31.1.20

A MORTE DIVIDE AS FASES DA NOSSA VIDA


    "Necessário vos é nascer de novo" (Jesus a Nicodemos)

    Entre inúmeros benefícios que decorrem do estudo e da assimilação da Doutrina Espírita, podemos indicar, sem dificuldade, aquele que orienta o homem acerca do milenário problema da Morte.
    Inegavelmente, sem qualquer partidarismo, somos levados a compreender que só o Espiritismo estuda o velho problema, com riqueza de pormenores, uma vez que sobre tal assunto muito pouco, ou que nada, disseram as demais religiões, que se limitaram, simplesmente, a admitir e anunciar a existência do Mundo Espiritual.
    Sem as consoladores luzes da nossa amada Doutrina, marcharia o homem para o túmulo - diremos melhor; para a Pátria da Verdade - sem ideia segura do que lhe acontecerá após o choque biológico do desenlace.
    Nenhuma noção da morte.
    Nenhum conhecimento das leis admiráveis que rege a vida no plano espiritual.
    Nenhuma informação sobre o que sucede a alma durante e depois da desencarnação.
    Em suma, verdadeiro cego, ante o mundo grandioso que o aguarda; um indígena, atônito, perplexo nos pórticos de estranha, quão maravilhosa civilização.
    Essa ignorância, praticamente total, a respeito de tão importante problema, é a triste herança de velhas e novas religiões mestras no ocultar e fantasiar a realidade da vida além das fronteiras terrenas.
    Religiões que procederam e procedem à maneira dos cronistas sociais modernas: depois eu conto.
    O Espiritismo é profundamente, intensamente realista, tanto nesse como em todos os assuntos de interesse da alma eterna.
    Identificando a criatura, sem subterfúgio de qualquer espécie, com os seus postulados, fazendo-a absorver a parcela de verdade que ela suporta, torna-se tranquila ante a perspectiva da desencarnação.
    Não cremos, nem anunciamos um Céu grandioso, adquirível à custa de promessas, espórtulas, louvaninhas ou petitórios, nem um inferno tenebroso, eterno, de onde jamais sairemos.
    O nosso conceito a respeito da morte e de suas consequências, se alicerça no Evangelho: "A cada um será dado de acordo com as suas obras".
    Seria, naturalmente, leviandade afirmarmos que o Espiritismo já revelou, em toda a sua extensão e plenitude, a vida no plano extrafísico.
    Expressando, todavia, a misericórdia divina, vem erguendo gradualmente, em doses nem sempre homeopáticas, a cortina que separa o mundo físico do mundo espiritual, consentindo estendamos o olhar curioso, indagativo, sobre o belo panorama da vida além da carne.
    O espírita convicto não teme a morte, nem para si nem para os outros, mas procurar cumprir, da melhor maneira possível, apesar de suas imperfeições, imperfeições que não desconhece, os deveres que lhe cabem na Terra, aguardando, assim, confiante, a qualquer tempo, hora e lugar, o momento da Grande Passagem.
    Não a considera pavorosa, lúgubre, terrificante, tampouco a define por suave e milagrosa porta de redenção e felicidade.
    O Espiritismo ensina, com apoio no Cristianismo, que não há duas vidas, mas sim duas fases, que se prolongam, de uma só vida.
    Se a Doutrina preleciona: "nascer, morrer, renascer ainda, progredir continuamente" Jesus notifica a Nicodemos: "necessário vos é nascer de novo".
    A uma daquelas fases, dá-se o nome de Etapa Corporal. Vai do berço ao túmulo. À outra, dá-se o nome de Etapa Espiritual. Vai do túmulo ao berço.
    A nossa alma é como o Sol, que se esconde no horizonte, ao pôr de um dia, para, no alvorecer de novo dia, retornar pelo mesmo caminho.
    A vida, em si mesma, é sublime cadeia de experiências que se repetem, séculos e mais séculos, até que obtenhamos a perfeição.
    Maravilhosa cadeia, cujos elos se entrelaçam, se entrosam, se harmonizam, justapostos...
    Pensando atuando dentro da conceituação, estranha para muitos, por enquanto, porém muito lógica e racional para nós, sabe o espírita, em tese, o que a Morte, como fenômeno simplesmente transitivo, lhe reservará.
    Sabe que o sistema de vida adotado aqui na Terra, o seu comportamento ético, terá justa e equânime correspondência no mundo espiritual que é indefectivamente, um prolongamento do terráqueo.
    Boas sementes, bons frutos produzem.
    Más sementes, amargos frutos produzem.
    Seremos, aqui e em qualquer parte, o resultado de nós mesmos, de nossos atos, pensamentos e palavras, sem embargo da generosas intercessões de amigos que se nos anteciparam na Grande Viagem.
    Proporcionando alegria e amparo, alimento e instrução, aqui na Terra, aos nossos semelhantes, a Lei nos assegurará, no Plano Espiritual, instrução e alimento, amparo e alegria.
    Tais noções, hauridas no Espiritismo, tornam o homem mais responsável e mais cuidadoso, mais esclarecido e mais consciente, compelindo-o a passos mais seguros, dentro da Vida - em suas duas faces - para que a Vida lhe sorria, agora e sempre.
    Evidentemente, sem subestimar, nem sobreestimar a morte, o espírita caminha, luta, sofre, trabalha e evolui conscientemente, na direção do Infinito Bem, felicidade, os renascimentos, sucessivos a que se referiu Jesus, no diálogo com Nicodemos.

Autor: Martins Peralva

30.1.20

JÚPITER


(...) De todos os planetas, o mais adiantado sob todos os aspectos é Júpiter. É o reino exclusivo do bem e da Justiça, porquanto só tem Espíritos bons. Pode fazer-se uma ideia do estado feliz de seus habitantes pelo quadro que demos de um mundo habitado apenas por Espíritos da segunda ordem.
A superioridade de Júpiter não está somente no estado moral de seus habitantes; está também na sua constituição física. Eis a descrição que nos foi dada desse mundo privilegiado, onde encontramos a maior parte dos homens de bem que honraram nossa Terra por suas virtudes e talentos.
A conformação do corpo é mais ou menos a mesma daqui, porém é menos material, menos denso e de uma maior leveza específica. Enquanto rastejamos penosamente na Terra, o habitante de Júpiter transporta-se de um a outro lugar, deslizando sobre a superfície do solo, quase sem fadiga, como o pássaro no ar ou o peixe na água. Sendo mais depurada a matéria de que é formado o corpo, dispersa-se após a morte sem ser submetida à decomposição pútrida. Ali não se conhece a maioria das moléstias que nos afligem, sobretudo as que se originam dos excessos de todo gênero e da devastação das paixões. A alimentação está em relação com essa organização etérea; não seria suficientemente substancial para os nossos estômagos grosseiros, sendo a nossa por demais pesada para eles; compõe-se de frutos e plantas; de alguma sorte, aliás, a maior parte eles a haurem no meio ambiente, cujas emanações nutritivas aspiram. A duração da vida é, proporcionalmente, muito maior que na Terra; a média equivale a cerca de cinco dos nossos séculos; o desenvolvimento é também muito mais rápido e a infância dura apenas alguns de nossos meses.
Sob esse leve envoltório, os Espíritos se desprendem facilmente e entram em comunicação recíproca apenas pelo pensamento, sem, todavia, excluir a linguagem articulada; para a maior parte deles, também, a segunda vista é uma faculdade permanente; seu estado normal pode ser comparado ao de nossos sonâmbulos lúcidos; eis por que se nos manifestam mais facilmente do que os encarnados nos mundos mais grosseiros e mais materiais. A intuição que têm do seu futuro, a segurança dada por uma consciência isenta de remorsos fazem que a morte não lhes cause nenhuma apreensão; vêem-na chegar sem temor e como simples transformação.
Os animais não estão excluídos desse estado progressivo, sem se aproximarem, contudo, daquele do homem; seu corpo, mais material, prende-se à terra, como os nossos. Sua inteligência é mais desenvolvida que a dos nossos animais; a estrutura de seus membros presta-se a todas as exigências do trabalho; são encarregados da execução de obras manuais: são os serviçais e os operários; as ocupações dos homens são puramente intelectuais. Para os animais o homem é uma divindade tutelar que jamais abusa do poder para os oprimir(...).

Livro: Revista Espírita – Março 1858 – Allan Kardec

29.1.20

O SOFRIMENTO


Questão 531 do Livro dos Espíritos

Em certos casos, os Espíritos que nós ofendemos quando nos revestimos com a carne, ao desencarnarem continuam a nos perseguir, clamando por justiça, e às vezes Deus o permite para nos educar. Porém, se esses Espíritos alcançam a compreensão espiritual, logo nos perdoarão, mas, como todo mal que praticamos fica gravado na consciência, levanta-se dentro de nós um fantasma, tomando por certo a aparência do perseguidor, subjugando nossas forças e nos fazendo sofrer, na medida em que fizemos alguém padecer, do mesmo modo que o torturamos.
Em muitos casos, a obsessão não passa de fantasia que a nossa mente alimenta, e a subconsciência fornece os meios para o prosseguimento da perturbação. Assim, a lei da justiça se cumpre, de sorte a nos educar, instruindo-nos de modo a modificarmos nossos sentimentos. É neste sentido que sempre se diz, que somente o que nos acompanha além do túmulo são nossas ações. boas ou mas elas nos ajudam ou nos torturam, e o Cristo, conhecedor dessa ciência espiritual, desceu até a Terra para nos deixar a mais linda página de educação, que conhecemos com o nome de Evangelho.
Se começas a te educares, em te movendo na carne, começas a te libertar das ilusões, passarás a não sintonizar mais com o ofendido porque o perdoaste, destruirás as imagens gravadas na tua consciência por amar a todos, porque o amor cobre a multidão dos pecados, desfazendo todo o mal, e ainda o transformando em bem. O amor é a única virtude que liberta sem preço, sem exigências. Existem, é certo, muitos que sofrem, moral e fisicamente, por influência dos Espíritos inimigos, e por vezes Deus o permite para que possam compreender o valor do perdão, e a necessidade de modificação do comportamento. Cultiva a prece todos os dias, perdoando aos teus inimigos e mesmo amando-os, que todas as inimizades vão se desfazendo, e a paz espiritual passa a irradiar dentro e fora de ti, por justiça de Deus.
Há casos em que os inimigos espirituais passam de uma existência para outra e os sofrimentos se prolongam por muitos séculos, por faltar em quem persegue e nos sofredores o perdão, o entendimento das leis espirituais. A Doutrina dos Espíritos oferece campo aberto e condições elevadas em todos os rumos para livrar o homem da violência da inimizade. As letras que ora usamos, se não forem harmonizadas nestas linhas, não poderão transmitir a mensagem que idealizamos. Onde há harmonia, há paz. Atualmente no mundo em que habitas, prevalece o traço da desarmonia, e é por isso que sofres. Se copiares o que as leis da natureza expressam, viverás na paz.
Não há felicidade na Terra, entre os homens, porque eles não entendem a lei de amor. Às vezes perguntas porque Deus permite estas coisas: é por que o Senhor sabe que somente sofrendo é que aprenderás a amar. Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios, no capítulo oito, versículo três, assim diz:
Mas se alguém ama a Deus, esse é conhecido por Ele.
Quando passamos a amar, o Senhor fica mais visível aos nossos sentimentos e filtramos Seus pensamentos na naturalidade que a vida nos oferece, por prêmio aos nossos esforços no campo da melhora. O amor faz desaparecer o tempo e o espaço, nos tirando essa agonia de tempo, de marcação de passado e de futuro, nos levando para viver somente no eterno, que é a felicidade. Quem souber a grandeza dos frutos do verdadeiro amor, não sentirá outra coisa, em relação a Deus e ao próximo.

Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

28.1.20

A POSSE DA FELICIDADE


Emmanuel
     Meus amigos, não são poucas as ilusões que o homem necessita alijar do seu coração, para a posse dessa felicidade em cuja busca consome os seus dias, destruindo às vezes ineficazmente as suas forças.
*
     A vida é o patrimônio sagrado de energias que a alma precisa coordenar para a aquisição de sua ventura espiritual, convindo não esquecerdes os vossos deveres sociais e espirituais dentro de qualquer situação em que sejais colocados.
     Muitos de vós pedis uma palavra nossa, uma orientação e um conselho, porém, não vos esqueçais que através do luminoso oráculo de vossas consciências, Deus se manifesta porque Deus é a Verdade para eliminardes dos vossos espíritos o fardo de enganos, que carregais frequentemente anos a fio, adquirindo penosamente as experiências que representam as riquezas em vossas almas, de Sua presença constante em seus próprios corações.
*
     Todos vós sois falíveis.
     O homem luta a vida inteira com o assédio das tentações e, às vezes, cai nas ciladas que as suas próprias ilusões lhe preparam, causando-lhe danos que apenas os séculos de dores expiatórias podem reparar.
*
     Tendes, entretanto o meio de evitardes as quedas que tão dolorosamente vos surpreendem, perturbando a vossa marcha ascensional para Deus.
     Observai-vos intimamente.
     Sede tolerante com o vizinho, sendo severos conosco mesmo.
*
     Todas as lições de moral são batidas e velhas, afirmais naturalmente.
     Todavia, as vossas novidades cientificas e religiosas só vos tem perturbado, conduzindo aos beirais de abismos tenebrosos.
*
     É ainda exemplos do passado que devereis volver os olhos.
     É ainda fortificando o instituto sagrado da família, reatando os laços da fé, confiando em uma Justiça Superior que podeis beneficiar à vossa civilização corrompida por todos os abusos, regenerando os seus costumes em todas as esferas das atividades individuais e coletivas.
     Vós, porém, amigos, tendes a missão consoladora.
     Mãos à obra! ... e que o Evangelho do Mestre Divino seja o vosso roteiro em todos os momentos.

Livro: Ação, Vida e Luz – Francisco C. Xavier – Espíritos Diversos

27.1.20

A GRANDE EDUCADORA


    Chama-se Dor. Revela-se na desventura do amante, na desolação da orfandade, na angústia da miséria, no alquebramento da saúde, no esquife do ser querido que se foi deixando atrás de si a lágrima e o luto, no opróbrio da desonra, na humilhação do cárcere, no aviltamento dos prostíbulos, na tragédia dos cadafalsos, na insatisfação dos ideais, na tortura das impossibilidades, no acervo das desilusões contra que se confunde e se decepciona o coração da Humanidade. Não obstante, a Dor é a grande amiga a zelar pela espécie humana, junto dela exercendo missão elevada e santa.
    Estendendo sobre as criaturas suas asas, úmidas sempre do orvalho regenerador das lágrimas, a Dor corrige, educa, aperfeiçoa, exalta, redime e glorifica o sentimento humano a cada vibração que lhe extrai através do sofrimento.
    O diamante escravizado em sua ganga sofre inimagináveis dilacerações sob o buril do lapidário até poder ostentar toda a real pureza do grande valor que encerra. Assim também será a nossa alma, que precisará provar o amargor das desventuras para se recobrir dos esplendores das virtudes imortais cujos germens o Sempiterno lhe decalcou no ser desde os longínquos dias do seu princípio!
    A alma humana é o diamante raro que a Natureza - Deus - criou para, por si mesmo, aperfeiçoar-se no desdobrar dos milênios, até atingir a plenitude do inimaginável valor que representa, como imagem e semelhança dAquele mesmo Foco que a concebeu. Mas o diamante - Homem - acha-se envolvido das brutezas das paixões inferiores. É um diamante bruto! Chega o dia, porém, em que os germes da imortalidade, nele decalcados, se revolucionam nos refolhos da sua consciência, nele palpitando, então, as ânsias por aquela perfeição que o aguarda, num destino glorificador: - Foi criado para as belezas do Espírito e vê-se bruto o inferior! Destinado a fulgir nos mostruários de esferas redimidas, reconhece-se imperfeito e tardo nas sombras da matéria!     Sonha com a sublimização das alegrias em pátrias divinais, onde suas ânsias pelo ideal serão plenamente saciadas, mas se confessa verme, porquanto não aprendeu ainda sequer a dominar os instintos primitivos!
    Então o diamante - Homem - inicia, por sua vontade própria, a trajetória indispensável do aperfeiçoamento dos valores que consigo traz em estado ignorado, e entra a sacudir de si a crosta das paixões que o entravam e entenebrecem.
    E essa marcha para o Melhor, essa trajetória para o Alto denomina-se Evolução!
    A luta, então, apresenta-se rude! É dolorosa, e lenta, e fatigante, e terrível! Dele requer todas as reservas de energias morais, físicas e mentais. Dilacera-lhe o coração, tortura-lhe a alma, e o martirológico, quase sempre, segue com ele, rondando-lhe os passos!
    Mas seu destino é imortal, e ele prossegue!
    E prosseguindo, vence!...
    Então, já não é o bruto de antanho...
    O diamante tornou-se joia preciosa e refulge agora, pleno de méritos e satisfações eternas, nos grandes mostruários da Espiritualidade - esferas de luz que bordam o infinito do Eterno Artista, que é Deus!
    A Dor, pois, é para o Espírito humano o que o Sol é para as trevas da noite tempestuosa: - Ressurreição! Porque, se este aclara os horizontes da Terra, levantando com seu brilho majestoso o esplendor da Natureza, aquela desenvolve em nosso ego os magnificentes dons que nele jaziam ignorados: - fecunda a inteligência, depurando o sentimento sob as lições da experiência, educando o caráter, dignificando, elevando, num progredir constante, todo o ser daquele em quem se faz vibrar, tal como o Sol, que vivifica e benfaz as regiões em que se mostra.
    A Dor é o Sol da Alma...
    A criatura que ainda não sofreu convenientemente carrega em si como que a aridez que desola os polos glaciais e, como estes, é inacessível às elevadas manifestações do Bem, isto é, às qualidades redentoras que a Dor produz.     Nada possuirá para oferecer aos que se lhe aproximam pelos caminhos da existência senão a indiferença que em seu ser se alastra, pois que é na desventura que se aprende a comungar com o Bem, e não pode saber senti-lo quem não teve ainda as fibras da alma tangidas pela inspiração da Dor! O orgulho e o egoísmo, cancerosas chagas que corrompem as belas tendências do Espírito para os surtos evolutivos que o levarão a redimir-se; as vaidades perturbadoras do senso, as ambições desmedidas, funestas, que não raro arrastam o homem a irremediáveis, precipitosas situações; as torpes paixões que tudo arrebatam e tudo ferem e tudo esmagam na sua voragem avassaladora que infestam a alma humana, inferiorizando-a ao nível da brutalidade, e os quais a Dor, ferindo, cerceia, para implantar depois os fachos imortais de virtudes tais como a humildade, a fé, o desinteresse, a tolerância, a paciência, a prudência, a discrição, o senso do dever e da justiça, os dons do amor e da fraternidade e até os impulsos da abnegação e do sacrifício pelo bem alheio - remanescentes daquelas mesmas sublimes virtudes que de Jesus Nazareno fizeram o mensageiro do Eterno!
    Ela, a Dor, é o maior agente do Sempiterno na obra gigantesca da regeneração humana! É a retorta de onde o Sentimento sairá purificado dos vírus maléficos que o infelicitam! Quanto maior o seu jugo, mais benefícios concederá ao nosso ego - tal como o diamante, que mais cintila, alindado, quanto maior for o número dos golpes que lhe talharem as facetas! É a incorruptível amiga e protetora da espécie humana:- zelando pela sua elevação espiritual, inspirando nobres e fraternas virtudes! Ela é quem, no Além-Túmulo, nos leva a meditar, através da experiência, produzindo em nosso ser a ciência de nós mesmos, o critério indispensável para as conquistas do futuro, de que hauriremos reabilitação para a consciência conturbada. É quem, a par do Amor, impele as criaturas à comiseração pelos demais sofredores, e a comiseração é o sentimento que arrasta à Beneficência. E é ainda ela mesma que nos enternece o coração, fazendo-nos avaliar pelo nosso o infortúnio alheio, predispondo-nos aos rasgos de proteção e bondade; e proteger os infelizes é amar o próximo, enquanto que amar o próximo é amar a Deus, pautando-se pela suprema lei recomendada no Decálogo e exemplificada pelo Divino Mestre! Por isso mesmo, o coração que sofre não é desgraçado, mas sim venturoso, porque renasce para as auroras da Perfeição, marcha para o destino glorioso, para a comunhão com o Criador Onipotente! Prisioneiro do atraso, o homem somente se desespera sob os embates da Dor porque não a pode compreender ainda. Ela, porém, é magnânima e não maléfica. Não é desventura, é necessidade. Não é desgraça, é progresso. Não é castigo, é lição. Não é aniquilamento, é experiência. Nem é martírio, mas prelúdio de redenção! Notai que - depois do sacrifício na Cruz do Calvário foi que Jesus se aureolou da glória que converterá os séculos: - "Quando eu for suspenso, atrairei todos a mim". - Ele próprio o confirmou, falando a seus discípulos.
    Sob o seu ferrete é que nos voltamos para aquele misericordioso Pai que é o nosso último e seguro refúgio, a nossa consolação suprema!
    As ilusões passageiras da Terra, os prazeres e as alegrias levianas que infestam o mundo, aviltando o sentimento de cada um, nunca fizeram de seus idólatras almas aclaradas pelas chamas do amor a Deus. É que - para levantar na aridez das nossas almas a pira redentora da Fé só há um elemento capaz, e esse elemento é a Dor! Ela, e só ela, é bastante poderosa para reconciliar os homens - filhos pródigos - com o seu Criador e Pai!
    Seu concurso é, portanto, indispensável para nos aperfeiçoar o caráter, e inestimável é o seu valor educativo. Serena, vigilante, nobre heroica - ela é o infalível corretivo às ignomínias do coração humano!
    Nada há mais belo e respeitável do que uma alma que se conservou serena e comedida em face do infortúnio. Palpita nessa alma a epopeia de todas as vitórias! Responde por um atestado de redenção! Seu triunfo, conquanto ignorado pelo mundo, repercutiu nas regiões felizes do Invisível, onde o comemoraram os santos, os mártires de todos os tempos, os gênios da sabedoria e do bem, almas redimidas e amigas que ali habitam, as quais, como todos os homens que viveram e vivem sobre a Terra, também conheceram as correções da Dor, ela é a lei que aciona a Humanidade nos caminhos para o Melhor até a Perfeição! Ó almas que sofreis! Enxugai o vosso pranto, calai o vosso desespero! Amai antes a vossa Dor e dela fazei o trono da vossa Imortalidade, pois que, ao findar dessa trajetória de lágrimas a que as existências vos obrigam - é a glorificação eterna que recebereis por prêmio!
    Salve, ó Dor bendita, nobre e fiel educadora do coração humano!
    E glória ao Espiritismo, que nos veio demonstrar a redenção das almas através da Dor!

Autor: Léon Denis

26.1.20

REENCARNAÇÃO NO MUNDO ESPIRITUAL E SEXO

Há quem não aceite a tese da Reencarnação no Mundo Espiritual por considerar o sexo algo pecaminoso.
Animalesco.
Abjeto.
Ignora, talvez, que tenha nascido através do contato sexual que aconteceu entre o seu pai e a sua mãe.
Ignora ainda que, sem José e Maria, não teríamos tido Jesus Cristo.
O Amor maior fruto de um amor humano.
Divino que, para divinizar a Humanidade se fez Homem – e não consigo me referir ao Cristo sem grafar a palavra “Homem” com “H” maiúsculo.
Mas, ignora também que a relação sexual, propriamente dita, não é a única forma existente de reprodução.
Para esse, ou esses, a reprodução acontece pelos órgãos masculino e feminino.
Eles são apenas “veículos”.
Em essência, são os gametas que copulam.
Nos vegetais, nada de androceu e gineceu – somente o pólen e o óvulo vegetal.
Polinização.
As abelhas podem participar dessa... Bem, desse “sarau”!...
Os beija-flores, tão delicados e inocentes.
Até o vento, de braços dados com a brisa.
Há quem, pois, não a aceite a realidade da Reencarnação no Mundo Espiritual, porque desconhece outros meios de reprodução.
Assexuada.
Um célula em “transa” consigo mesma – perdoem-me a expressão, mas, sabem como é, espírito chulo não resiste à tentação.
Até o “Word” quer me corrigir, escrevendo “relação amorosa”...
Quanto moralismo – até no computador!
Estou envergonhado – meu computador é mais moralizado que eu.
Pois é.
Vocês sabiam que o espírito nasceu no Mundo Espiritual?!
Não?!
Por favor, leiam, ou releiam o capítulo XI, de “A Gênese”, de Allan Kardec – a edição não adulterada, ou seja, a edição com a qual um adulterado chamado Leymarie praticou adultério.
Sim, o espírito nasceu no Mundo Espiritual!...
Não me perguntem como foi.
Posso falar o que não devo.
Venham vocês comigo para a fogueira!...
A Inquisição não acabou...

INÁCIO FERREIRA – Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 26 de Janeiro de 2020.

25.1.20

RECOMEÇA


Por maior seja a distância
Que à frente sempre se meça,
A tarefa interrompida,
Recomeça, recomeça...

Embora exausto na lida
Que mais renúncia te peça,
Na luta de cada dia,
Recomeça, recomeça...

Desalentado na fé
Perante provas à beça,
A crer na luz da manhã,
Recomeça, recomeça...

De ao Bem servir com Jesus,
Nada no mundo te impeça...
Atende à voz que te exorta:
Recomeça, recomeça!...

Eurícledes Formiga – Blog Poesia em Prosa e Verso
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã de sábado do dia 18 de janeiro de 2020, em Uberaba – MG).

24.1.20

A divulgação e o raciocínio Espírita


O que leva certos espíritas serem contra a divulgação?
A mascarada e insensata mania de querer parecer aos outros que o Espiritismo é uma coisinha pequena, simplezinha, humildezinha e bem insignificante.
Tenho observado que muita gente se apega demais ao estilo demonstrado pelo Chico Xavier, quando se dizia insignificante, que nada mais era que uma pequena folhinha de grama, num gramado, e que um animal poderia chegar e consumir aquela grama, que de uma hora para outra deixaria de existir.
O Chico não se valorizava mesmo e até se dizia uma besta espírita, todo mundo sabe disto.
Todavia há um detalhe aí que a inteligência limitada, e muitas vezes até atrofiada, de alguns não consegue levar em consideração:
Alguém, que conviveu com o Chico, no tempo em que ele dizia essas coisas, poderia ter feito, a ele, a seguinte pergunta:
- "Chico, você se diz um simples cisco e, portanto, uma insignificância. Essa insignificância que você diz ser, é em relação a quê?"
Se observarmos uma montanha, ou uma pedra, de mais de 300 metros de altura, como é o caso do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, vamos achar aquela pedra enorme e gigantesca, não é verdade?
Todavia, se formos analisar o tamanho daquela pedra, em relação ao planeta Terra, aí teremos que dizer que ela é uma coisinha insignificante. Se a análise for em relação ao sistema solar, ela será menor que um simples grão de areia; se for em relação à Via Láctea, ela deixa de existir, não significará absolutamente nada, assim como o próprio Rio de Janeiro não significará nada e nem o "gigantesco" planeta Terra aparecerá na foto. Veja nesta foto aí abaixo, que o sistema solar é uma simples bolinha amarela, lá embaixo.
É aí que peço para que os espíritas, que não tem cérebros adormecidos, raciocinem e questionem:
O Chico Xavier se dizia um simples cisco em relação a quê?
Ao homem comum? Claro que não era. A não ser que sejamos hipócritas e bestas demais para concluirmos que era.
Como é que alguém, que tem alguma massa encefálica, pode querer acreditar ser verdade que Chico Xavier seria insignificância, em relação ao homem comum, diante de tudo o que ele produziu, coisas que normalmente homem comum nenhum é capaz de fazer?
Então, seria conveniente e até inteligente que determinados espíritas parassem com essa besteira e essa bobagem de querer emprestar uma qualificação de pequenez, de insignificância e de coisa simplezinha ao Espiritismo, porque isto, além de ser um tremendo desrespeito para com a doutrina, é também uma grande palhaçada.
Achar que os eventos espíritas têm que ser realizados, sempre, em ambientes desconfortáveis, sem muita luz, sem brilho, com as cadeiras mais simples que existem, com o equipamento de som mais vagabundo que existe, enchendo a plateia de gente com vestimentas pobres, aparências pobres e semblantes pobres, nada mais é que a expressão do ridículo e do estelionato em relação à nossa doutrina.
Allan Kardec nos chama a atenção muito bem, em relação a isto, quando responde a um desses pseudo humildes e bonzinhos de araque, do seu tempo, de forma direta quando diz que uma proposta de ter que vender os livros espíritas bem baratinho, abaixo do preço de mercado, para ostentar humildade, é um desrespeito à doutrina, uma desvalorização do Espiritismo e também postura ridícula.
Não é só o Alamar que qualifica certos comportamentos como ridículos não, o próprio Kardec, também, utilizou-se da expressão RIDÍCULOS, diversas vezes. Quem quiser que examine, criteriosa e atentamente toda a obra básica e, inclusive, a Revista Espírita.
Uai, estaria ele também utilizando-se de linguajar chulo? 
A divulgação da doutrina é necessária, sim, é questão de urgência e necessidade de pronto socorro espiritual para o Brasil e o Mundo.
Emmanuel não estava errado, quando disse que a divulgação da doutrina é a MAIOR Caridade que podemos fazer em relação à Doutrina; Kardec não estava errado, tanto que pediu e apelou, inúmeras vezes, para que os espíritas investissem na divulgação da doutrina e nem Jesus estava errado quando ensinou que a Luz deve ser colocada no velador e não deixada sob o alqueire!
Como é que aparecem espíritas pra dizerem que o Espiritismo não precisa de divulgação?
Vejam o detalhe do Emmanuel, por exemplo: Ele não disse que a divulgação é também uma forma de Caridade, ele disse que é a MAIOR Caridade!!!!
É preciso eu dizer, para essas "notáveis" figuras, o que significa a palavra MAIOR?
Isto quer dizer que a divulgação é a mais importante de todas as Caridades, inclusive a de dar sopa pra pobre, a de dar roupinhas velhas pra pobres, de destinar dinheiros pra creches e tudo.
Vamos divulgar, gente, vamos falar do Espiritismo para o grande público, utilizando-nos de todos os meios de comunicação de massa, realizando eventos, o máximo possível, com bom gosto, com boa apresentação e com um trato, do jeito que a nossa doutrina merece.
Queiram ou não, a divulgação da Doutrina é algo fantástico, que esclarece, ilumina e consola muita gente.
Acredite nisto, porque não há dinheiro que pague a alegria que você tem, por possuir um patrimônio deste.
E viva a NOVA FASE DO ESPIRITISMO.
Para a apreciação de todos.
Carinhosamente. 

Alamar Régis Carvalho (Saudades do amigo que não tinha papas na língua)

23.1.20

AÇÃO DOS LEVIANOS


Questão 530 do Livro dos Espíritos

Os Espíritos levianos e zombeteiros se aproximam das criaturas que lhes favorecem a aproximação. Quantas vezes escutaste estas palavras: "Os semelhantes se atraem"? Um Espírito mentiroso não pode influenciar um homem que não admite a mentira, nem o Espírito de um beberrão faz um homem beber, sem que este queira alimentar esse vício. Tem de haver sintonia entre os dois, para que possam entrosar os sentimentos.
Os Espíritos levianos acompanham as criaturas levianas, usando-as como médiuns. Os Espíritos na erraticidade, quaisquer que sejam as suas atividades, científicas, políticas, culturais ou qualquer outra, procuram a companhia daqueles que exercem as mesmas atividades no plano físico. Se queres a companhia de Espíritos puros, procura alcançar a pureza. Esses Espíritos, ainda que não sejas puro, mas, que estejas envidando esforços para seio, usam a misericórdia, e com as bênçãos de Jesus, se servirão de médiuns, para promoverem a paz das criaturas.
Todos os infortúnios causados pelos Espíritos ignorantes às pessoas, são devidos ao fato de essas pessoas alimentarem idéias falsas e as acharem boas, praticando e alimentando paixões inferiores. A Doutrina dos Espíritos apareceu no mundo por misericórdia, trazendo a mensagem de esclarecimento para que se possa entender o caminho a ser percorrido. Os conceitos de Jesus são revividos nesta doutrina, com o objetivo de libertar as criaturas, ou mostrar os modos pelos quais elas se libertem a si mesmas.
Não é que os Espíritos zombeteiros e levianos não atacam os homens sérios; eles tentam, mas, quando notam nada conseguir, os abandonam, como um artista abandona um instrumento estragado e que não possa consertar. Nós pedimos as coisas a Deus pela vida que levamos. Ele entende essa linguagem e, se queres melhorar, esforça-te. A ajuda vem por muitos meios que o Senhor tem de ajudar Seus filhos do coração. Vejamos o que Jesus fala:
Pedi, e dar-se-vos-á, buscai e achareis;
batei e abrir-se-vos-á. (Mateus, 7:7)
Não é pedindo somente pela boca, não é buscando somente pelo andar, não é batendo somente pelas mãos; é mais pela transformação interna dos costumes, pelas mudanças de vida, é que se faz nascer alguma coisa nova na cidade do coração. O Cristo nos ensinou a pedir, o Cristo nos ensinou a buscar, o Cristo nos ensinou a bater.
A missão da Doutrina dos Espíritos, sendo a mesma de Jesus, é nos ajudar a criar dentro de nós a harmonia. Eis aí a felicidade. Mente em desarmonia é mente sofredora, cheia de problemas, de infortúnios, cheia de dores. E aí, o que acontece? Os Espíritos levianos e zombeteiros aproximar-se-ão dos que se encontram nesse estado de desequilíbrio e farão a sua vez, juntando duas desordens, somando a infelicidade.
Os Espíritos inferiores que se aproximam dos homens, podem ter sido seus inimigos no passado, que voltam cobrando, quando são ignorantes. Mas, não é justo que os culpes de todo o mal que acontece nos teus caminhos. Em muitos casos, os teus próprios pensamentos inferiores causam-te esses distúrbios na mente e no corpo.
Aprimora tuas ideias, que o corpo de carne acompanha essa harmonia, pois essa é a lei. Sabes por que existem Espíritos levianos na Terra? Porque a maioria dos seres humanos é formada por Espíritos ainda levianos. Sabes por que existem Espíritos zombeteiros na Terra? Porque a maioria dos seres humanos ainda o é. Se cada um levar a sério a elevação moral de si mesmo, o mundo se transformará, como também as almas que povoam seu mundo astral. Aquelas que não o quiserem, serão retiradas para onde a sintonia determinar.
Lembremo-nos mais uma vez das palavras de Jesus: - Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Quem não passar por Ele, dificilmente alcançará a libertação. Jesus é a nossa luz; seguindo-0, jamais ficaremos em trevas.

Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

22.1.20

A DECADÊNCIA INTELECTUAL DOS TEMPOS MODERNOS


Emmanuel

    Pesam sobre os corações atribulados da Terra as amargas apreensões com respeito ao fatalismo da guerra.
     E, infelizmente, ninguém poderá calcular a extensão dos movimentos que se preparam objetivando a luta do porvir.
*
     A Europa atual parece guardar a "liderança" da cultura dos povos.
     Todavia, é fácil estabelecer-se um estudo analítico de sua situação hodierna, de pura decadência intelectual depois das catástrofes de 1914-1918.
     As ditaduras europeias revivem na atualidade a época napoleônica na pátria francesa quando, segundo Chateaubriand, tudo respirava o senhor, homenageava o senhor e vivia para o senhor.
     No Velho Mundo, em todos os países que o constituem, vive-se o governo e mais nada.
*
     O livro, a escola, a oficina, o clube são núcleos de recepção do pensamento dos maiores ditadores que o mundo há conhecido.
*
     A imprensa manietada pelas medidas diaconianas não pode criar o cooperativismo intelectual das classes e das administrações, obrigada a viver a de fase união absoluta aos programas que sobrevieram à grande guerra; não podem produzir à grande guerra; não podem produzir expressões que abranjam a solução dos enigmas destes tempos novos, coibidos ou trabalhados por leis vexatórias e humilhantes e vemos pelo mundo inteiro a invasão das forças perversoras da consciência humana.
*
     Jornais integrados das doutrinas mais absurdas, falsa educação pelo rádio que vem complicar sobremaneira a situação e os livros da guerra, a literatura bélica, inflada de demagogias e de estandartes, de símbolos e de bandeiras incentivando a separatividade.
*
     Qualquer estudioso desses assuntos poderá verificar a verdade de nossas afirmações.
     Os homens, nesta fase de preparações armamentistas vivem uma época de profunda pobreza intelectual.
*
     O porvir há de falar aos pósteros dessas cousas, sem necessitar que encareçamos essas realidades aos vossos olhos.
     O mundo tocou a uma fase evolutiva em que é preciso encarar de frente a questão da fraternidade humana para resolvê-la com justiça.
*
     Os governos fortes, fatores da decadência espiritual dos povos que guardavam consigo a vanguarda evolutiva do mundo, não podem trazer uma solução satisfatória aos problemas profundos que vos interessam.
*
     Afigura-se-nos que a função das ditaduras é preparar as reações incendiárias das coletividades.
     O que o planeta necessita é de se criar uma nova forma de justiça econômica entre os povos.
     Que se aventem medidas conciliadoras para essa situação de pauperismo e de alto imperialismo das nações.
*
     Os que estudam a política internacional podem resolver grande parte dos fenômenos que convulsionam quase todos os países, analisando a chamada questão das matérias primas.
     Matérias primas querem dizer colônias.
     Colônias querem dizer – possibilidades de vida e de expansão.
*
     É verdade que na Espanha atual, antes de tudo, reside o imperativo da dor, redimindo grandes culpados de outrora, constituindo essa dolorosa situação um dos quadros mais terríveis das provações coletivas, mas não só as ideologias extremistas ali se combatem, pressagiando um novo organismo político para o mundo.
*
     Um dos diretores de um manicômio espanhol asseverava há pouco tempo que mais de 400 pessoas em um ano tinham procurado refugio, como loucos, nesse pouso de alienados em virtude das necessidades imperiosas da fome.
     A Espanha é pobre de terras.
     De cem hectares de terreno, talvez somente uns trinta poderão oferecer campo propício à agricultura.
     Não só a velha península se debate nessas necessidades tão duras.
     A China não está suportando o aumento contínuo de sua população.
     O Japão vem se fortificando para poder nutrir o seu povo.
     A Alemanha reclama suas antigas possessões.
     A Polônia estuda um projeto de colocar na África ou na América mais de 10.000.000 de criaturas que a sua possibilidade econômica não está comportando.
*
     Nessas aluviões de protestos ouvem-se os tinidos das armas e melhor fora que o homem voltasse suas vistas para o campo fraterno, antes da destruição que se fará consumar.
     Seria melhor estudar-se a questão carinhosamente, analisando-se os códigos das medidas imigratórias e que as nações não se deixassem dominar tanto pelos pruridos de nacionalismo, tentando estabelecer um plano de concessões racionais e resolvendo-se a questão da troca de produtos ente os países, solucionando-se o enigma da repartição que a economia política não pode conseguir até hoje, não obstante sua perfeição técnica no círculo da direção das possibilidades produtoras.
*
     O que verificamos é que sem a pratica da fraternidade verdadeira todos esses movimentos pró-paz são encenações diplomáticas sem um fundo pratico apesar de suas intenções respeitáveis. Mas... o mundo não se acha à revelia das leis misericordiosas do Alto e estas, no momento oportuno, saberão opor um dique à chacina e ao arrasamento.
*
    Confiemos nelas, porque os códigos humanos serão sempre documentos transitórios como o papel em que são arquivados, enquanto não se associarem parágrafo por parágrafo ao Evangelho de Jesus.

Livro: Ação, Vida e Luz – Francisco C. Xavier – Espíritos Diversos.

21.1.20

ANO NOVO... MENOS UM!...


Ano Novo!...
Menos um
Para que você,
Na presente encarnação,
Possa fazer o que deve –
Fazer o que deveria
Ter feito
Ontem!...
Não convém, pois,
Adiar mais
O que, tantas vezes,
Você já adiou...
Fôlego mais curto,
Músculos flácidos,
Pernas mais cansadas
E... cabeça também!...
Oportunidades?!
Quantas
Já perdidas?!...
O homem, quase sempre,
É um colecionador
De minutos vazios,
Horas inúteis,
Dias inexistentes!...
Não acha que
Já tenhamos
Excedido
O limite dos equívocos?!...
Ano Novo...
Renovar ilusões?!...
De novo,
Enganar e enganar-se?!...
De novo,
Em tantos senões,
Prometer e... não cumprir?!...
O tempo,
No seu relógio de areia,
Esgotou-se
Quase todo...
Se, antes, passou depressa,
Agora
Passará mais depressa
Ainda...
Tiago, 4:14, escreveu:
Vós não sabeis
O que sucederá
Amanhã.
Que é a vossa vida?
Sois apenas
Como neblina
Que aparece por instantes
E logo se dissipa.
Ano Novo...
Mais um, menos um!...
A contagem
É decrescente!...
Enfim,
Lamento,
Neste Janeiro,
20
De 2020,
Cumprimentá-lo assim!...

INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 20 de Janeiro de 2020.

20.1.20

O perfeccionista


O perfeccionista é obrigado a ser um neurótico, ele não consegue aproveitar a vida até que ela seja perfeita.
E a perfeição como tal nunca acontece, não está na natureza das coisas. Totalidade é possível, a perfeição não é possível.
Isso é o fundamental da abordagem holística. E existe uma tremenda diferença entre perfeição e totalidade.
A perfeição é uma meta em algum lugar no futuro, a totalidade é uma experiência aqui agora.
Totalidade não é uma meta, é um estilo de vida.

Livro: The Book of Wisdom - Osho

19.1.20

A APOSTA NA FÉ


Meus queridos irmãos,
Deus nos abençoe!
Nestes dias difíceis que vivemos há que termos fé, não uma fé qualquer, mas uma fé verdadeira, uma fé transbordante, uma fé que move montanhas, conforme pediu-nos o Nosso Senhor Jesus Cristo.
Por que venho vos falar da fé no dia de hoje? É evidente que a fé é importante e todos o sabem, mas nos dias de hoje, meus irmãos, onde muito acontecerá na Terra, onde o planeta passará por atrocidades jamais vistas, há que termos fé que tudo passará e diante de uma noite aparentemente sem fim, haverá de chegar um dia resplandecente de alegria.
Venho vos alertar que os movimentos que o homem dá não é o da construção da solidariedade, mas o fomento da divisão. Não vemos, em realidade, o abrir de coração para servir uns aos outros desinteressadamente, vemos o interesse comercial se sobressair perante os demais. O que move os países é o poderio econômico que ele tenha, a sua força para impor regras perante os demais. "Eu posso comprar mais, então eu posso ditar as regras". Que regras, irmãos, senão aquelas que forem sustentadas em cima da solidariedade universal? As regras já estão postas antes de qualquer movimento comercial iniciar. Não há regras a serem impostas, se o que movimenta o interesse das nações é a ajuda mútua para a construção da paz social. Não deveria, pelo menos.
O que vejo - e vejo com olhos cada vez mais nítidos - é o ancorar de interesses menores, é o partilhar do bolo da economia mundial com uns poucos e jogando as migalhas para os demais. Um grupo restrito de uns vinte países se reúne, dita as normas e outros duzentos ficam calados apenas para cumpri-las. Cumpri-las como se a ótica que derivou tais normas é exclusivista, é unilateral, é torta por natureza? Não podemos ficar calados jamais com este despautério generalizado que alimenta mais desigualdade e injustiça.
Onde está a presença do Cristo nestas relações? Ficaram esquecidas, abandonadas, como se elas nunca tivessem existido. É incrível como o homem se comporta incoerentemente com aquilo que diz professar. É como se tudo aquilo fosse apenas uma bela teoria acadêmica fadada ao esquecimento em si mesma.
Quando o homem vai aprender que o Cristo não veio apenas para dizer palavras bonitas, mas para traduzir os seus ensinamentos em prática diária em todas as relações humanas e sociais e, consequentemente, econômicas?
Meus queridos irmãos, por isso, que a fé tem que sair do armário, tem que ir às ruas, tem que dar o seu ar da graça. A fé no Salvador do Mundo tem que invadir os gabinetes governamentais, tem que contagiar a mente dos políticos, tem que ser traduzida em realidade pela sociedade civil.
Sem a fé tudo perecerá porque ficará tão somente no campo das boas intenções, porque fé, se é verdadeiramente fé, tem que ser operacionalizante, ativa, por si só, revolucionária do comportamento humano.
Quem não acredita nisto, quem apenas vê tudo nisso uma carta de intenções, perceba que o mundo gira e aquilo que não conseguimos fazer hoje, amanhã, pela força das coisas, inevitavelmente, se transformará em realidade.
É assim que penso, irmãos.

Helder Camara   - Blog Novas Utopias

18.1.20

AO OBREIRO DO SENHOR


Não desistas, continua,
Prossegue devagarinho,
Não te permitas deter
Pelas pedras do caminho.

Não deixes que o desalento
Arrefeça-te o Ideal,
Persistindo vigilante
Contra a influência do mal.

Não escutes quem te fale
Que é tempo de pausar,
Que o obreiro de Jesus
Nunca pensa em descansar.

Se já não podes correr
Como corrias outrora,
Natural que seja outro
O teu ritmo de agora.

Entretanto, para frente,
A tua cruz sustentando,
Não pares de caminhar
Nem que seja manquejando.

Carlos A. Baccelli - Eurícledes Formiga – Blog Espiritismo em Prosa e Verso

17.1.20

A DESENCARNAÇÃO E A LEI


    Para os Planos Espirituais, a desencarnação, tão temida na Terra é simplesmente, a transferência de plano, mudança de habitação.
    A chegada ao término de uma existência, condiciona a volta aos planos espirituais, para a averiguação do aproveitamento no labor no estudo, nas provas e nas experimentações.
    Um curso valioso faz a alma no corpo denso.
    Sob a tutela do Mundo Espiritual e sob as bênçãos do Pai, ingressa o espírito, múltiplas vezes no escrínio do corpo com a incumbência de crescer e multiplicar a sua estatura espiritual e os seus conhecimentos respectivamente.
    A lei o ampara sob várias tutelas, quer no campo físico, quer no plano astral.
    O aprendiz é envolvido nas vibrações da Luz Superior, porquanto é sempre um filho de Deus Altíssimo a caminho de sua evolução.
    Com o estudo das Leis Doutrinárias que nos visitam sob a misericórdia do Alto, sabemos que "a cada um é dado segundo suas obras".
Lei de compensação e justiça emanada dos Altos Planos.
    Ao espírita acostumado ao estudo do Evangelho à luz do Consolador, cabe restaurar em toda a sua pureza e verdade, as condições do desenlace físico, para que o espírito imortal se aperceba de sua responsabilidade face às leis sábias e eternas.
    Cabe ao espírita o comportamento exemplar junto aqueles que deixam o corpo, levando-lhes a prece sincera, a gratidão de companheiros e o silêncio caridoso sob quaisquer circunstâncias.
    Ao espírita, cabe informar, sistematicamente, sobre a misericórdia de Deus com relação aos seus filhos, que não os condena, mas ampara, consola, redime e reajusta sempre que preciso.
    A desencarnação é acontecimento sublime para os Planos Maiores, quando a alma liberta do cativeiro terreno se apresta ao voo espiritual, coroando-se de luzes pelo merecimento adquirido.
    Estudemos o Evangelho de Senhor, alcemos-nos à Fonte Excelsa da Luz meditando sobre os acontecimentos que nos cercam, formando a visão exata para nossa mente em evolução e vivendo de acordo com a Vontade Suprema que nos dirige os passos para as regiões infinitas da Eterna Claridade, através de várias existências.
    Busquemos Luz, cientes de que "a cada um será dado de acordo com suas obras".
    Trabalhemos por implantar na Terra a serenidade a submissão às Leis Soberanas, ajustando-nos à Vontade excelsa do Criador.
    Que Ele nos abençoe.

BEZERRA DE MENEZES 

16.1.20

ADÃO NÃO FOI O PRIMEIRO HOMEM


MAS APENAS O PRIMEIRO HEBREU
O versículo quarto do capítulo sexto do Gênesis informa: "Ora, naquele tempo havia gigantes na Terra". O tempo referido é o da criação do homem. Se havia gigantes, Adão não era o primeiro homem, tanto mais que a própria Bíblia nos diz que os "filhos de Deus", que eram Adão e sua descendência, casavam-se com as "filhas dos homens". É o que vemos no versículo dois do Cap. VI: "Vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres", e ainda no versículo quarto, já acima citado: "e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos".
Verifica-se no texto uma dubiedade, parecendo haver uma diferença entre os gigantes e os homens, mas não se poderia explicar as "filhas dos homens", se não fossem filhas dos gigantes. Essa dubiedade se explica pela Mitologia. Os gigantes, na verdade, são figuras mitológicas que aparecem no texto bíblico, da mesma maneira que nos textos hindus, egípcios e na "Gigantemaquia", poema que se considera como fragmento extraviado da "Teogonia" de Hesiodo. A Bíblia herdou dos antigos livros mesopotâmicos a lenda mitológica dos gigantes. Esse fato comprova a tese espírita da raça adâmica, que na verdade nada mais é do que o povo hebreu.
O exame do texto bíblico, à luz da Antropologia Cultural e da Mitologia, prova que Adão é apenas o primeiro hebreu e não o primeiro homem. A lenda de Adão e Eva é o capítulo mitológico da História dos Judeus, como a lenda grega de Deucalião e Pirra é o da História dos Hebreus. As duas histórias se confundem, de tão semelhantes, no caso do dilúvio. Assim como Heleno foi o primeiro homem para os gregos, Adão foi o primeiro para os judeus. A falta de conhecimento histórico e a falsa interpretação teológica da Bíblia transformaram uma antiga lenda mitológica em verdade revelada. O Espiritismo não endossa esse absurdo.
Curioso notar que Deucalião, o Noé grego, e Pirra, sua mulher, tiveram três filhos, como aconteceu com Adão e Eva e depois com Noé. Em todas essas coincidências comprova-se a origem mitológica e a presença dos arquétipos coletivos nas passagens supostamente históricas da Bíblia. Querer sustentar a realidade desses relatos ingênuos e impô-los ao povo como verdade divina é querer confundir religião com superstição. O Espiritismo prefere esclarecer esses problemas à luz da razão.

Visão Espírita da Bíblia - J. Herculano Pires