18.4.11

O LIVRO DOS ESPÍRITOS

Hipolyte Léon Denizard Rivail sentia-se pressionado examinar os fenômenos das “mesas girantes” e, por insistência de muitos amigos foi levado a conversar com o Sr. Pâtier, que argumentou não tratar-se apenas de brincadeiras de salão e o convidou a assistir experiências sérias, que se realizariam na residência da Sra. Plainemaison. Impressionado com o teor das respostas apresentadas pelos Espíritos, ele percebeu que estava diante de um fenômeno que traria a descoberta do problema do passado e do futuro, uma solução que sempre procurara em sua vida, uma completa revolução das idéias e das crenças religiosas e o cientista Rivail passa então a observá-lo com cautela e método, sempre dentro das leis Naturais.
Acompanhando as reuniões onde os Espíritos se manifestavam por efeitos físicos, encontrou o editor de livros francês Didier, que conhecia a capacidade de concisão dos textos nos quais Rivail apresentava seus trabalhos na área pedagógica. Confiou-lhe então 50 cadernos, onde estavam contidas as comunicações obtidas em várias sessões mediúnicas, e pediu a ele, que as ordenasse, para serem publicadas em um livro. Sabendo do enorme trabalho que essa tarefa representava e prevendo a oportunidade de codificar uma nova doutrina, o professor aceitou.
Foi quando se apresentou Zéfiro, um espírito amigo desde os tempos em que Rivail fora a encarnação do Druida Allan Kardec e prometeu auxiliar nessa tarefa confiada pelo Cristo. Essa ajuda espiritual pode ser exemplificada, quando em março de 1856, estando trabalhando até tarde da noite, Rivail percebeu pancadas nas paredes. No dia seguinte seguindo conselho de sua esposa, fez uma consulta a uma médium e por intermédio dela recebeu a comunicação do espírito “A Verdade”, dizendo que o trabalho da noite anterior deveria ser refeito, pois apresentava um grave erro e deixou a Rivail a tarefa de encontrá-lo e corrigir. Esse espírito A Verdade, que se revelou o líder de uma equipe espiritual, comprometeu-se em se apresentar mensalmente e auxiliar na codificação do Espiritismo.
Suprimindo as repetições, pondo uma ordem racional e acrescentando novos princípios, O Livro dos Espíritos foi lançado em 18 de abril de 1857, numa primeira edição custeada pelo autor. Na introdução dizia que para designar coisas novas são necessárias palavras novas e criou então as palavras Espírita e Espiritismo para a crença nos Espíritos e adotou o nome do Druida da antiga Gália “Allan Kardec” como pseudônimo.
Essa 1ª edição esgotou-se rapidamente e novas edições foram feitas com acréscimo de conteúdo. O Texto definitivo de O Livro dos Espíritos como o temos hoje, é constituído de Introdução; Prefácio com uma vinheta desenhada pelos espíritos; 4 partes divididas em 1018 questões numeradas e Conclusão.
Na 1ª parte trata das “Causas Primárias”, Deus, Elementos Gerais do Universo, Criação e Princípio Vital. Na 2ª parte descreve o “Mundo Espírita ou dos Espíritos”. Na 3ª parte estuda as “Leis Morais” e na 4ª parte fala das “Esperanças e Consolações”. O Livro tem um sumário muito bem disposto com as quatro partes listadas com seus respectivos capítulos e subcapítulos, permitindo ser consultado como se fosse uma enciclopédia, mas pela sequência lógica em que as questões foram dispostas é recomendável que o livro seja estudado no seu conteúdo total, iniciando-se na introdução e indo até a conclusão.
O Livro dos Espíritos contém os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o futuro da humanidade, segundo os ensinamentos dados pelos Espíritos Superiores por intermédio de diversos médiuns. Iniciando assim a terceira revelação divina prometida por Jesus no Evangelho de (João, 14:15 a 17 e 26), que diz: Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei a meu Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito de Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem meu Pai em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.

Antonio D. Barana