade for respeitada e as regras regiamente definidas e cumpridas.
A riqueza e o trabalho devem circular para todos. Cada um a seu modo faça o melhor e assim se estabeleça, mas preservemos os interesses locais quando estes estiverem sendo vilipendiados.
Joaquim Nabuco

27.6.15

Soneto da Bondade

Aplica-te no bem ainda agora,
Nem que seja forma diminuta
E enfrentes, para tanto, imensa luta,
Vencendo comodismo que apavora...

Sai de dentro de ti, caminho afora,
E esquece a incompreensão que te perscruta,
De quem busca inspirar-se na conduta
Do egoísmo que o espírito devora...

Traze a tua moeda ou o teu pão,
E o teu sorriso ao estender a mão,
No serviço do amor e da bondade...

Não olvides que um gesto de carinho,
A quem chora no humano torvelinho
Sempre interessa mais do que a Verdade!...

Eurícledes Formiga
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã de domingo do dia 21 de junho de 2015, em Uberaba – MG).

26.6.15

ORIENTAÇÃO

"E procureis viver quietos e tratar dos vossos próprios negócios e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo temos mandado." - Paulo; I Tessalonicenses, 4:11
A cada passo, encontramos irmãos ansiosos por orientação nova, nos círculos de aprendizado evangélico.
Valiosos serviços, programas excelentes de espiritualidade superior experimentam grave dilação esperando terminem as súplicas inoportunas e reiteradas daqueles que se descuidam dos compromissos assumidos. Assim nos pronunciamos, diante de quantos se propõem servir a Jesus sinceramente, porque, indiscutivelmente, as diretrizes cristãs permanecem traçadas, de há muito, esperando mãos operosas que as concretizem com firmeza.
Procure cada discípulo manter o quinhão de paz relativa que o Mestre lhe conferiu, cuide cada qual dos negócios que lhe dizem respeito e trabalhe com as mãos com que nasceu, na conquista de expressões superiores da vida, e construirá elevada residência espiritual para si mesmo.
Aquele que conserva a harmonia, ao preço do bem infatigável, atende aos desígnios do Senhor no círculo dos compromissos individuais e da família humana; o que cuida dos próprios negócios desincumbe-se retamente das obrigações sociais, sem ser pesado aos interesses alheios, e o que trabalha com as próprias mãos encontra o luminoso caminho da eternidade gloriosa.
Antes de buscares, pois, qualquer orientação, junto de amigos encarnados ou desencarnados, não te esqueças de verificar se já atendeste a isto.
Livro - Vinha de Luz -  Francisco C. Xavier – Emmanuel - Os livros espíritas, como este vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.

25.6.15

CONCORDÂNCIAS


Questão 302 do Livro dos Espíritos
A concordância perfeita entre duas almas se mede pela uniformidade de seus graus de elevação. A superioridade espiritual é, pois, a soma de tudo o que se desperta nos sentimentos. Já falamos alhures, e muitas vezes, que o Espírito é perfeito desde a sua origem, por ter saído de mãos perfeitas e a razão nos diz que de Deus nada pode sair com imperfeição.
No entanto, ao dizermos que o Espírito é criado simples e ignorante, não queremos dizer que ele é imperfeito. Existe tudo dentro de todos para ser despertado pelas mãos do tempo, no espaço que Deus nos deu.
Há muita discussão entre os espiritualistas quanto ao ato de uma alma passar à frente da outra em grau de elevação, sendo as duas da mesma idade sideral. Os questionadores ignoram certas leis espirituais: é nesse avanço, de uma passar à frente da outra, que a simpatia diminui, por lhes faltar analogia, por diferenciação vibratória, por não se acasalarem os graus de elevação espiritual.
Com o passar do tempo, pode acontecer o contrário: a que ficou para trás tomar a dianteira. Não que seja uma disputa, nem aí entra vaidade ou orgulho; cada uma sente as suas necessidades, e aciona sua boa vontade de acordo com as suas forças. Mas o amor é sempre crescente, impulsionando a todos em direção ao amor maior, que é Deus.
Pode acontecer que um Espírito tenha tomado para sua satisfação ou escolhido, para seu maior esforço, um modelo moral e, como queiramos entender, o seu companheiro, ou sua metade temporal, tenha tomado como rumo a ciência. É claro que a simpatia por ideal esfriou entre os dois em serviço, que têm o mesmo objetivo de crescer e prosperar.
São nuances da própria vida, ambiente onde a liberdade deve e pode agir, como sendo a felicidade das criaturas de Deus. Jesus deixa que aconteça essas coisas para que os Espíritos não fiquem dependentes uns dos outros, mas, que tenham vivência com todos, para que o amor universal possa alimentar a todos na visão cósmica do Cristo. Nós só somos dependentes de Deus.
Nós, que temos a oportunidade de escrever alguma coisa para os homens, lhes pedimos que sejam diligentes no serviço que a caridade orienta, para que o amor possa se estender em todos os rumos. Se falamos para os espíritas, que nos ouçam também pelo coração. Entretanto, em vibração de simpatia, usando a argamassa do bem comum. Procuremos entrelaçar nossas mãos, para que a fraternidade avance e nos transforme todos em um punhado de estrelas inteligentes, que nunca se esquecem de Jesus em todos os trabalhos, pensamentos e idéias, ideais e vivências.
Quem não tiver receio de convidar Jesus para ser testemunha de todos os fatos da sua vida, já causa pontos de luz na consciência, e chamas de claridade no coração, de modo a mostrar para todos que é uma criatura renovada no Senhor.
 
Livro: Filosofia espírita – João Nunes Maia – Miramez - Os livros espíritas, como este vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.

24.6.15

Experiência

144 – Os fenômenos premonitórios atestam a possibilidade da presciência com relação ao futuro?
-Os Espíritos de nossa esfera não podem devassar o futuro, considerando essa atividade uma característica dos atributos do Criador Supremo, que é Deus.
Temos de considerar, todavia, que as existências humanas estão subordinadas a um mapa de provas gerais, onde a personalidade deve movimentar-se com o seu esforço para a iluminação do porvir, e, dentro desse roteiro, os mentores espirituais mais elevados podem organizar os fatos premonitórios, quando convenham as demonstrações de que o homem não se resume a um conglomerado de elementos químicos, de conformidade com a definição do materialismo dissolvente.
145 –Que dizermos da cartomancia em face do Espiritismo?
-A cartomancia pode enquadrar-se nos fenômenos psíquicos, mas não no Espiritismo evangélico, onde o cristão deve cultivar os valores do seu mundo íntimo pela fé viva e pelo amor no coração, buscando servir a Jesus no santuário de sua alma, não tendo outra vontade que não aquela de se elevar ao seu amor pelo trabalho e iluminação de si mesmo, sem qualquer preocupação pelos acontecimentos nocivos que se foram,  ou pelos fatos que hão de vir, na sugestão nem sempre sincera dos que devassam o mundo oculto.

Da  obra “O Consolador” – Espírito: Emmanuel – Médium: Francisco C. Xavier - Os livros espíritas, como este vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.

23.6.15

A IMPORTÂNCIA DA BONDADE

 Em nossas páginas deste Blog, ao longo do tempo de sua existência, temos abordado diversos assuntos – alguns – reconhecemos – até mesmo de natureza polêmica, procurando, sobretudo, provocar os pensamentos.
Conforme temos dito à saciedade, o Espiritismo, na revivescência do Cristianismo, é uma doutrina que, gradativamente, vem avançando, e há de avançar sempre – no que pese a posição excessivamente conservadora de certos confrades, que, talvez, tenham a função, inconsciente para eles, de não consentir que o seu avanço aconteça tão rapidamente que não permita, aos espíritos mais vagarosos, acompanhá-lo.
Hoje, no entanto, queremos ressaltar a importância de o espírito, esteja ele encarnado ou não, cultivar a bondade, em suas menores atitudes no cotidiano.
Chico Xavier, em determinada oportunidade, considerou com a propriedade de sempre: “Quem sabe pode muito; quem ama pode mais.”
Agostinho, o célebre Bispo de Hipona, um dos integrantes da Falange do Espírito Verdade, escreveu: “Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.”
A bondade é a expressão mais imediata do amor, acessível, em seu exercício, a todo e qualquer espírito que deseje começar a vivenciá-la em relação ao próximo.
Amar – pelo menos, digo isto em relação a mim, um pobre coitado! – é muito difícil – sinceramente, de minha parte, a não ser em Jesus Cristo, não sei a quem eu poderia apontar como sendo indiscutível modelo de amor.
Perdoem-me caso, porventura, vocês conheçam alguém que eu não conheça, e, sinceramente, gostaria de conhecer pela sua capacidade de amar.
Conheço inúmeros “saberetas” – dentro e fora do Espiritismo – muita gente de relativa culta, erudição, que prima pela inteligência, que, às vezes, presume saber mais do que realmente sabe. Creio que, no que tange a real sabedoria, Sócrates, o pai da Filosofia, tenha feito quase tudo mundo se calar, quando afirmou: “Só sei que nada sei.”
Entretanto – voltando ao assunto –, conheço muito pouca gente que notadamente se esforce no campo da bondade humana – não da Bondade Divina! Da bondade humana – repito.
Treinar a virtude da bondade, ou tal qualidade, na nossa impossibilidade atual de santidade, é algo que, de fato, deveria nos preocupar – cotidianamente. E isto se nos faz perfeitamente possível através de pequeninos gestos – mesmo porque de maiores gestos, talvez, não sejamos capazes.
Importante que procuremos reter conosco o conteúdo elucidativo de um livro, seja ele de ordem mediúnica ou não. Mas, importante também que, de todas as suas páginas, pelo menos um de seus parágrafos, ou uma de suas frases, nos inspire a sermos melhores do que somos.
Neste sentido, surge a CARIDADE – A ESCOLA DO CORAÇÃO!
Façamos a força que nos seja possível, até em certo revolver de entranhas, para vencer a enorme distância que nos separa de nossos semelhantes, pois ela ainda é muito maior do que pensamos.
Para começarmos, além de estendermos a moeda ao mendigo do semáforo, que, anonimamente, sempre nos aborda, na primeira oportunidade, perguntemos a ele o seu nome – e, em vez de fazermos mal juízo de sua condição de mendicante, tentemos nos penalizar de sua situação de carência material, e, muitas vezes, moral.
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” – para estimulá-los a procurar o texto – aliás, como eu mesmo fiz – não vou dizer em qual capítulo –, há uma frase que ensina como os cristãos podem ser identificados: “Reconhecê-los-eis pelo perfume de caridade que espalham em torno de si.” Não sei por que, tal sentença sempre me remete a Chico Xavier, e, até hoje, fico me perguntando se o perfume que emanava ao seu redor pertencia mesmo a Scheilla!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba, 21 de junho de 2015

22.6.15

Encíclica Verde

A natureza é bem de todos. Quem não entende desta forma está traindo a Criação. Se sou veemente nas minhas palavras é para lembrar que esta Casa que moramos, chamada Terra, é propriedade geral e que devemos, cada um, fazer a nossa parte para ela seja benéfica para todos.
Não podemos estragar a oportunidade de levar o melhor que temos para a nossa habitação maior. A Terra é preciosa, não deve ser invadida por lixo demasiadamente. Quando assim me expresso é porque chamo lixo a tudo quanto o homem produz e não pode mais aproveitar, porque há vida no lixo, então devemos, ao máximo, retirar das sobras o que pode ser aproveitado.
Esta reivindicação não é nova e as grandes empresas e os principais países do mundo já despertaram para a necessidade do cuidado global.
Quando vemos a publicação, nesta semana, da chamada “Encíclica Verde”, pelo nosso Papa Francisco, fico absolutamente feliz em ver a dedicação deste homem de Deus para que a Terra continue a ser um depositório de bondades e não de restos.
A Encíclica é completíssima. Teve a preocupação, o Santo Papa, de dar contornos globais e integrais àquela Carta.
Entendeu que o homem é o grande responsável pela vida na Terra, toda a vida, e não apenas a dele. Considerou que ele deve fazer de tudo para que a morada do Pai seja preservada em tudo.
Concebeu, também, aquilo que denominou de Ecologia Integral. Ora, tudo que está envolvido com a paz planetária, seu equilíbrio, sua harmonia, deve a nossa atenção. Portanto, vai além das expectativas ambientais, vai ao encontro, inclusive, da nossa espiritualidade.
O quanto é atual pensarmos que somos cidadãos do mundo e não apenas do nosso bairro que moramos, mas será nele, a começar da nossa própria casa e da nossa própria rua, que começaremos a exercitar o grande equilíbrio de tudo. Quando fazemos a nossa parte, onde residimos, estamos dando a nossa contribuição para o equilíbrio geral.
A Carta Verde especifica também uma ação maior pela ecologia e, para isso, neste apelo, propõe que haja um processo permanente de educação para a ecologia integral. Todos são responsáveis, mas todos devem estar conscientes de qual é o seu papel no grande equilíbrio das coisas.
Mas o Papa Francisco vai mais longe. Propõe que todos nós, independentemente do nosso credo religioso, seja um ativista ambiental. E não poderia ser diferente. O mundo pede socorro, o próprio homem de maneira destrutiva provocou danos ambientais, muitos deles, difíceis de reversão.
Ora, se não houver um engajamento geral não poderemos obter os resultados desejados. Que já esta geração possa fazer a sua parte para que as gerações vindouras continuem este trabalho de recuperação ambiental, pois se o homem sequer puder respirar como poderá ele viver?
A preocupação, portanto, com a sustentabilidade do planeta é dever de todos e deve estar no centro das preocupações em todos os níveis daqui por diante, que ela seja levada em consideração em todas as decisões, seja no nível individual, seja no nível global.
Lembra o Papa Francisco, magnamente, de que tudo isso já havia sido preconizado pelo Nosso Senhor Jesus Cristo que demonstrou sempre profunda intimidade com o meio ambiente, do qual por tanta amizade, poderia até produzir fenômenos na natureza.
Evoca a figura sempre presente nas questões ambientais da Igreja do nosso querido Francisco de Assis, do qual se inspira para denominar a sua Encíclica. 
“Louvado Sejas”, Francisco, na defesa desta bandeira que é de todos nós, mesmo aqueles que estão fora da vida física.
“Louvado Sejas”, Jesus, para que teus ensinamentos de preservação da Casa do Pai seja lembrando sempre por todos os teus irmãos de caminho.
“Louvado Sejas”, meu Pai, pela grandiosidade que colocasse em nossas mãos para que possamos cuidar com zelo e dedicação da nossa Mãe-Terra.
É tamanha a beleza de tua Criação, como é perfeito e belo tudo que fizeste e nos presenteaste.
Que possamos valorizar cada detalhe da tua Criação, Pai, e ao admirá-la dizer para nós mesmos: isto tem que existir para sempre.
“Louvado Sejas”, você, que já despertou para esta verdade plena e age, todos os dias, como irmão da natureza.
Paz em tudo,
Helder Camara
Acesse a Encíclica Verde  

21.6.15

Saudação à Paris
Paris, 14 de junho de 2015.
 O quanto guardo de alegria ao me lembrar do primeiro dia que pus os meus pés na bela França, em particular em Paris.
Todos nós possuímos, pela força das histórias trazidas nos livros e pelo hábito que se tinha na minha época de estudar a língua francesa, uma enorme admiração pela França. Admiração esta justificada pela beleza, incansável de ver de todo o País, mas, sobretudo, pelo grandioso trabalho de edificação de uma nova civilização a partir dos valores lá disseminados como meta da sociedade humana: liberdade, igualdade e fraternidade.
O que é viver em liberdade? Será que temos realmente liberdade? Claro que não. Ainda estamos presos por um sistema que nos dá uma falsa sensação de liberdade. Como podemos nos definir como livres se possuímos amarras econômicas que nos subtraem o direito de ir e vir? Como podemos nos dizer livres se o nosso sistema político ainda é viciado e que somos forçados a escolher sempre os mesmos?
A igualdade ainda é um sonho distante, pois o que mais há ainda neste mundo é desigualdade. Cada dia que passa mais gente fica mais rica e uma porção maior da população mundial continua mais pobre. A distância entre ricos e pobres continua sendo gigantesca e os mecanismos sociais e econômicos só nos fazem aumentar estas disparidades.
A fraternidade é um horizonte possível, mas da mesma forma distante, pois se existisse, de fato, teríamos mais liberdade e igualdade, haja vista que o homem não ficaria satisfeito com as desproporções existentes. É, porém, um sentimento que avança, apesar da força grande que ainda é o egoísmo humano.
Mas foi na bela França, particularmente em Paris e em seus arredores, que se viveu esta efervescência dos ideais da humanidade. 
Danton, Robespierre, Marat e tantos outros baluartes daqueles dias lutaram por uma sociedade mais justa, mas eles mesmos, na febre revolucionária, no seu conjunto, perderam o senso da razão que tanto propagavam e se autodestruíram. As raízes, porém, daqueles fundamentos se mantiveram vivas e contagiaram os ideais políticos da humanidade.
Estes ideais continuam permanentes e representarão, por um bom tempo, as esperanças dos seres humanos na construção da uma civilização melhor.
Enquanto isto não ocorre, bebamos no ar das ruas e monumentos parisienses o sentimento libertador que viveu aquela gente e que pode ser absorvido pelas almas mais sensíveis que passeiam pelos seus bosques e que se deparam com as suas praças que simbolicamente evocam aqueles dias.
Avancemos, irmãos, para a criação de um mundo melhor, pois esta é a razão de ser de todos nós, ser participantes desta obra de Deus na Terra.
Esta é a revolução a ser perseguida todos os dias.
Avante, França!
Avante todos!
Helder Camara.

20.6.15

ALÉM DO HORIZONTE

Muito além do horizonte, muito além
Do infinito azul que cobre a Terra,
Um lugar majestoso se descerra,
Na singular beleza que ele tem...

 
Novo mundo no qual não há mais guerra,
Na paz inalterável que sustém,
Com todo mal já convertido em bem,
Na vivência do amor a que se aferra...

 
Este imenso cenário de aquarela,
Que não traduz palavra por mais bela,
É a Morada do Cristo incontroverso...

 
E espíritos translúcidos, felizes,
Ouvindo Dele as sábias diretrizes,
Espalham Suas bênçãos no Universo!...

 
Eurícledes Formiga
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã de sábado do dia 13 de junho de 2015, em Uberaba – MG).

19.6.15

Não Sou Santo - III
O que somos?
A pergunta se torna pertinente para podermos dar uma direção nas nossas vidas.
Muita gente pensa que é aquilo que vê. O mundo se resume aos sentidos físicos. O que vejo, o que toco, o que percebo, é o mundo e nada mais.
Outros – e graças a Deus que não são poucos – acreditam que são bem mais do que uma simples carcaça de carne e ossos.
Esta constatação já representa alguma coisa, mas não é suficiente para os planos do Pai.
A constatação é um primeiro passo para se chegar às alturas, mas é apenas um primeiro passo. Importante, mas um avanço inicial.
O processo que nos leva a espiritualização é algo grandioso e o tempo é o grande senhor para nos levar a não sabemos onde.
O que guarda esta distância até nós é uma imensa esperança, pois se não sabemos até onde vamos parar, somente a esperança para nos dizer que um dia poderemos chegar lá, certamente mais perto do Pai.
Este desenvolvimento exige esforço, muito esforço, e uma perseverança de grandes proporções.
Os santos, os verdadeiramente santos, hão de alcançá-lo, mas isto representa o esforço de séculos, de milhares de anos, talvez de um trabalho infinito.
A santidade possivelmente significa o encontro com a sua própria luz interior que é Deus. Ao nos encontrarmos com o deus que existe em nós, neste dia, seremos santos e santas.
Esta perspectiva da santidade é algo inimaginável ainda para o ser humano. Não podemos alcançar tamanho progresso espiritual com as limitações que ainda possuímos, mas ter uma ideia desta perspectiva já é alguma coisa.
Os santos do mundo são, por mais que pareçam grandiosas as suas proezas, irmãos em estado de evolução, pessoas dedicadas ao seu autocontrole interior que já perceberam o quanto possuem para evoluir para se encontrarem com o Pai.
São Tomás de Aquino, o grande pensador da Igreja Católica, atribuía à santidade um sentido metafísico, mas alcançável. Na sua visão, o homem poderia sim ser santo desde que estivesse em permanente contato com Deus. Está certo em suas palavras e no seu raciocínio, mas quando é que estaremos neste contato permanente com o Criador Deus Pai?
A vida nos traz muitas felicidades, uma delas, no meu caso, foi a possibilidade de arregimentar forças para trabalhar em função dos meus irmãos de caminho, a grande causa da minha última existência que, na condição de padre, foi a minha obrigação. Encontrar neste trabalho diuturno uma razão para viver foi a minha grande ventura, mas daí coroar-me com um título magnífico, perdoem-me, irmãos bondosos e carinhosos comigo, há enorme distância.
O que faço neste plano que estou é o mínimo diante daquilo que se agiganta em mim de necessidade. Falava, em vida física, destes desafios, mas quando me deparo com a realidade neste lado da vida é que percebo o quanto ainda somos insignificantes nos Planos do Senhor.
Incomoda-me o título? Sim. Apesar de entender o que ele representa para todos. Passar a carregar esta responsabilidade tendo consciência da sua miserabilidade humana é algo por demais preocupante – no mínimo.
A todos os idealizadores desta iniciativa, dedico o meu agradecimento de coração, a minha sincera gratidão, mas não posso aceitá-lo, não posso vê-lo com bons olhos, porque seria a confirmação de uma condição em que estou a dever – e muito – na distância dos dias.
Peço que revejam, se possível, tal ordem de coisas, mas como será difícil acreditar nas palavras que aqui escrevo, fiquem conscientes que todos aqueles que estão no panteão da santidade têm um terrível incômodo a arrastar. 
Os homens necessitam despertar, de uma vez por todas, para a sua condição espiritual e, diante dela, verificar o quanto lhes falta, como disse o Nosso Senhor Jesus Cristo, para estar em unidade com o Pai.
Enquanto isto, que Deus, o maior de todos, a santidade por excelência, proteja a todos nós.
Amém!
Helder Camara

17.6.15

SIMPATIA

Questão 301 do Livro dos Espíritos.
 
Duas almas simpatizam uma com a outra devido os pendores, suas afinidades de sentimentos, seus ideais idênticos.
Nunca dois Espíritos simpáticos o são por um completar o outro. Se assim fosse, desapareceria a individualidade dos seres e a liberdade que tanto almejamos deixaria de existir.
O dever do cristão é, principalmente, alongar seus entendimentos para conhecer mais um pouco da verdade, porque somente ela nos libertará da ignorância que ainda existe dentro de nós.
Toda afeição vem de condicionamentos iguais, de vibrações idênticas, de comportamentos análogos, que com o tempo podem deixar de existir entre dois Espíritos, devido às mudanças que se processam no íntimo de cada um. Isso é comum, tanto entre encarnados, como no mundo dos Espíritos; no entanto, quando acontece com duas almas elevadas, somente se modificam os ideais na sua execução, ou por tarefas diferentes serem escolhidas, mas, o amor, força divina na divina esfera que habitamos, sempre se amplia para alcançar a universalidade maior.
Podemos observar uma simpatia mais profunda nos namorados, noivos e no casal; nesses momentos, um se identifica tanto com o outro que passa a haver uma dependência na sutileza que nos cabe analisar. Se eles fossem conscientes desse fato, não deixariam a simpatia se aprofundar tanto, porque quase sempre vêm certos distúrbios com o passar do tempo. Em raros casos, e quando a simpatia é espiritual, ela permanece, com fortes pendores ao amor verdadeiro, que deve agregar para sempre. Mas, na maioria dos casos, a concordância de idéias e sentimentos vibrando somente no físico vão se esfriando, e nota-se os desastres morais que se vêem todos os dias nos casais. Vêm as separações e se acumulam os infortúnios. Todo extremo no mundo é perigoso; ele cega os extremistas, levando-os a situações indesejáveis.
No alcance cristão que a Doutrina dos Espíritos se empenha a nos levar, conduzindo-nos com a segurança a tudo sentir e irradiar sem exagero dos sentimentos, há grande necessidade de duas almas se unirem na Terra para continuação da espécie, e dar oportunidades aos Espíritos voltarem à carne, grande escola de aprendizado. Mas tudo isso deve transcorrer com determinado equilíbrio nas linhas da ponderação, porque quase todos se encontram nos lares, para corrigir distúrbios do passado, e dilatar conhecimentos na garantia do futuro. O lar é uma célula de vida que sustenta a sociedade.
Devemos criar amizades duradouras e afeição espiritual, de modo que o amor e a fraternidade encontrem ambiente para crescer e prosperar com o Cristo de Deus no coração. A finalidade da vida é a harmonia em tudo, para que tudo nos ajude na paz de consciência.
Estendamos a nossa compreensão, sem escolha de lugares e pessoas; estendamos o nosso amor, onde quer que estejamos, e deixemos a caridade do exemplo no bem atingir todas as criaturas, sem exigências. Eis aí nossa parte na vida, porque, se fizermos a nossa parte com Deus e Cristo, a deles já foi feita. Obedeçamos às leis, que elas nos protegerão para sempre. Aumentemos a simpatia pela criação divina, a fim de nos sentirmos e nos alimentarmos na harmonia universal.
 
Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia - Miramez

16.6.15

TRANSPARÊNCIA E VULNERABILIDADE
 
Muito difícil que, aos outros, alguém possa se mostrar qual é sem sofrer alguma espécie de retaliação.
Quase impossível que, emocional e intelectualmente, alguém se desnude sem receio de se revelar a uma sociedade repleta de preconceitos, e, a partir das religiões, extremamente moralista e castradora.
Compreensível, pois, que, até certo ponto, em relação às pessoas com as quais conviva, você adote uma postura de autodefesa – para, pelo menos, não ser comido vivo por elas.
Não estamos – óbvio – nos referindo a nenhuma espécie de máscara afivelada ao rosto, com a qual escolha viver sob tão rotineiro disfarce, que você próprio, mais tarde, não se reconheça, perdendo, assim, a sua identidade.
De muito poucos você poderia se aproximar na Terra ousando ser você mesmo, sem que recebesse rótulos alienantes – porque, infelizmente, poucos, ou pouquíssimos, são capazes de amar incondicionalmente – amar sem julgar, sem condenar, sem recriminar, sem humilhar, e até sem mais graves atitudes de violência. (como, por exemplo, atirar homossexuais do topo dos prédios, e, ainda, com as mãos cheias de pedras, esperá-los lá embaixo para, caso não tenham morrido da queda, acabar de assassiná-los)  
Não se trata de pessimismo, mas se você colocar o seu coração numa bandeja, entregando-o indiscriminadamente, correrá sério risco de ter os seus sentimentos espezinhados ou menosprezados – mesmo em se tratando de familiares consanguíneos próximos.
O que não se concebe, ou melhor, não se compreende, e deve ser algo inaceitável para você, é que, no intuito de dissimular a sua realidade interior, você viva enganando a si mesmo – mentindo a si próprio!
Crer-se virtuoso quando não seja, é uma ilusão terrível – das piores que pode acometer o espírito.
Não possuir, ou não se buscar possuir, consciência dos próprios limites, é estado de inconsciência dos mais doentios, que, inclusive, pode vir a ser causa de delírios e alucinações.
Você não tem a obrigação de deixar que, devassando-lhe as entranhas, os outros o conheçam, no entanto, tem, sim, a obrigação de se conhecer, sempre com maior lucidez, a partir da qual tenha condições de trabalhar as suas fragilidades e... superá-las.
Procure, pois, não desencarnar fazendo de sua vida uma mentira para você mesmo.
Não pense que a sua transparência possível no relacionamento com os semelhantes possa torná-lo frágil – as pessoas, em geral, para que se animem a fazer o mesmo, estão carecendo de exemplos de maior autenticidade.
Paulo, escrevendo aos Coríntios, no capítulo 12, versículo 10, grafou com perspicácia: “... quando sou fraco, então é que sou forte.”
Não nos esqueçamos do que nos ensina Jesus: carecemos de edificar a nossa casa íntima sobre a rocha da sinceridade, e não sobre a areia da falta de caráter.
O espírito, até quando erra, pode ser grande.
Fora com qualquer sentimento de autopiedade.
Preocupe-se com isto, não consentindo que, na ampulheta do tempo, um só dia escoe sem que, com o auxílio da consciência, você realize ainda que ligeiro exercício de transparência.
Não se habitue a enganar aos outros e a você – isso é um vício pior que cocaína!
A reconciliação que Jesus nos solicita buscar com os adversários é tão importante quanto à reconciliação que precisamos promover conosco – reconciliemo-nos, pois, conosco, na aceitação do que estejamos sendo, e sigamos adiante para que, um dia, venhamos a ser o que somos em nossa essência última.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 15 de junho de 2015.

14.6.15

O ENSINO DA RELIGIÃO

"Todo o escriba instruído no Reino dos Céus é semelhante a um pai de família, que do seu tesouro tira coisas novas e velhas".          (Mateus, XIII, 52. )
Depois da exposição das sete parábolas comparativas ao Reino dos Céus e a sua aquisição, Jesus, para melhor gravar no ânimo de seus discípulos a necessidade do estudo de toda a Religião e de toda a Filosofia em suas fases evolutivas do saber humano, comparou todos os fatos e teorias que deles ressaltam e a História registra, com um tesouro, que o um pai de família possui e onde existem moedas velhas e moedas novas, bens antigos, mas de valor, e bens de aquisição recente, constituindo todos o mesmo tesouro.
Há muita coisa velha que não se pode desprezar, assim como há muita coisa nova que não podemos pôr à margem, sem prejudicar nosso tesouro.
É assim a religião.
Ela não consiste só nas aquisições do passado, mas na recepção dos fatos e idéias presentes e futuras, que a enriquecem.
A religião de Jesus é uma religião de progresso, de evolução, e, não, de paralisação.
O próprio Cristo disse: "Muitas coisas tenho para vos dizer, mas não as podeis suportar agora; porém, quando vier o Espírito da Verdade, ele vos guiará em toda a verdade; vos fará lembrar tudo quanto vos tenho dito e vos anunciará as coisas que estão para vir". (João, XVI, 12-13).
Aqueles que limitam a religião a um artigo de fé ou a um dogma, desvirtuam os seus princípios, paralisam a sua marcha, extinguem finalmente, a chama sagrada que deve sempre arder ao impulso de renovados combustíveis.
Nas ciências, nas artes, nas industrias, o homem progride não só mantendo os velhos conhecimentos que não são senão os elementos primordiais para novas formas que a eles se adaptam, como também pelas novas aquisições com que engrandecem o seu saber.
O mesmo se dá na religião. A religião primitiva, revelada a Abraão, não prescrevia ordenação, mas se limitava a ensinar ao homem a existência do Deus único, ilimitado em atributos, Criador de tudo quanto existe.
A esta, seguiu-se a doutrina do Sinai, que, confirmando a primeira revelação, ampliou seus ditames com as prescrições morais observadas no Decálogo. Entretanto, a religião não estancou aí o seu manancial, que se avolumava constantemente, pois a fonte viva da revelação jorra sem cessar. E assim como à Revelação Abraâmica seguiu-se a Revelação Moisaica, a esta sucedeu a Revelação Cristã.
Quase dois mil anos depois de Moisés, veio o revelador vivo da doutrina do amor, que, longe de revogar esta lei, afirmou que lhe vinha dar cumprimento.
Tudo o que precede do amor prevalece desde o começo e prevalecerá eternamente: é "palavra que não passa". Tudo o que não é do amor, não pode fazer parte da lei e passará, assim como passa a erva e como passa tudo o que não é permanente.
O "escriba instruído no Reino dos Céus" sabe muito bem que no grande tesouro da religião há moedas velhas e moedas novas de amor, que constituem a sua riqueza; por isso, para beneficiar seus filhos, tira desse tesouro as moedas de que necessita e com as quais enriquece os que lhe estão sujeitos.
Não há religião cristalizada: a verdadeira religião é progressiva. Aos velhos conhecimentos ajunta outros novos, à medida que, pelo nosso esforço, nos preparamos para recebê-los. Essa medida, a seu turno, dilata-se com a nossa boa vontade, pelo estudo, pela pesquisa, pela investigação e por meio da prece, que nos põe em relação com os Espíritos superiores encarregados de auxiliarem nossa evolução espiritual.
Não pode ser de outra forma, porque a religião não se limita à Terra; ela se estende a todos os mundos planetários e interplanetários, a todos os sóis, a todas as constelações e dilata-se pelo Universo inteiro, onde seres inteligentes vivem, estudam, amam e progridem!
Cada um tem o seu grau de evolução, que é tanto maior quanto mais intensa é a vontade, o desejo do estudo e do progresso, e ninguém pode assimilar conhecimentos superiores à sua inteligência e ao seu grau de cultura moral e espiritual.
Foi por isso que Jesus disse a seus discípulos, como se depara no capítulo XVI, 12, 13, de João: "Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da Verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que estão para vir".
Este trecho é característico e plenamente demonstrativo do que afirmamos: a religião não é um punctum stans, uma divindade imóvel, mas sim um punctum fluens, fonte viva, que jorra incessantemente água pura e cristalina! E assim como as revelações não cessam: à Abraâmica sucedeu a Moisaica e a esta a Cristã, a Revelação Espírita, que é a revelação das revelações, como complemento da Revelação Messiânica, vem trazer aos homens, novos conhecimentos filosóficos, novos conhecimentos científicos, novos conhecimentos religiosos, todos oriundos dessa fonte, cujo manancial se tem mostrado inesgotável através dos séculos!
E o "escriba instruído do Reino dos Céus" sabe muito bem disso; por esse motivo, e também porque, cauteloso, não deixa de adquirir conhecimentos com os quais enriquece o seu tesouro, dele tira coisas novas e velhas, como faz o bom pai de família, para instruir aos que lhe estão afetos.

Livro Evangélico Espírita: Parábolas e Ensinos de Jesus de Cairbar Schutel

13.6.15

RESPOSTA

Oh, mundos que rolais na Imensidão,
Quem determina a eterna trajetória,
Que descreveis na senda meritória
E vos mantêm suspensos na amplidão?!...

Astros que resplendeis na escuridão,
Quem vos concede a luz de excelsa glória,
Com que grafais a vossa própria história
No livro do Universo em expansão?!...
 
Estrelas que fulguram no Infinito,
Por lampadários neste céu bendito,
Quem vos acende aos crentes e aos ateus?!...
 
Descendo das Alturas à minh’alma,
Diz-me uma voz com reverente calma:
- Tudo isto, meu irmão, quem fez foi Deus!...
 
Eurícledes Formiga
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã de sábado do dia 6 de junho de 2015, em Uberaba – MG).