RESPEITO ÀS LEIS, ÀS RELIGIÕES E AOS
DIREITOS HUMANOS
Falou-nos Jesus: "Nisto todos
conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros". Neste
ensinamento está resumida a lei de Justiça, de Amor e de Caridade. Com a
prática deste ensinamento evangélico, os homens se respeitariam mutuamente, os
vínculos sociais entre as criaturas seriam mais consolidados, as leis mais
justas, a convivência humana mais pacífica.
Não haveria desrespeito algum entre os
homens, cada qual compreenderia os seus direitos, os seus limites de liberdade,
professariam a crença para a qual estivessem inclinados sem embargarem ou
criticarem a crença dos demais, executariam as leis e normas que regem a vida
em Sociedade com precisão e naturalidade, ou seja, a lei de justiça estaria
sendo aplicada em sua plenitude. Tudo isto ocorreria e muitas outras coisas
mais, se nos amássemos uns aos outros.
Num sentido amplo, tal não acontece,
infelizmente, e por este motivo, ainda existe tanto desrespeito às leis e aos
direitos humanos.
Segundo os Espíritos na Codificação
[LE-questão 875] "A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos
demais", acrescentado que duas coisas determinam esses direitos: "a
lei humana e a lei natural". Isto porque "tendo os homens formulado
leis apropriadas a seus costumes e caracteres, eles estabeleceram direitos
mutáveis com o progresso das luzes."
Uma lei na sociedade vivente, por exemplo,
na Idade Média, pareceria, nos dias atuais, algo inconcebível, apesar de ser
justa e natural naquela época. Nem sempre pois, é acorde com a justiça o
direito que os homens prescrevem. Demais, esse direito regula apenas algumas
relações sociais quando é certo que, na vida particular, há uma imensidade de
atos unicamente da alçada do tribunal da consciência". Isto no que diz
respeito à lei humana; com relação à lei natural disse-nos, igualmente, Jesus:
"Queira cada um para os outros o que quereria para si mesmo". No
coração do homem imprimiu Deus a regra
verdadeira da justiça, fazendo que cada um deseje ver respeitados os seus
direitos. Na incerteza de como deva proceder com o seu semelhante, em dada
circunstância, trate o homem de saber como quereria que com ele procedessem, em
circunstância idêntica. Guia mais seguro que a própria consciência não lhe
podia Deus haver dado.
Perante as leis, as religiões e demais direitos
humanos devemos, sempre, agir cordialmente com respeito e fraternidade
legítimas. Respeitar as idéias e as pessoas de todos os nossos irmãos, sejam
eles nossos vizinhos ou não, estejam presentes ou ausentes, sem nunca descer ao
charco da leviandade que gera maledicência.
Quem reprova alguém conosco, decerto que
nos reprova perante alguém.
Suprimir toda crítica destrutiva na
comunidade em que aprende e serve.
A seara de Jesus pede trabalhadores
decididos a auxiliar.
Perdoar sempre as possíveis e improcedentes
desaprovações sociais à sua fé, confessando, quando preciso for, a sua
qualidade religiosa, principalmente através da boa reputação e da honradez que
lhe exornam o caráter.
Cada Espírito responde por si mesmo.
Cooperar com os poderes constituídos e as
organizações oficiais empenhando-se, desinteressadamente, na melhoria das
condições da máquina governamental, no âmbito dos próprios recursos.
Estimar e reverenciar os irmãos de outros
credos religiosos.
Em nenhuma circunstância, pretender
conduzir alguém ou alguma instituição, dessa ou daquela prática religiosa, à
humilhação e ao ridículo. Com relação à fé religiosa das pessoas ninguém pensa
em lhes violentar a crença; concordem, pois, em respeitar a dos outros.
Podemos então concluir que as causas que
geram os desrespeitos humanos, são aquelas vinculadas à própria imperfeição
humana. São aquelas que obstaculizam o progresso, como o orgulho e o egoísmo e
todas as demais paixões e imperfeições características de Espíritos em vias de
melhoria moral.
À medida que o homem progride moralmente
amplia sua liberdade e acresce-lhe o senso de responsabilidade, isto porque, a
responsabilidade resulta do amadurecimento pessoal em torno dos deveres morais
e sociais, que são a questão matriz fomentadora dos lídimos direitos humanos.
A CARIDADE SEGUNDO A DOUTRINA ESPÍRITA
"Em todos os tempos, há exércitos de
criaturas que ensinam a caridade, todavia, poucas pessoas praticam-na
verdadeiramente. Torquemada, organizando os serviços da Inquisição, dizia-se
portador da divina virtude. A caminho de terríveis suplícios, os condenados
eram compelidos a agradecer aos verdugos. Muitos deles, em plena fogueira ou
atados ao martírio da roda, acicatados pela flagelação da carne, eram obrigados
a louvar, de mãos postas, a bondade dos inquisidores que os condenava a morrer.
Essa caridade religiosa era irmã da caridade filosófica da Revolução
Francesa."
Evidentemente que não é nesse sentido que
Allan Kardec, depois de aprofundar a meditação em torno dos ensinamentos dos
Espíritos Superiores, que se apoiavam nas claras lições do Evangelho, concluiu
com sabedoria que "Fora da Caridade não há salvação", dando início a
uma nova concepção religiosa.
Na sentença "Fora da Caridade não há
salvação", estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no Céu; na
Terra, porque a sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os
que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o fecho
celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-se
para a Terra da Promissão. Nada exprime com mais exatidão, nada resume tão bem
os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina. Não poderia o
Espiritismo provar melhor a sua origem, do que apresentando-a como regra, por
isso que é um reflexo do mais puro Cristianismo. Levando-a por guia, nunca o
homem se transviará.
Para fim de estudo é preciso que se
estabeleça a diferença entre Caridade, Esmola e Filantropia. A resposta à
questão 886 de O Livro dos Espíritos fala-nos a respeito do verdadeiro sentido
da palavra caridade como a entendia Jesus, ou seja, benevolência para com
todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.
A caridade, segundo Jesus, não se restringe
à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos
semelhantes, sejam eles inferiores, nossos iguais ou nosso superiores. Ela nos
prescreve a indulgência, porque de indulgência precisamos nós mesmos, e nos
proíbe que humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer
. O homem verdadeiramente bom procura elevar aos seus próprios olhos aquele que
lhe é inferior, diminuindo a distância que os separa. "
A caridade, sendo virtude por excelência
constitui a mais alta expressão do sentimento humano, sobre cuja base as
construções elevadas do Espírito encontram firmeza para desdobrarem atividades
enobrecidas em prol de todas as criaturas. Vulgarmente confundida com a esmola
- essa dádiva humilhante do que sobeja e
representa inutilidade - a caridade excede, sobre qualquer aspecto considerado,
as doações externas com que supõe em tal atividade encerrá-la.
Condenando-se a pedir esmola, o homem se
degrada física e moralmente: embrutece-se. Uma sociedade que se baseie na lei
de Deus e na justiça deve prover à vida do fraco, sem que haja para ele
humilhação." Não que a esmola mereça reprovação, "mas a maneira por
que habitualmente é dada. O homem de bem, que compreende a caridade de acordo
com Jesus, vai ao encontro do desgraçado sem esperar que este lhe estenda a
mão.
Sem dúvida, valioso é todo gesto de
generosidade, quando consubstanciado em dádiva oportuna ao que padece tal ou
qual aflição.
Entretanto, a caridade que se restringe às
ofensas transitórias, não poucas vezes pode ser confundida com filantropia,
esse ato de amor fraterno e humano que identifica certos homens ao destinarem
altas somas que se aplicam em obras de incontestável valor, financiando
múltiplos setores da Ciência, da Arte, da Higiene, do Humanismo...
Henry Ford, John Rockefeller foram
filantropos eméritos a cuja contribuição a Humanidade deve serviços de
inapreciável qualidade.
Vicente de Paulo, Damien de Veuster, João Bosco e tantos outros,
todavia, se transformaram em apóstolos da caridade, pois que nada possuindo
entre os valores transitórios do dinheiro e do poder, ofertaram tesouros de
amor e fecundaram, em milhões de vidas, o pólen da esperança, da saúde, da
alegria de viver..
Para a legítima caridade é imprescindível a
fé.
A Caridade é sobretudo cristã.
A filantropia, não obstante os valiosos
tributo de que se reveste, independe da fé, não se caracteriza pelo sentimento
cristão, é irreligiosa, brotando em qualquer indivíduo.
A caridade, bem sentida e vivida,
estabelece verdadeira fraternidade entre os homens, visto que todos somos
filhos de um mesmo Pai e, do mesmo jeito que os Espíritos superiores nos amparam
e nos sustentam nas lutas humanas, devemos, por nossa vez, amparar aqueles
nossos irmãos de Humanidade, considerados criminosos. Devemos amar os
desgraçados, os criminosos como criaturas que são, de Deus, as quais o perdão e
a misericórdia serão concedidos, mais cedo ou mais tarde, pelo Senhor, quando
se arrependerem das suas faltas.
Evitemos julgar as ações cometidas por
esses companheiros ajudando-os naquilo que nos for possível, porque a caridade
que Jesus ensinou, e que o Espiristismo corrobora, deve ser impregnada de
indulgência e benevolência para com as faltas do próximos.
De conformidade com os ensinamentos
evangélicos, devemos amar e orar pelos caídos, por aqueles que se embrutecem e
retardam sua evolução espiritual às custas de atos criminosos. Finalmente,
devemos ver os criminosos como doentes, que necessitam do nosso amor e da nossa
piedade.
Bibliografia
1)
O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2)
Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
3)
Conduta Espírita - André Luiz - Waldo Vieira
Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita
de Juiz de Fora - MG
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