31.8.15

Não Sou Santo - IV

Aos irmãos de perto e de longe saúdo com a Paz e o Bem!
Sim, estou vivo e não gostaria que minha vivência terrena torne-se estanque no que se refere ao que fui e fiz. Certo é que deixei meus cargos e hoje tenho outras ocupações. Porém, não é o meu desejo que fiéis da Igreja Católica Apostólica Romana se ocupem ou preocupem em pensar ou provar se sou santo.
Santidade é algo que não se almeja. Lembrem da novela Roque Santeiro, que de santo não tinha nada. No final, o próprio sentia-se pequeno demais frente ao que acontecia ao redor. Ele era incapaz de frear as mentes acostumadas com os benefícios das graças do santo local.
Ora, não há monte santo, vale santo, rio santo, água santa, pedra santa, árvore santa, e por aí vai. Cidade santa? Que é isto? Agora, pensar: há homens justos nos locais em que vivem?
O Novo Testamento diz da bondade de Deus. O Antigo Testamento revela que o justo vive da fé. O Salmo reza que justiça e paz se abraçarão.
Apelo para os irmãos estudiosos que pensem no povo das regiões onde fui Bispo, Arcebispo. Como? Sou Pastor do jeito de Cristo. Não quero ser um mercenário. Não posso ser um doador de graças. Nem o Cristo pode. Vejam na passagem do Evangelho onde Jesus conta a parábola das Jovens imprevidentes. Queriam ir ao esposo e não tinham óleo suficiente em suas lâmpadas; cochilaram e ficaram com a porta na cara.
Sim! É uma justiça praticada pelo jovem que não cede frente aos apelos descabidos. Tanto é que algumas moças entraram porque estavam ligadas no momento presente e bem abastecidas para a cerimônia e vida que abraçariam no momento do chamado do seu senhor.
Assim também somos em vida na carne. Não há como ser previdente pelo outro. A chama a nós confiada cabe a cada um cuidar. Ao esposo compete chamar-nos e conduzir-nos daí por diante.
O que posso fazer é admoestar a cada um que pense e estude com cuidado os documentos do Concílio Vaticano II. Lembrando do Ecumenismo e Diálogo com as outras religiões e crenças.
A Liturgia já avançou muito. Não rezamos mais de costas para o povo e em latim. Voltamo-nos pra os irmãos e comunicamos a Boa Notícia na língua que o povo fala. O Altar é o ponto central duma assembléia reunida para a Eucaristia. Onde todos somos Um. Mas, há! Nas celebrações do Início do Terceiro Milênio de Nosso Senhor Jesus Cristo tivemos fatos curiosos em ano Jubilar como pedir a volta das indulgências e em contrapartida a ânsia de crescer à plena estatura do Cristo (Ef 4,13).
Minha gente! Pensar em mim como um Pai; vá lá.
Pensar em mim dum jeito solene? Fica meio confuso para a gente simples.
A gente ficava sem jeito quando alguém vinha beijar nossa mão. Ainda bem que já não temos o costume de beijar os anéis, nem tão pouco nos ajoelharmos frente a um soberano. Não são os gestos externos que nos diferenciam nem fazem de quem os pratica melhores ou piores. O que eu quero é que sigam fazendo o bem ao povo do Recife. Reúnam-se em Assembléia para lembrar dos personagens queridos da região, homens e mulheres de fé, independente do credo ou situação financeira. Falem de Cristo, conversem com Cristo. Discutam, debatendo soluções para problemas comuns.
Estejam abertos à novidade. Estarei com vocês na comunhão dos santos, ou seja, na reunião dos irmãos ao redor da mesa da partilha fraterna.

Paz e Luz!

Helder Camara

30.8.15

A Verdade
O que esperar da verdade? 
Será que ela vai aparecer assim, irradiante e fiel, ou teremos nós que conquistá-la passo a passo?
Penso que a verdade é conquista permanente e infinita, não há tempo determinado para adquiri-la. Podemos, é certo, acessá-la cada vez mais e aí conseguirmos avançar no progresso individual e coletivo.
Mas o que é a verdade para uns hoje não representa para outros. É como se a luz que alumia um não iluminasse ao outro, pois ele não consegue percebê-la. Sua verdade, portanto, é outra, não bate com o seu dialogador.
E assim se passa mundo afora. As verdades se entrecruzam, se dilaceram, se rebatem, mas é desse jeito que ela floresce, no apertar dos raciocínios, no abafar das críticas, na elucidação dos conflitos.
A verdade maior existe, mas nós não a conseguimos abraçá-la ainda, então devemos nos contentar com aquela em cujas nossas mãos podemos apalpá-la.
Se divergimos com alguém, é provável que um dos dois esteja com a razão dos fatos. Ou nenhum deles. Ou teremos apenas uma visão parcial da realidade. Não podemos, contudo, é nos acomodar com a verdade que nos basta neste momento imaginando que outra não há.
O progresso humano somente se faz porque há homens inquietos, mentes borbulhantes, raciocínios fugazes. Se a humanidade manifestasse contentamento pelo que tem em suas mãos haveríamos, é bem provável, de estar um pouco além da época das cavernas.
Se possuímos hoje o ímpeto do progresso é porque o homem percebeu que à medida que pensa no mais além outras possibilidades lhe abrem as portas da mente.
É por essa razão que imaginar que todo o conhecimento até o momento se finda é saber bem pouco da realidade humana.
Somos incansáveis em querer mais e, por causa dessa atitude indômita, avançamos a patamares atuais e ninguém, por mais informação que possua, poderá imaginar qual será realmente o nosso real desiderato.
Nos círculos em que vivo, no mundo dos espíritos, tenho abraçado tantos conhecimentos que sequer passavam à minha mente quando entre vós. Nunca haveria de imaginar um mundo tão desconhecido e fascinante como este.
O mundo dos espíritos, os desprovidos de corpo físico, nos demonstra um estado de coisas que ainda precisamos desenvolver em nossas mentes e em nossos corações. São tantas as possibilidades, são imensos os segredos, são intangíveis os mistérios.
Quem pensa, tão somente, no mundo dos mortais da carne, é deverasmente tacanho e improvável que vá escutar as nossas vozes.
Os espíritos têm muito a dizer, mas se atêm ao que é possível dizer, até porque se disséssemos realmente o que vemos do lado de cá da vida seríamos absurdamente mal interpretados, se é que seríamos compreendidos pela maioria das gentes.
De certa forma isto é bom. O exercício da busca da verdade faz o homem sair da sua cadeira de conforto e adentrar a mares antes nunca navegados.
São tantos os conhecimentos a adquirir.
São tantos os mistérios a descobrir.
São tantos os esconderijos a encontrar a verdade.
Dia haverá em que os homens estarão mais avançados do que hoje e se embriagarão pela imensa corrente de ideias sobre o porvir da vida.
Enquanto isto não acontecer, contentemo-nos em dividir o que já alcançamos. Se fizermos isto haveremos de multiplicar o conhecimento da verdade possível e muitos sairão ganhando com isso.

Joaquim Nabuco

29.8.15

A CARIDADE PARA COM OS CRIMINOSOS.
    Problema moral.
    Um homem está em perigo de morte: para salvá-lo é preciso expor a sua própria vida; mas sabe-se que esse homem é um malfeitor, e que, se dele escapar, poderá cometer novos crimes. Apesar disso, deve-se expor para salva-lo?
    A resposta seguinte foi obtida na Sociedade Espírita de Paris, a 7 de fevereiro de 1862, médium Sr. A. Didier:
    Esta é uma questão muito grave e que pode se apresentar na­turalmente ao espírito. Responderei segundo meu adiantamento moral, uma vez que a isso estamos sujeitos, que se deve expor a sua própria vida por um malfeitor. O devotamento é cego: socorre-se um inimigo, deve-se, pois, socorrer mesmo o inimigo da sociedade, um malfeitor, em uma palavra. Credes, pois, que é somente à morte que se deve arrancar esse infeliz? Talvez, é a sua Vida passada inteira. Porque, pensai nisso, nesses rápidos instantes que lhe arrebatam os últimos minutos da vida, o homem perdido retorna sobre sua vida passada, ou antes, ele se levanta diante dela. A morte, talvez, chegue muito cedo para ele; a reencarnação será, talvez, terrível; atirai-vos, pois, homens! vós que a ciência espírita esclareceu, atirai-vos, arrancai-o de sua condenação, e então, talvez, esse homem que estaria morto vos blasfemando, se lançará em vossos braços. No entanto, não é preciso vos perguntar se o fará ou se não o fará, mas vos atirai, porque, salvando-o, obedeceis a esta voz do coração que vos diz: "Tu podes salvá-lo, salva-o!"


Livro: Revista Espírita - Tomo V - 1862 - Allan Kardec - Lamennais  - Os livros espíritas, como este vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.

28.8.15

ATENÇÃO ATRAÍDA

Questão 311 do Livro dos Espírtos

A atenção para os pertences dos Espíritos que já passaram para o mundo espiritual, não é atraída pelas coisas materiais, mas, sim, pelos pensamentos daqueles que ficaram. Isso acontece quando falamos de Espíritos elevados. Com relação ao Espírito apegado às coisas materiais, onde estiver o seu tesouro aí permanece o seu coração.
Quando seus familiares encontram alguma coisa que lhes pertenceu, a concentração é mais poderosa a respeito do que já partiu. É, pois, uma forte transmissão telepática e o Espírito em condições elevadas, por vezes atende ao chamado mental, se isso serve para lições aos encarnados.
A alma iluminada não perde tempo com simples lamentações. Ainda hoje existem no mundo muitos muros de lamentações, como nos tempos idos. A atração maior para os Espíritos de luz, é para onde vibra o bem coletivo, é onde o amor toma a dianteira de todas as atitudes, é onde a caridade se encontra em evidência, em todos os fatos da vida.
Há sempre prazer para o Espírito quando ele é lembrado na Terra; no entanto, o prazer maior para seu coração é quando essa lembrança pode trazer benefício para os outros. A vida em Espírito da alma já afeiçoada ao Evangelho de Jesus é livre, sem apego às coisas transitórias e ela trabalha sempre para construir a cidade de luz dentro da própria consciência.
É sempre grato ao Espírito quando seus familiares se lembram de exemplificar o que de bom ele realizou no mundo, e procuram aperfeiçoar mais o que ele deixou em caminho. Todos nós fazemos apelo aos que ficaram, no sentido de começarem a se desapegar, pelo menos aos poucos, das coisas materiais e saberem usar o que Deus lhes confiou, trabalhando para a circulação dos bens da vida.
O desprendimento no momento certo é luz no caminho, é tranqüilidade na consciência. E para tanto, não podemos prescindir de Jesus; Ele é o caminho, e quem O segue, não perde o rumo para a felicidade.
Ao regressarmos ao mundo espiritual, não devemos deixar os bens materiais sem rumo, pois isso pode nos causar perturbações sem conta. A responsabilidade é grande, na guarda daquilo que o Senhor colocou em nossas mãos. Os que se encontram ainda na carne, prestes a vir para cá, devem, em nome de Jesus Cristo, alinhar sua vida com a do Evangelho, porque serve de convite para que os que ficam façam o mesmo. A herança de Jesus são os bens imperecíveis, que têm o poder de atravessar o túmulo, acompanhando a alma para onde quer que seja.
Devemos tomar como modelo o Mestre dos mestres, porque Ele é a vida, a vida que faz lembrar o sopro de Deus nos esplendores de todos os ideais. A lembrança que mais toca ao Espírito é aquela de que ele fez todos os esforços possíveis para a sua modificação interna, deixando nascer em seu coração a luz do entendimento.
A atenção deve ser toda atraída para a Boa Nova do Reino de Deus, em seus variados aspectos. No Evangelho, a caridade bem orientada se reflete em todas as letras, em todas as frases, em todo o livro, como livro de vida, na vida com amor. O que se pratica acintosamente fora da lei do Evangelho é prova de ignorância.
Lembremo-nos da luz, que já estamos caminhando para ela.
Lembremo-nos do amor, que ele já se encontra a caminho.
Lembremo-nos da caridade, que ela pode se manifestar em nós, em favor de todos.
Entrementes, não devemos ficar somente nas lembranças, para que essas virtudes tenham o poder de permanecer em nós, em plena força da vivência, na fecundidade do mundo interno, onde Jesus deve reinar para sempre.


Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Os livros espíritas, como este vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.

27.8.15

ARTE - I

161 –Que é arte?
-A arte pura é a mais elevada contemplação espiritual por parte das criaturas. Ela significa a mais profunda exteriorização do ideal, a divina manifestação desse “mais além” que polariza as esperanças da alma.
O artista verdadeiro é sempre o “médium” das belezas eternas e o seu trabalho, em todos os tempos, foi tanger as cordas mais vibráteis do sentimento humano, alçando-o da Terra para o Infinito e abrindo, em todos os caminhos a ânsia dos corações para Deus, nas suas manifestações supremas de beleza, de sabedoria, de paz e de amor.
162 –Todo artista pode ser também um missionário de Deus?
-Os artistas, como os chamados sábios do mundo, podem enveredar, igualmente, pelas cristalizações do convencionalismo terrestre, quando nos seus corações não palpite a chama dos ideais divinos, mas, na maioria das vezes, têm sido grandes missionários das idéias, sob a égide do Senhor, em todos os departamentos da atividade que lhes é próprios, como a literatura, a música, a pintura, a plástica.
Sempre que a sua arte se desvencilha dos interesses do mundo, transitórios e perecíveis, para considerar tão-somente a luz espiritual que vem do coração uníssono como cérebro, nas realizações da vida, então o artista é um dos mais devotados missionários de Deus, porquanto saberá penetrar os corações na paz da meditação e do silêncio, alcançando o mais alto sentido da evolução de si mesmo e de seus irmãos em humanidade.


Livro: “O Consolador” – Espírito: Emmanuel – Médium: Francisco Cândido Xavier - Os livros espíritas, como este vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.

26.8.15

  -E os problemas da inversão Sexual?
  Silas deu-se pressa em aclarar:
  -Não será preciso alongar elucidações. Considerando-se que o sexo, na essência, é a soma das qualidades passivas ou positivas do campo mental do ser, é natural que o Espírito acentuadamente feminino se demore séculos e séculos nas linhas evolutivas da mulher, e que o Espírito marcadamente masculino, se detenha por longo tempo nas experiências do homem.
  Contudo, furtando-lhe os direitos e cometendo abusos, em nome de sua pretensa superioridade, desorganiza-se ele próprio a tal ponto que, inconsciente e desequilibrado, é conduzido pelos agentes da Lei Divina a renascimento doloroso, em corpo feminino, para que, no extremo desconforto íntimo, aprenda a venerar na mulher sua irmã e companheira, filha e mãe, diante de Deus, ocorrendo idêntica situação à mulher criminosa que, depois de arrastar o homem à devassidão e à delinquência, cria para si mesma terrível alienação mental para além do corpo masculino, a fim de que, nas teias do infortúnio de sua emotividade, saiba edificar no seu ser o respeito que deve ao homem, perante o Senhor.
  Nessa definição, porém, não incluímos os grandes corações e os belos caracteres que, em muitas circunstâncias, reencarnam em corpos que lhes não correspondem aos mais recônditos sentimentos, posição solicitada por eles próprios, no intuito de operarem com mais segurança e valor, não só o acrisolamento moral de si mesmos, como também a execução de tarefas especializadas, através de estágios perigosos de solidão, em favor do campo social terrestre que se lhes vale da renúncia construtiva para acelerar o passo no entendimento da vida e no progresso espiritual.


Pequeno trecho do livro espírita “Ação e Reação” de Francisco C. Xavier e espírito André Luiz.

25.8.15

À frente do desespero

    Dias há nos quais tens a impressão de que mesmo a luz do sol parece débil, sem que consiga fulgir nos panoramas do teu caminho. Tudo são inquietações e ansiedades que pareciam vencidas e que retornam como fantasmas ameaçadoras, gerando clima de sofrimento interior.
    Nessas ocasiões, tudo corre mal. Acontecem insucessos imprevistos e contrariedades surgem de muitas mônadas que se amontoam, transformando-se em óbice cruel de difícil transposição.
    Surgem aflições em família que navegava em águas de paz, repontam problemas de conjuntura grave em amigos que te buscam socorros imediatos e, como se não bastassem, a enfermidade chega e se assenhoreia da frágil esperança que, então, se faz fugidia.
    Nessa roda-viva, gritas interiormente por paz e sentes indescritível necessidade de repouso. A morte se te afigura uma bênção capaz de liberar-te de tantas dores!...
    Refaze, porém, a observação.
    Tudo são testemunhos necessários à fortaleza espiritual, indispensável à fixação dos valores transcendentes.
    Não fora isso, porém, todas essas abençoadas oportunidades de resgate, e a vida calma amolentaria o teu caráter, conspirando contra a paz porvindoura, por adiar o instante em que ela se instalaria no teu imo.
    Quando tudo corre bem em volta de nós e de referência a nós, não nos dói a dor alheia nem nos aflige a aflição do próximo. Perdemos a percepção para as coisas sutis da vida espiritual, a mais importante, e desse modo nos desviamos da rota redentora.
    Não te agastes, pois, com os acontecimentos afligentes que independem de ti.
    A família segue adiante, o amor muda de domicílio, a doença desaparece, a contrariedade se dilui, a agressão desiste, a inquietude se acalma se souberes permanecer sereno ante toda dor que te chegue, enquanto no círculo de fé sublimas aspirações e retificas conceitos.
    Continua fiel no posto, operário anônimo do bem de todos, e espera.
    Os ingratos que se acreditaram capazes de te esquecer lembrar-se-ão e possivelmente volverão: os amigos que te deixaram, os amores que te não corresponderam, aqueles que te não quiseram compreender, quantos zombaram da tua fraqueza e ridicularizaram tua dor envolta nos tecidos da humildade, os que investiram contra os teu anelos voltarão, tornarão sim, pois ninguém atinge a plenitude da montanha sem a vitória pelo vale que necessita vencido.
    Tem calma! Silencia a revolta!
    Refugia-te na palavra clarificadora do Evangelho consolador e enxuga tuas lágrimas com as suas lições, os seus textos extraem o licor da vitalidade e tece com as mãos da esperança a grinalda de paz para o coração lanhado e sofrido. Se conseguires afogar todas as penas na oração de refazimento, sairás do colóquio da prece restaurado, e descobrirás que, apesar de tudo acontecer em dias que tais, Jesus luze intimamente nas províncias do teu espírito. Poderás, então, confiar e seguir firme, certo da perene vitória do amor.

Livro: LAMPADÁRIO ESPÍRITA - Divaldo P Franco - Joanna de Angelis 

24.8.15

Propósito de Vida

As pessoas possuem responsabilidades sobre a terra. Ninguém está aqui isento de responsabilidades. Todos possuímos algo que é esperado de nós. Fugir a elas é fugir, no fundo, a si mesmo. Então, sejamos responsáveis por aquilo que almejamos conseguir, caso contrário poderá ser colocado tudo por terra pela invigilância e ausência de foco.
Ora, estar atento a sua missão maior é tarefa das mais importantes na existência. Descobrir o que nos move e seguir sempre nesta direção, eis o desafio a ser perseguido.
Muita gente não sabe o porquê de estar por aqui. Vive a vida a esmo, sem direção e sem sentido. O que fazer com elas? Dar um sacolejo na vida delas para ver se elas despertam para as suas próprias responsabilidades de viver.
Não é fácil, pelo que vejo. Muitas pessoas, mesmo passando por situações difíceis, de aperto mesmo, continuam fazendo as mesmas coisas de antes ou até mesmo nada. Isso não é bom.
Sabe o que é viver por aí sem propósito de vida?
Acordar-se todos os dias, levantar da cama, ir trabalhar, voltar para casa e ficar sem um foco na vida é revoltante para si mesmo porque um dia esta experiência carnal vai se acabar e qual será o saldo que se levará depois disto?
Tenho visto – e muito – é o trabalho de orientadores espirituais neste sentido. É o tempo todo lembrando e criando situações para que seus tutelados acordem para a vida. Alguns casos conseguem êxito, em outros é um caos completo, pois parece que seus orientados vivem em estado de sono permanente, ou seja, não conseguem despertar.
Este trabalho de orientação espiritual é permanente porque, invariavelmente, as pessoas tendem a ter foco em alguns assuntos e em outros não. Mesmo naquilo que guardam certa atenção é comum esquecerem de cumprir certas “obrigações”.
Este estado de vigilância permanente, esta atitude de foco é fundamental para uma vida com propósito. Saber para onde se quer ir, mover sua atenção e energia e estar focado nisso é o mecanismo da vida produtiva.
Sua vida, meu irmão ou minha irmã, é produtiva?
Você possui foco naquilo que é o mais importante na sua existência?
Você aprende com os descuidos do caminho e com suas experiências exitosas ou não?
É este aprendizado que lhe fará mover para frente e avançar. É esta perseverança que lhe fará conseguir sucesso na sua vida. Portanto, não desperdice tempo com aquilo que não te agrega valor na vida, que é um passatempo.
Viver com propósito é um grande ganho da vida.
Construir uma educação exemplar na família pode ser um propósito para os pais.
Ser um profissional consciente e responsável pode ser um propósito para um trabalhador na sua atividade.
Alcançar os elogios dos companheiros de trabalho pela sua condução adequada pode ser um propósito de um chefe.
E assim por diante.
Viver com propósito deve ser o empenho de todos que desejam sinceramente tornar estar vida mais interessante e feliz.

Helder Camara

23.8.15

A Experiência Humana

Você sabe o que é estar presente? Se não sabe deveria saber imediatamente.
Tenho verificado no dia a dia de vocês uma corrida frenética de lá para cá. As pessoas vivem mais em deslocamento do que focadas em algo produtivo. Esta correria não é boa porque faz você se dispersar. O pior, o que aumentar esta perda de foco, é que vocês se distraem completamente com as tais mídias sociais.
Está cada vez mais difícil ver duas pessoas olhando uma para outra com atenção total concentrada. Vocês usam o aparelho de celular permanentemente. Estão mais conectadas com quem está ausente do que com aqueles que estão ao seu lado. Será que isso é correto?
Penso que não.
Claro que a minha antipatia com estes aparelhinhos deve ser levado em conta, mas, como tudo na vida, há um exagero generalizado no uso dessas "coisinhas".
Reconheço que elas aproximam os distantes  e isto é uma maravilha da conquista humana. Que engenhosidade tecnológica aquela que aproxima os distantes de uma forma simples e barata. No meu tempo para se conseguir falar com alguém do interior do mesmo estado era uma dificuldade tremenda. Falar com alguém no próprio país era extremamente difícil, comunicar-se então com alguém fora do país era inimaginável e vocês possuem isso literalmente na palma de suas mãos. Esta é a grande conquista, no entanto, aproximamos os distantes e distanciamos os presentes, então o ganho foi relativo.
Você sabe o que significa um olho no olho?
Você sabe o que representa um aperto de mão e um abraço?
Você imagina o que é compartilhar uma conversa na presença física do outro.
Sei que a tecnologia proporciona até isso hoje, pelo menos a visualização da outra pessoa numa tela, mas jamais conseguirá, pelo que sei, a um prazo distante, traduzir o que significa a troca de olhares, abraços e impressões.
Não é excluir a tecnologia das nossas vidas, mas não deixar de ter a perspectiva de que somos seres humanos - humanos. Não somos máquinas, somos humanos, com todas as letras.
Sendo assim façamos com que a tecnologia trabalhe a nosso favor, mas não deixemos de exercer o papel que máquina alguma poderá substituir: traduzir a emoção e o sentimento verdadeiro de outro ser humano com todas as impressões possíveis e imagináveis.
Não me considerem um desatualizado ou um saudosista, mas alguém que valoriza a experiência humana acima de tudo.
A experiência que transforma e renova.
A experiência que promove aproximações.
A experiência que é arrebatadora.
Sejamos humanos. Será que é pedir muito?

Helder Camara

22.8.15

DESUNIR, NÃO; SEPARAR, SIM!

Realmente, não temos, como, aliás, nunca tivemos o propósito de, em hipótese alguma, incentivar a desunião em nossas fileiras doutrinárias – contudo, se não nos move a intenção de estabelecer conflitos, não nos omitimos, quanto não nos omitiremos, sob qualquer pretexto, no que diz respeito ao testemunho da Verdade, ensejando, a partir de nossa própria gleba interior, a difícil separação do joio e do trigo.
Lamentamos, profundamente, os que, neste sentido, não concordam com o nosso modo de ser e de pensar, continuando, não obstante, a evocar para nós o direito de ser o que somos, arcando, claro, com os evidentes mal entendidos – que, para nós, prejuízos não são! – da clara posição que, perante os nossos postulados, escolhemos adotar.
Para mim, chega de condescender com o erro e a mentira, com os quais – acredito – todos nós já condescendemos excessivamente em existências pregressas.
De minha parte, portanto – eis que repito à saciedade –, não estabelecerei conchavos doutrinários, objetivando a mais ampla aceitação do possível conteúdo de nossas obras de natureza mediúnica.
De há muito, felizmente, não mais estamos a disputar aplausos e encômios, ainda tão a gosto daqueles que estimam desfrutar dos prestígios mundanos.
Em nome de uma pretexta caridade não me calarei, e nem recuarei, porquanto, para espíritos do meu entendimento, não há caridade maior do que ser sincero e transparente na defesa dos Princípios que nos conferem paz à consciência.
Impossível servir-se a Deus e César!
O Cristo nos conclama ao “sim, sim; não, não”!
Que os nossos detratores dos Dois Lados da Vida, saibam que, Dos Dois Lados da Vida, não haveremos, com a graça de Deus, de repetir os equívocos que cometemos quando, com o intuito de agradar aos poderosos, terminamos por assumir grave responsabilidade na deturpação do Cristianismo.
Por minha culpa, não acontecerá ao Espiritismo o que ao Cristianismo fizemos acontecer.
Se, infelizmente, valorosos companheiros de Ideal, notadamente no corpo carnal, estimam a política rasteira de bastidores, em mil tramas levianas e irresponsáveis, disputando um pretenso poder, que, em Espiritismo, não existe, tomamos a liberdade de alertá-los de que, muito breve, serão exortados a prestar contas de suas ações e... intenções! Ainda hoje, ou amanhã, a desencarnação haverá de submetê-los ao confronto consigo mesmos, perante o qual nada – e ninguém! – poderá valê-los!
Se os nossos escritos mediúnicos, aqui e alhures, estão a incomodá-los, rasguem-nos! Atirem-nos à primeira lata de lixo que lhes estiver ao alcance das mãos, porque não escreverei uma só linha que necessite de negociar com os interesses desse ou daquele grupo!...
Aqui, estando neste momento, na cidade do Porto, em Portugal, ao lado de tantos amigos do Mais Além, preocupados com os rumos do Espiritismo no Brasil e em Portugal, não mais desejando cansá-los com a minha arenga de espírito tão sofredor quanto o mais sofredor de qualquer um de vocês, ocorre-me repetir o derradeiro verso do notável Poeta que, de maneira estóica, lutou contra a escravidão, Castro Alves, em seu imortal “Navio Negreiro”:

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! Da etérea plaga,
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! Arranca esse pendão dos ares!
Colombo! Fecha as portas dos teus mares!

Levantai-vos, pois, heróis do livre pensar!
Não vos deixeis subornar pelos lobos em pele de ovelhas, aos quais, com incisivas palavras, Jesus repreendeu:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais e nem deixais entrar aos que estão entrando.”

INÁCIO FERREIRA

Porto, Portugal, 20 de agosto de 2015.

21.8.15

RECONHECIMENTO DOS RESTOS MORTAIS

Questão 310 do Livro dos Espíritos

O Espírito, depois de desencarnado, que tenha certa elevação espiritual, pode reconhecer os seus restos mortais, quando acha que é de utilidade fazê-lo, como também seus pertences, quando no mundo físico. Mas, nem sempre ele faz esse reconhecimento.
Os encarnados pertencentes às velhas religiões costumam fazer culto aos pertences dos que já partiram para o mundo dos Espíritos. A ignorância desperdiça o tempo que deveria ser aproveitado nas sendas do aprendizado. A Doutrina dos Espíritos, como revivescência do Cristo junto à humanidade, vem libertar o ser dessas paixões inferiores e desses zelos improfícuos com as coisas da Terra.
Jesus ensinou: Deixa aos mortos o trabalho de enterrar os seus mortos. Os vivos ocupar-se-ão das coisas vivas. Para que cultuar a matéria, sendo que podemos viver em Espírito e verdade? O Evangelho nos mostra todas as virtudes que devemos despertar em nós, como talentos divinos, para a nossa sublime ascensão. Vamos nos lembrar do amor, fazendo dele uma fonte onde a nossa sede seja saciada.
O passado só nos é útil quando pode nos despertar para a grandeza do futuro. A vida, sabemos, é pleno condicionamento das coisas pelas quais nos interessamos; se nos condicionarmos à tristeza vamos viver nela; assim também acontece com todas as más qualidades e vícios mentais. Se não gostamos do sofrimento, aprendamos com Jesus a viver em busca da felicidade. Somos todos soldados do Cristo, que devemos ouvir e seguir Seu comando, que é o mesmo de Deus.
Reviver o que já passou é paralisar, pela pertinácia no ambiente que não nos serve. Somente devemos rememorar as lições do Cristo. Ele é sempre a luz, que nos entrega lições diferentes todos os dias, porque estamos em ascensão. E a Doutrina dos Espíritos revive o Mestre na altura dos conhecimentos dos novos aprendizes.
O progresso é força de Deus acionando a própria vida. Jesus nos recomenda, quando transformou os dez mandamentos em apenas dois, para amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. As vestes materiais e os pertences que nos servem no mundo físico, ficam sob o zelo do tempo, porque o Espírito não pode manifestar-se no mundo sem a matéria, e essa precisa mais de nós, para ascender, se lhes aumentarmos mais vida. Quem ama Deus e o próximo, ama tudo na dimensão que lhe é própria.
Precisamos conhecer a verdade, porque ela nos faz livres da ignorância. Comecemos hoje mesmo a praticar o desprendimento das coisas Imprestáveis para a evolução. Coloquemo-nos nos devidos lugares, que desse modo veremos fluir do coração uma alegria diferente, em forma de esperança, que enxerga e sente a felicidade.
Se não existe a felicidade no mundo exterior, ela se encontra no mundo interior de cada alma. Não vamos para os céus todos de uma vez o trabalho de aquisição é individual, mas, no trabalho em conjunto, a maturidade obedece a uma seqüência, de modo a respeitar as leis que regem a vida, por bênção e amor de Deus para conosco.
As coisas terrenas têm muito valor, mas nos lugares que devem servir. Como Espíritos, devemos considerar as coisas relativas ao Espírito. Ao cabo de algum tempo, a humanidade passará a reconhecer essas verdades e o mundo em que vives, por bondade de Deus, transformar-se-á, pela transformação dos que nele vivem.
Ao Espiritismo cabe essa tarefa de despertar os homens em todos os sentidos para a luz da educação e do conhecimento da verdade. E nessa plenitude não precisaremos mais recordar o passado, mas visualizar o futuro com mais amplitude, para nos engrandecer.


Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Os livros espíritas, como este vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.

20.8.15

ALMAS ENFERMIÇAS

         -E este ambiente assim tumultuado pelo infortúnio, conta com o amparo de que necessita?
         -Sim – aclarou nosso amigo Silas -, muitas criaturas recuperadas na Mansão aceitam aqui preciosas tarefas de auxílio, incumbindo-se da assistência fraterna, em largos setores desta região torturada. Melhoradas lá, trazem para aqui as bênçãos recolhidas, transformando-se em valiosos elementos de serviço de ligação. Através delas, a administração do nosso instituto atende a milhares de consciências necessitadas e sabem com segurança quais os irmãos sofredores que se fazem dignos de acesso a nossa casa, após a transformação gradual a que se ajustam. Espalhando-se nos campos de sombra, em pequenos santuários domésticos, aqui continuam a própria restaurações, aprendendo e servindo.
         -Entretanto – continuou Hilário, curioso -, tão infortunada colônia de almas em desajuste não sofrerá o domínio das Inteligências perversas, quais as que vimos ontem no lado oposto a estes sítios?
         -Sim -, os assaltos dessa ordem são aqui constantes e inevitáveis, principalmente em torno das entidades que largaram cúmplices bestializados em antros infernais ou em núcleos de atividades terrestres. Em tais casos, as vítimas de semelhantes feras humanas desencarnadas padecem longos e inenarráveis suplícios, através da fascinação hipnótica de que muitos gênios do mal são cultores exímios.
         E, depois de ligeira pausa, Silas acentuou:
         -São esses alguns dos fenômenos de flagelação compreensível que alguns místicos do mundo, em desdobramento mediúnico, no reino das trevas, classificaram como sendo vastação purificadora. Para elês, as almas culpadas, depois da morte, experimentam horríveis torturas por parte dos demônios aclimatados nas sombras.
         As informações do Assistente, casadas aos gemidos e lamentações que ouvíamos sem cessar, impunham-no desagradável impressão.
         Foi por isso talvez que Hilário, penosamente, tocado pelos gritos em torno, interrogou, surpreendido:
         -Mas por que diz você flagelação compreensível?
         E, num desabafo:
         -Acha justo que tanta gente aqui se aglutine em semelhante desolação?
         Silas sorriu, triste, e obtemperou:
         -Compreendo-lhe o pesar. Indiscutivelmente, tanta dor reunida não seria justa se não viesse de quantos preferiram no mundo o trato diário com a injustiça. Não é claro, porém, que todos venhamos a colher o fruto da plantação que nos pertence? Na mesma leira de terra dadivosa e neutra, quem acalenta a urtiga recolhe a urtiga que fere, e quem protege o jardim tem a flor que perfuma. O solo da vida é idêntico para nós todos. Não encontraremos aqui neste imenso palco de angústia almas simples e inocentes, mas sim criaturas que abusaram da inteligência e do poder, e que, voluntariamente surdas à prudência, se extraviaram nos abismos da loucura e da crueldade, do egoísmo e da ingratidão, fazendo-se temporariamente presas das criações mentais, insensatas e monstruosas, que para si mesmas teceram.

Pequeninho trecho do Livro: Ação e Reação de Francisco C. Xavier e do espírito André Luiz.

19.8.15

TRANSIÇÃO

159 –No caso das perseguições dos inimigos espirituais, a ação deles se realiza sem o conhecimento dos nossos guias amorosos e esclarecidos?
-As chamadas atuações do plano invisível, de qualquer natureza, não se verificam à revelia de Jesus e de seus prepostos, mentores do homem na sua jornada de experiências para o conhecimento e para a luz.
As perseguições de um inimigo invisível têm um limite e não afetam o seu objeto senão na pauta de sua necessidade própria, porquanto, sob os olhos amoráveis dos vossos guias do plano superior, todos esses movimentos têm uma finalidade sagrada, como a de ensinar-vos a fortaleza moral, a tolerância, a paciência, a conformação, nos mais sagrados imperativos da fraternidade e do bem.
160 –Os Espíritos desencarnados se dividem, igualmente, nas esferas mais próximas da Terra, em seres femininos e masculinos?
-Nas esferas mais próximas do planeta, as almas desencarnadas conservam as características que lhes eram mais agradáveis nas atividades da existência material, considerando-se que algumas, que perambulam no mundo com uma veste orgânica imposta pelas circunstâncias da tarefa a realizar junto às criaturas terrenas, retomam as suas condições anteriores à reencarnação, então enriquecidas, se bem souberam cumprir os seus deveres do plano das dores e das dificuldades materiais.
Dilatando, porém, a questão; devemos ponderar que os espíritos, com esses ou aqueles traços característicos, estão em marcha para Deus, purificando todos os sentimentos e embelezando as próprias faculdades, a fim de refletirem a luz divina, transformando-se, então, nessas ou naquelas condições, em perfeitos executores dos desígnios do Eterno.



Livro:  “O Consolador” – Francisco C. Xavier – Emmanuel - Os livros espíritas, como este vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.

18.8.15

Respeito

Por que trago tanta indignação?
Por que brado com tanto temor?
Por que me expresso com tamanha avidez?
Não podemos mais acobertar nas entranhas da Pátria o roubo eloquente da nossa dignidade.
Até quando teremos que suportar tanta desfaçatez como se fosse normal alguém roubar o Estado e ficar por isso mesmo?
Ou, pior, achar que tudo que se faz contra o Estado, solapando terrivelmente os seus bens e recursos, é algo muito natural?
A Nação se envergonha porque tudo não passa de um jogo de cena que é feito para se manter no poder e se locupletar dele.
Não cito apenas o que aí está, é preciso rever a república brasileira desde os seus primeiros dias. Bem mais. Precisamos rever toda a nossa história e encontrar lá as raízes de tamanho despautério que se arregimentou em nosso País.
Será que não há outro objetivo que não seja o de roubar os cofres do Estado? De tentar a todo custo tirar proveito do recurso público?
O País tem que mudar, mas para que isso aconteça é importante, imprescindível, que se mude a cabeça da nossa gente. Os políticos representam, tão somente, o reflexo do voto popular. Não aparecem políticos representantes do povo saindo do chão, mas do voto, então é necessário escolher melhor – bem melhor.
Não se pode deixar se levar por promessas sem fundamento.
Não se pode trocar o voto por um prato de comida ou outra ajuda qualquer.
Não se pode mentir para o povo e ficar impunemente.
Não prego a rebeldia inconsequente, prego, sim, a mudança de consciência e uma ativa posição de melhoria do status quo. O povo tem que mudar a sua maneira de ser e começa pelo voto, o voto responsável e sério.
Depois, quando a crise se instala, e não me refiro apenas ao contexto atual, é que se reflete sobre o mal que fez. Tudo bem, há aprendizado, mas ele tem que ser verdadeiro e se traduza em ações concretas de mudança.
Não se pode mais admitir que a corrupção seja tratada neste País como um crime qualquer. Nada disso. O crime da corrupção se agiganta cada vez mais. Faz parte, infelizmente, da nossa cultura política, é tolerável para muitos se não for exorbitante. Isto não mais. É necessário ter uma pena máxima no Código Penal brasileiro a quem for pego em corrupção contra o Estado, em todos os seus níveis.
Talvez com o perigo da pena máxima, 30 ou 35 anos de reclusão sem direito a flexibilidade, possam os agentes do roubo ao Estado pensarem duas vezes antes de se locupletarem das comissões por debaixo do pano.
Quando se tira um centavo que seja do bolso do povo, lesa-se toda uma nação. Prejudica-se toda uma cadeia de benefícios públicos. Elege-se, portanto,  o prejuízo de toda uma gente.
Esta semana, o povo foi novamente vai as ruas. O que se pede, ou deveria se pedir, não é apenas uma solução contra os desmandos comprovados do atual governo, isto é pouco. O que está em jogo é o futuro da nação brasileira, uma nação constantemente subtraída de seus direitos fundamentais.
Expressar-se contra ou favor deste ou daquele governo faz parte do embate democrático, mas há valores aos quais todos devem se curvar. A honestidade não deve ser uma exceção nas coisas de governo e de Estado, mas uma obrigação. Feri-la, minimamente que seja, deve ser severamente punida.
Necessitamos criar leis mais rigorosas que provoquem medo para aqueles que possuem o terrível vício de lesar os recursos públicos.
Quando criarmos tais leis, quando verificarmos a sua aplicação real, quando percebermos que tudo não é uma falácia, aí então, neste dia, tudo mudará.
Os recursos públicos serão mais bem aplicados.
Os serviços públicos serão mais bem administrados.
Os bens públicos serão mais bem preservados.
O público, o povo em geral, a nação, será, finalmente, respeitada.
Joaquim Nabuco

17.8.15

Pensamento e Vontade

Os passos que seguimos na vida são variados. Tudo provém da nossa vontade. O passo representa a ação deliberada de querer ir para algum lugar, aonde ir, porém, deve ser objeto permanente de nossas preocupações.
Pode-se ir para qualquer lugar, mas será que aquele lugar é o melhor que devemos seguir?
A isto, temos o pensamento a nos guiar.
Pensamento e vontade são, portanto, os grandes balizadores da nossa existência. No que pensamos, agimos, mas a vontade é algo que nos impulsiona, quase que passa por cima dos nossos pensamentos.
Será porque temos vontade é algo que devemos fazer?
A vontade expressa o que está no nosso íntimo, é a nossa inclinação natural, a tendência espontânea do que queremos fazer. De certa forma, a vontade expressa os nossos pensamentos mais sagrados. É como se já pensamos e decidimos numa velocidade rapidíssima.
O controle dos pensamentos nos dá a possibilidade de tomar outras direções na vida, ou melhor, a reflexão do que devemos fazer.
Esta dicotomia aparente resulta da nossa incapacidade temporária de discernir sobre o que seja melhor para nós. Quando almejamos algo que não nos seja interessante, mas ainda assim desejamos é porque os nossos impulsos ainda caminham nesta direção e somente estarão satisfeitos se atendermos a eles.
Impulso e vontade parecem ser a mesma coisa, mas um depende do outro para agir. O impulso é o descontrole da razão, mas se estiver bem orientada segue-a igualmente.
No dia a dia, muitas vezes, temos pouco tempo para realizar este discernimento. Apenas reproduzimos num automatismo louco. Aí depois é que vamos analisar se aquilo foi bom ou ruim.
É claro que podemos fazer escolhas que não sejam acertadas, mas isto deve representar sempre o resultado de um processo de reflexão. A decisão sai como consequência disto tudo.
Não é fácil para a maioria das pessoas tomar decisões consoantes à vontade de Deus. Jesus, pelo que sabemos, é que foi este protótipo que nós devemos seguir.
É certo, também, que somente haveremos de aprender, na maioria dos casos, após errarmos. Mesmo impulsionados pela vontade incontida. Pronto, está feito, e agora? Perguntamos.
Analise os resultados, verifique se é o melhor para você, se aquilo lhe convém e depois continue ou volte atrás, se for o caso.
Não podemos, porém, jamais, é deixar de aprender. Aprender a discernir o bem do mal. Aprender com nossos próprios erros. Aprender a saber o que seja melhor para os nossos propósitos elevados de vida. Aprender a sintonizar-se com Deus Pai.
Vamos ainda errar e muito neste caminho de encontro com nós mesmos. É natural e necessário. O que não pode acontecer é permanecer deliberadamente naquilo que não nos faz encontrar com Deus, com o melhor da nossa natureza.
Em paz com as suas decisões,

Helder Camara

16.8.15

Temperança

Há um agito geral na nação brasileira. Tudo conspira para a desestabilização e isto não é bom. Do lado de cá, vemos movimentações indesejadas. Queremos agir sobre elas, mas, muitas vezes, somos contidos, pois não podemos deixar que o aprendizado contínuo dos homens se faça diante dos fatos da vida.
As revoluções que ocorreram no mundo inteiro, em todas as épocas, sempre foram o resultado da inquietação geral sobre um dado problema ou uma dada situação. Ora, era necessário que houvesse o inconformismo geral para que as pessoas naturalmente aceitassem mudanças mais profundas. De certo modo, é o que está acontecendo no nosso País.
Temos todos, uma quantidade significativa de espíritos comprometidos com os destinos das terras brasileiras, nos movimentado de lá para cá para que a ordem não seja quebrada e que os movimentos que devem ser feitos não sejam tomados pela rebeldia desenfreada, mas fruto de uma consciência clara sobre o que se deve fazer.
Aquilo que nos incomoda deve, em algum momento, servir de inspiração na tomada de nossas decisões. Isto ocorre no plano individual como também no contexto de uma nação, como é o caso presente.
Vamos todos ter muita fé que tudo isto vai passar, mas dentro de parâmetros de equilíbrio de todas as partes. As soluções brotarão normalmente diante dos fatos, cremos nós. Quando a verdade é exposta em sua totalidade, os homens são levados a tomarem decisões mais graves. É o que vai acontecer no Brasil.
Os fatos presentes são inquietantes e, infelizmente, pelo que sabemos, trarão mais desconforto com o tempo.
O que ocorre agora é apenas um ensaio do que vai acontecer num futuro não muito distante. O que sabemos, no submundo dos fatos, corrobora para uma desestabilização sem procedentes na história política do Brasil. As máscaras estão por cair e não é somente de uma facção política. Isto tudo servirá para uma profunda reflexão geral e será neste momento que se tomarão as decisões de alto calibre.
Que Deus seja lembrando sempre nestas horas difíceis. É Ele que pode orientar estas grandes e graves decisões. Jesus a tudo preside, pelo que sabemos, é será o condutor da concórida em tempos vindouros para o nosso País.
Aliás, tais mudanças, são gerais, e não apenas no nosso querido Brasil. É um momento ímpar que passa a humanidade, que varre definitivamente os seus vícios em todos os aspectos da vida.
Olhemos o todo e não apenas uma de suas partes, então veremos que os tempos atuais são de grande valia na construção de uma sociedade melhor e mais justa, mais fraterna e mais amiga, portanto, mais cristã.
Sei que tudo isso causa alvoroços de toda a parte, mas não há como lavar a casa sem retirar os móveis do lugar, não é verdade?
Tenhamos calma e conduzamos os nossos atos com temperança e equilíbrio. Não vale a pena precipitar fatos e decisões, deixemos, como disse o Nosso Senhor Jesus Cristo, que cada dia consuma a si mesmo.

Helder Camara

15.8.15

O Raio de Luz

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca."
Carlos Drummond de Andrade
    O RAIO DE LUZ
    Todas as noites antes de fazer os filhos adormecerem, um pai muito carinhoso conversava com eles, enquanto afagava-lhes os cabelos anelados.
    Diariamente escolhia um assunto que encontrava no evangelho, ou em algum acontecimento do cotidiano.
    Naquela noite sem luar, quando as nuvens encobriam as estrelas, ele arranjou uma forma diferente de chamar a atenção das crianças.
    Colocou-as no sofá da sala e disse-lhes que não se assustassem com a escuridão, porque apagaria todas as luzes da casa, de propósito.
    E assim o fez.
    Deixou a casa às escuras e sentou-se no meio dos filhos que o aguardavam apreensivos.
    Perguntou-lhes o que eles eram capazes de ver em meio àquele breu.
    O menininho mais velho comentou que conseguia distinguir os contornos da cadeira que estava a sua frente, mas que não conseguia saber ao certo qual objeto produzia a sombra que se apresentava um pouco mais adiante.
    O pai, aproveitando a oportunidade esclareceu: - "nossos olhos acostumam-se com a ausência de luz e acabam conseguindo, com algum esforço, distinguir alguns objetos.
    Porém, não é possível notar tudo quando a luz nos falta.
    Alguns contornos podem enganar nossos sentidos.
    Muitos detalhes passam despercebidos.
    As cores deixam de ser perceptíveis.
    A ausência de luz dificulta nosso caminhar, porque não conseguimos notar com segurança para aonde estamos indo."
    Nesse momento, ele acendeu uma vela que trazia consigo.
    As crianças exultaram diante da claridade que se fez na sala.
    "Vejam!" - convidou o pai - "percebam como tudo parece diferente na presença da luz.
    As sombras já não mais nos confundem.
    Agora as formas assumem contornos mais exatos.
    Como é mais fácil buscar um caminho, quando há luz a mostrar a direção correta."
    Encantadas com a singela, porém, inesquecível descoberta, as crianças concordaram com o pai, enquanto o cobriam de carinhos antes de serem levados para a cama.
    A maior glória da alma que deseja participar na obra de Deus será transformar-se em luz na estrada de alguém.
    Registramos a luz sem nos adentrar em sua grandeza.
    O raio de luz penetra a furna escura, levando a réstia de claridade que espanca as trevas.
    Adentra o vale sombrio e estimula o florescer.
    Atinge a gota d'água e reverte-a em um diamante multicolorido.
    Visita o pântano e transforma-o em jardim, em pomar.
    Viaja pelo ar, aquece vidas e alimenta-as.
    Beija as corolas e desata perfumes inesquecíveis.
    Aninha-se no cristal e ele reverbera, embelezando-se ainda mais.
    .............................
    Não nos deixemos adoecer pelo amolentamento.
    Há tantas possibilidades de darmos utilidade e beleza à vida.
    Com o exemplo da luz, o Criador convida-nos a fazer o mesmo.
    Desfaçamos as sombras nos corações.
    Drenemos os charcos das almas.
    Projetemos alegrias fomentadoras de vida naqueles que se encontram combalidos pela tristeza e pelo desalento.
    Sejamos também um raio de luz, espraiando brilho e calor, beleza e harmonia, em todos os momentos,     iluminando, assim, também, nossos próprios caminhos.

14.8.15

VESTE IMPRESTÁVEL

Questão 309 do Livro dos Espíritos

O Espírito sendo evoluído, diante do corpo que deixa no ato do desencarnação, curva-se a ele com profunda gratidão pelo aparelho que lhe serviu para o desempenho da sua programação na Terra. Nunca fica pensando nele com saudade, por saber que ele já não lhe pertence, devolvendo à natureza o que lhe foi emprestado por misericórdia divina e que, terminando a sua tarefa, é veste imprestável.
Assim a carne em decomposição volta a seu primitivo estado de energia, desagregando-se em busca de novas atividades, sob a orientação dos benfeitores da eternidade.
O Espírito elevado considera a roupa física que deixou como uma dádiva de Deus, para o seu despertar espiritual, e nunca sente repugnância pelo estado da roupagem que acaba de devolver ao celeiro maior, que é a natureza, pois ela se encontra em plena transformação dos elementos de vida, pela vontade do Criador.
De certo modo, a alma sente-se feliz de livrar-se da carne, quando a compreensão domina os sentimentos. Ela sabe, e a certeza ocupa a sua mente, de que está avançando cada vez mais para a sua libertação espiritual. A lei da reencarnação nos mostra que as vestes carnais são instrumentos de ascensão do ser pensante, e que são inúmeras, por vezes incontáveis, por mudarem de feição nos muitos mundos em que deve habitar.
Na Terra, ela é mais física, pelo estado de atraso da humanidade que a habita, em relação aos mundos superiores. Comparamos o corpo com as vestes que o homem usa para se cobrir, quando elas caem em desuso. Os conhecimentos espirituais que já se adquiriram vão ficando envoltos nos rotos panos e, por isso, alegrar-se-á o Espírito quando tiver que devolver seu corpo ao lugar que pode aproveitá-lo pelas mãos do agente universal, que poderá transformá-lo em utilidade comum a animais, plantas e departamentos diversos que assistem à natureza.
Nada se perde na criação de Deus; o que parece estar se acabando aos olhos humanos, aparece aos olhos espirituais renovado para melhor servir. Mas há Espíritos envolvidos de tal forma na ignorância, obstinados nas rotas vestes de carne, encontrando-se agarrados nos restos mortais, como dizes, vivendo dramas indescritíveis no próprio campo-santo, perdendo tempo, porém, armazenando lições para o porvir, qual o mendigo nas ruas, cuja mente se encontra quase paralisada em duras provações, e que as suas vestes, como quilangos, desintegram-se no seu corpo, que parece querer libertar-se, por direito, da escravidão imposta pela incapacidade espiritual de quem a veste.
O corpo, de certa forma, empana as qualidades da alma, mas também educa-a em vários sentidos. E, pois, uma troca onde a matéria serve ao homem e o homem fornece um influxo à matéria.
Devemos estudar mais a vida, meditar mais em Deus, viver mais com Jesus, para compreendermos com mais eficiência a ciência de viver.
Depois que se liberta do corpo, o Espírito, com a devida gratidão, passa a não se interessar mais por ele, porque dali em diante tem que saber cuidar de sua veste, como se fora sua filha, na santificação do amor, no reino que ele passa a pertencer.
Olhar para trás é petrificar a esperança. Enquanto estagias na carne, é preciso que tenhas zelo por ela; que cuides dela como instrumento que Deus te concedeu, para a tua própria felicidade; que a ames na faixa em que ela se encontra, porque o amor é vida em todas as dimensões do viver.


Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Os livros espíritas, como este vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.