Por
que sofremos tanto?
O que
nos parece essa tortura do não-viver?
Até
parece que tudo conspira para o caos.
Não
vejo senão dúvidas nos rostos das pessoas.
Pra lá
e pra cá, elas se vestem de mil ilusões e não se encontram com elas mesmas.
Quando
é natal, ao menos, se trocam presentes e, diante do caos, o que se pode trocar?
Elas
inventam. Tomam precauções. Pensam no futuro. Olham além da janela e
perguntam-se: - quando tudo isso vai passar?
Eu sei
que há um tremendo fulgor daqueles que entendem que tudo está predestinado, mas
e daí?
Daí
que nem todos sequer entenderão a troca de sinais.
Daí
que o flagelo da secura dos sentimentos ainda impera em muitos corações frios.
Daí que um vazio invade o ser que continua a questionar – e daí?
Ao que
parece, um dia tudo isso vai ter um fim. Um dia tudo vai voltar ao normal, mas
que normal?
Aquela
vidinha de leva-e-traz?
Aquela
vidinha de Maria vai com as outras?
Aquela
vidinha de qual será a próxima festa?
Mundo
de ilusões a cobrir a desesperança e a desorganização de si mesmo.
Outrora,
tínhamos utopias e hoje, o que temos no balcão?
Todos
febris por um motivo para viver.
Todos
querendo ter algo para torcer.
O
resto da vida será a mesma coisa que eu planejei ou tudo terá que ser
diferente?
As
perguntas ainda fazem algum sentido para aqueles que desejam sair do nada e
encontrar algo em algum lugar, mas o que dizer daqueles que nem sabem o que é
uma pergunta.
Tudo
parece muito estéril, um tanto de mistério, alguma coisa para se levar à sério,
mas e daí?
Eu
tenho as perguntas e também procuro as respostas e não me venham me cobrar
argumentos definitivos somente porque morri.
Ah!
Essa é outra história, sem começo nem fim.
Tudo
parece vazio, no entanto, algo há de se encontrar, não vale à pena perder toda
a esperança.
Há
atmosfera onde parece tudo terminar.
Há
vida onde se imagina tudo ceifar.
Há
sorriso quando tudo leva a soluçar.
Eu
estou aqui e é isso que importa, vida além da vida, paz além do luar, flores no
caminhar.
O sol
há de brilhar além das ilusões do poder.
Todos
estão aqui a gritar:
-
Finalmente tudo está por renovar. Que alegria viver!
Deixo
o meu velho cigarro no chão, levanto a cabeça e pergunto se serei eu mesma
depois de tudo isso.
E
alguém dentro de mim responde:
-
Claro, um ser mais liberto.
Eis a
pergunta que nunca vai faltar:
- E
daí?
Clarisse
Lispector
-
Aguardem a publicação do próximo texto dela.
De:
blogdecarlospereira.blogspot.com
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