11.5.20

Encontros e Despedidas

A cada dia, vemos aumentar o número daqueles que são vítimas da atuação nefasta do novo Coronavírus. São casos letais que deixam famílias sentidas com a ausência abrupta de seus entes queridos e amigos.
Isto também dói-nos o coração.
Não é fácil para um pai de família deixar os seus filhos e esposa. Nem é fácil um filho enxergar esta realidade com naturalidade. São pessoas, com sentimentos e emoções à flor da pele, que estão chorando a partida daqueles que tanto amam.
O mundo espiritual está atento a toda essa situação. Nós nos revezamos em esforços para dar a melhor acolhida possível a todos aqueles que partem daí para cá. É, igualmente, um esforço gigantesco e profícuo de diversos profissionais que usam as suas especialidades para socorrem o vasto número de pessoas que chegam à pátria dos espíritos.
Morrer na carne, apesar de ser um fenômeno natural, que todos deveríamos estar razoavelmente preparados, representa, na prática, um grande teste de espiritualidade e fé.
A morte física é o abandono do convívio diário de pessoas que muitos estimamos, que nos são muito caras. Sim, o termo é este mesmo, por sinal, muito bem empregado. Pessoas caras, pessoas que possuem para cada um de nós um valor inestimável. Deixá-las de ter na nossa proximidade representa uma enorme dor a ser administrada – se é que podemos administrar adequadamente algo que é afeto aos nossos sentimentos mais profundos.
A ausência do convívio de quem gostamos é mão de duas vias. Nós quando chegamos aqui também sentimos a falta dos nossos. Nosso apego às coisas da matéria, como um bom livro e o aconchego da nossa cama, são substituídos por novas experiências no espírito e o reconvívio dos nossos amores do passado. Compensa, mas não substitui. A dor permanece, mas a vida se encarrega de dar bom lugar a ela.
O que quero dizer é que somos levados a gerenciar a nossa dor, vendo aqueles que amamos passar por novas experiências e temos a oportunidade, dada a nossa evolução, de ajudá-los em outra condição.
O encontro em sonhos é possível e satisfaz temporariamente impulsos que a alma sente em ter de volta os entes amados.
O fato é que a vida se encarrega de remodelarmos a nossa forma de viver, até porque não há outro jeito mesmo.
Essa nova vida, para quem fica e para quem vai, inicialmente não é fácil. Tudo é muito diferente e nós temos uma tendência muito grande de sentirmos nostalgia. Também isso é muito comum e a vida vai nos ensinando a como nos virar.
Neste momento da pandemia avassaladora que acampa todo o planeta, tenhamos a preocupação de agir em conformidade com cada momento. Em nos preservarmos contra a doença e em administrar o melhor que for possível as nossas dores mais íntimas.
Este tem sido um dos trabalhos que desenvolvemos no lado de cá da vida com os que partem daí pelo motivo da Covid-19.
Uma palavra de consolo, um gesto de alento, uma escuta ativa e amorosa, são elementos importantes para o pronto restabelecimento de almas caídas pela dor da partida dos seus.
Vamos nos acostumando com essas situações. O mundo passa por reviravoltas que nos pede mais compreensão dessas ocorrências. A dor vai chegar, o luto vai ser sentido, a vida vai se transformar e tudo continua. É assim que é, queiramos ou não.
O que fazer senão aceitar o ritmo da vida e nos encaixarmos nele com bastante propriedade e consciência.
Sejamos parceiros, uns dos outros, nesta nova fase que somos convidados a participar pelo Senhor das nossas Vidas.

Helder Camara
De: domdapaz.blogspot.com

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