3.9.09

De Allan Kardec até o advento do Espiritismo - 7


Em 1869 Hipolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec) fazia os preparativos para a mudança de seu domicílio e da Livraria espírita, trocava com sua esposa idéias de mais trabalho, quando sentiu que seu coração entrou em franco descompasso e nos braços de sua dedicada esposa Gabi, vem a falecer, vítima do rompimento de um aneurisma.
Resignados pela fé e pela certeza da imortalidade, muitos dos discípulos de Kardec vieram de todas as partes para vê-lo e acompanhar o seu corpo físico ao cemitério de Montmarte, onde foi sepultado com simplicidade e sem pompas.
Apesar da idade avançada (74 anos), Gabi se entregou ao trabalho de divulgação do Espiritismo com profundo devotamento, como que completando o que o próprio Kardec não pudera fazer enquanto encarnado, continuou com os trabalhos de caridade e correspondência, pois conhecia os planos de Kardec e tinha herdado os direitos das obras publicadas e da Revista Espírita. Contava Gabi com a ajuda de seu amigo Leymarie, que a ajudava nos trabalhos da Livraria, e foi ele que um dia descobriu, numa gaveta emperrada da Livraria, um manuscrito de Kardec com uma das mais expressivas obras, que veio a ser editada em 1890, com o título sugerido por Gabi de Obras Póstumas. A obra foi publicada depois da morte do autor, mas nem por isso, têm menos importância que as demais quando Kardec achava-se encarnado. Dentre outros, aqui estão textos como Causa e Natureza da Clarividência Sonambúlica e Estudo da Natureza do Cristo. O leitor espírita notará que o volume como que completa a vasta obra de Allan Kardec.
Aos 87 anos Gabi sentindo que suas forças começam a faltar, reúne seus amigos e pede que seu enterro se faça de maneira simples e espiriticamente, mas em 21/01/1883, com a idade de 88 anos, ela retorna ao plano espiritual, sem deixar herdeiros diretos. O seu cortejo fúnebre foi acompanhado por uma multidão de pessoas humildes e sinceras, as quais dela vinham se despedir no cemitério Père-Lachaise, mostrando o quanto ela era estimada, e pouco depois, na coluna do túmulo que suporta o busto de Kardec, foi gravado o nome Amélie Gabriele Boudet.
O Espiritismo prosseguiu e vem tendo prosseguimento com as obras de Camille Flammarion, Ernesto Bozzano, Gabriel Delanne, Leon Denis e no Brasil nós pudemos contar com as obras de Bezerra de Menezes, Divaldo Pereira Franco, Francisco Cândido Xavier, e tantos outros, que seriamos injustos, não conseguindo lembrar todos, isso vem mostrando que a doutrina não veio pronta num pacote fechado, e vem sendo mais bem detalhada conforme o homem encarnado vai se desenvolvendo.
Tivemos nesses 152 anos desde o lançamento de O Livro dos Espíritos, um desenvolvimento formidável da ciência, que nesse período se tornou extremamente materialista. Isso foi necessário para uma completa desvinculação da religião tradicional, mas hoje a ciência chegou ao limite da matéria, e por falta de matéria passou a estudar a energia que deu origem à matéria. Com isso cada vez mais se aproxima a ciência do Espiritismo, sem conseguir refutar seus conceitos. A ciência usa uma linguagem diferenciada da Espírita, como a Física Quântica, por exemplo. Cedo ou tarde Ciência e Espiritismo chegarão a uma concordância, que com auxilio da doutrina evangélica do Espiritismo, teremos então, uma moralização do conhecimento e o conhecimento científico passará a ser usado no bem comum, deixando de ser apenas uma ferramenta de domínio sobre as pessoas menos favorecidas, como vemos tão comumente nos dias de hoje.
Esta série de artigos foi escrita após a consulta de vários livros, mas a coluna mestra foi baseada no livro “Gabi e Kardec” do médium Roque Jacinto.




Antonio Domingos Barana