17.5.20

Lições da Pandemia


Agora que estamos nos unindo em torno de uma causa, a sobrevivência da Terra pela sobrevivência de cada um de nós, necessitamos nos perguntar o que fazer com o legado que estamos construindo a partir da reclusão proveniente do Novo Coronavírus e seus efeitos na sociedade planetária.
Se um vírus como esse chega e vai embora e não aproveitamos as lições que ele nos deixa de nada adiantaria passar por tudo isso que estamos passando.
A lição a ser aprendida, como já disse, está em nos tornarmos ou nos reconhecermos como uma comunidade planetária e, com isso, podermos mudar os nossos valores e as nossas práticas diárias.
Que práticas poderiam ser implementadas a partir da reflexão de que somos uma sociedade global?
Por que mantermos as guerras?
Que proveito terá se digladiar, ferir, tirar vidas, se no fundo algo que não pertence a ninguém vai lá e faz o estrago em todos?
A mesma causa abomina as partes envolvidas numa guerra e todos saem perdendo?
Por que excluirmos os ganhos de capital e de serviços a parcelas significativas da população?
Na hora que vem uma avalanche de contaminação, todos, sem exceção, se tornam vulneráveis. Ricos e pobres podem sofrer do mesmo mal. Então, acabemos com as distâncias sociais e econômicas. Criemos, ao mínimo, um sistema mais justo de produção e distribuição da riqueza, não se limitando a alguns países ou a uma elite.
Por que ignorar que a raça humana é uma só?
Não há negros, brancos, amarelos, isso e aquilo, há pessoas que são iguais a outras pessoas. Alto ou baixo, o vírus não escolhe diferença para mostrar a nossa vulnerabilidade. O fortalecimento da raça humana depende que todos os humanos sejam fortalecidos e não apenas uns poucos.
Por que não criar uma rede de proteção e promoção inclusiva?
Ao cabo dessa pandemia, vamos ter que pensar em um sistema de saúde e proteção social que abranja a todos.
Se outra pandemia viesse, como reagiríamos?
Perderíamos tantas vidas como agora por falta de iniciativa ou companheirismo?
Ou nos juntaríamos para enfrentarmos o mal maior?
Por que não pensar em sermos mais educados uns com os outros?
Por que não nos preocuparmos mais com o irmão de caminho?
Por que passar pela vida de modo inconsequente?
Por que?
A falta de solidariedade tem demonstrado que o ser humano perece quando pensa em resolver os problemas sozinho ou somente pensa nele.
A grande vitória do ser humano está na possibilidade de pensar e agir como uma grande comunidade à semelhança dos nossos irmãos gafanhotos, formigas, abelhas e tantos outros que se fortalecem exatamente por se imaginarem como uma mega comunidade a serviço uns dos outros, mesmo que não tenham consciência disso.
Nosso mal, talvez, é poder pensar e escolher.
Como, Dom Hélder?
Sim, nosso mal talvez esteja em pensarmos e agirmos como se fôssemos os donos do mundo e únicos proprietários da verdade.
Talvez nosso mal seja imaginar que podemos fazer mais que o outro, ter mais que o outro, ser mais que o outro.
As formigas não pensam assim. Tampouco os gafanhotos e as abelhas. Exatamente porque não pensam, cumprem o seu papel instintivamente dando a sua contribuição para a grande comunidade.
Quem me dera que pudéssemos recuar no tempo e aprender com os nossos “irmãozinhos inferiores”.
Talvez não houvesse miséria no mundo e a violência estaria na faixa do zero.
Quem dera voltar atrás e aprender as primeiras lições da vida...
Helder Camara de: 

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