30.7.16

TEU FILHO VIVE

Não chores pelo filho que partiu,
Rumo à Vida Maior, na imensa Altura,
Atravessando a fria noite escura
No caminho da morte em que seguiu...

Ante o punhal que ao peito te feriu,
O coração na prova em que se apura,
Sorve em silêncio o fel da desventura
Que a taça do destino te serviu...

Por mais te desesperes, não descreias
Da Bondade Divina a que te alheias,
Na dor que em tua alma não se finda...

Vencendo a espesso véu em que se encerra,
Em cenário de luz, além da Terra,
O teu filho querido vive ainda!...

Eurícledes Formiga

(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã de sábado do dia 23 de julho de 2016, em Uberaba – MG).

29.7.16

LEI DO PROGRESSO

    - EVOLUÇÃO E ESTADO DE NATUREZA
    O homem desenvolve sua caminhada evolutiva a partir de um estado primitivo ou estado de natureza.
    "O estado de natureza é a infância da Humanidade e o ponto de partida do seu desenvolvimento intelectual e moral. Sendo perfectível e trazendo em si o gérmen do seu aperfeiçoamento, o homem não foi destinado a viver perpetuamente no estado de natureza, como não o foi a viver eternamente na infância. Aquele estado é transitório para o homem, que dele sai por virtude do progresso e da civilização." [LE-qst 776]
    É necessário que o ser humano desenvolva-se intelectual e moralmente e, através da lei de progresso, regula-se a evolução de todos os seres, encarnados ou desencarnados, e de todos os mundos do Universo.
    O Espírito só se depura com o tempo, pelas experiências que as reencarnações facultam.
    "O homem tem que progredir incessantemente e não pode volver ao estado de infância. Desde que progride, é porque Deus assim o quer. Pensar que possa retrogradar à sua primitiva condição fora negar a lei do progresso".[LE-qst 778]
    No estado de natureza o homem tem menos necessidades, a sua vida é mais simples e menores são as atribulações. Ele se atém mais a sua sobrevivência e às necessidades fisiológicas. No entanto, "há em nós uma surda aspiração, uma íntima energia misteriosa que nos encaminha para as alturas, que nos faz tender para destinos cada vez mais elevados, que nos impele para o Belo e para o Bem. É a lei do progresso, a evolução eterna, que guia a Humanidade através das idades e aguilhoa cada um de nós, porque a Humanidade são as próprias almas, que, de século em século, voltam para prosseguir com auxílio de novos corpos, preparando-se para mundos melhores em sua obra de aperfeiçoamento."
    "A lei do progresso não se aplica somente ao homem; é universal. Em em todos os reinos da Natureza, uma evolução que foi reconhecida pelos pensadores de todos os tempos. Na planta, a inteligência dormita; no animal, sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente."
    O homem ascende a planos mais altos através do "trabalho, do esforço, de todas as alternativas da alegria e da dor"
    "As reencarnações constituem, destarde, uma necessidade inelutável do progresso espiritual. Cada existência corpórea não comporta mais do que uma parcela de esforços determinados, após os quais a alma se encontra exausta. A morte representa, então, um repouso, uma etapa na longa rota da eternidade. Depois é a reencarnação novamente, a valer um como rejuvenescimento para o Espírito em marcha."
    Paixões antigas, ignomínias. remorso desaparecem, o esquecimento cria um novo ser, que se atira cheio de ardor e entusiasmo no percurso da nova estrada. Cada esforço redunda num progresso e cada progresso num poder sempre maior.     Essas aquisições sucessivas vão alterando a alma nos inumeráveis degraus da perfeição.
    "Somos, assim, o árbitro soberano de nossos destinos; cada encarnação condiciona a que lhe sucede e, mau grado a lentidão da marcha ascendente, eis-nos a gravitar incessantemente para alturas radiosas, onde sentimos palpitar corações fraternais, e entramos em comunhão sempre mais e mais íntima com a grande alma universal - A Potência Suprema"

    - MARCHA DO PROGRESSO
    "O progresso pode ser comparado ao amanhecer. Mesmo demorando aparentemente culmina por lograr êxito.
    A ignorância, travestida pela força e iludida pela falsa cultura, não poucas vezes se há levantado, objetivando criar embaraços ao desenvolvimento dos homens e dos povo."
    Inevitavelmente ele chega, altera a face e a constituição que encontra pela frente e desdobra recursos, fomentado a beleza, a tranqüilidade, o conforto, a dita.
    Esta é a marcha do progresso: inexoravelmente erguerá o homem do solo das imperfeições, que ainda se detém, para a sua gloriosa destinação: a perfeição.
    Há dois tipos de progresso: o intelectual e o moral. O homem se desenvolve por si mesmo, naturalmente. Mas, nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo. Dá-se, então, que os mais adiantados auxiliam o progresso dos outros, por meio do contato social.
    O progresso moral nem sempre acompanha o progresso intelectual. Geralmente os indivíduos e os povos adquirem maior progresso científico e, mais lentamente, se moralizam. Com o aumento do discernimento entre o bem e o mal, pelo desenvolvimento do livre-arbítrio, cresce no ser humano a noção de responsabilidade no pensar, falar e agir.
    "O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos."(...)
    "O desenvolvimento intelectual não implica a necessidade do bem. Um Espírito, superior em inteligência, pode ser mau.
     Isso se dá com aquele que muito tem vivido sem melhorar: apenas sabe". Por isto encontramos entre nações tecnicamente adiantadas tantas injustiças sociais: falta a moralização dos seus componentes humanos.
    "Somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, refreando as paixões más; somente esse progresso pode fazer que entre os homens reinem a concórdia, a paz, a fraternidade.    No século em que vivemos houve grandes avanços nos diversos campos do conhecimento humano, mas o progresso moral se acha muito aquém do fabuloso progresso intelectual a que chegou, e daí porque prevalece, em nossos dias, uma ciência sem consciência, valendo-se, não poucos, de suas aquisições culturais apenas para a prática do mal."
    Mais cedo ou mais tarde os resultados do mau uso do livre-arbítrio e da inteligência recairão sobre os homens, através da lei de causa e efeito e, trabalhados pela dor, os homens ganharão experiências e entendimento para se equilibrarem e continuarem suas jornadas evolutivas.
    "O amor e o conhecimento são as asas harmoniosas para o progresso do homem e dos povos, progresso que, não obstante as paixões nefastas ainda predominantemente na natureza animal do homem, será impossível de não ser alcançado."
    Os maiores obstáculos à marcha do progresso moral são, sem sombra de dúvidas, o orgulho e o egoísmo. "À primeira vista, parece mesmo que o progresso intelectual repudia a atividade daqueles vícios, desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que, a seu turno, incitam o homem a empreender pesquisas que lhe esclarecem o Espírito. Assim é tudo se prende, no mundo físico, e que do próprio mal pode nascer o bem. Curta, porém, é a duração desse estado de coisas, que mudará à proporção que o homem compreende melhor que, além da que o gozo dos bens terrenos proporciona, uma felicidade existe maior e infinitamente mais duradoura."

    - A CIVILIZAÇÃO
    O progresso, para ser legítimo, não pode prescindir da elevação moral dos homens, que se haure no Evangelho, sempre atual.
    As conquistas da inteligência, embora valiosas, sem a santificação dos sentimentos, conduzem ao desvario e à destruição.
    Para serem autênticas, as aquisições humanas devem alicerçar-se nos valores éticos, sem os quais o conhecimento se converte em vapor tóxico que culmina por aniquilar quem o detém."
    "A Humanidade progride, por meio dos indivíduos que pouco a pouco se melhoram e instruem. Quando estes preponderam pelo número, tomam a dianteira e arrastam os outros. De tempos a tempo, surgem no seio dela homens de gênio que lhe dão um impulso; vêm depois, com instrumentos de Deus, os que têm autoridade e, nalguns anos, fazem-na adiantar-se de muitos séculos."
    A marcha do progresso é ascensional, quer intelectual, quer moralmente falando. Porém, o fato de uma nação progredir cientificamente mais do que outra, não significa que seja moralmente mais adiantada. Civilizar, quer dizer progredir, mas é um "progresso incompleto."
    Para se chegar a um estado de civilização completa, de Humanidade moralmente evoluída, muitas conquistas deverão ser realizadas tanto no campo moral quanto no intelectual.
    Há diferenças entre civilização, civilização completa ou evolutiva e povos esclarecidos. Quando um povo sai do estado selvagem ou de barbárie e, por força do progresso, adquire novos conhecimentos, inicia-se o processo de civilização; mas esta civilização, é ainda incompleta porque incompleto é seu progresso. "A civilização, como todas as coisas, apresenta graduações diversas. Uma civilização incompleta é um estado transitório, que gera males especiais, desconhecidos do homem no estado primitivo. Nem por isso, entretanto, constitui menos um progresso natural, necessário, que traz consigo o remédio para o mal que causa. À medida que a civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns males que gerou, males que desaparecerão todos com o progresso moral.
    De duas nações que tenham chegado ao ápice da escala social, somente pode considerar-se a mais civilizada, na legítima acepção do termo, aquela onde exista menos egoísmo, menos cobiça e menos orgulho; onde os hábitos sejam mais intelectuais e morais do que materiais; onde a inteligência se puder desenvolver com maior liberdade; onde haja mais bondade, boa-fé, benevolência e generosidade recíprocas; onde menos enraizados se mostrem os preconceitos de casta e de nascimento, por isso que tais preconceitos são incompatíveis com o verdadeiro amor ao próximo; enfim, onde todo o homem de boa-vontade esteja certo de lhe não faltar o necessário."
    Em [LE-qst 793] os Espíritos superiores esclarecem perfeitamente a respeito da diferença assinalada acima: uma civilização completa, "reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Crede que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis melhor do que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade cristã. Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização.(...)"
    "No que diz respeito à evolução dos códigos da justiça humana, a Hamurábi se deve o mais antigo conjunto das leis conhecidas pela Humanidade, nas quais se tem uma visão de eqüidade avançada para a época em que predominava o poder sobre o direito, a supremacia do vencedor sobre o vencido.
    Posteriormente, as civilizações, pela necessidade de estabelecerem códigos destinados a regerem seus membros, ora subordinados às diretrizes religiosas, ora aos impositivos éticos sobre que colocavam suas bases, formaram seus estatutos de justiça e ordem, nem sempre felizes"
    "Dos primeiros moralistas, da escola ingênua, aos grandes legisladores, ressaltam as figuras de Moisés, instrumento do Decálogo, e Jesus, o excelso paradigma do amor, que consubstanciaram as necessidades humanas, ao mesmo tempo facultando os meios liberativos para o ser que marcha na direção da imortalidade."
    Do direito Romano aos modernos tratados, as fórmulas jurídicas evoluem, apresentando dispositivos e ativos cada vez mais concordes com o Espírito de justiça do que com as ambições do comportamento individual e grupal. "
    "A civilização criou necessidades novas para o homem, necessidades relativas à posição social que ele ocupa. Tem-se então que regular, por meio de leis humanas, os direitos e deveres dessas posição."    Quanto menos evoluída for a sociedade, mais duras são as suas leis. "Uma sociedade depravada certamente precisa de leis severas. Infelizmente, essas leis mais se destinam a punir depois de feito, do que a lhe secar a fonte. Só a educação poderá reformar os homens, que, então, não precisarão mais de leis tão rigorosas. "
   
Bibliografia
    1) Livro dos Espíritos - Allan Kardec
    2) Constituição Divina - Richard Simonetti
    3) Leis Morais - Rodolfo Calligaris


    Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG

28.7.16

DOR - II

241 –Onde o maior auxílio para nossa redenção espiritual?
-No trabalho de nossa redenção individual ou coletiva, a dor é sempre o elemento amigo e indispensável. E a redenção de um Espírito encarnado, na Terra, consiste no resgate de todas as dívidas, com a conseqüente aquisição de valores morais passíveis de serem conquistados nas lutas planetárias, situação essa que eleva as personalidades espiritual a novos e mais sublimes horizontes na vida no Infinito.
242 –Por que o Evangelho não nos fala das alegrias da vida humana?
-O Evangelho não podia trazer os cenários do riso mascarado do mundo, mas a verdade é que todas as lições do Mestre Divino foram efetuadas nas paisagens da mais perfeita alegria espiritual.
Sua primeira revelação foi nas bodas de Canaã, entre os júbilos sagrados da família. Seus ensinamentos, à margem das águas do Tiberíades, desdobraram-se entre criaturas simples e alegres, fortalecidas na fé e no trabalho sadio.
Em Jerusalém, contudo, junto das hipocrisias do Templo, ou em face dos seus algozes empedernidos, o Mestre Divino não poderia sorrir, alentando a mentira ou desenvolvendo os métodos da ingratidão e da violência.
Eis por que, em seu ambiente natural, toda a história evangélica é sempre um  poema de luz, de amor, de encantamento e de alegria.

 Livro “O Consolador” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

27.7.16

CRIANÇA NÃO VITAL

Questão 355 do Livro dos Espíritos

Esse fenômeno das crianças não vitais pode ocorrer com freqüência; de qualquer modo, existe um Espírito que fornece elementos para a formação do corpo em gestação. Nada se perde no universo de Deus; são experiências necessárias à evolução dos Espíritos envolvidos. Tudo é aproveitado como lições, para que no futuro se aproveite o melhor que se possa processar, para a beleza da própria vida.
O pensamento é uma forca ainda desconhecida na Terra, a não ser por alguns estudiosos, e que experimentam todos os dias essa força soberana de Deus. Com relação à criança não vital, seu corpo obedece mais ao pensamento da mãe, cujo amor se transforma em ordens de comando na gestação do filho.
Podemos encontrar muitas pessoas que, pelo olhar, simplesmente, dão vida a algumas criaturas em decadência, e outras que, também pelo olhar, matam plantas e adoecem pessoas. Pelos canais sublimados da visão flui o magnetismo puro ou exonerado da alma. Esses fluidos são emanações dos sentimentos em elevação com o Cristo, ou em decadência junto às trevas.
A Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec, um dos mais lúcidos discípulos de Jesus, que velo à Terra na sublime missão de reviver o Cristianismo, mostra aos homens um celeiro de conhecimentos para que esse homem conheça a verdade, facultando todos os entendimentos, de modo a alegrar e a exultar na vida, pela vida.
É muito difícil o que vamos citar, mas acontece: há crianças que não são vitais que, além de constituírem prova para os pais, como em seguida para o próprio Espírito que por ali se encontra, são fetos-limpeza da vida intra-uterina da mãe, que funcionam como investimento do mundo espiritual, representando renúncia do que deveria nascer em favor de uma mãe, nome sagrado dentre todos os demais na Terra.
O espírita deve e é sua obrigação estudar o corpo humano em todas as suas feições de ciência da Terra e do céu, porque, como conhecer os corpos espirituais, sem primeiro entender o corpo físico? É na seqüência desses estudos que nasce o respeito às leis de Deus que se fazem presentes pela mãe-natureza. Mesmo o corpo não vital merece o nosso maior respeito, pois ele tem uma destinação proveitosa.
Deus vibra em tudo, e Jesus participa nos campos que lhe foram entregues a olhar com amor e dedicação.
Nada há no mundo, ou nos mundos, que se mova sem a presença do Espírito. Deus tem Seus agentes de luz que registram todos os aspectos do crescimento da vida. No fundo, se queremos aprofundar nos acontecimentos, nada existe sem vitalidade, porque toda forma é a vontade de Deus operando para nos ensinar a viver melhor.
O mundo está passando por determinadas provações. Quando falamos do mundo, salientamos com mais interesse a humanidade. É nesses transes que se dá nascimento à luz. Há muitos povos dormindo, que serão despertados com certa violência, criada por eles mesmos. Há muitas nações que, em verdade, são corpos não vitais, pelo menos por enquanto, no útero da vida, mas lhes será dada vitalidade pelo amor de Deus e pela caridade do Cristo.


Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez – Todos os livros espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz

26.7.16

FRATERNA CONVOCAÇÃO

O Espiritismo, em sua característica progressiva, necessita avançar, mesmo porque, a menos que queira se nivelar às doutrinas secularmente estacionárias, não lhe sobra alternativa.
Avançar, sem perder, é claro, a sua condição de Consolador, pois, sem o Evangelho, ele será apenas e tão somente um repositório de belas elucidações de natureza filosófica.
Mais do que conhecer, o homem carece de amar.
A Humanidade, nos tempos atuais, está a revelar o que o progresso material, por si só, pode representar para ela no que tange ao perigo de autodestruição.
Neste sentido, endereçamos fraterna convocação aos adeptos espíritas de mente arejada, que não se prendem a dogmas e ortodoxias.
A Codificação Espírita, que se complementa nas obras mediúnicas da lavra de Chico Xavier, carece de prosseguir se desdobrando, estabelecendo conexões, sobretudo, com a Ciência.
A expressão atribuída a Kardec de que o Espiritismo haverá de ser científico, ou não sobreviverá, não precisa ser de sua lavra para ser autêntica.
Na Introdução de “O Livro dos Espíritos”, porém, ele consignou com meridiana clareza que “o Espiritismo é a ciência do Infinito”.
Mais do que médiuns na psicografia de obras que, em geral, apenas reafirmam os seus Princípios Básicos, a Doutrina está necessitando de estudiosos e pesquisadores, enfim, de pensadores encarnados que lhe ampliem os conceitos.
O Espiritismo, em seu aspecto científico, com uma ou outra exceção, não está se desenvolvendo por obra de seus seguidores.
Os “construtores” da Doutrina, em pequeníssimo número, estão sendo sufocados apenas pelos que sabem implodir o acanhado esforço dos que estão procurando algo acrescentar ao seu magnífico edifício.
Não é lícito que os encarnados permaneçam na expectativa de que toda a Revelação provenha dos desencarnados.
Carecemos de incentivar, em nossos Centros, maior diálogo em torno dos postulados doutrinários, não deixando que esses mesmos Centros percam a sua característica de escola.
O Movimento Espírita de difusão da Mensagem da Terceira Revelação, igualmente, precisa ser Movimento de Expansão do Pensamento Espirita em si mesmo.
Muitas perguntas permanecem sem respostas.
Pior: muitas perguntas sequer têm sido formuladas com receio das respostas que, para elas, possam ser obtidas.
André Luiz, através de Chico Xavier, disse que “a ortodoxia no mundo costuma ser o cadáver da Revelação”.
Não estamos, convém repetir, desconsiderando o valor da Mensagem Espírita, que, sobretudo, nos exorta à renovação íntima. Porém, até o presente momento, as pesquisas, por exemplo, sobre Reencarnação e Mediunidade, têm se mostrado excessivamente tímidas.
Os críticos de Doutrina agem movidos pelo “achismo” – opiniões pessoais que, não raro, ocultam intenções menores, esquecidos de que a Verdade não pode ser tomada de assalto.
Estamos, todavia, esperançosos na nova geração de espíritas, que, a pouco e pouco, naturalmente, há de substituir os que tendem à igrejificação do Espiritismo, com pretensão a seus “bispos” e “cardeais”.
Convocamos, pois, a todos os irmãos e irmãs de boa vontade, sem comprometimento com políticas doutrinárias de bastidores, a que nos unamos pela libertação do Pensamento Espírita, não consentindo na sua elitização e, muito menos, no “controle pessoal” que alguns encarnados querem ter sobre ele, esquecidos de que o “espírito sopra onde quer”!...

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 25 de julho de 2016. – Blog Mediunidade na Internet

25.7.16

Momentos Mágicos

A alegria da vida consiste em aproveitá-la nos seus mínimos detalhes.
Quem dera poder estar entre vocês, vivinho no corpo físico, para saborear uma boa jaboticaba. Por aqui, temos coisas muito gostosas, sabores inimaginados por vocês, mas a saudade de uma boa jaboticaba é constante.
Quando encontrávamos os amigos por aí dávamos grandes gargalhadas de felicidade. Era um abraço caloroso, um aperto de mão sincero, um olhar alegria penetrante. Quem bom estar com você... Temos o mesmo por aqui, mas a diferença é que aí desfrutamos da frugal necessidade da sobrevivência e então descobrimos quem são os nossos amigos de verdade.
Ao encontrar um desafio, colocávamos a pensar nas soluções. Muito do que queríamos fazer era-nos impedidos pela absoluta falta de recursos. Quando não esperávamos mais nada acontecer, eis que chegava a grande solução, de um jeito totalmente enviesado por nós, mas consentâneo com a sabedoria do Pai. Que momento de alegria em saber que as portas finalmente se abriram.
Outras vezes, em plena celebração da missa, era envolvido com grande força, como se o Espírito Santo, naquele momento, me dominasse a vontade e, então, como em êxtase, vivia aquele instante de belíssima alegria e contentamento interior. Era como se estivesse caminhando nas nuvens.
Quantos e quantos momentos poderia relembrar neste espaço. Que felicidade indescritível para se narrar. Ora, meu caro, você também passou e vai passar por estes momentos mágicos. Quando isto acontecer, valorize-os. Deguste cada segundo. Mantenham-no sempre vivo em sua memória. Não deixe ele morrer jamais. Serão eles que te abrigarão as forças para superar os maiores desafios.
A felicidade, sim, é possível. A felicidade deste mundo e já é grande coisa. Pode não ser ainda a verdadeira felicidade prometida por Jesus, mas é a felicidade que já temos condições de saboreá-la, então, vamos fazer isto com muita intensidade.
Não percam a oportunidade de vivenciar estes momentos mágicos. Eles são uma demonstração de que o céu, mais do que um espaço no infinito, pode estar tão próximo de cada um de nós, basta permitir-se ser feliz.
Abraços,

Helder Camara – Blog Novas Utopias

24.7.16

LEI DE SOCIEDADE: LAÇOS DE FAMÍLIA

    - Simpatias e Antipatias
    Como seres inteligentes da criação que povoam o Universo fora do mundo material, os Espíritos cultivam entre si, a simpatia geral destinada pelas suas próprias semelhanças. Além desta simpatia de caráter geral, existem, também, as afeições particulares, tal como as há entre os homens. Esta afeição particular decorre do princípio de afinidade, como resultado de "uma perfeita concordância de seus pendores e instintos".
    Assim como há as simpatias entre os Espíritos, há, também, as antipatias, alimentadas pelo ódio, que geram inimizades e dissenções. Este sentimento, todavia, só existe entre os Espíritos impuros que não venceram, ainda, em si mesmos, basicamente, o egoísmo e o orgulho. Como exercem influência junto aos homens, acabam estimulando nestes os desentendimentos e as discórdias, muito comuns na vida humana.
    Desde que originada de verdadeira simpatia, a afeição que dois seres se consagram na Terra continua a existir sempre no mundo dos Espíritos.
    Por sua vez, os Espíritos a quem fizemos mal neste mundo poderão perdoar-nos se já forem bons e segundo o nosso próprio arrependimento. Se, porém, ainda forem maus, podem guardar ressentimento e nos perseguirem muitas vezes até em outras existências.
    Como observam os Espíritos Superiores: "da discórdia nascem todos os males humanos; da concórdia resulta a completa felicidade", e um dos objetivos da nossa encarnação é o de trabalhar no sentido de nos melhorarmos interiormente e chegarmos à perfeição espiritual.
    Isto nos leva a compreender melhor a afirmação de Jesus quando nos disse: "Amai os vossos inimigos", pois só há hoje prejuízo para o Espírito que tenha inimigos por força do mal que haja praticado, uma vez que os inimigos são obstáculos em sua caminhada e essa inimizade sempre gera infelicidade e atraso em seu progresso espiritual.
    Admitindo "que a maldade não é um estado permanente dos homens; que ela decorre de uma imperfeição temporária e que, assim como a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau reconhecerá um dia os seus erros e se tornará bom" compreendemos também que a nossa meta maior é superar a maldade que ainda existe em nós e nos outros, e, neste sentido, só a manifestação de amor de nossa parte pode quebrar o círculo vicioso do ódio que continua a existir, muitas vezes, mesmo depois da morte física.
    O período a esse esforço é, sem dúvida, quando estamos junto aos nossos inimigos, convivendo com eles, na condição de encarnados e desencarnados, pois é quando temos as melhores oportunidades de testemunhar nosso propósito de cultivar a concórdia para com todos, e assim, substituir os laços de ódio que nos ligavam pelos laços do amor que passam a nos unir. Allan Kardec, estudando a causa das simpatias e antipatias que se manifestam entre pessoas que se avistam pela primeira vez, diz [QE]:    "São criaturas que se conheceram e que muitas vezes se amaram em outra vida e que, ao se encontrarem nesta, atraem-se mutuamente. Também as antipatias instintivas provêm, vez por outra, de relações anteriores."
    Lembra Kardec que esses sentimentos podem ter outra causa, relacionada não a vivências anteriores, mas sim ao padrão vibratório das pessoas envolvidas, à condição moral, os gestos e tendências, enfim, a própria maneira do indivíduo ser, pensar, e agir:
    "O perispírito irradia ao redor do campo, formando uma espécie de atmosfera impregnada das qualidades boas ou não do Espírito encarnado. Duas pessoas que se encontraram pelo contato dessas auras sentem uma sensação agradável ou desagradável."

    - As Almas gêmeas
    Em [LE-qst 298] vemos que "não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos."
    Devemos compreender que um Espírito não é a metade do outro.
    "Se um Espírito fosse a metade do outro, separados os dois, estariam ambos incompletos." [LE-qst 299]
    "A teoria das metades eternas encerra uma simples figura, representativa da união de dois Espíritos simpáticos. Trata-se de uma expressão usada até na linguagem vulgar e que se não deve tomar ao pé da letra."[LE-qst 303-a]

    - A Importância da Família
    A vida familiar deve ser a vida de todo homem integrado na unidade social, denominada família. Esta palavra, família, pode ser conceituada num sentido mais restrito - constituído pelos nossos familiares consangüíneos - como num sentido mais amplo - o representando por agrupamentos de Espíritos afins, quer intelectual, quer moralmente.
    A família é a abençoada escola de educação moral e espiritual, oficina santificante onde se lapidam caracteres; laboratório superior em que se encadeiam sentimentos, estruturam aspirações, refinam idéias, transformam mazelas antigas em possibilidades preciosas para a elaboração de misteres edificantes.
    A família é, pois, o mais prodigioso educandário do progresso humano. A importância não se mede apenas como fonte geratriz de seres racionais, mas como oficina de onde se projetam os homens de bem, os sábios, os benfeitores em geral. "A família é mais do que um resultante genético. (...) São os ideais, os sonhos, os anelos, as lutas e árduas tarefas, os sofrimentos e as aspirações, as tradições morais elevadas que se cimentam nos liames da concessão divina, no mesmo grupo doméstico onde medram as nobres expressões da elevação espiritual na Terra. Quando a família periclita, por esta ou aquela razão, sem dúvida a sociedade está a um passo do malogro."
    A vida em família, para que atinja suas finalidades maiores deve ser vivenciada dentro dos padrões de moralidade, compreensão e solidariedade. A família é uma instituição divina cuja finalidade precípua consiste em estreitar os laços sociais, ensejando-nos o melhor modo de aprendermos a amar-nos como irmãos. Por tão incontestáveis razões, a vida em família, de todas as associações é, talvez a mais importante em virtude da sua função educadora e regenerativa.

    - Laços Corporais e Laços Espirituais Existem duas modalidades de família e, em conseqüência, duas categorias de laços de parentescos: as que procedem da consangüinidade e as que procedem das ligações espirituais.
    "Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar no desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir."[ESE-cap XIV it 8]
    Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família, e sim, os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações.
    Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente já na existência atual.

 Bibliografia
1) O Livros dos Espíritos - Allan Kardec
2) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
3) O Que é o Espiritismo - Allan Kardec
4) Vida e Sexo - Emmanuel/Chico Xavier
5) Estudos Espíritas - Joanna de Ângelis/Divaldo Franco


 Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG

23.7.16

FORJA DIVINA

Agitação, correria,
Conflitos em profusão,
O tempo passando a esmo,
A vida sem direção...

Disputas, ressentimentos,
Desespero, provação,
A vida passando a esmo,
Expectante aflição...

Violência, rebeldia,
Fanatismo sem perdão,
O tempo passando a esmo,
Crise de Fé e Razão...

A Verdade relegada,
Injustiça, exploração,
O tempo passando a esmo,
O mundo em desolação...

O prazer a qualquer preço,
Taças erguidas à mão,
O tempo passando a esmo,
Tremenda desilusão...

Preconceitos e mentiras,
Fome de paz e de pão,
O tempo passando a esmo,
Semente morta no chão...

Mas, para aquele que ama
E tem Deus no coração,
Ante a luz da Eternidade,
O tempo não passa em vão...

Pois, construindo o futuro,
Em busca da Perfeição,
O tempo, passando a esmo,
Forja divina em ação!...

Eurícledes Formiga

(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do C. E. “Allan Kardec”, na noite de domingo do dia 22-1-95, na cidade de Ribeirão Preto – SP).

22.7.16

LEI DE LIBERDADE

    A LIBERDADE NATURAL E A ESCRAVIDÃO
    A liberdade é a condição básica para que a alma construa o seu destino. A princípio parece limitada às necessidades físicas, condições sociais, interesses ou instintos. Mas, ao analisar-se a questão mais profundamente, vê-se que a liberdade despontada é sempre suficiente para permitir que o homem rompa esse círculo restrito e construa pela vontade o seu próprio futuro.
    Intrinsecamente livre, criado para a vida feliz, o homem traz, no entanto, inscritos na própria consciência, os limites da sua liberdade.
    Jamais devendo constituir tropeço na senda por onde avança o seu próximo, é-lhe vedada a exploração de outras vidas sob qualquer argumentação, das quais subtraia o direito de liberdade.
    A liberdade legítima decorre da legítima responsabilidade, não podendo triunfar sem esta.
    A responsabilidade resulta do amadurecimento pessoal em torno dos deveres morais e sociais, que são a questão matriz fomentadora dos lídimos direitos humanos.
    Pela lei natural todos os seres possuímos direitos que, todavia, não escusam a ninguém dos respectivos contributos que decorrem do seu uso.
    A toda criatura é concedida a liberdade de pensar, falar e agir, desde que essa concessão subentenda o respeito aos direitos semelhantes do próximo.
    Ser livre, portanto, é saber respeitar os direitos alheios, porque "desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar." [LE-qst 826]
    Vivemos num planeta que se caracteriza pela predominância do mal sobre o bem; é um planeta inferior, onde os seus habitantes estão submetidos a provas e expiações; daí ser comum que muitos Espíritos não possuam o discernimento natural para o emprego da liberdade que Deus lhes concedeu. A ocorrência de abusos de poder, manifestada nas tentativas de o homem escravizar o próprio homem, nas variadas formas e intensidade, é o exemplo típico do mau uso desta lei natural.
    À medida que o ser humano evolui, cresce com ele a responsabilidade sobre os seus atos, sobre as suas manifestações verbais e, até mesmo, sobre os seus pensamentos. Neste estágio evolutivo, passa a compreender que a liberdade não se traduz por fazer ou deixar de fazer determinada coisa, irresponsavelmente. Passa a medir a sua linha de ação, de maneira que esta não atinja desastrosamente o próximo. Compreende, enfim, que sua liberdade termina onde começa a do próximo.
    A vontade própria ou livre-arbítrio é, então, exercitada de uma maneira mais coerente, mais responsável. O livre-arbítrio é definido como "a faculdade que tem o indivíduo de determinar a sua própria conduta", ou em outras palavras, a possibilidade que ele tem de, entre duas ou mais razões suficientes de querer ou de agir, escolher uma delas e fazer que prevaleça sobre as outras."
    Sem o livre-arbítrio, o homem não teria mérito em praticar o bem ou evitar o mal, pois a vontade e a liberdade do Espírito não sendo exercitadas, o homem não seria mais do que um autômato. Pelo livre-arbítrio, ao contrário, passa o indivíduo a ser o arquiteto da sua própria vida, da sua felicidade ou infelicidade, da maior ou menor responsabilidade em qualquer ato que pratique.
    A liberdade e o livre-arbítrio têm uma correlação fundamental na criatura humana e aumentam de acordo com a sua elevação e conhecimento. Se por um lado temos a liberdade de pensar, falar e agir, por outro lado, o livre-arbítrio nos confere a responsabilidade dos próprios atos por terem sido eles praticados livremente e por nossa própria vontade.
    A sujeição absoluta de um homem a outro homem é um erro gravíssimo de conseqüências desastrosas para quem o pratica. A escravidão, seja ela física, intelectual, sócio-econômica, é sempre um abuso da força e que tende a desaparecer com o progresso da Humanidade... É um atentado à Natureza onde tudo é harmonia e equilíbrio. Quem arbitrariamente desfere golpes cerceando a liberdade dos outros, escravizando-os pelos diversos processos que o mundo moderno oferece, sofre a natural conseqüência, e essa é a vergasta da dor , que desperta e corrige, educa e levanta para os tirocínios elevados da vida.
    A nossa liberdade não é absoluta porque vivemos em Sociedade, onde devemos respeitar os direitos das pessoas. Baseando-se neste preceito, torna-se absurdo aceitar qualquer forma de escravidão: física, social, econômica, ideológica, religiosa, etc.
    Durante muito tempo aceitou-se, como justa, a escravidão dos povos vencidos em guerras, assim como foi permitido pelos códigos terrenos que os homens de certas raças fossem caçados e vendidos, quais bestas de carga, na falsa suposição de que eram seres inferiores e, talvez, nem fossem nossos irmãos em Humanidade.
    Coube ao Cristianismo mostrar que, perante Deus, só existe uma espécie de homens e que, mais ou menos puros e elevados, eles o são, não pela cor da epiderme ou do sangue, mas pelo Espírito, isto é, pela melhor compreensão que tenham das coisas e principalmente pela bondade que imprimam em seus atos.
    Com a abolição da escravatura, todos nós podemos dispor livremente das nossas vidas.
    Sem dúvida, estamos ainda muito distantes de uma vivência de integral respeito às liberdades humanas; todavia, já as aceitamos como um ideal a ser atingido, e isso é um grande passo, pois tal concordância há de elevar-nos, mais dia, menos dia, a esse estado de paz e felicidade a que todos aspiramos.

    LIBERDADE DE PENSAR E DE CONSCIÊNCIA
    A liberdade de pensamento, e de ação, constituem atributos essenciais do Espírito, outorgados por Deus ao criá-lo.
    A liberdade de pensar é sempre ilimitada, porquanto ninguém pode domar o pensamento alheio, aprisionando-o. Assim ensinam os Espíritos [LE-qst 833] ao responderem que "no pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. Pode-se-lhe deter o vôo, porém, não aniquilá-lo." Quando muito, ainda pela inferioridade e imperfeição de nossa civilização, tenta-se conter a manifestação exterior do pensamento, ou seja, a liberdade de expressão.
    Se há algo que escapa a qualquer opressão é a liberdade de pensamento. Somente por ela pode o homem gozar de liberdade absoluta. Ninguém consegue aprisionar o pensamento de outrem - embora possa entravar-lhe a liberdade de exprimi-lo.
    Pela ação da lei do progresso, a liberdade, em todas as suas modalidades evolui, especialmente a liberdade de pensar, pois atualmente já não vivemos na época do "crer ou morrer", como acontecia nos tempos da Inquisição ou Santo Ofício.
    Na verdade, de século para século, menos dificuldade encontra o homem para pensar sem peias e, a cada geração que surge, mais amplas se tornam as garantias individuais no tange à inviolabilidade do foro íntimo.
    Evidencia-se bem distinta a liberdade de pensar e de agir, pois enquanto a primeira se exerce com maior amplidão, sem barreiras, a última padece de extensas e profundas limitações.
    Apesar de a liberdade de pensar ser ilimitada, ela depende do grau evolutivo de cada Espírito, na sua capacidade de irradiação e de discernimento. À medida que um Espírito progride, desenvolve-se-lhe o senso de responsabilidade sobre seus atos e pensamentos.
    Qualquer oposição exercida sobre a liberdade de uma pessoa é sinal de atraso espiritual. "Constranger os homens a procederem em desacordo com o seu modo de pensar é fazê-los hipócritas. A liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira civilização e progresso."
    "A toda criatura é concedida a liberdade de pensar, falar e agir, desde que essa concessão subentenda o respeito aos direitos semelhantes do próximo.
    Desde que o uso da faculdade livre engendre sofrimento e coerção para outrem, incide-se em crime passível de cerceamento daquele direito, seja por parte das leis humanas, sem dúvida nenhuma através da Justiça Divina.
    Graças a isso, o limite da liberdade encontra-se inscrito na consciência de cada pessoa, que gera para si mesma o cárcere de sombra e dor, a prisão sem barras em que expungirá mais tarde, mediante o impositivo da reencarnação, ou as asas de luz para a perene harmonia."
    O limite da nossa liberdade está, portanto, determinado onde começa a do próximo.
    "Em todas as relações sociais, em nossas relações com os nossos semelhantes, é preciso nos lembremos constantemente disto: Os homens são viajantes em marcha, ocupando pontos diversos na escala da evolução pela qual todos subimos. Por conseguinte, nada devemos exigir, nada devemos esperar deles, que não esteja em relação com seu grau de adiantamento."
    Logo, o Espírito só está verdadeiramente preparado para a liberdade no dia em que as leis universais, que lhe são externas, se tornem internas e conscientes pelo próprio fato de sua evolução. No dia em que ele se compenetrar da lei e fizer dela a norma de suas ações, terá atingido o ponto moral em que o homem se possui, domina e governa a si mesmo.
    Daí em diante já não precisará do constrangimento e da autoridade social para corrigir-se. E dá-se com a coletividade o que se dá com o indivíduo. Um povo só é verdadeiramente livre, digno de liberdade se aprendeu a obedecer a lei interna, lei moral, eterna e universal que não emana nem do poder de uma casta, nem da vontade das multidões, mas de um Poder mais alto. Sem a disciplina moral que cada qual deve impor a si mesmo, as liberdades não passam de um logro; tem-se a aparência, mas não os costumes de um povo livre.
    Tudo o que se eleva para a luz eleva-se para a liberdade.

    LIVRE-ARBÍTRIO E DETERMINISMO
    Determinismo ou Fatalismo é uma doutrina segundo a qual todos os fatos são considerados como conseqüências necessárias de condições antecedentes. De acordo com essa maneira de pensar todos os acontecimentos foram irrevogavelmente fixados de antemão, sendo o homem mero joquete nas mãos do destino.
    O livre-arbítrio, por sua vez, é a concepção doutrinária que afirma que o homem dispõe sempre da liberdade de escolha, podendo gerenciar as suas decisões e a sua vida.
    Denomina-se o livre-arbítrio, segundo os dicionários, como a faculdade do homem de determinar-se a si mesmo.

    POSIÇÃO ESPÍRITA
    O Espiritismo nos ensina que não há um fatalismo absoluto, um determinismo que norteará a vida do homem.
    O livre-arbítrio foi talvez a grande conquista do princípio inteligente em sua jornada evolutiva, pois, através dele, tornou-se o Espírito responsável pelos seus atos.
    Embora o homem esteja subordinado ao seu livre-arbítrio, sua existência está também submetida a determinada característica de acordo com o mapa de seus serviços e provações na Terra e, delineado pela individualidade em harmonia com as opiniões de seus guias espirituais antes da reencarnação.
    As condições sociais, as moléstias, os ambientes viciosos, o cerco das tentações, os dissabores, são circunstâncias da existência do homem. Entre elas, porém, está a sua vontade soberana.
    O homem é, pois, livre para agir, para escolher o tipo de vida que procura levar. As dores, as dificuldades existentes na sua vida são provas e expiações que vem muitas vezes como conseqüência do uso incorreto do livre-arbítrio em existência anteriores.
    "Se o homem tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina." [LE-qst 843]
    Allan Kardec didaticamente separa o livre-arbítrio em:
    a) No estado de Espírito: consiste na escolha da existência e das provas.
    b) No estado corpóreo: consiste na faculdade de ceder ou resistir aos arrastamentos a que estamos submetidos.
    Lembra, no entanto, Kardec, que excetuando-se as Almas Puras, que já atingiram a Perfeição que lhes é possível, em todos os outros o Livre-arbítrio é uma faculdade sempre limitada.
    Na medida em que a nossa liberdade termina onde se inicia a liberdade do outro, certos atos, contrários à ordem geral que regem a evolução das criaturas, são vedados.
    Assim sendo, o livre-arbítrio será diretamente proporcional a evolução intelecto-moral da criatura. Os Espíritos mais evoluídos o possuem em grau maior; as almas mais inferiorizadas terão uma faixa de escolha mais limitada.
    Em outras condições, como no período da infância e na loucura, o livre-arbítrio pode momentaneamente ser retirado do homem.
    Situações onde o Livre-Arbítrio torna-se muito limitado:
    . Seres inferiores (animais, homem primitivo)
    . Período de infância
    . Estado de loucura
    André Luiz [Ação e Reação] assim se manifesta:
    "Nas esferas primárias da evolução, o determinismo pode ser considerado irresistível. É o mineral obedecendo às leis invariáveis de coesão e o vegetal respondendo, fiel, aos princípios organogênicos, na consciência humana a razão e a vontade, o conhecimento e o discernimento entram em junção nas forças do destino, conferindo ao Espírito as responsabilidades naturais que deve possuir sobre si mesmo. Por isso, embora nos reconheçamos subordinados aos efeitos de nossas próprias ações, não podemos ignorar que o comportamento de cada um de nós, dentro desse determinismo relativo, decorrente de nossa própria conduta, pode significar liberação abreviada ou cativeiro maior, agravo ou melhoria em nossa condição de almas endividadas perante a Lei."

    CONCLUSÕES
    1. Pelo uso do livre-arbítrio, construimos o nosso destino, que pode ser de dores ou de alegrias.
    2. Livre-Arbítrio, na fase evolutiva em que nos encontramos, é sempre relativo.
    3. O determinismo, também relativo, pode ser traduzido como a conseqüência inaceitável de nossa conduta prévia.

Bibliografia
1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) Ação e Reação - André Luiz/Chico Xavier
3) A Constituição Divina - Richard Simonetti
4) Leis Morais da Vida - Joanna de Ângelis/Divaldo Franco
5) Leis Morais - Rodolfo Calligaris


Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG

21.7.16

EVOLUÇÃO

Emmanuel
DOR
239 –Entre a dor física e a dor moral, qual das duas faz vibrar mais profundamente o espírito humano?
-Podemos classificar o sofrimento do espírito como a dor-realidade e o tormento físico, de qualquer natureza, como a dor-ilusão.
Em verdade, toda dor física colima o despertar da alma para os seus grandiosos deveres, seja como expressão expiatória, como conseqüência dos abusos humanos, ou como advertência da natureza material ao dono de um organismo.
Mas, toda dor física é um fenômeno, enquanto que a dor moral é essência.
Daí a razão por que a primeira vem e passa, ainda que se faça acompanhar das transições de morte dos órgãos materiais, e só a dor espiritual é bastante grande e profunda para promover o luminoso trabalho do aperfeiçoamento e da redenção.
240 –De algum modo, pode-se conceber a felicidade na Terra?
-Se todo espírito tem consigo a noção da felicidade, é sinal que ela existe e espera as almas em alguma parte.
Tal como sonhada pelo homem do mundo, porém, a felicidade não pode existir, por enquanto, na face do orbe, porque, em sua generalidade, as criaturas humanas se encontram intoxicadas e não sabem contemplar a grandeza das paisagens exteriores que as cercam no planeta. Contudo, importa observar que é no globo terrestre que a criatura edifica as bases da sua ventura real, pelo trabalho e pelo sacrifício, a caminho das mais sublimes aquisições para o mundo divino de sua consciência.

 Livro “O Consolador” –  Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros Espíritas como este vendidos em nossa loja terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz

20.7.16

VIDA INTRA-UTERINA

Questão 354 do Livro dos Espíritos

O útero da mulher é uma câmara sensível, na qualidade de ninho, onde tem todas as qualidades necessárias para a geração da criança, fenômeno humano, mas que tem feição divina. No encontro do óvulo com o espermatozóide, se dá o casamento interno de duas forças, que são envolvidas por energias imponderáveis, na formação de uma consciência instintiva, que passa a comandar como se fosse um computador altamente condicionado, porém, no qual brilha, nas suas irradiações de luz, a presença de Deus.
O feto cresce pele comando das forcas internas, como sendo uma árvore, mas que com o passar dos tempos ele alcança variadas feições, como estágios nas lembranças dos seus ancestrais, por onde o Espírito percorreu na sua marcha evolutiva, até sentir a razão nos esplendores da raça humana.
O seio uterino é um mundo onde se pode notar em ação as leis que regulam o próprio universo. São ondas, raios e impulsos se intercruzando para garantir uma vida. O corpo humano, não cansamos de dizer, é uma cópia do universo, estudado há milênios sem conta e experimentado por milhões de vezes na sua jornada, para que pudesse obedecer ao progresso. Ele, cada vez mais, vai oferecendo ao Espírito os meios, dentro de suas possibilidades, de cumprir sua missão cada vez mais elevada na face da Terra.
Esse corpo biológico foi planejado e executado pelas mãos do Cristo. A Sua presença nunca faltou, para que esse corpo se expressasse como tal. Certamente que em seu derredor muitos engenheiros siderais estavam a postos para as Suas ordens, em experimentações variadas. Em futuro próximo, o corpo físico tomara outra expressão que seja mais para o lado da fluidez, oferecendo assim a alma que o vai comandar meios mais sutis para altos cargos de experimentação.
No campo da vivência dos conceitos evangélicos, sem as prováveis reações que se dão no corpo de hoje.
É nesse sentido que se deve começar a ajudar os engenheiros do mundo espiritual nas lutas para descondicionar as vibrações negativas no perispírito, porque o seu campo de hoje é sofrido pelos pensamentos imantados no ódio, na inveja, no orgulho, no egoísmo e em tantos outros departamentos das trevas, que o Espírito, na sua ignorância, alimenta.
O Espírito passa por diversas fases na formação do seu corpo, lembrando, mesmo na inconsciência, o que tem de fazer para o seu crescimento, atingindo, assim, a vida espiritual onde ele deve aprumar, procurando, por lei, a plenitude da vida em libertação com o Cristo. A ciência humana deve estudar a vida animal em formação na intimidade das nossas irmãs, para que a humanidade tenha mais respeito pelas crianças, senão pelos fetos. Disse o Cristo, de certa feita: “Vós sois o sal da terra.” Os Espíritos, movendo um corpo no mundo, são realmente o sal da terra, porque a alma vem temperar toda a expressão do entendimento, vem dar a compostura sagrada a própria natureza e essa, devolvendo ao mesmo homem as leis mais visíveis, para que ele se liberte dos laços inferiores que o prendem às paixões.
A vida intra-uterina é como que a vida em uma das maiores capitais do mundo, sendo que ela é mais perfeita por não desrespeitar as leis que sustentam a sua própria harmonia. Falando aos homens, pedimos que respeitem a formação da vida física e, em seguida, respeitem a criança. Ela é o homem de amanhã e pede hoje que amemos a Deus sobre todas as coisas. Eduquemo-las, não somente com palavras, mas através do exemplo.


Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez – Todos os livros espíritas como este vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz.

18.7.16

A Saída contra o Horror

Acordamos na manhã de ontem com uma daquelas notícias que não gostaríamos novamente de ouvir: outro atentado terrorista na nossa querida França, mas particularmente nos arredores de Nice.
Outra vez mais o terror para esquentar as preocupações do mundo. O que ele traz para todos nós?
Sensação de insegurança, medo, possibilidade de tudo desabar de uma hora para outra, intranquilidade, vexame.
Ficamos atônitos nas ruas europeias porque um grupo minoritário e mal intencionado se diz responsável pela ordem do mundo, utilizando exatamente o contraponto da paz.
Dezenas e dezenas de mortos e feridos. Uma coisa brutal, impensável. O pior é imaginar que há outras pessoas que pensam e querem agir do mesmo jeito. Destruir, matar, assassinar. Tudo covardemente, como se fosse coragem tirar a vida do próximo.
O mundo em confusão procura os responsáveis para severamente puni-los. E o que isto ajudará?
É claro que precisamos medidas reparadoras e que freiem estes ímpetos de profunda covardia, mas necessitamos, igualmente, pensar quais são as saídas definitivas para o problema.
A raiz de tudo isso está no coração humano, no coração doente do ser humano, no coração raivoso e egoísta de uma pessoa.
A forma, portanto, de combater este mal maior é a ação sensibilizadora nas massas, promovendo aquilo que verdadeiramente pode transformar a humanidade: a prática do amor.
Foi por esta razão que o Nosso Senhor Jesus Cristo escolheu a mensagem do amor como a grande mensagem a ser difundida e vivenciada pela humanidade.
Seu discurso libertador já tem mais de dois mil anos. Eu disse mais de dois mil anos. E os homens se fazem de surdos e ignoram completamente esta atitude verdadeiramente libertadora do ser.
Enquanto não priorizarmos o amor nas nossas escolas iniciáticas religiosas não haveremos de dormirmos tranquilos e, com isso, todo o mundo ficará em permanente estado de alerta, amargurado e com medo.
Somente o amor pode nos libertar de nossas sombras mais tenebrosas, do horror aniquilante e sorvedor da paz.
Escolhamos imediatamente o amor contra a alternativa amedrontadora do horror.
Fiquemos em paz,

Helder Camara – Blog Novas Utopias

16.7.16

SOMOS UM

Eu sou de todas as cores,
Negro, branco e amarelo,
Pertenço a todas as raças
No sangue que em mim revelo.

Já fui Adão, já fui Eva,
Já fui Caim, fui Abel,
Nasci do ventre da Terra,
Porém, sou filho do Céu.

Tenho altar em toda a parte,
O mundo é a minha igreja,
Sei orar em qualquer crença,
Não importando qual seja.

Sou judeu, sou muçulmano,
Espiritista de fé,
Católico e protestante,
Amando a Deus tal qual É.

Nas contas que agora faço,
Sem equívoco nenhum,
Matemática Divina,
Eu e você somos um.

Eurícledes Formiga

(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã de sábado do dia 9 de julho, em Uberaba – MG).

15.7.16

LEI DE JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE

    RESPEITO ÀS LEIS, ÀS RELIGIÕES E AOS DIREITOS HUMANOS
    Falou-nos Jesus: "Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros". Neste ensinamento está resumida a lei de Justiça, de Amor e de Caridade. Com a prática deste ensinamento evangélico, os homens se respeitariam mutuamente, os vínculos sociais entre as criaturas seriam mais consolidados, as leis mais justas, a convivência humana mais pacífica.
    Não haveria desrespeito algum entre os homens, cada qual compreenderia os seus direitos, os seus limites de liberdade, professariam a crença para a qual estivessem inclinados sem embargarem ou criticarem a crença dos demais, executariam as leis e normas que regem a vida em Sociedade com precisão e naturalidade, ou seja, a lei de justiça estaria sendo aplicada em sua plenitude. Tudo isto ocorreria e muitas outras coisas mais, se nos amássemos uns aos outros.
    Num sentido amplo, tal não acontece, infelizmente, e por este motivo, ainda existe tanto desrespeito às leis e aos direitos humanos.
    Segundo os Espíritos na Codificação [LE-questão 875] "A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais", acrescentado que duas coisas determinam esses direitos: "a lei humana e a lei natural". Isto porque "tendo os homens formulado leis apropriadas a seus costumes e caracteres, eles estabeleceram direitos mutáveis com o progresso das luzes."
    Uma lei na sociedade vivente, por exemplo, na Idade Média, pareceria, nos dias atuais, algo inconcebível, apesar de ser justa e natural naquela época. Nem sempre pois, é acorde com a justiça o direito que os homens prescrevem. Demais, esse direito regula apenas algumas relações sociais quando é certo que, na vida particular, há uma imensidade de atos unicamente da alçada do tribunal da consciência". Isto no que diz respeito à lei humana; com relação à lei natural disse-nos, igualmente, Jesus: "Queira cada um para os outros o que quereria para si mesmo". No coração do homem imprimiu Deus a  regra verdadeira da justiça, fazendo que cada um deseje ver respeitados os seus direitos. Na incerteza de como deva proceder com o seu semelhante, em dada circunstância, trate o homem de saber como quereria que com ele procedessem, em circunstância idêntica. Guia mais seguro que a própria consciência não lhe podia Deus haver dado.
    Perante as leis, as religiões e demais direitos humanos devemos, sempre, agir cordialmente com respeito e fraternidade legítimas. Respeitar as idéias e as pessoas de todos os nossos irmãos, sejam eles nossos vizinhos ou não, estejam presentes ou ausentes, sem nunca descer ao charco da leviandade que gera maledicência.
    Quem reprova alguém conosco, decerto que nos reprova perante alguém.
    Suprimir toda crítica destrutiva na comunidade em que aprende e serve.
    A seara de Jesus pede trabalhadores decididos a auxiliar.
    Perdoar sempre as possíveis e improcedentes desaprovações sociais à sua fé, confessando, quando preciso for, a sua qualidade religiosa, principalmente através da boa reputação e da honradez que lhe exornam o caráter.
    Cada Espírito responde por si mesmo.
    Cooperar com os poderes constituídos e as organizações oficiais empenhando-se, desinteressadamente, na melhoria das condições da máquina governamental, no âmbito dos próprios recursos.
    Estimar e reverenciar os irmãos de outros credos religiosos.
    Em nenhuma circunstância, pretender conduzir alguém ou alguma instituição, dessa ou daquela prática religiosa, à humilhação e ao ridículo. Com relação à fé religiosa das pessoas ninguém pensa em lhes violentar a crença; concordem, pois, em respeitar a dos outros.
    Podemos então concluir que as causas que geram os desrespeitos humanos, são aquelas vinculadas à própria imperfeição humana. São aquelas que obstaculizam o progresso, como o orgulho e o egoísmo e todas as demais paixões e imperfeições características de Espíritos em vias de melhoria moral.
    À medida que o homem progride moralmente amplia sua liberdade e acresce-lhe o senso de responsabilidade, isto porque, a responsabilidade resulta do amadurecimento pessoal em torno dos deveres morais e sociais, que são a questão matriz fomentadora dos lídimos direitos humanos.

    A CARIDADE SEGUNDO A DOUTRINA ESPÍRITA
    "Em todos os tempos, há exércitos de criaturas que ensinam a caridade, todavia, poucas pessoas praticam-na verdadeiramente. Torquemada, organizando os serviços da Inquisição, dizia-se portador da divina virtude. A caminho de terríveis suplícios, os condenados eram compelidos a agradecer aos verdugos. Muitos deles, em plena fogueira ou atados ao martírio da roda, acicatados pela flagelação da carne, eram obrigados a louvar, de mãos postas, a bondade dos inquisidores que os condenava a morrer. Essa caridade religiosa era irmã da caridade filosófica da Revolução Francesa."
    Evidentemente que não é nesse sentido que Allan Kardec, depois de aprofundar a meditação em torno dos ensinamentos dos Espíritos Superiores, que se apoiavam nas claras lições do Evangelho, concluiu com sabedoria que "Fora da Caridade não há salvação", dando início a uma nova concepção religiosa.
    Na sentença "Fora da Caridade não há salvação", estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no Céu; na Terra, porque a sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o fecho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-se para a Terra da Promissão. Nada exprime com mais exatidão, nada resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina. Não poderia o Espiritismo provar melhor a sua origem, do que apresentando-a como regra, por isso que é um reflexo do mais puro Cristianismo. Levando-a por guia, nunca o homem se transviará.
    Para fim de estudo é preciso que se estabeleça a diferença entre Caridade, Esmola e Filantropia. A resposta à questão 886 de O Livro dos Espíritos fala-nos a respeito do verdadeiro sentido da palavra caridade como a entendia Jesus, ou seja, benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.
    A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles inferiores, nossos iguais ou nosso superiores. Ela nos prescreve a indulgência, porque de indulgência precisamos nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer . O homem verdadeiramente bom procura elevar aos seus próprios olhos aquele que lhe é inferior, diminuindo a distância que os separa. "
    A caridade, sendo virtude por excelência constitui a mais alta expressão do sentimento humano, sobre cuja base as construções elevadas do Espírito encontram firmeza para desdobrarem atividades enobrecidas em prol de todas as criaturas. Vulgarmente confundida com a esmola - essa dádiva  humilhante do que sobeja e representa inutilidade - a caridade excede, sobre qualquer aspecto considerado, as doações externas com que supõe em tal atividade encerrá-la.
    Condenando-se a pedir esmola, o homem se degrada física e moralmente: embrutece-se. Uma sociedade que se baseie na lei de Deus e na justiça deve prover à vida do fraco, sem que haja para ele humilhação." Não que a esmola mereça reprovação, "mas a maneira por que habitualmente é dada. O homem de bem, que compreende a caridade de acordo com Jesus, vai ao encontro do desgraçado sem esperar que este lhe estenda a mão.
    Sem dúvida, valioso é todo gesto de generosidade, quando consubstanciado em dádiva oportuna ao que padece tal ou qual aflição.
    Entretanto, a caridade que se restringe às ofensas transitórias, não poucas vezes pode ser confundida com filantropia, esse ato de amor fraterno e humano que identifica certos homens ao destinarem altas somas que se aplicam em obras de incontestável valor, financiando múltiplos setores da Ciência, da Arte, da Higiene, do Humanismo...
    Henry Ford, John Rockefeller foram filantropos eméritos a cuja contribuição a Humanidade deve serviços de inapreciável qualidade.
    Vicente de Paulo, Damien de Veuster, João Bosco e tantos outros, todavia, se transformaram em apóstolos da caridade, pois que nada possuindo entre os valores transitórios do dinheiro e do poder, ofertaram tesouros de amor e fecundaram, em milhões de vidas, o pólen da esperança, da saúde, da alegria de viver..
    Para a legítima caridade é imprescindível a fé.
    A Caridade é sobretudo cristã.
    A filantropia, não obstante os valiosos tributo de que se reveste, independe da fé, não se caracteriza pelo sentimento cristão, é irreligiosa, brotando em qualquer indivíduo.
    A caridade, bem sentida e vivida, estabelece verdadeira fraternidade entre os homens, visto que todos somos filhos de um mesmo Pai e, do mesmo jeito que os Espíritos superiores nos amparam e nos sustentam nas lutas humanas, devemos, por nossa vez, amparar aqueles nossos irmãos de Humanidade, considerados criminosos. Devemos amar os desgraçados, os criminosos como criaturas que são, de Deus, as quais o perdão e a misericórdia serão concedidos, mais cedo ou mais tarde, pelo Senhor, quando se arrependerem das suas faltas.
    Evitemos julgar as ações cometidas por esses companheiros ajudando-os naquilo que nos for possível, porque a caridade que Jesus ensinou, e que o Espiristismo corrobora, deve ser impregnada de indulgência e benevolência para com as faltas do próximos.
    De conformidade com os ensinamentos evangélicos, devemos amar e orar pelos caídos, por aqueles que se embrutecem e retardam sua evolução espiritual às custas de atos criminosos. Finalmente, devemos ver os criminosos como doentes, que necessitam do nosso amor e da nossa piedade.

Bibliografia
1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
3) Conduta Espírita - André Luiz - Waldo Vieira
Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG