19.1.20

A APOSTA NA FÉ


Meus queridos irmãos,
Deus nos abençoe!
Nestes dias difíceis que vivemos há que termos fé, não uma fé qualquer, mas uma fé verdadeira, uma fé transbordante, uma fé que move montanhas, conforme pediu-nos o Nosso Senhor Jesus Cristo.
Por que venho vos falar da fé no dia de hoje? É evidente que a fé é importante e todos o sabem, mas nos dias de hoje, meus irmãos, onde muito acontecerá na Terra, onde o planeta passará por atrocidades jamais vistas, há que termos fé que tudo passará e diante de uma noite aparentemente sem fim, haverá de chegar um dia resplandecente de alegria.
Venho vos alertar que os movimentos que o homem dá não é o da construção da solidariedade, mas o fomento da divisão. Não vemos, em realidade, o abrir de coração para servir uns aos outros desinteressadamente, vemos o interesse comercial se sobressair perante os demais. O que move os países é o poderio econômico que ele tenha, a sua força para impor regras perante os demais. "Eu posso comprar mais, então eu posso ditar as regras". Que regras, irmãos, senão aquelas que forem sustentadas em cima da solidariedade universal? As regras já estão postas antes de qualquer movimento comercial iniciar. Não há regras a serem impostas, se o que movimenta o interesse das nações é a ajuda mútua para a construção da paz social. Não deveria, pelo menos.
O que vejo - e vejo com olhos cada vez mais nítidos - é o ancorar de interesses menores, é o partilhar do bolo da economia mundial com uns poucos e jogando as migalhas para os demais. Um grupo restrito de uns vinte países se reúne, dita as normas e outros duzentos ficam calados apenas para cumpri-las. Cumpri-las como se a ótica que derivou tais normas é exclusivista, é unilateral, é torta por natureza? Não podemos ficar calados jamais com este despautério generalizado que alimenta mais desigualdade e injustiça.
Onde está a presença do Cristo nestas relações? Ficaram esquecidas, abandonadas, como se elas nunca tivessem existido. É incrível como o homem se comporta incoerentemente com aquilo que diz professar. É como se tudo aquilo fosse apenas uma bela teoria acadêmica fadada ao esquecimento em si mesma.
Quando o homem vai aprender que o Cristo não veio apenas para dizer palavras bonitas, mas para traduzir os seus ensinamentos em prática diária em todas as relações humanas e sociais e, consequentemente, econômicas?
Meus queridos irmãos, por isso, que a fé tem que sair do armário, tem que ir às ruas, tem que dar o seu ar da graça. A fé no Salvador do Mundo tem que invadir os gabinetes governamentais, tem que contagiar a mente dos políticos, tem que ser traduzida em realidade pela sociedade civil.
Sem a fé tudo perecerá porque ficará tão somente no campo das boas intenções, porque fé, se é verdadeiramente fé, tem que ser operacionalizante, ativa, por si só, revolucionária do comportamento humano.
Quem não acredita nisto, quem apenas vê tudo nisso uma carta de intenções, perceba que o mundo gira e aquilo que não conseguimos fazer hoje, amanhã, pela força das coisas, inevitavelmente, se transformará em realidade.
É assim que penso, irmãos.

Helder Camara   - Blog Novas Utopias

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