19.5.20

EMMANUEL

Seu nome é título de uma das mais belas obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier: Emmanuel.
Em nesgas de revelação, sabe-se que foi senador na Roma dos Césares; mártir cristão; clérigo na França dos Césares; apóstolo dos gentios na aurora da colonização do Brasil.
O que pouco se sabe refere-se ao sentido do seu nome.
Para compreender a significação da palavra, que em si mesma significa “Deus conosco”, precisamos observar o contexto em que ela aparece. A Síria e Israel haviam desejado formar uma coligação com Judá, a fim de fazer oposição ao poder crescente da Assíria. Judá vacilara, e Síria e Israel resolveram puni-la. Ao ouvir essa notícia, Acaz tremeu. Isaias foi-lhe enviado para informar-lhe que nada tinha a temer. O poder de seus inimigos estava à beira da extinção, e nada poderiam fazer-lhe. Isaias chegou a ordenar ao rei judeu que pedisse por um sinal, em confirmação da mensagem divina. Isso Acaz recusou-se a fazer. Então, em resposta ao hipócrita rei, Isaias anunciou que daria um sinal ao povo de Judá. Numa visão o profeta contemplou uma virgem (“Almâ”, isto é, uma mulher solteira), que estava grávida e prestes a dar à luz o menino ao qual receberia o nome de Emmanuel.
Em qualquer interpretação sobre essa profecia existem três fatores que não podemos esquecer:
a) O nascimento da Criança seria um sinal. É verdade que em si mesmo, um sinal não precisa necessariamente ser um milagre; entretanto, neste contexto particular, depois da ordem dada a Acaz para pedir um sinal nas alturas, somos justificados em esperar por um sinal tal qual a volta da sombra sobre um relógio-de-sol.. um nascimento conforme o curso natural da natureza, não pareceria preencher os requerimentos necessários para ser um sinal. Nessa conexão deve ser observado, que a questão se torna mais difícil ainda pelo fato que não pode haver referência ao local da profecia a Ezequias, visto que Ezequias já havia nascido.
b) A mãe da criança seria uma mulher solteira. Por que será que Isaias a designou por essa palavra específica, “almâ”? Ao passo que havia uma outra palavra disponível “Bethülâ”. Porém, ao examinarmos esta última palavra descobrimos que seria vocábulo bastante insatisfatório, pelo fato de ambíguo.
Essa palavra também pode designar uma virgem prometida em casamento. Outras palavras hebraicas que estariam às suas mãos também não teriam sido satisfatórias. Ao usar o termo “alma”, Isaias empregou a última palavra que nunca é aplicada (quer na Bíblia, quer em outras fontes do Oriente Próximo) para outra que não seja uma mulher solteira. É a aplicação dessa palavra “almâ” que torna a aplicação da passagem a algum nascimento local difícil.
c) Precisamos notar a força do termo Emmanuel. A leitura natural da passagem nos leva a esperar que a presença de Deus deve ser vista no nascimento da própria Criança.
Essa interpretação, entretanto, é seriamente disputada, pela maioria dos escritores. A infância da criança teria servido para medir o tempo, até os dois inimigos serem removidos. Tal período de tempo seria breve – portanto dentro de, digamos, dois anos. Judá, nada mais teria a temer da Síria nesse livramento. A presença de Deus se manifestaria, e, dizem, ainda alguma mãe chamaria seu filho Emmanuel.
Tal interpretação apresenta problemas tremendos, para os quais não tem resposta. Que motivo teria uma mãe para chamar seu filho Emmanuel? Como poderia ela saber que o seu filho teria poderes para manifestar a presença de Deus entre mais ou menos dois anos para livrar Judá, da Síria e Israel? Pois parece que se a profecia se referiria a algum nascimento local; então a Criança ao nascer teria um nascimento proeminente. A pessoa mais proeminente, a saber, Ezequias, está eliminado, e portanto, temos se supor que se trataria de um filho de Isaias ou Acaz. Porém, isto também fica eliminado pelo uso da palavra “alma”.
Nem a esposa de Acaz nem a de Isaias poderiam ser chamadas “alma”, pela razão óbvia que ambas já eram casadas. E por que nada é dito a respeito do nascimento de alguma criança chamada Emmanuel, nascida de uma mulher solteira, dentro daquele período geral, que prenunciaria o livramento de Judá? Uma profecia de tal envergadura certamente exigia que seu cumprimento fosse registrado também, como é o caso nas profecias bíblicas.
Parece melhor, portanto, aplicar o nome Emmanuel ao próprio Menino. Em seu nascimento é que a presença de Deus deve ser encontrada. A criança que se admite, Isaias chama Deus Forte (el gibbôr). Essa interpretação é fortalecida pelo fato que Isaias estava procurando dissuadir seu povo de confiar no rei da Assíria, mas antes, por Deus. Naqueles momentos difíceis, Deus estava com seu povo. Ele pode ser encontrado no nascimento de um Menino.
Os versículos 15 e 16, a seguir, usam a infância do Menino como medida do tempo que se passaria até Acaz ser livrado do temor de seus inimigos do norte. Porém, Acaz rejeitou o sinal de Emmanuel, e se voltou para o rei da Assíria.
Acaz e seus sucessores provocaram a queda de Judá, mas, para o remanescente fiel, continuava de pé a promessa do Emmanuel, e em Emmanuel é que encontraram sua esperança e salvação.
Podemos, assim, compreender o intuito sigiloso, significativo e iniciático da generosa entidade que se comunica através da maravilhosa mediunidade de Francisco cândido Xavier.
WALLACE LEAL V. RODRIGUES
Livro – INTERVALOS – Francisco Cândido Xavier – Emmanuel

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