31.5.20

A Colher


Já pararam para prestar atenção a uma colher. Sim, uma colher. Ela está tão presente no nosso dia a dia, na nossa alimentação, mas poucos de nós paramos para prestar atenção ao que ela se destina. Que belo papel!
Uma colher mexe líquidos. Ela dá unidade aquilo que era disperso. Ela mistura cada um dos elementos para criar outro absolutamente novo que não é um em específico, mas que vai estar lá inserido no novo líquido criado e que ela ajudou a fazer isso.
Uma colher mistura sólidos. Ela também se presta, do mesmo modo, a jogar para um lado e para o outro os alimentos sólidos e quando se vê é uma miscelânea só. E ela, mais uma vez, cumpre seu papel.
Já notou quando queremos saber antecipadamente o gosto de algo, ou se está quente ou frio, o que fazemos. Pegamos a colher e a levamos à boca para ter uma prévia do gosto do alimento.  Como ela nos ajuda.
Ela geralmente está perto da gente, escondidinha no pires ou ao lado de alguma comida suculenta, como uma boa sopa, a nos ajudar a saborear sem demora.
Depois, lavamos a colher, guardamos novamente para que ela apareça para cumprir novamente seu desiderato com muita alegria e discrição.
Será que há pessoas no mundo que se distinguem das outras porque se comportam como se fossem colher?
Creio que sim!
Há pessoas, quietas em seu lugar, ajudam a tudo e a todos, e se mantém caladas a cumprir o seu papel. São tão eficientes que nem damos conta da sua existência. Fazem o que deve, se recolhem e estão à disposição quando desejamos.
Já notou, neste momento de pandemia, como trabalham os garis? Eles retiram o lixo da frente das nossas residências e quando vemos está tudo limpo. Fazemos tudo isso de novo, colocamos o lixo para fora e quando vemos, sumiu. Eles limpam a cidade para que possamos viver melhor.
E as enfermeiras nos hospitais. Elas auxiliam os pacientes, se desdobram, cuidam, amparam, e estão lá no canto delas apenas para servir sem nada reivindicar. Sofrem pelos outros e cumprem seu papel solenemente.
O que imaginar daqueles que estão na rua pra lá e pra cá a satisfazer as necessidades de comida, remédios, e outras coisas mais, que saem das suas motocicletas a entregar tudo que precisamos. Eles têm nome e sobrenome, mas alguém sabe de algum deles? São heróis anônimos que cuidam do nosso bem-estar.
Há tantos outros profissionais que atuam como se fossem colheres no nosso cotidiano e não prestamos atenção. Pois então, olhem para eles com mais respeito e agradecimento. Olhem nos olhos deles e digam da sua gratidão por servirem aos que estão guardados em suas casas. Sem eles, sem este batalhão de trabalhadores, nossas vidas ficariam ainda mais difíceis, não é verdade?
A paz que eles nos trazem é incomensurável. Arriscam-se para manter a vida de milhões. Cuidemos deles com mais carinho e respeito e não façamos o que fazemos com as nossas queridas colheres, jogadas num canto qualquer sem reconhecimento.
Eles merecem o nosso agradecimento, apesar de estarem cumprindo o seu dever, por tornar as nossas vidas, digo a de vocês no corpo físico, um lugar mais tranquilo de se viver, apesar de toda essa aparente adversidade.
Oremos por eles!
Helder Camara De domdapaz.blogspot.com

30.5.20

ROTEIRO DE LUZ


Meu irmão, continuemos
No Ideal que nos conduz,
Caminhando, passo a passo,
Nas pegadas de Jesus...

Ele é a Direção,
Nosso Roteiro de Luz,
Ante a vereda sombria,
Vergados por sob a cruz...

Avancemos, cautelosos,
Na senda que se reduz
A perigosos atalhos
A quem segue sem Jesus!...

Eurícledes Formiga
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, no dia 10 de Setembro de 2005, em Uberaba MG).
De: formiga-baccelli.blogspot.com

29.5.20

ESPECTADOR


Comentarios Questao 548
Questão 548 do Livro dos Espíritos

O Espírito, depois de uma morte violenta na batalha, fica como espectador, assistindo aos seus irmãos matando e morrendo nas lutas, e nesta agressão de uns para com os outros, pode voltar à sua consciência no bem e ver a inutilidade das destruições ali verificadas, aflorando-lhe o arrependimento espiritual, momento em que o Cristo começa a tomar o seu coração de sensibilidade, e nasce nos seus sentimentos o novo homem. Para tanto, os benfeitores espirituais estão ali, procurando meios de separar o corpo espiritual do físico, libertando assim a alma de maiores sofrimentos, pelo desrespeito ao corpo que lhe serviu de instrumento para a vida na Terra.
O recém-desencarnado, ao observar a carnificina, sofre o impacto da realidade, e as bênçãos de Deus penetram seu coração lhe dizendo que basta de alimentar as trevas, que venha para a luz, na formação de outra existência, que é oportunidade para revisão de tudo o que fez de mal e para fazer somente o bem.
A consciência do arrependimento cresce, e muitos pedem, quando preparados, para trabalhar no meio das guerras em ajuda aos seus irmãos que ainda dormem pela ação da ignorância espiritual. No amanhã, que não está muito longe, cinemas e televisão mostrarão a realidade, quem sabe por aparelhos especializados, o que se passa com os desencarnados depois da batalha, para mostrar aos homens o maior sofrimento que ocorre com a alma em plena luta, onde o ódio envolve e modifica todos os sentimentos, alertando aos encarnados, e em muitos casos aos desencarnados, o que se passa com o homem embrutecido, na carne e fora dela, que ainda não descobriu o amor.
Essas lições que transcrevemos em nome d'Aquele que é a nossa Luz, é para admoestar os seres que se vestem de carne, e que se esqueceram da vida espiritual, para compreenderem que a vida nos fluidos grosseiros é passageira. Que vejam o que estão fazendo dela!
Devemos lembrar, pelo menos para início, do perdão, força poderosa que tem ambiente favorável à fraternidade. Recordemos outro pensamento do Cristo para todos os de boa vontade:
Se porém, não perdoares aos homens as suas ofensas, tão pouco vosso pai vos perdoará as vossas ofensas. (Mateus, 6:15)
O Deus todo poderoso que se encontra na tua consciência te cobrará de acordo como procedas. Não deves brincar com a justiça. A lei é lei em todo lugar. As sementes nascem de acordo com a semeadura. Não sejas somente espectador dos acontecimentos, sem tirar dos fatos lições, que te possam educar e instruir. Comunga com a indulgência para com os erros alheios e, se não gostas de erros, não erres, dando exemplos para os outros das virtudes conquistadas, sem alarde. A boca não precisa anunciar o que possuis; tu deves irradiar as virtudes. Isso é que é dar com uma mão, sem que a outra veja.

Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

28.5.20

INTERVALOS


Examinemo-nos tais quais somos, no curso das reuniões que nos enlaçam as manifestações de fé num templo espírita.
Integrados no clima da oração, reconhecemos-nos uns à frente dos outros por verdadeiros irmãos, ante a Paternidade Divina.
Partilhando os móveis do recinto, sentamo-nos, indiscriminadamente, sem preconceitos da convenção social e sem os caprichos da consangüinidade.
Quando um pensamento repreensível nos visita, sem a mínima hesitação, afastamo-lo da cabeça.
Se um amigo assume posição inconveniente, reconhecemos de pronto, a necessidade de entendimento e compaixão, adotando o silêncio ou a explicação salutar, sem recorrer à censura.
Selecionamos as melhores palavras do estoque de conhecimentos gerais, colocando empenho em não ferir quem nos ouve.
Se escutamos um conceito impensado, desculpamos de imediato a inexperiência de quem o profere.
Se um serviço aparece emprestamos as mãos para executa-lo em oferta espontânea.
Cuidado, gentileza, discrição,cordialidade e respeito são as características principais que diligenciamos exteriorizar para que nos distingam a personalidade e a presença.
Nossas reuniões dedicadas à prece e ao estudo são, em razão disso, aulas autênticas de espiritualidade e aprimoramento, ensaios de comunhão fraternal para as esferas superiores. Nelas temos hoje em plano menor o esboço do que será a vida, para nós, em plano maior amanhã.
Considerando semelhante motivo, se nos faz muito importante o auto-exame, observando por nós mesmos, o próprio comportamento no espaço de tempo que somos chamados a viver, lutar, trabalhar e aprender entre elas, porque, se nas atividades do templo que nos irmana, mostramos somente a parte elogiável de nossa alma, a fim de que os companheiros de nosso nível de experiência nos reconheçam a melhoria no esforço de ascensão para Deus, é justo não esquecer que os Mensageiros de Deus,de outros modos, nos examinam o verdadeiro aproveitamento nos intervalos.

Livro INTERVALOS Francisco C. Xavier Emmanuel

27.5.20

NA ESCOLA TERRESTRE

“Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo: aí a causa das guerras e das calamidades que estas acarretam, das dissensões, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades. Deus promulgou leis plenas de sabedoria, tendo por único objetivo o bem; em si mesmo encontra o homem tudo o que lhe é necessário para cumpri-las; a consciência lhe traça a rota, a lei divina lhe está gravada no coração e, ao demais, Deus lha lembra constantemente por intermédio de seus messias e profetas, de todos os Espíritos encarnados que trazem a missão de o esclarecer, moralizar e melhorar e, nestes últimos tempos, pela multidão dos Espíritos desencarnados que se manifestam em toda parte. Se o homem se conformasse rigorosamente com as lei divinas, não há duvidar de que se pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra. Se assim não procede, é por virtude do seu livre arbítrio: sofre então as consequências do seu proceder.”
(Allan Kardec, A Gênese, Cap. III, item 6)

Considerando que o planeta Terra é a obra do Criador elaborada através de Jesus Cristo para acolhimento de quantos Espíritos nela se depurariam para sua incursão nos planos divinos da Imensidade, todos os fenômenos que infelicitam e atormentam a família humana encarnada no globo, além de todas as almas que permanecem escravizadas à Crosta em situações desequilibradas e desequilibrantes são de sua responsabilidade, tendo em vista o livre arbítrio já conquistado por cada um. Existem dois meios efetivos de influenciação do habitat terrestre: a ação direta do homem em a Natureza, dizimando-a ou viciando-a por efeito de suas ambições e desconhecimento das leis que a regem, e através das emissões mentais de seus pensamentos diários, constantemente repetidos. O efeito da ação humana sem estudo e por mero interesse comercial intoxica as fontes naturais e perverte a ordem harmônica da cadeia hoje denominada ecossistema. Esse, em termos objetivos, visível e previsível é o motivo material das catástrofes que se abatem sobre todos os países e todos os povos, com variantes segundo a natureza do meio em que sobrevivem. O outro motivo é a densidade e o teor venenoso dessa densidade laborada pelo conjunto de pensamentos liberados pela maioria ainda viciada ou pervertida pela manipulação inescrupulosa de governos, mídias e religiões sem alma, que apenas visam o interesse pessoal e de grupos elitistas, completamente entregues ao desrespeito pela obra do Criador. No elenco das calamidades físicas, vemos o desequilíbrio das águas das chuvas, dos mares, das secas, do ar pela poluição, das terras intoxicadas e empobrecidas, da extinção de espécies vegetais e animais e a proliferação de pragas que respondem pelo excesso, já que a cadeia harmoniosa e controladora dessas ocorrências foi quebrada pelo homem, e daí por diante. Na outra órbita de ação nefasta, encontramos a psicosfera favorável à proliferação de obsessores desencarnados que estimulam a violência e o desnível moral entre os encarnados, autorizando enfermidades e mesmo a loucura, pois há vibriões e larvas psíquicas em atuação sobre as mentes humanas por efeito desse conluio tóxico e imoral entre desencarnados e encarnados. O poder variante e mutável de vírus diversos, de bactérias e congêneres – já bastantes estudados pela ciência do mundo é efeito da proliferação desses elementos astrais que a psicosfera doentia e pesada do mundo, geralmente alimentada por ódios, ciúmes, invejas, sensualismo irresponsável, leviandade moral, indiferença, cupidez e todas as aberrações nascidas o egoísmo e do orgulho.
Os surtos psíquicos, quando coletivos, são expressões dessas intoxicações deletérias que, como ondas poderosas e avassaladoras, carregam consigo as almas empedernidas e folgadamente entregues à frouxidão moral, como forma de intensificar a sua enfermidade e obriga-la a providências saneadoras pelos sofrimentos impostos. Aí funcionam as obsessões e essas obsessões, se criteriosamente estudadas, revelarão a natureza moral em decadência e todas as consequências disso, envolvendo as forças orgânicas do indivíduo e as forças fisiopsíquicas do meio terreno, onde se poderá identificar os vibriões psíquicos e as larvas por matrizes dos vírus letais que assombram a História Humana de tempos a tempos.
A eugenia e todos os estudos científicos do mundo são importantes e válidos para coibir as proliferações danosas e inesperadas, mas o moral dos homens e mulheres da Terra será responsável efetivo por sanear a psicosfera tão doentia e permitir o verdadeiro progresso e bem-estar de todos, em todas as nações, porque então a justiça e a humanidade real serão implantados, como plataforma ideal para o florescimento do Evangelho vivo!
YVONNE A. PEREIRA
(Mensagem psicografada por Wagner Paixão, em Mário Campos, MG, em 18/04/2020).

26.5.20

Regeneração da Humanidade - 1


No livro “Obras Póstumas” encontra-se uma síntese realizada por Allan Kardec das comunicações dadas pelas Sras. M... e T... em estado sonambúlico, no dia 25 de abril de 1866, em Paris. É um texto de uma lucidez e atualidade impressionantes. Muito do que atualmente se lê sobre o assunto nas lides espíritas representa um desdobramento deste conteúdo.
Reproduzirei, abaixo, esta síntese e farei algumas considerações complementares. Vamos lá!
OS TEMPOS SÃO CHEGADOS
Precipitam-se com rapidez os acontecimentos, pelo que já não vos dizemos, como outrora: “Aproximam-se os tempos.” Agora, dizemos: “Os tempos são chegados.” Não suponhais que as nossas palavras se referem a um novo dilúvio, nem a um cataclismo, nem a um revolvimento geral. Revoluções parciais do globo se hão produzido em todas as épocas e ainda se produzem, porque decorrem da sua constituição, mas não representam os sinais dos tempos.
Entretanto, tudo o que está predito no Evangelho tem de cumprir-se e neste momento se cumpre, conforme o reconhecereis mais tarde. Não tomeis, porém, os sinais anunciados, senão como figuras, que precisam ser compreendidas segundo o espírito e não segundo a letra. Todas as Escrituras encerram grandes verdades sob o véu da alegoria e, por se terem apegado à letra, é que os comentadores se transviaram. Faltou-lhes a chave para lhes compreenderem o verdadeiro sentido. Essa chave está nas descobertas da Ciência e nas leis do mundo invisível, que o Espiritismo vem revelar. Daqui em diante, com o auxílio desses novos conhecimentos, o que era obscuro se tornará claro e inteligível.
FIM DO MUNDO
Tudo segue a ordem natural das coisas e as leis imutáveis de Deus não serão subvertidas. Não vereis milagres, nem prodígios, nem fatos sobrenaturais, no sentido vulgarmente dado a essas palavras.
Não olheis para o céu em busca dos sinais precursores, porquanto nenhum vereis, e os que vo-los anunciarem estarão a enganar-vos. Olhai em torno de vós, entre os homens: aí é que os descobrireis.
Não sentis que um como vento sopra sobre a Terra e agita todos os Espíritos? O mundo se acha na expectativa e como que presa de um vago pressentimento de que a tempestade se aproxima.
Não acrediteis, porém, no fim do mundo material. A Terra tem progredido, desde a sua transformação; tem ainda que progredir e não que ser destruída. A Humanidade, entretanto, chegou a um dos períodos de sua transformação e o mundo terreno vai elevar-se na hierarquia dos mundos.
O que se prepara não é, pois, o fim do mundo material, mas o fim do mundo moral. É o velho mundo, o mundo dos preconceitos, do orgulho, do egoísmo e do fanatismo que se esboroa. Cada dia leva consigo alguns destroços. Tudo dele acabará com a geração que se vai e a geração nova erguerá o novo edifício, que as gerações seguintes consolidarão e completarão.
De mundo de expiação, a Terra se mudará um dia em mundo ditoso e habitá-lo será uma recompensa, em vez de ser uma punição. O reinado do bem sucederá ao reinado do mal.
- As narrativas mediúnicas resumidas por Allan Kardec possuem mais de 150 anos. Decretava que todas as predições do passado, o que fora trazido pelo Evangelho nas falas de Jesus ou no Apocalipse de João, principalmente, haveria de se tornar realidade.
O que viesse a denunciar este suposto final dos tempos, os tais sinais reveladores, deveriam ser interpretados como algo ilustrativo e não como um acontecimento taxativo do início definitivo da regeneração da humanidade. Os acontecimentos deveriam ser compreendidos bem mais na sua essência do que como pontos marcadores de uma nova era.
Tsunamis, enchentes, terremotos, erupção de vulcões e um sem número de fenômenos geológicos, por exemplo, fazem parte do transcurso esperado de acomodação da natureza na sua própria dinâmica.
A ciência, neste sentido, ajuda a explicar os acontecimentos previstos de estudos investigatórios ou provocados pela incúria dos homens em explorar inadvertidamente os recursos naturais. Separa, assim, o natural da especulação sobrenatural, originada pela ignorância da razão de ser das coisas.
Os acontecimentos anunciadores da transformação planetária, no entanto, passariam a ocorrer de maneira acelerada, a partir de então.
Junto aos fenômenos naturais de ajuste planetário à nova era, começaria outro movimento mais importante: a mudança moral.
O velho mundo, sustentado pelo egoísmo e pelo orgulho, tendo como referência o materialismo, teria que dar lugar, gradativamente, a um novo mundo, baseado na ética do amor e, com ele, a construção de uma humanidade mais altruísta e fraterna, e crescentemente ancorada em valores espirituais.
É deste modo que se sucede o progresso dos mundos, segundo a explicação didática, mas não absoluta trazida pelos espíritos. A Terra deixará a condição de planeta de expiações e provações para iniciar a sua fase de regeneração, um ponto intermediário no seu caminho para planeta onde reinará a felicidade de seus habitantes.  O mal deixará aos poucos de predominar e as atenções coletivas serão na direção da organização de uma morada focada no bem, na justiça e na paz.
Tudo isso representa um processo de transformação global e nada indica que haverá uma virada de chave e, a partir daí, todos acordarão melhores. A espiritualidade não é afeta à mágicas de rua. É certo, no entanto, que haverá um período de mudanças mais profundas, como já se vive hoje, e em dado momento elas se concretizarão de maneira mais efetiva, mas este dia apenas Deus é que sabe – segundo a narrativa de Jesus.
Aguardemos os fatos se desenrolarem naturalmente e que as informações que a filosofia espírita traz há mais de um século e meio possam servir de anteparo seguro contra o medo, o conflito, o caos.
Carlos Pereira


25.5.20

TÃO PERTO, TÃO LONGE!


A Crosta!...
Tão perto, tão longe...
Distância que não se mede
Em Espaço, ou Tempo.
“Estrada” de dupla mão
Gente que vai,
Gente que vem...
A maioria, não sabe
Como se chega por lá,
Como se chega por aqui...
Um “rio” que se atravessa?!
Um “túnel” luminoso?!
Um “torvelinho”?!...
Caminho,
Porém, não definido,
Que se abre, e fecha,
Em qualquer parte...
Ele não desce,
Nem sobe
Não tem lado,
Em qualquer um dos Lados...
De repente,
Nele você está...
Vai e volta e... torna a ir
Quilômetros?! Milhas?!...
Corpo pesado a gravidade puxa
Para baixo...
Corpo leve a gravidade atrai...
...para cima,
E, quanto mais leve,
Mais para Cima
“Luz Acima,
Ou Sombra Abaixo...
Única “distância”,
Sem distância
Viagem no tempo
Ao Futuro, ao Passado,
Presente Eterno,
A Vida!...
O espírito atemporal?! Prisioneiro
Do Espaço e do Tempo!...
Terra e Mundo Espiritual,
Estendo a mão e...
Vou além tão perto é!...
Caminho, caminho, e... não chego
Lonjura imensa,
Suspensa!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba MG, 24 de Maio de 2020.
De: inacioferreira-baccelli.blogspot.com

24.5.20

E Daí?


Por que sofremos tanto?
O que nos parece essa tortura do não-viver?
Até parece que tudo conspira para o caos.
Não vejo senão dúvidas nos rostos das pessoas.
Pra lá e pra cá, elas se vestem de mil ilusões e não se encontram com elas mesmas.
Quando é natal, ao menos, se trocam presentes e, diante do caos, o que se pode trocar?
Elas inventam. Tomam precauções. Pensam no futuro. Olham além da janela e perguntam-se: - quando tudo isso vai passar?
Eu sei que há um tremendo fulgor daqueles que entendem que tudo está predestinado, mas e daí?
Daí que nem todos sequer entenderão a troca de sinais.
Daí que o flagelo da secura dos sentimentos ainda impera em muitos corações frios.
Daí que um vazio invade o ser que continua a questionar – e daí?
Ao que parece, um dia tudo isso vai ter um fim. Um dia tudo vai voltar ao normal, mas que normal?
Aquela vidinha de leva-e-traz?
Aquela vidinha de Maria vai com as outras?
Aquela vidinha de qual será a próxima festa?
Mundo de ilusões a cobrir a desesperança e a desorganização de si mesmo.
Outrora, tínhamos utopias e hoje, o que temos no balcão?
Todos febris por um motivo para viver.
Todos querendo ter algo para torcer.
O resto da vida será a mesma coisa que eu planejei ou tudo terá que ser diferente?
As perguntas ainda fazem algum sentido para aqueles que desejam sair do nada e encontrar algo em algum lugar, mas o que dizer daqueles que nem sabem o que é uma pergunta.
Tudo parece muito estéril, um tanto de mistério, alguma coisa para se levar à sério, mas e daí?
Eu tenho as perguntas e também procuro as respostas e não me venham me cobrar argumentos definitivos somente porque morri.
Ah! Essa é outra história, sem começo nem fim.
Tudo parece vazio, no entanto, algo há de se encontrar, não vale à pena perder toda a esperança.
Há atmosfera onde parece tudo terminar.
Há vida onde se imagina tudo ceifar.
Há sorriso quando tudo leva a soluçar.
Eu estou aqui e é isso que importa, vida além da vida, paz além do luar, flores no caminhar.
O sol há de brilhar além das ilusões do poder.
Todos estão aqui a gritar:
- Finalmente tudo está por renovar. Que alegria viver!
Deixo o meu velho cigarro no chão, levanto a cabeça e pergunto se serei eu mesma depois de tudo isso.
E alguém dentro de mim responde:
- Claro, um ser mais liberto.
Eis a pergunta que nunca vai faltar:
- E daí?
Clarisse Lispector

- Aguardem a publicação do próximo texto dela.
De: blogdecarlospereira.blogspot.com

23.5.20

NOVA MANHÃ


Brasil, não emudeça agora a tua voz,
Testemunhando a fé nos nobres ideais,
Voz que deve soar sem se calar jamais,
Por mais alto, do mal, seja a grita feroz...

Que nunca te intimide o gigantesco algoz,
Um monstro a emergir das trevas abissais,
Pretendendo lançar-te em lamentos e ais,
E escravizar teu povo a sofrimento atroz...

Anuncia a Manhã que irrompe no horizonte,
Vencendo a treva, ao Sol que esplende sobre o monte,
Em que se ergue a Cruz em prolongada espera...

Fala em favor da paz, à distância da guerra,
Que a tua voz ecoe além, em toda a Terra,
Arauto do Senhor, à luz da Nova Era!...

Pedro de Alcântara
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã do dia 16 de maio de 2020, em Uberaba MG). 
de

22.5.20

ANIMISMO


Animismo: (anima - alma) Sistema fisiológico que considera a alma como causa primária de todos os fatos intelectuais e vitais, isto é, expõe o fenômeno anímico como a manifestação da alma do médium, portanto, á alma do médium pode manifestar-se como qualquer ouro espírito, desde que goze de certo grau de liberdade, pois recobra os seus atributos de espírito e fala como tal e não como encarnado.
Para que se possa distinguir, se é o espírito do médium ou outro que se comunica, é necessário observar a natureza das comunicações, através das comunicações e da linguagem.
Outro grande engano é confundir Animismo com Mistificação.
"Na verdade a questão do Animismo foi de tal maneira inflada, além de suas proporções, que acabou transformando-se em verdadeiro fantasma, uma assombração para espíritas desprevenidos ou desatentos. Muitos são os dirigentes que condenam sumariamente o médium, pregando-lhe o rótulo de fraude, ante a mais leve suspeita de estar produzindo fenômeno anímico e não espírita. Creio oportuno enfatizar aqui que em verdade não há fenômeno espírita puro, de vez que a manifestação de seres desencarnados, em nosso contexto terreno, precisa do médium encarnado, ou seja, precisa do veículo das faculdades da alma (espírito encarnado) e, portanto, manifestações anímicas".
A conclusão que chegamos é que não há fenômeno mediúnico sem participação anímica.
Existem também manifestações de animismo puro, ou seja, comunicação produzida pelo espírito do médium, sem a participação de outro espírito - encarnado ou desencarnado, pode ocorrer um processo espontâneo de regressão de memória.
Existem fraudes de médiuns e de Espíritos que nada têm a ver com o animismo e o mediunismo.     
Pode ocorrer o desejo de promoção pessoal e de grupos.
Existem a dos Espíritos que usam nomes falsos para desequilibrarem àqueles que se esquecem de estudar e julgam assim serem superiores demais.
Devemos conservar a humildade e agradecer constantemente a oportunidade de servir.
Freddy Brandi 
Trecho extraído do site Centro Espirita Ismael - http://www.ceismael.com.br

21.5.20

Anjo de Guarda


Meus Queridos Amigos,
Antes, muito antes de tudo acontecer, tive a impressão que a vida duraria  para sempre. Era um estado de espírito que me dizia isto, uma certeza  interior. Absorvi a graça de Deus que é viver como um dom supremo concedido  pelo Pai a todos os seus filhos e que deveria usufruir desta oportunidade  bendita da melhor maneira possível.
Fui intensamente prejudicado pelos fatos do dia-a-dia que me traziam  sobressaltos daquilo que  gostaria de fazer e não fiz, mas, depois, refletindo melhor, percebi que eles me empurraram a fazer coisas que jamais  as teria feito se seguisse o curso normal dos meus pensamentos, das minhas  ideias. E hoje estou aqui a escrever sobre a vida eterna, a vida do espírito, na condição de um deles.
É por demais prazeroso para mim poder me expressar e ser reconhecido por  muitos de que continuo vivo e consciente de minhas responsabilidades. Sei, também, da descrença de outros em não acreditar  que sou eu nestas linhas. Paciência é tudo que posso dizer nesta hora, pois que a eternidade os espera também e eles verão com os próprios olhos aquilo que hoje descrevo tão bem pelas linhas da psicografia santa.
Esta história de falar com os espíritos sempre me foi afeito em vida física. Conversava com Deus nas minhas orações, mas, vez por outra, ouvia respostas aos meus questionamentos mais íntimos. De onde viriam estas respostas, perguntava-me. De Deus diretamente para mim? - Pode ser, pensava. Mas, das respostas outras perguntas me faziam e, muitas vezes, mantinha um longo diálogo. Comecei a perceber, com o tempo, que havia uma variação nas respostas, no estilo das respostas, no jeito peculiar de encaminhar os assuntos. Quem poderia ser além de Deus, indaguei-me. Foi então que passei a admitir a possibilidade dos espíritos do Senhor me acompanhar. Amigos espirituais, diria hoje.
Foi neste relacionamento contínuo que descobri a figura de Padre José, meu confessor de todas as horas. Ah! Este meu bondoso e paciente amigo que aprendi a admirar mais e mais. Ele com a sua paciência, eu com a minha devoção. Era ele o meu ponto de partida diária com o tempo. Falava com ele que me dava algumas instruções, fazia algumas reflexões comigo e ia eu lá a fazer as minhas coisas. Este companheiro incansável seguiu-me até a morte física. Aqui, ao acordar com os olhos do espírito, vi-o resplandecente de alegria a dizer-me: "E aí, Helder, combatemos o bom combate?" - Claro que sim, respondi solícito a ele. Que bom amigo tive nesta minha última estada na Terra. Que bom foi tê-lo comigo dividindo muitas das minhas dúvidas, dos meus pesares, das minhas queixas. Ele acientemente tudo ouvia e dizia as coisas que eu precisava ouvir.
E você, meu irmão e minha irmã, você conversa com o seu amigo espiritual próximo como eu fazia?
Todos temos amigos no espaço, estando na carne ou fora dela, mas um em especial nos acompanha, nos dá forças, compartilha conosco da dádiva da vida. Se você acha que está sozinho nesta jornada terrena passe a reconsiderar os seus passos na Terra e participar com ele das suas decisões. As decisões serão sempre suas, mas terá um bom ouvido e um bom conselheiro a sua disposição. Não o abandone jamais porque ele jamais o abandonará, como Jesus faz isto com todos nós, com toda a humanidade terrestre.
É com estas palavras que me despeço, desejando a todos um bom período de vivência em Cristo.
Que Deus nos abençoe,

Helder Camara - Blog: Novas Utopias

20.5.20

APÓS A MORTE


Questão 547 do Livro dos Espíritos

Após a morte, muitos dos Espíritos que sucumbiram na guerra continuam em lutas e conservam a inimizade por longo tempo. Outros, depois que se conscientizam da sua situação, começam a sentir a realidade, vendo que tudo não passa de ignorância, e se reposicionam intimamente orando a Deus na sua linguagem, pedindo proteção e esclarecimento.
A diversidade é enorme, dentre todos os que sofrem nas guerras, encarnados e desencarnados. Os próprios comandantes do "front" fratricida não têm consciência plena do que ocorre; entretanto, nas horas de silêncio, uma voz interna que todos conhecem os acusa, e surge no seu mundo interno a inquietação espiritual. Esses, nunca mais voltam a guerrear como antes. O fanatismo pela pátria, o amor por porções territoriais são substituídos pelo amor verdadeiro, a que chamamos universal. Qual a diferença entre a criatura de um país para outro?
Vejamos o comércio, que tem um alto sentido entre as nações: além das trocas necessárias, começa a germinar, através dele, a semente da fraternidade entre os homens. Ninguém pode viver separado dos outros. Analisa as coisas, e bem assim estas próprias letras: se mantiveres a animosidade em relação ao teu próximo, não tem sentido a mensagem que estruturamos para a paz das criaturas.
Precisamos de harmonia para viver melhor, e não de guerras, que até hoje somente insuflam discórdia e violência. Se o Espírito desencarna com ódio, no mundo dos Espíritos continua odiando. A alma afeita ao roubo, continua roubando na dimensão que lhe é própria. Assim por diante, vivemos onde se encontram fixados os nossos pensamentos. Ao indivíduo que alimenta paixões inferiores, a morte não irá mudar o conceito de vida. Ele, mesmo desencarnado, continua inspirando aos que sintonizam com ele os desregramentos brutalizados.
Após a morte, és o mesmo homem que foste durante a vida na Terra. Não existe o chamado passe de mágica para transformar trevas em luz de uma hora para outra. Somente o tempo, pelas bênçãos de Deus, consegue, na marcha determinada pelo Criador, mudar, no silêncio da vida, a mentira para a verdade, o ódio para o amor, a guerra para a paz, a inimizade para a amizade. As mudanças bruscas não são sementes de harmonia. A nossa vida pode ser um poema de luz ou de trevas, um gorjeio de vida ou de morte, dependendo dos caminhos que pretendemos seguir.
Se queres mudar de vida, tornando-te um sol verdadeiro, não deves esquecer Jesus em todos os teus avanços. Ele, o Mestre dos mestres, é a nossa direção, é o Pastor inconfundível das nossas vidas. Após a morte, continuarás a ser o que és, e nada mais. Se assim acontece, vamos começar a burilar nossas idéias na Terra, não deixando para amanhã o que podemos fazer hoje.
Ao terminar uma batalha, o Espírito nunca se encontra calmo, mas os mais esclarecidos, com pouco tempo se refazem, arrependendo-se e pedindo a Deus que os encaminhe para os roteiros certos. A sua disposição interna vale muito, e logo a assistência surge, pelos companheiros mais velhos de jornada evolutiva, que já despertaram muito antes.
A ajuda nunca falta ao necessitado, pois na escala do Criador, todos são iguais. Deus é amor.

Livro: Filosofia Espírita  João Nunes Maia  Miramez - Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

19.5.20

EMMANUEL

Seu nome é título de uma das mais belas obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier: Emmanuel.
Em nesgas de revelação, sabe-se que foi senador na Roma dos Césares; mártir cristão; clérigo na França dos Césares; apóstolo dos gentios na aurora da colonização do Brasil.
O que pouco se sabe refere-se ao sentido do seu nome.
Para compreender a significação da palavra, que em si mesma significa “Deus conosco”, precisamos observar o contexto em que ela aparece. A Síria e Israel haviam desejado formar uma coligação com Judá, a fim de fazer oposição ao poder crescente da Assíria. Judá vacilara, e Síria e Israel resolveram puni-la. Ao ouvir essa notícia, Acaz tremeu. Isaias foi-lhe enviado para informar-lhe que nada tinha a temer. O poder de seus inimigos estava à beira da extinção, e nada poderiam fazer-lhe. Isaias chegou a ordenar ao rei judeu que pedisse por um sinal, em confirmação da mensagem divina. Isso Acaz recusou-se a fazer. Então, em resposta ao hipócrita rei, Isaias anunciou que daria um sinal ao povo de Judá. Numa visão o profeta contemplou uma virgem (“Almâ”, isto é, uma mulher solteira), que estava grávida e prestes a dar à luz o menino ao qual receberia o nome de Emmanuel.
Em qualquer interpretação sobre essa profecia existem três fatores que não podemos esquecer:
a) O nascimento da Criança seria um sinal. É verdade que em si mesmo, um sinal não precisa necessariamente ser um milagre; entretanto, neste contexto particular, depois da ordem dada a Acaz para pedir um sinal nas alturas, somos justificados em esperar por um sinal tal qual a volta da sombra sobre um relógio-de-sol.. um nascimento conforme o curso natural da natureza, não pareceria preencher os requerimentos necessários para ser um sinal. Nessa conexão deve ser observado, que a questão se torna mais difícil ainda pelo fato que não pode haver referência ao local da profecia a Ezequias, visto que Ezequias já havia nascido.
b) A mãe da criança seria uma mulher solteira. Por que será que Isaias a designou por essa palavra específica, “almâ”? Ao passo que havia uma outra palavra disponível “Bethülâ”. Porém, ao examinarmos esta última palavra descobrimos que seria vocábulo bastante insatisfatório, pelo fato de ambíguo.
Essa palavra também pode designar uma virgem prometida em casamento. Outras palavras hebraicas que estariam às suas mãos também não teriam sido satisfatórias. Ao usar o termo “alma”, Isaias empregou a última palavra que nunca é aplicada (quer na Bíblia, quer em outras fontes do Oriente Próximo) para outra que não seja uma mulher solteira. É a aplicação dessa palavra “almâ” que torna a aplicação da passagem a algum nascimento local difícil.
c) Precisamos notar a força do termo Emmanuel. A leitura natural da passagem nos leva a esperar que a presença de Deus deve ser vista no nascimento da própria Criança.
Essa interpretação, entretanto, é seriamente disputada, pela maioria dos escritores. A infância da criança teria servido para medir o tempo, até os dois inimigos serem removidos. Tal período de tempo seria breve – portanto dentro de, digamos, dois anos. Judá, nada mais teria a temer da Síria nesse livramento. A presença de Deus se manifestaria, e, dizem, ainda alguma mãe chamaria seu filho Emmanuel.
Tal interpretação apresenta problemas tremendos, para os quais não tem resposta. Que motivo teria uma mãe para chamar seu filho Emmanuel? Como poderia ela saber que o seu filho teria poderes para manifestar a presença de Deus entre mais ou menos dois anos para livrar Judá, da Síria e Israel? Pois parece que se a profecia se referiria a algum nascimento local; então a Criança ao nascer teria um nascimento proeminente. A pessoa mais proeminente, a saber, Ezequias, está eliminado, e portanto, temos se supor que se trataria de um filho de Isaias ou Acaz. Porém, isto também fica eliminado pelo uso da palavra “alma”.
Nem a esposa de Acaz nem a de Isaias poderiam ser chamadas “alma”, pela razão óbvia que ambas já eram casadas. E por que nada é dito a respeito do nascimento de alguma criança chamada Emmanuel, nascida de uma mulher solteira, dentro daquele período geral, que prenunciaria o livramento de Judá? Uma profecia de tal envergadura certamente exigia que seu cumprimento fosse registrado também, como é o caso nas profecias bíblicas.
Parece melhor, portanto, aplicar o nome Emmanuel ao próprio Menino. Em seu nascimento é que a presença de Deus deve ser encontrada. A criança que se admite, Isaias chama Deus Forte (el gibbôr). Essa interpretação é fortalecida pelo fato que Isaias estava procurando dissuadir seu povo de confiar no rei da Assíria, mas antes, por Deus. Naqueles momentos difíceis, Deus estava com seu povo. Ele pode ser encontrado no nascimento de um Menino.
Os versículos 15 e 16, a seguir, usam a infância do Menino como medida do tempo que se passaria até Acaz ser livrado do temor de seus inimigos do norte. Porém, Acaz rejeitou o sinal de Emmanuel, e se voltou para o rei da Assíria.
Acaz e seus sucessores provocaram a queda de Judá, mas, para o remanescente fiel, continuava de pé a promessa do Emmanuel, e em Emmanuel é que encontraram sua esperança e salvação.
Podemos, assim, compreender o intuito sigiloso, significativo e iniciático da generosa entidade que se comunica através da maravilhosa mediunidade de Francisco cândido Xavier.
WALLACE LEAL V. RODRIGUES
Livro – INTERVALOS – Francisco Cândido Xavier – Emmanuel

18.5.20

MÁSCARAS


O seu rosto é a sua máscara...
Mas... quem realmente você é?!
Quais são os traços espirituais de seu espírito?!
O que pode estar disfarçando o seu sorriso?!
A sua mímica facial?!
Que interesses escondem as suas palavras?!
As suas atitudes de aparente gentileza?! se forem aparentes, é claro...
O que você vê quando se olha no espelho?!
Quais são os seus pensamentos?!...
As suas intenções?!
As opiniões que externa?!
O que, por fim, o move sobre a Terra?!
Tais perguntas, evidentemente, apenas poderão ser respondidas por você, e por mais ninguém.
Ninguém que possa julgá-lo...
Ou classificá-lo...
Ou rotulá-lo...
Mas... o que você pensa de você?!...
Da máscara de seu rosto?!
Sente-se realmente humano?!
Ou... meio bicho ainda?!...
Não sei, porque a humanidade ainda esconde tanta desumanidade, não acha?!
Tantos bichos parecem ser mais ternos e afetuosos...
Difícil crer, por exemplo, que uma roseira venha a ser um homem desalmado...
Você não acha?!
Que um cão amigo, quando se humanize, possa se tornar um... corrupto...
Não sei...
Conjecturas.
Mas... se você tirar a sua máscara do rosto, o que há de sobrar?!...
Tantas máscaras, ao cobri-los, têm mostrado o rosto de tanta gente...
Gente que a gente achava simpática...
Não é?!
Que a gente pensava que fosse... gente...
Melhor que a gente...
Sinceramente, sem máscara, ou melhor, com máscara, eu tenho muito medo da cara que tenho...
Do vírus que sou...
Mais letal que qualquer Covid...
Meu Deus...
Afastai de mim todos os espelhos...
A festa das máscaras é um museu de teratologia...
A céu aberto!...
Apiedai-vos, Senhor, de nossa tremenda virulência!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba MG, 17 de Maio de 2020.
de

17.5.20

Lições da Pandemia


Agora que estamos nos unindo em torno de uma causa, a sobrevivência da Terra pela sobrevivência de cada um de nós, necessitamos nos perguntar o que fazer com o legado que estamos construindo a partir da reclusão proveniente do Novo Coronavírus e seus efeitos na sociedade planetária.
Se um vírus como esse chega e vai embora e não aproveitamos as lições que ele nos deixa de nada adiantaria passar por tudo isso que estamos passando.
A lição a ser aprendida, como já disse, está em nos tornarmos ou nos reconhecermos como uma comunidade planetária e, com isso, podermos mudar os nossos valores e as nossas práticas diárias.
Que práticas poderiam ser implementadas a partir da reflexão de que somos uma sociedade global?
Por que mantermos as guerras?
Que proveito terá se digladiar, ferir, tirar vidas, se no fundo algo que não pertence a ninguém vai lá e faz o estrago em todos?
A mesma causa abomina as partes envolvidas numa guerra e todos saem perdendo?
Por que excluirmos os ganhos de capital e de serviços a parcelas significativas da população?
Na hora que vem uma avalanche de contaminação, todos, sem exceção, se tornam vulneráveis. Ricos e pobres podem sofrer do mesmo mal. Então, acabemos com as distâncias sociais e econômicas. Criemos, ao mínimo, um sistema mais justo de produção e distribuição da riqueza, não se limitando a alguns países ou a uma elite.
Por que ignorar que a raça humana é uma só?
Não há negros, brancos, amarelos, isso e aquilo, há pessoas que são iguais a outras pessoas. Alto ou baixo, o vírus não escolhe diferença para mostrar a nossa vulnerabilidade. O fortalecimento da raça humana depende que todos os humanos sejam fortalecidos e não apenas uns poucos.
Por que não criar uma rede de proteção e promoção inclusiva?
Ao cabo dessa pandemia, vamos ter que pensar em um sistema de saúde e proteção social que abranja a todos.
Se outra pandemia viesse, como reagiríamos?
Perderíamos tantas vidas como agora por falta de iniciativa ou companheirismo?
Ou nos juntaríamos para enfrentarmos o mal maior?
Por que não pensar em sermos mais educados uns com os outros?
Por que não nos preocuparmos mais com o irmão de caminho?
Por que passar pela vida de modo inconsequente?
Por que?
A falta de solidariedade tem demonstrado que o ser humano perece quando pensa em resolver os problemas sozinho ou somente pensa nele.
A grande vitória do ser humano está na possibilidade de pensar e agir como uma grande comunidade à semelhança dos nossos irmãos gafanhotos, formigas, abelhas e tantos outros que se fortalecem exatamente por se imaginarem como uma mega comunidade a serviço uns dos outros, mesmo que não tenham consciência disso.
Nosso mal, talvez, é poder pensar e escolher.
Como, Dom Hélder?
Sim, nosso mal talvez esteja em pensarmos e agirmos como se fôssemos os donos do mundo e únicos proprietários da verdade.
Talvez nosso mal seja imaginar que podemos fazer mais que o outro, ter mais que o outro, ser mais que o outro.
As formigas não pensam assim. Tampouco os gafanhotos e as abelhas. Exatamente porque não pensam, cumprem o seu papel instintivamente dando a sua contribuição para a grande comunidade.
Quem me dera que pudéssemos recuar no tempo e aprender com os nossos “irmãozinhos inferiores”.
Talvez não houvesse miséria no mundo e a violência estaria na faixa do zero.
Quem dera voltar atrás e aprender as primeiras lições da vida...
Helder Camara de: 

16.5.20

BRASILEIROS!


Brasileiros, uni-vos sob a cruz
Que resplende no azul de vossos céus,
Que a descrença, ante tantos escarcéus,
Não consiga afastá-los de Jesus...

Mantende acesa a sublimada luz
Do Amor que não carece de troféus,
Nem da mundana estima dos incréus,
Na ambição transitória que os seduz...

Entrelaçai os vossos corações,
Sem que vos disperseis nas ilusões,
Que sempre trazem ruína ao nosso povo...

Trabalhai pelo pão de cada dia,
Como quem persevera na porfia
De construir na Terra um mundo novo!...

Pedro de Alcântara
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã do dia 9 de Maio de 2020, em Uberaba MG).
De: formiga-baccelli.blogspot.com

15.5.20

Casa Espírita e Senzala


Cento e trinta e dois anos depois da abolição da escravatura negra seria teoricamente perda de tempo examinar resquícios daquela realidade desigual na sociedade brasileira. Não é. Ainda há focos de discriminação e racismo em muitas áreas.  Numa, em especial, parece prescindir da necessidade da adoção de uma espécie de segunda abolição da condição negra: os ambientes espirituais das casas espíritas.
O ambiente doutrinário das casas espíritas, de maneira geral, não abriga a presença dos “espíritos dos negros” nas suas práticas mediúnicas, há, em muitos casos, uma discriminação velada associando-os a atraso intelectual e moral, quando não à qualidade de entidades obsessoras. Duas razões básicas podem ser atribuídas a este comportamento equivocado: preconceito cultural e ignorância doutrinária.
PROMOVENDO UMA MUDANÇA CULTURAL
Etnocentrismo é o conceito utilizado para definir o comportamento da pessoa que vê o mundo através da sua cultura e tende a considerar o seu modo de vida como o mais correto e natural. Enxerga a realidade pelas lentes das suas próprias concepções e aquilo que foge ao padrão aceitável na comunidade na qual está inserida tende a discriminar o comportamento. Este fenômeno cultural é transferido para os ambientes espíritas à medida que se caracterizou como inferior as matrizes de manifestação espiritual dos negros do ponto de vista evolutivo.
Herdou-se, na prática, a concepção de uma elite que considera cultura superior aquela que viesse de “povos culturalmente mais desenvolvidos”, como a Europa, por exemplo. A ideia de elite cultural ocidental foi transplantada também para as sessões mediúnicas das casas espíritas, onde espíritos de intelectuais, profissionais liberais e padres, todos brancos, representariam uma condição espiritual igualmente superior. Os negros, ex-escravos, são considerados os selvagens, com práticas espirituais associadas à feitiçaria, necessitados assim da “catequização”, ou melhor, da doutrinação espírita.
Onde está a raiz deste desencontro cultural? Há uma data marcada que pode simbolizar o rompimento da possível convivência espiritual negra nos ambientes espíritas: 15 de novembro de 1908 - data de criação da Umbanda.
Zélio de Moraes, um jovem de 17 anos, estava psiquicamente perturbado. Era afetado por mudança de personalidade repentina quando através dele outras pessoas (mortas) se expressavam. Levado a então Federação Espírita de Niterói por seu pai, de convicção espírita, incorporou, na sessão mediúnica, uma entidade que se denominava Caboclo das Sete Encruzilhadas. Sua postura foi rechaçada pelos presentes, apesar de ser reconhecido, pela vidência mediúnica, na figura de um padre. Depois do episódio, no dia seguinte, a entidade funda a Umbanda, espaço onde os espíritos dos pretos-velhos africanos, que haviam sido escravos, e os índios, além de espíritos de qualquer cor, raça, credo ou posição social, poderiam se apresentar para a convivência espiritual partilhada.
Como seria o Espiritismo no Brasil se tivesse ocorrido uma convergência de interesses entre os representantes da doutrina espírita da época e as identidades espirituais da matriz cultural local?
Este questionamento se torna pertinente porque a filosofia espírita, recém-introduzida no País no século 20, trazia, entre seus protagonistas espirituais, personalidades de identidade cristã (João Evangelista, Erasto, Paulo etc.), de identidade católica (Fénelon, Santo Agostinho, São Luis etc.) e de identidade europeia (Sansão, Pascal etc.). Nada mais natural, afinal, esta era a matriz de cultura espiritual que Allan Kardec encontrou, já que foi lá, especialmente na França, a sua origem. O que não era razoável conceber e foi o que predominou é que esta matriz espiritual fosse considerada superior à matriz espiritual brasileira formada por negros e índios e também os portugueses. Neste embate, infelizmente, preponderou o viés cultural. Ontem e ainda hoje.
SUPERANDO A IGNORÂNCIA DOUTRINÁRIA
É compreensível, portanto, que o ambiente cultural do País tenha influenciado o comportamento das casas espíritas, mas não se justifica, porém, que ela tenha se mantido, e o que é pior, que este equívoco doutrinário permaneça atualmente.
Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec indaga aos espíritos sistematizadores da filosofia espírita se “um homem que pertence a uma raça civilizada poderia, por expiação, reencarnar em uma raça selvagem?”. Eles asseveraram que isso é possível e que ocorre em função do gênero de expiação. Adiantam o que veio a acontecer com frequência no Brasil fruto do nosso passado escravocrata, esclarecendo que “um senhor que tenha sido cruel com seus escravos poderá tornar-se escravo por sua vez e sofrer os maus-tratos que fez os outros suportar.” Além desta condição expiatória, a reencarnação pode se dar como uma missão com a finalidade de ajudar o progresso.
Fica evidente, portanto, que os espíritos aproveitam as diversas situações para promover a evolução, em qualquer raça, em qualquer situação, em qualquer época, sendo um contrassenso generalizar como inferior tudo que venha da chamada raça selvagem.
No livro “A Gênese”, Allan Kardec esclarece sobre outro aspecto igualmente interessante: a mudança da aparência astral. É pelo pensamento e pela vontade que os espíritos podem modificar, segundo sua intenção, a sua aparência espiritual. Textualmente, chega a afirmar que se um espírito “foi negro (numa encarnação) e branco na outra, apresentar-se-á como branco ou negro, conforme a encarnação a que se refira a sua evocação e à que se transporte o seu pensamento.”
Às vezes, mesmo que um espírito não tenha tido uma encarnação na pele negra, por este mecanismo de mudança de aparência astral, ele, se quiser, poderia se apresentar como um negro para atingir um objetivo específico, como é o caso dos chamados pais-velhos.
O termo Pai-velho talvez seja o mais apropriado para se referir aos espíritos que povoam as mesas mediúnicas espíritas quando permitem que se apresentem.  Os pais-velhos, geralmente, são espíritos iniciados de antigas civilizações e exatamente por causa disso são respeitados pelos espíritos das sombras pelo seu domínio do conhecimento do magnetismo e do ectoplasma, e pela sua capacidade de atuar em desmanche de magia negra. Apresentam-se nesta forma astral para lembrar, no arcabouço atávico da população, a figura de alguém humilde, sábio, simples e experiente. Mais: esta aparência serve para combater o preconceito, quebrar barreiras raciais, religiosas, espirituais e sociais. De acordo com suas especializações espirituais e sua descendência de raiz cultural recebem sobrenomes diferenciados como do Congo, de Aruanda, de Angola, das Matas, das Almas etc.
FRATERNIDADE E ALTERIDADE NAS RELAÇÕES
Para se vencer o preconceito cultural e a ignorância doutrinária nos meios espíritas é imprescindível a vivência de duas condutas: a fraternidade e a alteridade.
Na dimensão dos espíritos, apesar de se agruparem por suas afinidades e identidades espirituais, o que prevalece é o compromisso no bem. Neste sentido, as divisões religiosas, raciais ou outras quaisquer, não têm a menor importância. Importa para eles é estar juntos para a prática do amor, numa relação fraterna. Espíritos ligados aos movimentos umbandistas, evangélicos, espíritas, católicos etc. dividem sua atuação em igrejas, templos, casas espíritas e tendas para ajudar ao próximo. Tudo pelo Cristo e pela urgência atual do período de transição planetária que se atravessa.
O filósofo espírita José Herculano Pires, em “Ciência Espírita”, defende que “Negros e índios têm o mesmo direito de colaborar nesta hora de transição, como brancos e amarelos. Mas sem a orientação segura do pensamento doutrinário, nas bases sólidas, lógicas e altamente culturais de Kardec, estaremos ameaçados de cair nos barrancos do caminho pelas mãos pretensiosas de cegos condutores de cegos.”
No caminho das relações alteritárias, o da convivência harmoniosa e construtiva entre os diferentes, oportuna é a observação do Pai João de Aruanda, no livro “Negro”, de Robson Pinheiro, principalmente para aqueles que temem uma suposta confusão entre o Espiritismo e a Umbanda, uma vez que é na Umbanda onde é mais comum a manifestação dos “pretos e pretas”: “Em matéria de espiritualismo, Umbanda ou Espiritismo, o que mais vale é a bandeira do amor e da caridade, sem preconceitos. União sem fusão, distinção sem separação.”
Em “Casa Grande & Senzala”, o sociólogo Gilberto Freyre tenta desmistificar a ideia de que no Brasil se teria uma raça inferior em função da miscigenação que aqui foi estabelecida, ao contrário, atribui a este fenômeno um ponto positivo na formação cultural brasileira, que é a sua singularidade. A transposição deste raciocínio é fundamental para o ambiente espírita à medida que resgata esta identidade espiritual vinda da África e que ganhou contornos próprios nesta terra que se propõe a ser o coração do mundo e a pátria do Evangelho.
A edificação da referência da práxis evangélica para a humanidade somente ocorrerá, no entanto, se criarmos um ambiente de convivência focada na inclusão, no respeito às diferenças, na prática real do amor. E amor, definitivamente, não se conjuga com preconceitos.
Saravá!
Carlos Pereira
De