30.4.14

Questão 300 do Livro dos Espíritos
     ESPÍRITOS SIMPÁTICOS
    O fato de dois espíritos simpáticos estarem unidos, pelos sentimentos, não significa que estarão unidos para sempre.
     Se um avança na escala da evolução mais do que o outro, sua simpatia por aquele diminui; encontrando outros espíritos que lhe são simpáticos, no plano em que passa a viver.
    Não é que ele deixa de amar ao que ficou na escala abaixo; ele aumenta sempre o seu amor, mas, a sintonia de trabalho e de pensamentos se eleva, ganhando planos mais perfeitos, qual o seu. A vida é, pois, uma variação constante em todas as escalas de vida.
    Na própria Terra, dentre os encarnados, pode-se observar esse fato: quando duas pessoas sentem-se bem uma em companhia da outra, e que uma passa a melhorar espiritualmente, sendo que a outra não a acompanha, vai se desfazendo a sintonia. Essa é uma verdade.
     Mas, sempre que pode, a mais esclarecida procura a menos entendida para ajudá-la e quando essa aceita, a alegria é muito grande. Quando não se interessa, a outra desaparece por tempo indeterminado, mas, mesmo assim, de vez em quando, procura-a, inspirando bons pensamentos e idéias de renovação.
    Se queremos simpatizar com os espíritos superiores, não nos esqueçamos de fazer o que eles nos induzem a fazer. O ponto de interesse dos espíritos puros é o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, e a Doutrina dos Espíritos, na sua feição de Cristianismo original, é a porta que nos levará ao Senhor, como escola de aperfeiçoamento das almas.
    Não devemos esquecer de Jesus em nenhum momento, pois Ele é verdadeiramente o Caminho, a Verdade e a Vida. Todas essas virtudes mencionadas no Evangelho de Jesus são nascidas do amor de Deus. Ele se divide para educar, ele se divide para instruir.
    Quantos espíritos são simpáticos aos irmãos encarnados e que deixam de sê-lo, em virtude dos caminhos que os homens resolvem tomar!? Quanto mais alimentar paixões inferiores, mais as simpatias se entrelaçarão nas trevas; quanto mais se purificam os sentimentos, mais os espíritos superiores se aproximarão dos que procuram melhorar.
    A hora está chegando. As trombetas tocam constantemente, por ordem de Deus e sob o comando de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não percamos a oportunidade. Abramos os braços, que os do Mestre Jesus já estão abertos para abraçar e instruir a todos, acerca da vida eterna.
    Se compreendemos os chamados do mundo superior, podemos ficar cercados de espíritos elevados a nos inspirar constantemente. Comecemos hoje mesmo a amar aos que nos cercam, que eles, com o passar dos tempos, farão o mesmo e o nosso coração passará a se encher de alegria, pela paz de consciência.
    A simpatia é o começo da verdadeira fraternidade.

Livro: Filosofia Espírita VI - João Nunes Maia - Miramez

29.4.14


REFLEXÕES EM TORNO DA LEI DE CAUSA E EFEITO

Amigos vários nos têm escrito solicitando que teçamos algumas considerações em torno da Lei de Causa e Efeito, e isto porque, segundo alegam, não entendem a ação de espíritos que, em desencarnando, continuam vinculados ao mal, agindo em desfavor da Humanidade.
- Não estariam eles, após a morte do corpo, colhendo o que semearam?! – indagam com certa incompreensão, na expectativa de que todos, assim que deixam o corpo, venham a sofrer a consequência imediata dos desmandos praticados.
A questão dessa aparente impunidade pós-morte, evidentemente, ainda se prende às nossas antigas concepções religiosas de Céu, Inferno e Purgatório, que determinariam o destino dos espíritos mal tivessem eles fechado os olhos para o cenário da Vida Física.
Porém, não acontece exatamente assim conforme, durante séculos e séculos, devido a informações equivocadas, os homens se habituaram a crer.
No livro “E a Vida Continua...”, de André Luiz, psicografado, em 1968, por Chico Xavier, Evelina Serpa, um dos personagens da obra, de formação católica, conversando com o Irmão Cláudio, endereça a ele a seguinte pergunta: - Então, morrer?!... qual a novidade em torno disso? qual o maior interesse em nos reconhecermos redivivos? Sem rodeios, o mencionado Instrutor lhe respondeu: - As incógnitas da vida exterior, com os desafios delas resultantes, são as mesmas; entretanto, se a criatura aspira efetivamente a realizar uma tomada de contas encontra neste novo mundo surpresas, muitos fascinantes, no estudo e redescoberta de si mesma. Somos, cada um de nós, um astro de inteligência a perquirir... e a aperfeiçoar por nós próprios.
O que se pode depreender do texto acima?!
Por mais que isto nos possa surpreender, ou melhor, surpreender os nossos irmãos encarnados, algumas deduções interessantes podem dele ser extraídas. Senão vejamos:
1 – De fato, após a desencarnação, nem todos os espíritos experimentam de imediato as consequências da Lei de Causa e Efeito.
2 – Sendo assim, em deixando o corpo carnal, não poucos são aqueles que continuam com a ideia fixa no mal que se lhes cristalizou na mente.
3 – Delinquentes desencarnados podem, não raro, no agravamento de seus débitos, prosseguir delinquindo por tempo indeterminado – inclusive, podem desencarnar e tornar a reencarnar na condição de delinquentes...
4 – Para que a criatura, efetivamente, possa, diante do tribunal da própria consciência, realizar uma “tomada de contas”, é indispensável que ela aspire, ou, ainda que timidamente, deseje que isto venha a suceder.
5 – A condição espiritual que induz qualquer infrator da Lei Divina ao remorso, já representa, para ele, uma “luz no fim do túnel”...
6 - A Lei, evidentemente, em benefício de seu próprio infrator, possui mecanismos de constrangimento, que, não obstante, nunca agem de maneira a lhe anular o livre arbítrio por completo... Isto foi elucidado por Allan Kardec nas páginas de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo 5, parágrafo 8: “As tribulações podem ser impostas a espíritos endurecidos, ou extremamente ignorantes, para levá-los a fazer uma escolha com conhecimento de causa.” (destaquei)
7 – Nenhuma infração cometida contra a Lei ficará sem justa reparação, mas para esta reparação a vontade do espírito infrator deve concorrer, pois, caso contrário, a mudança lhe haveria de ser uma imposição – e, tendo sido criado livre, o espírito não é obrigado à prática do bem ou do mal. 
Claro que, à pequena lista de deduções apresentadas acima, outras poderão ser acrescentadas pelos irmãos e irmãs que convidamos a refletirem conosco sobre a transcendente questão em pauta.
Resumindo: mais cedo ou tarde, todos haveremos de colher o que plantamos, mas como, onde e quando tal se verificará não é da competência da vontade dos que não estejam envolvidos no processo, porque diz respeito apenas à ação da Lei e a consciência de cada um.

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 28 de abril de 2014.

28.4.14

Entrevista sobre a Canonização dos ex-Papas

Entrevista feita por mim com Dom Hélder Câmara sobre a canonização dos papas João XIII e João Paulo II.
Estava acompanhando a consagração dos papas João XXIII e João Paulo II, à condição de santos da Igreja Católica. O senhor estava por lá?
- Sim. E saí de lá para o nosso compromisso semanal.
Estava uma festa bonita, aliás, uma missa prestigiada.
- Claro. Os nossos João XXIII e João Paulo II são figuras muito queridas entre nós da Igreja Católica e também a muitos outros que não abraçam a nossa fé. São figuras carismáticas e que serviram à causa do Cristo com destemor e alegria. É justo o reconhecimento.
Já foi escrito neste espaço que o senhor tem uma visão diferente sobre a questão da santidade, e eles?
- Pelo que eu sei eles acompanham o meu raciocínio. Eles não estão fazendo questão do título que agora recebem. Eles querem continuar a serviço do Cristo e não se sentem na responsabilidade de serem santos. São homens comuns como nós, sem nenhuma pompa, mas sentem-se alegres por serem agraciados. São obedientes, ainda, as determinações do Vaticano em alguns aspectos, este é um deles.
Eles vão se comportar como santos?
- Não. Como disse, eles se comportam como homens comuns, não se vêem numa posição de destaque ou mais especial que os outros homens. Apenas homens e não santos consagrados.
Mas eles serão reverenciados, os pedidos vão chegar aos montes de agora em diante, imagino.
- É verdade, mas nada que já não acontece.
O que eles fazem com estes pedidos?
- Entregam tudo para Deus. São solidários aos que pedem e apenas “repassam” as solicitações.
Os milagres que foram atribuídos a eles, é verdade?
- Não. Eles hoje vêem isto com muito respeito, mas sabem que não possuem uma força acima da natureza humana. Tudo que é feito possui uma explicação, nada que fuja ao controle natural das coisas, algumas desconhecidas ainda pelos homens, mas não há qualquer coisa de sobrenatural nestes fatos. Muito pode ser atribuído à própria fé dos beneficiados.
Eles estão acompanhando a cerimônia?
- Sim. Estavam em cadeiras separadas, cada um ao lado do papa Francisco. Sérios, compenetrados, e em atitude de reverência. Nada de ostentação. Submissos, como sempre, à vontade do Pai.
Como é que a Igreja Católica é organizada do lado espiritual, o senhor pode nos responder isto?
- Posso, sim! Somos uma organização eclesiástica plural. Não temos um papa como aí. Há diversas ordens que se encontram permanentemente para debater as principais questões da Igreja. Notadamente, os papas possuem posição de destaque neste colegiado, mas ninguém é superior a ninguém. Periodicamente, são escolhidos os representantes do Colegiado, não é algo fixo como o Colégio dos Cardeais e, entre eles, uma espécie de coordenador geral, mas sem poderes maiores que os outros.
Fale-me mais sobre João Paulo II e João XXIII, o que eles fazem?
- Continuam trabalhando para o bem e para o Cristo. São servidores do “Carpinteiro”. Nada se acham melhores que ninguém. João Paulo II rejuvenesceu, está mais parecido com a imagem que chegou ao seu papado. João XXIII continua aquela doçura de sempre. É um homem muito procurado pelos padres e outros da Igreja por aqui para aconselhamentos. Muita gente, inclusive eu, vou me aconselhar com ele. É considerado como o papa bom por aqui também. Irradia paz e tranquilidade a quem o procura.
O senhor possuía diferenças de conceito de Igreja com João Paulo II. O papa foi contrário, desde o início do seu papado, à Teologia da Libertação. Foi ele quem desconstruiu muito do que havia feito, ou tudo. Como fica a sua relação com ele agora?
- Muito boa, muito boa. Há coisas que não podemos dizer por enquanto a vocês e que aqui nós vemos com olhos mais nítidos. O papa João Paulo II sabe que houve alguns equívocos na condução de sua gestão à frente da Igreja, mas tudo que fez tinha um propósito dentro da sua visão de mundo. Ele avançou em muitos pontos, mas dentro da sua visão de mundo, repito. Ele não queria ver, por hipótese alguma, a menor lembrança de Marx na Igreja. Compreenda que ele veio de um país marcadamente comunista por muito tempo. Embora a Teologia da Libertação nada tivesse a ver com Marx, na sua essência, mas com o próprio Cristo, era considerada assim por muitos componentes da Igreja. Ele apenas quis cortar pela raiz aquela movimentação.
O que é que existe no lado que o senhor está que não pode ser dito?
- Muito, ainda. Há informações que devem paulatinamente chegar ao mundo. Eu mesmo já fui chamado a atenção por revelar coisas que não deveria, apesar de toda esta minha precaução. Temos que obedecer ao que é decidido sob pena de não podermos mais falar em nome da Igreja e ser apenas uma questão de ordem pessoal.
Mas vocês não estão livres do compromisso da Igreja...
- Sim e não. O espírito quando deixa o corpo físico e toma consciência posterior de sua condição escolhe o que vai fazer. Se vai continuar a obedecer a Igreja e fazer parte de seus quadros ou vai seguir uma caminhada livre. Eu e muitos outros optamos por continuar servindo a Igreja nos dois lados da vida.
Continua obedecendo a ordens.
- Não é bem assim, pois aqui compartilho das decisões tomadas e concordo com elas. Nada faço que não tenha concordado antes. Se falei algo a mais é responsabilidade minha, mas tenho me disciplinado a falar o que deve ser falado, por enquanto.
Qual a relação de vocês com o papa Francisco?
- A melhor possível. Ele é um homem afável, bom, compromissado com a Igreja. Ouve muito, mas é firme nas decisões. Corre contra o tempo para fazer o que quer e precisa ser feito. Trabalha incessantemente, sabe que seu tempo é breve para tudo que precisa ser feito. É um homem de visão e bom estrategista, além de alguém simples e direto. Gostamos muito dele por aqui.
Há divisões na Igreja como temos no mundo físico?
- Há, sim. As divisões aqui são muito claras e reveladas. Diferente daí há respeito entre nós sobre as posições uns dos outros. Compartilhamos, porém, da maioria das decisões.
Sei que há ordens que trabalham fora deste script.
- Há e muitas, mas elas não fazem parte deste colegiado. Há muitas que trabalham para o Cristo de maneira equivocada. Refletem – e muito – pensamentos arcaicos que não mais pertencem ao seio da Igreja. Não se desposaram das referências de poder e mando do passado. Vivem na Idade Média da Igreja em suas mentes.
São ligadas ao mal?
- São. Estas organizações se desviaram de Deus e de Jesus porque não entenderem a proposta do bem e do amor que o Senhor Jesus nos trouxe. Atendem mais a objetivos pessoais e não se aliam à política do Cordeiro na Terra há bastante tempo.
Continuam vestindo os hábitos da Igreja Católica, a batina?
- Continuam. É um símbolo de poder para eles. Suas roupas, no entanto, são abarrotadas, gastas, e seus aspectos de aparência dão profundo pesar. Todos, entretanto, são objetos de recuperação em Cristo. Há missões neste sentido, recuperar os seguidores do Cordeiro para a sua seara.
O senhor quer falar mais.
- Quero. A Terra passa por profundas transformações, muitas invisíveis aos olhos humanos. Os papas em referência são trabalhadores argutos do Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiramente incansáveis. O título de santidade em nada alterará os seus comportamentos e a maneira de ver as coisas. Respeitamos estes títulos, mas o único que nos cabe, que desejamos com todas as nossas forças, é continuar servindo ao Nosso Senhor Jesus Cristo.
Por Carlos Pereira

27.4.14


RENOVAÇÃO

Não procures repouso
Em momentos vazios.

Inércia simplesmente
É começo da angústia.

Provação superada
Faz-se benção de luz.

Sofre mas permanece
Construindo no amor.

Se queres elevar-te,
Não há outro caminho.

Na forja do serviço,
Deus te renovará.

Livro: Amor e Luz - Francisco C. Xavier - Emmanuel

26.4.14

Arrumando as Malas

Rumo a Vida além da morte,
Empreendendo viagem,
Não te esqueça de deixar
Fora da tua bagagem...

Rancores que, porventura,
Possas guardar contra alguém,
Mágoas que em teu coração
Pesam mais do que convêm...

Aversões e desavenças,
Que não lograste vencer,
Humilhações e calúnias
Que não pudeste esquecer...

Apegos que extrapolaram
A medida do bom senso
E paixões que cultivaste
Buscando prazer intenso...

Injustiças que sofreste,
Decepções a granel,
Empecilhos que enfrentaste
Em teu desejo de Céu...

Assim fazendo, verás,
No tempo que passa breve,
O quanto a tua bagagem
De viagem fica leve!...

Eurícledes Formiga
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã de sábado do dia 19 de abril de 2014, em Uberaba – MG).

25.4.14


Educar-se

Educar-se para viver, que tremendo desafio, não?
Na realidade, vivemos a vida em contínua educação de nós mesmos. Educar-se significa aprender consigo mesmo e com os outros. Aprender com a natureza e as situações da vida.
Educar-se e aprender são sinônimos. Somente se educa quem se permite aprender e nisto está um problema de base.
Há gente que não se permite aprender com a vida, é reticente com o que vem de fora, acha-se sabedor de tudo, tem sempre uma explicação para tudo que acontece. Pessoas assim, os “sabichões”, são uma chatice.
Os sabichões passam pela vida e perdem enorme possibilidade de aprender. Quem acha que tudo sabe, na verdade, nada sabe.
Tenho uma sede imensa de aprender. Em tudo, vejo oportunidade boníssima de aprendizagem. Quando aprendo, proponho-me automaticamente a educar-me naquilo.
Educar-se exige atenção constante. Somente quem está atento, a tudo e a todos, pode aprender.
A vida convida-nos, o tempo todo, a exercitar esta auto-aprendizagem. “Conhece-te a ti mesmo”, que bela e formidável frase para conduzir-nos pela vida inteira.
Tenho em particular uma enorme admiração nos versos do Gonzaguinha quando convida-nos a viver sem ter a vergonha de ser um eterno aprendiz.
Que versos maravilhosos, não? Viver a vida é aprender sempre. É ter espírito de aprendiz sempre. O aprendiz é exatamente o inverso do sabichão.
Quem dera um dia, nas curvas da eternidade, dizer para mim mesmo, quão belo é ser feliz porque constatei que nada sei e, por causa disso, uno-me ao Pai.
Educar-se exige reflexão permanente. Quem não se observa, não se estuda, não se conhece, ficará sem a auto-aprendizagem.
Educar-se também serve para educar o outro, aliás, como nos educamos na relação com o outro.
O outro nos ensina muito. Ensina o que fazer e, sobretudo, o que não fazer.
Educar-se significa, igualmente, controlar impulsos, ressignificá-los dentro de nós. Não deixemos de aceitar nunca o que somos para depois trabalharmo-nos por dentro para algo melhor.
Eduque-se sempre e cada vez mais. Não se perde tempo nesta escuta interior e nesta observação de fora. Somente quem se conhece e consegue ler as coisas do mundo pode, de verdade, educar-se.
Fique em paz!
Helder Camara

24.4.14

A  ORAÇÃO  DO  HORTO
Depois do ato de humildade extrema, de lavar os pés a todos os discípulos, Jesus retomou o lugar que ocupava à mesa do banquete singelo e, antes de se retirarem, elevou os olhos ao céu e orou assim, fervorosamente, conforme relata o Evangelho de João:
Pai, santo, eis que é chegada a minha hora! Acolhe-me em teu amor, eleva o teu filho, para que ele possa elevar-te, entre os homens, no sacrifício supremo. Glorifiquei-te na Terra, testemunhei tua magnanimidade e sabedoria e consumo agora a obra que me confiaste. Neste instante, pois, meu Pai, ampara-me com a luz que me deste, muito antes que este mundo existisse!...
E fixando o olhar amoroso sobre a comunidade dos discípulos, que silenciosos lhe acompanhavam a rogativa, continuou:
Manifestei o teu nome aos amigos que me deste; eram teu e tu mos confiaste, para que recebessem a tua palavra de sabedoria e de amor. Todos eles sabem agora que tudo quanto lhes dei provém de ti! Neste instante supremo, Pai, não rogo pelo mundo, que é obra tua e cuja perfeição se verificará algum dia, porque está nos teus desígnios insondáveis; mas, peço-te particularmente por eles, pelos que me confiaste, tendo em vista o esforço a que os obrigará o Evangelho, que ficará no mundo sobre os seus ombros generosos. Eu já não sou da Terra; mas rogo-te que os meus discípulos amados sejam unidos uns aos outros, como eu sou um contigo! Dei-lhes a tua palavra para o trabalho santo da redenção das criaturas; que, pois, eles compreendam que, nessa tarefa grandiosa, o maior testemunho é o do nosso próprio sacrifício pela tua casa, compreendendo que estão neste mundo, sem pertencerem às suas ilusórias convenções, por pertencerem só a ti, de cujo amor viemos todos para regressar à tua magnanimidade e sabedoria, quando houvermos edificado o bom trabalho e vencido na luta proveitosa. Que os meus discípulos, Pai, não façam da minha presença pessoal o motivo de sua alegria imediata; que me sintam sinceramente em suas aspirações, a fim de experimentarem o meu júbilo completo em si mesmos. Junto deles, outros trabalhadores do Evangelho despertarão para a tua verdade. O futuro está cheios desses operários dignos do salário celeste. Será de algum modo, a posteridade do Evangelho do Reino que se perpetuará na Terra, para glorificar a tua revelação! Protege-os a todos, Pai! Que todos recebam a tua benção, abrindo seus corações às claridades renovadoras! Pai justo, o mundo ainda não te conheceu; eu porém, te conheci e lhes fiz conhecer o teu nome e a tua bondade infinita, para que o amor com que me tens amado esteja neles e eu neles esteja ! ...

***
Terminada a oração, acompanhada em religioso silêncio por parte dos discípulos, Jesus se retirou em companhia de Simão Pedro e dos dois filhos de Zebedeu para o Monte das Oliveiras, onde costumava meditar. Os demais companheiros se dispersaram, impressionados, enquanto Judas, afastando-se com passos vacilantes, não conseguia aplacar a tempestade de sentimentos que lhe devastava o coração.
O Crepúsculo Começava a cair sobre o céu claro. Apesar do sol radioso da tarde a iluminar a paisagem soprava o vento em rajadas muito frias.
Dai a alguns instantes, O Mestre e os três companheiros alcançavam o monte, povoado de árvores frondosas, que convidavam ao pensamento contemplativo.
Acomodando os discípulos em bancos naturais que as ervas do caminho se incumbiam de adornar, falou-lhes o Mestre, em tom sereno e resoluto:
– Esta é a minha derradeira hora convosco! Orai e vigiai comigo, para que eu tenha a glorificação de Deus no supremo testemunho!
Assim dizendo, afastou-se à pequena distância onde permaneceu em prece, cuja sublimidade os apóstolos não podiam observar. Pedro, João e Tiago estavam profundamente tocados pelo que viam e ouviam. Nunca o Mestre lhes parecera tão solene, tão convicto, como naquele instante de penosas recomendações. Rompendo o silêncio que se fizera, João ponderou :
Oremos e vigiemos, de acordo com a recomendação do Mestre, pois, se ele aqui nos trouxe, apenas nós três, em sua companhia, isso deve significar para o nosso espírito a grandeza da sua confiança em nosso auxílio.
Puseram-se a meditar silenciosamente. Entretanto, sem que lograssem explicar o motivo, adormeceram no recurso da oração.
Passados alguns minutos, acordavam, ouvindo o Mestre que lhe observava:
– Despertai! Não vos recomendei que vigiásseis? Não podereis velar comigo, um minuto?
João e os companheiros esfregaram os olhos, reconhecendo a própria falta. Então, Jesus, cujo olhar parecia iluminado por estranho fulgor, lhes contou que fora visitado, por um anjo de Deus que o confortara para o martírio supremo. Mais uma vez lhes pediu que orassem com o coração e novamente se afastou. Contudo, os discípulos, insensivelmente, cedendo aos imperativos do corpo e olvidando as necessidades do espírito, de novo adormeceram era meio da meditação. Despertaram com o Mestre a lhes repetir :
– Não conseguistes, então, orar comigo?
Os três discípulos acordaram estremunhados. A paisagem desolada de Jerusalém mergulhava na sombra.
Antes, porém, que pudessem justificar de novo a sua falta, um grupo de soldados e populares aproximou-se, vindo Judas à frente.
O filho de Iscariote avançou e depôs na fronte do Mestre o beijo combinado, ao passo que Jesus, sem denotar nenhuma fraqueza e deixando a lição de sua coragem e de seu afeto aos companheiros, perguntou :
– Amigo, a que vieste?
Sua interrogação, todavia, não recebeu qualquer resposta. Os mensageiros dos sacerdotes prenderam-no e lhe manietara as mãos, como se o fizessem a um salteador vulgar.

***
Depois das cenas descritas com fidelidade nos Evangelhos, observamos as disposições psicológicas dos discípulos, no momento doloroso. Pedro e João foram os últimos a se separarem do Mestre bem-amado, depois de tentarem fracos esforços pela sua libertação.
No dia seguinte, os movimentos criminosos da turba arrefeceram o entusiasmo e o devotamento dos companheiros mais enérgicos e decididos na fé. As penas impostas a Jesus eram excessivamente severas para que fossem tentados a segui-lo. Da Corte Provincial ao palácio de Antipas, viu-se o condenado exposto ao insulto e à zombaria. Com exceção do filho de Zebedeu, que se conservou ao lado de Maria, até ao instante derradeiro, todos os que integravam O reduzido colégio do Senhor debandaram. Receosos da perseguição, alguns se ocultaram nos sítios próximos, enquanto outros, trocando as túnicas habituais, seguiam, de longe, o inesquecível cortejo, vacilando entre a dedicação e o temor.
O Messias, no entanto, coroando a sua obra com o sacrifício máximo, tomou a cruz sem uma queixa, deixando-se imolar, sem qualquer reprovação aos que o haviam abandonado, na hora ultima. Conhecendo que cada criatura tem o seu instante de testemunho, no caminho de redenção da existência, observou às piedosas mulheres que o cercavam banhadas em lágrimas: – “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorai por vós mesmas e por vossos filhos!...”
Exemplificando a sua fidelidade a Deus, aceitou serenamente os desígnios do céu, sem que uma expressão menos branda contradissesse a sua tarefa purificadora.
Apesar da demonstração de heroísmo e de inexcedível amor, que ofereceu do cimo do madeiro, os discípulos continuaram subjugados pela dúvida e pelo temor, até que a ressurreição lhes trouxesse incomparáveis hinos de alegria,
João, todavia, em suas meditações acerca do Messias entrou a refletir maduramente sobre a oração do Horto das Oliveiras, perguntando a si próprio a razão daquele sono inesperado, quando desejava atender ao desejo de Jesus, orando em seu espírito até o fim das provas ríspidas. Por que dormira ele, que tanto o amava, no momento em que o seu coração amoroso mais necessitava de assistência e de afeto? Por que não acompanhara a Jesus naquela prece derradeira, onde sua alma parecia apunhalada por intraduzível angustia, nas mais dolorosas expectativas? A visão do Cristo ressuscitado veio encontrá-lo absorto nesses amargurados pensamentos. Em oração silenciosa, João se dirigia muitas vezes ao Mestre adorado, quase em lágrimas, implorando-lhe perdoasse o seu descuido da hora extrema.

***
Algum tempo passou, sem que o filho de Zebedeu conseguisse esquecer a falta de vigilância da véspera do martírio.
Certa noite, após as reflexões costumeiras, sentiu ele que um sono brando lhe anestesiava os centros vitais. Como numa atmosfera de sonho, verificou que o Mestre se aproximava. Toda a sua figura se destacava na sombra,, com divino resplendor. Precedendo suas palavras o sereno sorriso dos tempos idos, disse-lhe Jesus :
– João, a minha soledade no horto é também um ensinamento do Evangelho e uma exemplificação! Ela significará, para quantos vierem em nossos passos, que cada espírito na Terra tem de ascender sozinho ao calvário de sua redenção, muitas vezes com a despreocupação dos entes mais amados do mundo. Em face dessa lição, o discípulo do futuro compreenderá que a sua marcha tem que ser solitária, estando seus familiares e companheiros de confiança a dormir o sono da indiferença!
Doravante, pois, aprendendo a necessidade do valor individual no testemunho, nunca deixes de orar e vigiar!...

Livro: “Boa Nova” - Francisco C. Xavier - Irmão X

23.4.14

Questão 299 do Livro dos Espíritos
     METADE

    Essa questão sobre uma suposta "metade", foi muito bem respondida pelo Espírito; ela é oriunda da mesma fonte da "alma gêmea".
    Quando se chama de metade ao espírito que acompanha outro com profunda afinidade, e se referindo à fusão de sentimentos análogos, e se aceitamos que os dois formam um, pelos laços do coração, entendemos que, apartando-se um, ambos ficam incompletos. Assim, essa expressão é somente filosófica, ficando no abstrato porque, na verdade, o espírito é individual e indivisível, e o amor, como já dissemos, deve ser universalizado, força essa que nos une a todos e todos em Deus.
    Na verdade, nunca podemos viver separados dos outros espíritos; estamos sempre juntos em toda parte, tanto na Terra como no mundo espiritual, e é pelo conjunto que vivemos felizes, buscando a felicidade em Cristo Jesus. A expressão "cara metade" na Terra, geralmente é usada entre os casais, significando que é a metade do outro nos compromissos assumidos ante a vida material. Depois, a própria lei da reencarnação leva-os a buscar outra metade em novos compromissos, obrigações essas que os conduzem a um amor maior, de modo que esse amor cresça, buscando abranger a tudo e a todos.
    É a mesma coisa que se pode entender nessa linguagem tão comum entre os casais, "minha mulher", "meu marido". Não se pode julgá-la na profundidade do termo; é apenas figura de expressão. Ninguém tem posse de ninguém porque, se hoje estão juntos, amanhã estarão separados pela lei divina e universal da reencarnação. Não vamos entender "cara metade" como uma realidade, como se fosse de fato uma metade do outro. Assim, o homem seria uma obra incompleta, e Deus, sendo Deus, faz tudo com perfeição.
    A luta da fratemidade é fazer desaparecer o egoísmo; a luta do perdão é fazer desaparecer a vingança; a luta do amor é fazer desaparecer o ódio. O Evangelho, em muitas falas, nos traz muita figuração. Jesus falava por parábolas, de sorte que os ensinos pudessem varar os séculos e chegar até aos dias atuais, trazendo a mensagem no seu fulgor primitivo.
    A simpatia é unidade do amor que marca a individualidade. Mesmo sendo ela nascida dos sentimentos inferiores, se pode deixar de ser simpatia no meio dos espíritos que desconhecem a verdade, prova que os dois que antes simpatizavam entre si não eram parte um do outro, porque a antipatia os separa e eles podem viver bem cada um em lugar diferente.
    Os que amam e são evoluídos encontram, em todos os seus semelhantes, irmãos que devem dar as mãos em todos os serviços da fraternidade. Se encontrarmos alguém com o ideal do bem, na firmeza de todos os propósitos inspirados no amor, tenhamo-lo como nossa metade, e copiemos seus feitos, porque isso é bom para a nossa paz interna.
    Devemos compreender que Jesus dirige o rebanho da Terra. Nós todos somos Suas ovelhas, e cada uma, mesmo individualizada pela sua formação está ligada às outras pelo amor de Deus. Todos juntos formamos uma corrente divina, e cada criatura representa um elo. Estamos presos uns aos outros pelo amor de Deus.
 

Livro: Filosofia Espírita - João Nunes Maia - Miramez

22.4.14


IDEIA OBSESSIVA PERSISTENTE

Acautele-se contra a ideia obsessiva persistente, que, volta e meia, esteja a influenciá-lo.
Pode ser, por exemplo, que ela se manifeste em forma de sugestão de que está doente, ou, então, de que você esteja cansado.
Todos os dias, de maneira discreta, ela o visita, fazendo com que experimente sintomas de doenças que não existem, ou de sinais de cansaço que não se justifica.
Claro que, a princípio, você a rechaça, afugentando da cabeça os pensamentos que a veiculam, e, que, no fundo, desejam inutilizá-lo para o trabalho.
Contudo, se não tomar providências mais sérias para vencê-la, ela terminará por somatizar-se, utilizando o seu próprio psiquismo para vampirizar-lhe o corpo.
De repente, então, os sintomas e sinais que experimenta se mostrarão mais intensos, fazendo com que você comece a peregrinar de médico em médico, ou permanecer a maior parte do tempo deitado.
Assim, se ela conseguir subjugá-lo, a doença que não existe passará a existir, e o seu cansaço imaginário se tornará real.
Quando menos esperar, você estará tomando um número enorme de medicamentos, que, de fato, através de suas reações adversas, poderão fazer com que um quadro patológico se instale...
Noutra hipótese, a sua prostração moral, transfigurando-se em abatimento físico, ao conduzi-lo à imobilidade, impedirá que tenha ânimo para despender o mínimo esforço que lhe requisite os braços...
Acautele-se, porque, nem sempre, os espíritos obsessores que tencionam prejudicá-lo, manifestam-se às claras, facilitando o diagnóstico da influência nociva que lhes esteja a sofrer.
Não raro, a fim de interferir em seu aproveitamento na atual experiência reencarnatória, eles pelejam para, simplesmente, anulá-lo em sua capacidade de trabalho e realização.
Fazendo com que você, ao se transformar em doente crônico, cruze os braços, eles se darão por satisfeitos, e deixarão que o resto corra por conta de seus medos e queixas sistemáticas, com os quais, infelizmente, muitos passam a ocupar a maior parte do tempo nos dias que, inutilmente, se lhes sucederão.
Portanto, mesmo que, em face de suas lutas e provas, esteja, possivelmente, se sentindo algo doente ou cansado, não se permita no interromper de suas atividades materiais, e muito menos de suas tarefas de natureza espiritual.
Não se entregue à ideia obsessiva de que, por exemplo, na atualidade, você esteja morando num corpo excessivamente desgastado, ou mesmo prestes a desencarnar, empreendendo viagem de volta à Pátria Espiritual...
Quase todas as maiores vitórias que o espírito é capaz de alcançar contra as imperfeições em si mesmo, acontecem justamente quando ele se veja arrastando para cumprir com o dever, e não quando exatamente ele possa dispor de movimentos livres para caminhar por onde os seus pés possam levá-lo.
E, depois, é melhor que você, realmente doente ou cansado, tombe em serviço, do que venha a expirar em cima de uma cama.

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 21 de abril de 2014.

21.4.14

Paz Interior

Você vive em paz?
Paz é um bem muito precioso, só sabe disso quem não a tem. Eu vivo em paz, mas confesso que os meus dias sem paz são terríveis. Viver sem paz é como viver a esmo, a deriva, sem referências seguras.
Viver em paz é arte – e das maiores.
Viver em paz resulta de uma ampla compreensão interna do que seja a vida. Somente quem compreende bem a vida pode viver em paz.
A paz se consegue todo dia, a toda hora. Não se inventa a paz, ou se consegue de verdade ou vive-se na escuridão de si mesmo. 
Há nada mais desesperador do que ficar na escuridão, não ver quem quer que seja, não saber aonde ir, o que fazer?
Pois bem, a paz é um sentimento de segurança interior. Quando se está em paz a pessoa tudo vê, sabe onde vai e o que quer na vida. Por isso, vive em paz.
Paz interior, que tesouro a descobrir.
Tem gente que imagina que a paz interior se encontra nas coisas da vida. Num carrão, numa casa sofisticada, numa roupa da moda, em coisas materiais. Estas pessoas, na prática, vivem o tempo todo em angústia. Tenho pena delas, meu Pai, pois vivem na ilusão, em profunda guerra interior até obter o bem desejado. E haja mais angústia.
Viver em paz é uma arte porque buscamos aprender isso todos os dias. Embora já tenhamos avançado em muitos pontos na arte de viver em paz temos sempre o que aprender.
Eu vivo em paz, mas a busco sempre. Sim, porque se relaxarmos, se deixarmos de nos comportar em direção a paz, ela vai se distanciar de nós.
A paz interior reflete o nosso estado de espírito. Espírito conturbado, preocupado com as coisas do dia a dia, inevitavelmente dificilmente terá paz por dentro.
A paz tem a ver também em como vemos as coisas da vida.
Ver tudo com olhos de otimismo é um estado de paz interior.
Ter esperança em todas as situações é conhecer a paz interior.
Saber que tudo passa, nada é definitivo, se consegue a paz interior.
Ter a consciência espiritual faz-nos ter paz interior.
Paz interior, portanto, se conquista.
Conquista-se ao nos conquistarmos. Pense nisso. Se você não se conquista jamais haverá de ter paz.
Conquiste-se, portanto, a cada dia. Cada vez um pouco mais. Dia após dia, você haverá de viver em paz.
Viver em paz é tudo que importa.
Que a paz de Jesus, que não é uma paz qualquer, esteja sempre com você.
Um abraço,
Helder Camara

20.4.14

VISÃO ESPÍRITA DA PÁSCOA
O Espiritismo não celebra a Páscoa, mas respeita as manifestações de religiosidade das diversas igrejas cristãs, e também não proíbe que seus adeptos manifestem sua religiosidade.
Páscoa, ou Passagem, simboliza a libertação do povo hebreu da escravidão sofrida durante séculos no Egito, mas no Cristianismo comemora a ressurreição do Cristo, que se deu na Páscoa judaica do ano 33 da nossa era, e celebra a continuidade da vida.
O Espiritismo, embora sendo uma Doutrina Cristã, entende de forma diferente alguns dos ensinamentos das Igrejas Cristãs. Na questão da ressurreição, para nós, espíritas, Jesus apareceu à Maria de Magdala e aos discípulos, com seu corpo espiritual, que chamamos de perispírito. Entendemos que não houve uma ressurreição corporal, física. Jesus de Nazaré não precisou derrogar as leis naturais do nosso mundo para firmar o seu conceito de missionário. A sua doutrina de amor e perdão é muito maior que qualquer milagre,  até mesmo a ressurreição.
Isto não invalida a Festa da Páscoa se a encararmos no seu simbolismo. A Páscoa Judaica pode ser interpretada como a nossa libertação da ignorância, das mazelas humanas, para o conhecimento, o comportamento ético-moral. A travessia do Mar Vermelho representa as dificuldades para a transformação. A Páscoa Cristã, representa a vitória da vida sobre a morte, do sacrifício pela verdade e pelo amor. Jesus de Nazaré demonstrou que pode-se Executar homens, mas não se consegue matar as grandes ideias renovadoras, os grandes exemplos de amor ao próximo e de valorização da vida.
Como a Páscoa Cristã representa a vitória da vida sobre a morte, queremos deixar firmado o conceito que aprendemos no Espiritismo, que a vida só pode ser definida pelo amor, e o amor pela vida. Foi por isso que Jesus de Nazaré afirmou que veio ao mundo para que tivéssemos vida em abundância, isto é, plena de amor.
Texto extraído do blog caminhos da luz.

19.4.14

 Expressando-se com paciência  diante dos revides  do adversário, trabalha pelo seu bem mediante os mais diferenciados métodos que lhe estejam ao alcance.
A perseverança nos propósitos dignos consegue demonstrar que os sentimentos íntimos já não são os mesmos do momento perverso,
Livro: No Rumo da Felicidade - Divaldo P. Franco - Joanna de Ângelis

18.4.14

 É sempre fácil observar o mal e identificá-lo. Entretanto, o que o Cristo espera de nós outros é a descoberta e o cultivo do bem para que o Divino Amor seja glorificado.

Livro: Agenda Cristã - Francisco C Xavier - André Luiz

17.4.14


Verdade

A verdade é absoluta, ela há sempre de prevalecer, não há aquele que possa usurpá-la, escondê-la por muito tempo, pois um dia, um belo dia, ela inevitavelmente aparecerá. Se é assim, se ela prevalecerá, por que ofuscá-la, ignorá-la?
Jesus disse-nos que haveríamos de conhecer a verdade e que ela nos tornaria livres.
Livres.
Livres da mentira que nos desvia do que é certo e bom.
Livres da ignorância que nos faz caminhar seguramente.
Livres da opressão de quem deseja impor a sua verdade.
Livres de tudo que não nos leve ao Pai.
A verdade quando aparece é insofismável, é absoluta, é transparente, é cristalina, ninguém resiste a ela.
Trabalhar com a verdade é sempre bom porque ninguém vai te desmentir. Você vai ficar sempre seguro. Se errar alguma tarefa, não tem problema, confessa, pede desculpas e segue em frente. Já imaginou ter que trabalhar a vida inteira escondendo uma verdade?
A verdade também se faz imprescindível na política, mas como ela anda esquecida por lá... Encontrar um político que tenha compromisso com a verdade não é fácil. Maioria deles cria a sua própria verdade. Para defender os seus interesses pensa num argumento, dá forma a ele e passa a defendê-lo com unhas e dentes. De tanto falar em algo que não existe, imagina ser verdade o que nunca foi, mas o povo não é besta não, o povo sabe das coisas.
Tratar com a verdade nos deixa livre dos vexames. Quanta gente já vi pega na mentira. Meu Deus, que decepção. Falar a verdade é bom sempre porque evita estas situações de constrangimento porque depois não tem desculpa, as justificativas ficam vazias, sem pé nem cabeça.
A verdade dói, uma verdade pode doer, mas que assim seja, dói mais é mentira meu povo quando é descoberta. Vale mais uma verdade do que mil mentiras na vida de alguém.
Tenho pena das pessoas que vivem numa mentira, numa imensa mentira. Vivem uma vida que não existe e quando acordam do lado de cá, pasmem, desnudas de tudo, ainda defendem as suas mentiras como verdades fossem. Triste cena ver um irmão que se envolveu tanto com a mentira que nem sabe mais onde está a verdade.
Tenho pena também daqueles que inventam uma mentira para se safar e quando veem estão tão envolvidos nela e nem sabe mais como sair.
A verdade, Pai, sei que está sempre conjugada com o amor, sempre. Se há amor é porque ali está a verdade.
Meu Deus, faça a todos conhecerem a verdade. E sei que um dia será. Um dia seremos conhecidos como verdadeiramente somos, dizia o apóstolo Paulo.
Seremos conhecidos como espíritos imortais que somos, filhos do Altíssimo, irmãos das estrelas, amantes da verdade.
Que assim seja, Pai!
Helder Camara

16.4.14


Questão 298 do Livro dos Espíritos
   ALMAS GÊMEAS
 
    Quando falamos em almas gêmeas, não é generalizando o termo, mas no sentido de que existem almas gêmeas nos planos onde ainda não existe a verdadeira perfeição do espírito. Deus não fez uma alma somente para outra, de modo que somente as duas possam sentir o verdadeiro amor entre si. Isso não existe dentre os espíritos puros.
    No entanto, antes de chegar à pureza espiritual, é claro que temos necessidade de estarmos unidos por sentimentos mais profundos a determinada alma, que nos ajuda e nos sustenta na própria vida. A existência de almas gêmeas depende, pois, do plano em que se situam. No seio da pureza angélica, repetimos, não existe; ali o amor é perfeitamente universal. Mas, nos planos próximos à Terra, certamente que existem almas gêmeas.
     Estamos caminhando para a perfeição, para amar ao próximo como a nós mesmos, como o Cristo nos ensinou. O próximo são todas as almas, em todos os planos de vida. Verificamos esse entendimento sublimado na vida de Francisco de Assis, para quem o encontro com Clara de Assis, foi motivo para que ele amasse mais ao seu próximo, aos animais, às plantas, aos peixes, às estrelas, enfim, a toda a natureza, em profusão. E acima de tudo, ele amou a Deus, com a presença de Jesus.
    Procuremos experimentar deixar fluir o amor puro para fora do lar, atingindo os que sofrem fome, sede e nudez. Avancemos com esse amor para os animais, as aves, as plantas, o ar, o sol, as estrelas, os alimentos, que notaremos uma vida renovada e uma consciência mais livre, a nos inspirar a verdadeira paz no coração.
    A Doutrina Espírita, revivendo Jesus, não pede sacrifícios que não se possa fazer, mas, ensina que se tenha boa vontade onde se foi chamado para viver. Que vivamos com mais gratidão aos que nos cercam, com mais carinho para com aqueles que nos deram a oportunidade de reencarnar, para com os nossos parentes e amigos. Se a vida continua, o nosso amor deve continuar nos dando paz de consciência e prometendo felicidade onde quer que estejamos.
    Não há união particular e fatal, nos assevera "O Livro dos Espíritos", porque Deus é Deus de amor, e os espíritos puros são livres, sem exigências e sem ciúmes que possam levá-los à prisão dos sentimentos. A grandeza de Deus é bem maior do que se pensa. Ele, sendo a Inteligência Suprema, não iria nos pedir opinião antes de fazer as leis para o bem da criação universal.
     Unamo-nos no bem coletivo sem apego, ligados pelo amor que universaliza todos os sentimentos, para que a paz de todos forme a paz de Deus em nossos corações para sempre.
    Existem almas gêmeas sim, pois todas as almas são gêmeas pela força do amor de Deus.

Livro: Filosofia Espírita VI - João Nunes Maia - Miramez

15.4.14


OBSESSÃO ENTRE ENCARNADOS

Falando a respeito da obsessão entre encarnados, que, na minha modesta opinião, é a pior das obsessões, não estou querendo me referir à opressão de natureza física e mental que, de maneira impiedosa, certas pessoas exercem sobre outras.
Muito comum, por exemplo, nos depararmos com quadros de pais que subjugam filhos, e vice-versa, quanto de cônjuges que escravizam cônjuges no relacionamento que estabelecem...
Quando na Terra, tive oportunidade de me deparar com muitas situações assim, em que um espírito encarnado, praticamente, anulava o outro, impedindo o seu crescimento diante da Vida.
Uma mãe vampirizava tanto a pobre da filha, que, ao vê-las adentrando o meu consultório, eu tinha a impressão de que a dementada genitora sugava todas as energias da pobre menina, pela qual ela a todo instante chamava, impedindo que a garota saísse de seu raio de influência, ou que sequer respirasse sem a sua permissão...
Fiz o que pude para libertar a jovem daquela possessão afetiva, que, a cada dia, tornava-a mais debilitada, inclusive fisicamente, e que terminou por levá-la à pneumonia, vindo a desencarnar primeiro que sua perturbada mãe.
E o pior é que, então, criou-se tal dependência psíquica entre as duas, que, mesmo após ter desencarnado, a filha não conseguia se libertar da mãe que, poucos anos depois, igualmente veio a deixar o corpo ainda chamando, com insistência, por ela.
Quero, no entanto, através deste pequeno registro, alertar para outro tipo de obsessão que, com frequência, impera entre os que se encontram encarnados – obsessão, talvez, menos agressiva, porém não menos nociva do que aquela que mencionei entre uma senhora e sua filha única.
Trata-se de uma obsessão exercida à distância, apenas e tão somente pela força do pensamento que dispara na direção do alvo que pretende atingir...
Nesta espécie de obsessão entre encarnados, não raro, o obsessor age com plena consciência do que pretende na emissão de vibrações agressivas que, constantemente, emite na direção da vítima de sua inveja, de sua mágoa, de seu ódio...
Tais vibrações enfermiças, se não rechaçadas por quem, direta ou indiretamente, as esteja motivando, podem ir minando a sua resistência, fazendo com que, por exemplo, ele se veja dominado pelo desânimo na tarefa que cumpre.
De repente, sem explicação alguma, a vítima começa a se sentir tomado pela falta de disposição física, exteriorizando vários sintomas de doenças que, na realidade, não existem.
Então, procurando vários médicos, toma medicamentos sem necessidade de tomá-los, e, caso não venha a reagir contra tal estado de abatimento, de tanto somatizar as vibrações que recebe, pode, de fato, acabar dentro de um quadro patológico real.
Daí a necessidade de todos os que costumam despertar tais reações ao seu derredor – a alguns metros, ou alguns quilômetros de si – criarem, em nível de pensamento, defesas capazes de repelir as vibrações que desejam a sua queda e o seu fracasso.
A primeira providência para isto, evidentemente, é a de se tomar consciência de que os adversários estão sempre à espreita e dardejam vibrações negativas que mentalizam, sem pausa, contra quem querem prejudicar... A segunda providência é a de se esforçar no sentido de, sob qualquer hipótese, não lhes oferecer sintonia, criando, com base na prece e na prática do bem aos semelhantes, um escudo magnético de proteção em volta de si...
No mais, é deixar que as vibrações infelizes não encontrando receptividade da parte do destinatário, tornem ao seu anônimo remetente, cujo endereço elas conhecem, e, pela Lei de Causa e Efeito, ensinem a lição que lhe cabe aprender.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 14 de abril de 2014.

14.4.14


Peleja

Tem gente que diz assim:
- Não quero briga com ninguém, mas quando entro em uma, duro a sair.
Meu Deus, comprar briga não é bom para ninguém, a menos que seja uma boa briga, uma briga que valha a pena viver e morrer por ela, mas uma briga qualquer, ah!, esta não vale a pena.
Brigar por qualquer coisa não é saudável, é até perda de tempo. Põe-se os nervos em ebulição, a cabeça perde o equilíbrio, e, no final, sai-se sempre perdendo, mesmo parecendo que ganhou alguma coisa.
Tudo pode ser resolvido no diálogo, mesmo aquilo em que a outra parte não está disposta a ele. Na verdade, haverá um momento em que a pessoa ficará cansada de querer uma peleja e é neste momento que o diálogo prevalecerá.
Conheço gente, pelo contrário, que adora uma peleja. Se anoitecer um dia sem ter arrumado uma briga com alguém, dorme insatisfeito e aí briga com ela mesma.
Tem gente que parece que está enfrentando os outros o tempo todo. Se alguém diz “a”, ela diz “b”, se diz “b”, ela diz “c”. Quer ser sempre do contra. Como é difícil lidar com estas pessoas porque no fundo nunca querem entendimento.
É certo que há aqueles que assim procedem para aparecer na multidão. Imaginam que se concordarem com tudo ninguém vai lhe dar atenção, então é melhor contrariar a todos para que enxerguem a ela. Não é por aí. Por que não ser percebida na multidão pelas qualidades, pelo pensamento original, pelo argumento forte?
É difícil a convivência com uma pessoa assim, é verdade, mas acho que na essência é uma maneira delas pedirem carinho, atenção, entendimento. É um jeito diferente de pedirem amor.
Portanto, dê amor a todos, mesmo a estes que se pegam com todos. Não se diz que “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”? Então, esta pedra está pedindo água, meu irmão.
Fique em paz com a sua consciência e tente, sempre que possível, ajudar a transformar o azedo em doce, as trevas em luz, o ruim no bom. Você também possui esta responsabilidade.
Paz,
Helder Camara

Resposta do Dom
PERGUNTA DE LEITOR DO BLOG PARA DOM HÉLDER CÂMARA

Dom Helder, o regime e a sua Igreja lhes perseguiram durante o regime militar? É sabido que havia membros da Igreja Romana subservientes nas hostes do regime militar.
RESPOSTA

- Meu filho, tudo tem a sua razão de ser na história. Se aquilo aconteceu, o golpe dos militares, não é porque tinha que ser assim, mas se houve, havia uma necessidade de aprendizagem com isso e temos que tirar sempre as lições daquele momento tenebroso.
Sim, claro que sim, claro que havia pessoas na Igreja que aderiram aos militares, não apenas na Igreja, mas em muitas outras instituições, mas os tempos eram outros.
Havia o medo coletivo da implantação do regime comunista no Brasil e em muitas partes do mundo. Ninguém sabia direito o que era o Comunismo, mas a maioria da gente achava coisa ruim.
De fato, o princípio de retirada das liberdades para implantar um regime utópico comum era e é uma ficção. Agora, defender a justiça, a liberdade, a construção de uma sociedade mais justa e menos desigual, naquelas épocas, por contrariar o status quo, era-se tachado de comunista. Um contrassenso, na verdade, mas era assim.
Não responsabilizo a ninguém em específico da Igreja por isso, porque, no fundo, havia também desinformação e medo, e não necessariamente subserviência. Em todo caso, já passou, e que não se repita jamais.

13.4.14

A sua dúvida sistemática produz incerteza nos outros. A sua agressividade mental fere os que o cercam, mesmo que você não arroje os dardos da palavra rude ou da ação violenta.
O seu azedume gera mal-estar no meio em que você vive.
A sua leviandade inspira receios entre aqueles que lhe comportem aconvivência.
A sua insatisfação promove um clima de desconcerto entre os seus amigos.
A sua suspeita contínua afasta os que desejariam tornar-se seus companheiros.
O seu desalinho emocional inquieta os outros e fá-los temer sua convivência.
O que lhe é pernicioso e recebe cultivo torna-se insuportável às criaturas que o acercam. 

Livro: Momentos de Decisão - Divaldo P FRanco - Marco Prisco

12.4.14

MENSAGEIRO

Mensageiro da paz e da alegria,
Que o Senhor te conduza nos caminhos
Em que varas escuros torvelinhos,
Para acender a luz do Novo Dia.

Deus te abençoe no esforço que te guia,
Superando empecilhos tão mesquinhos,
Plantando flores e colhendo espinhos
Ante o mal que te agride e desafia...

Não te deixes viver em sobressalto,
Cantando ao mundo cada vez mais alto
A mensagem do amor que te seduz...

Prossegue a solfejar tua canção,
Recordando a Cantiga do Perdão
Que Jesus entoou por sobre a cruz!...

Eurícledes Formiga
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Grupo Espírita “Seara de Deus”, na manhã de domingo do dia 30 de março de 2014, em Paulista, na Grande Recife, Pernambuco).

11.4.14


Natureza

As dádivas que a natureza nos traz são infindáveis. Pouco olhamos para as maravilhas que estão ao nosso redor nos pedindo para serem contempladas. Vêm de todos os lados, estão em todos os lugares e simplesmente pedem:
- Vejam-me, apreciem-me, toquem-me, eu estou aqui para servir-te, para ajudar-te, para colaborar nos teus dias.
É assim que se apresenta a natureza, esfuziante e bela, pronta para nos servir e o que fazemos, invariavelmente? Esquecemos-nos dela, maltratamo-la, não a valorizamos.
A natureza é bela, mas exige cuidados. Cuidado para se manifestar plenamente. Cuidado para se renovar continuamente. Cuidado para se preservar dos imprudentes.
A natureza faz parte de nós. Não pensemos que ela é uma coisa e somos outra, não, nós fazemos parte da natureza. O que acontece, tão somente, é que ignoramos o nosso pertencimento e a nossa função nela. Desequilibramos a natureza, desfrutamos, mas não a conservamos. Que papel fazemos...
A natureza hoje nos pede atenção. Por causa da nossa imprudência, ela dá sinais de desequilíbrio. São furacões, tsunamis, chuvas torrenciais, seca, escassez, e variados estados de coisas provenientes da nossa incúria.
Preservar a natureza, meus irmãos, é preservarmos a nossa própria vida. A nossa existência está comprometida porque não soubemos cuidar adequadamente da mãe Natureza. E que mãe ela é.
Mãe como as outras, ela nos oferece tudo de graça, apenas por amor. Fica feliz quando somos agraciados pelos seus frutos. Comer uma manga ou uma banana deliciosa. Tomar um suco de caju ou de pitanga. Deliciar-se com saladas de folhas mil. Sentar-se na varanda e sentir a brisa refrescante. Tomar aquela água gostosa a saciar a nossa sede. Entreter-se com o cachorro em brincadeiras juvenis. Admirar as roseiras brotando em beleza inigualável. Que benefícios incontáveis a natureza nos traz.
Pois bem, então o que fazer para evitar a sua destruição, permanente e gradual?
É preciso que possamos nos sentir integrados a ela, não seres a parte da Criação. Quando nos sentimos um com ela a tendência natural é não fazermos aquilo que não gostaríamos que nos fosse feito. Eis o segredo principal ensinado por Nosso Senhor Jesus Cristo e que serve com fidelidade também para este propósito.
É isto aí, meus amigos, pense nestas palavras. Escute a voz interior que nos pede cuidado, preservação, amparo. A natureza somos nós, obras do mesmo Criador. Vivamos, pois, em harmonia com o todo e com tudo.
Paz,
Helder Camara

10.4.14


MARIA  DE  MAGDALA

Maria de Magdala ouvira as pregações do Evangelho do Reino, não longe da Vila principesca onde vivia à conta de prazeres, em companhia de patrícios romanos, e tornara-se de admiração profunda pelo Messias.
Que novo amor era aquele apregoado aos pescadores singelos por lábios tão divinos? Até ali, caminhara ela sobre as rosas rubras do desejo, embriagando-se com o vinho de condenáveis alegrias. Contudo, seu coração estava sequioso e em desalento. Era jovem e formosa, emancipara-se dos preconceitos férreos de sua raça; sua beleza lhe escravizara aos caprichos de mulher os mais ardentes adrniradores ; mas, seu espírito tinha fome de amor. O profeta nazareno havia plantado em sua alma novos pensamentos. Depois que lhe ouvira a palavra, observou que as facilidades da vida lhe traziam agora um tédio mortal ao espírito sensível. As músicas voluptuosas não lhe encontravam eco no íntimo, os enfeites romanos de sua habitação se tornaram áridos e tristes. Maria chorou longamente, embora não compreendesse ainda o que pleiteava o profeta desconhecido ; entretanto, seu convite amoroso parecia ressoar-lhe nas fibras mais sensíveis de mulher. Jesus chamava os homens para uma vida nova.
Decorrida uma noite de grandes meditações e antes do famoso banquete em Naim, onde ela ungiria publicamente os pés de Jesus com os bálsamos perfumados de seu afeto, notou-se que uma barca tranqüila conduzia a pecadora a Cafarnaum. Dispusera-se a procurar o Messias, após muitas hesitações. Como a receberia o Senhor, na residência de Simão? Seus conterrâneos nunca lhe haviam perdoado o abandono do lar e a vida de aventuras. Para todos, era ela a mulher perdida, que teria de encontrar a lapidação na praça publica. Sua consciência, porém, lhe pedia que fosse. Jesus tratava a multidão com especial carinho. Jamais lhe observara qualquer expressão de desprezo para com as numerosas mulheres de vida equívoca que o cercavam. Além disso, sentia-se seduzida pela sua generosidade. Se possível, desejaria trabalhar na execução de suas idéias puras e redentoras. Propunha-se a amar, como Jesus amava, sentir com os seus sentimentos sublimes. Se necessário, saberia renunciar a tudo. Que lhe valiam as jóias, as flores raras, os banquetes suntuosos, se, ao fim de tudo isso, conservava a sua sede de amor?!...
Envolvida por esses pensamentos profundos, Maria de Magdala perpetrou o umbral da humilde residência de Simão Pedro, onde Jesus parecia esperá-la, tal a bondade com que a recebeu num grande sorriso. A recém-chegada sentou-se com indefinível emoção a estrangular-lhe o peito.

***
Vencendo, contudo, as suas mais fortes impressões, assim falou, em voz súplice, feitas as primeiras saudações :
– Senhor, ouvi a vossa palavra consoladora e venho ao vosso encontro!... Tendes a clarividência do céu e podeis adivinhar como tenho vivido! Sou uma filha do pecado. Todos me condenam. Entretanto, Mestre, observai como tenho sede do verdadeiro amor!... Minha existência, como todos os prazeres, tem sido estéril e amargurada...
As primeiras lágrimas lhe borbulharam dos olhos, enquanto Jesus a contemplava, com bondade infinita. Ela, porém, continuou :
– Ouvi o vosso amoroso convite ao Evangelho! Desejava ser das vossas ovelhas; mas, será que Deus me aceitaria?
O Profeta nazareno fitou-a, enternecido, sondando as profundezas de seu pensamento e respondeu bondoso :
– Maria, levanta os olhos para, o céu e regozija-te no caminho porque escutaste a Boa-Nova do Reino e Deus te abençoa as alegrias. Acaso poderias pensar que alguém no mundo estivesse condenado ao pecado eterno. Onde, então, o amor de Nosso Pai? Nunca viste a primavera dar flores sobre uma casa em ruínas? As ruínas são as criaturas humanas;porém as flores são a esperança em Deus. Sobre tôdas as falências e desventuras próprias do homem as bênçãos paternais de Deus descem e chamam. Sentes hoje êsse novo Sol a iluminar-te o destino! Caminha agora, sob a sua luz, porque o amor cobre a multidão dos pecados.
A pecadora de Magdala escutava o Mestre, bebendo-lhe as palavras. Homem algum havia falado assim a sua alma incompreendida, os mais levianos lhe pervertiam as boas inclinações, os aparente mente virtuosos a desprezavam sem piedade. Engolfada em pensamentos confortadores e ouvindo as referências de Jesus ao amor, Maria acentuou, levemente:
-No entanto, Senhor, tenho amado e tenho sede de amor!...
– Sim – redargüiu Jesus – tua sede é real.
O mundo viciou tôdas as fontes de redenção e é imprescindível compreenda que em suas sendas a virtude tem de marchar por uma porta muito estreita. Geralmente, um homem deseja ser bom como os outros, ou honesto como os demais, olvidando que o caminho onde todos passam é de fácil acesso e de marcha sem edificações. A virtude no mundo foi transformada na porta larga da conveniência própria. Há os que amam aos que lhe pertencem ao círculo pessoal, os que são sinceros com os seus amigos, os que defendem seus familiares, os que adoram os deuses do favor. O que verdadeiramente ama, porém, conhece a renúncia suprema a todos os bens do mundo e vive feliz, na sua senda de trabalhos para o difícil acesso às luzes da redenção. O amor sincero não exige satisfações passageiras, que se extinguem no mundo com a primeira ilusão; trabalha sempre, sem amargura e sem ambição, com as júbilos do sacrifício. Só o amor que renuncia sabe caminhar para, a vida suprema!...
Maria o escutava, embevecida. Ansiosa por compreender inteiramente aqueles ensinos novos, interrogou atenciosamente :
– Só o ardor pelo sacrifício poderá saciar a sede do coração?
Jesus teve um gesto afirmativo e continuou :
Somente o sacrifício contém o divino mistério da vida. Viver bem é saber imolar-se. Acreditas que o mundo pudesse manter o equilíbrio próprio tão só com os caprichos antagônicos e por vezes criminosos dos que se elevam à galeria dos triunfadores? Toda luz humana vem do coração experiente e brando dos que foram sacrificados.
Um guerreiro coberto de louros ergue os seus gritos de vitória sobre os cadáveres que juncam o chão; mas, apenas os que tombaram fazem bastante silêncio, para que se ouça no mundo a mensagem de Deus. O primeiro pode fazer a experiência para um dia ; os segundos constroem à estrada definitiva na eternidade.
Na tua condição de mulher, já pensaste no que seria o mundo, sem as mães exterminadas no silêncio e no sacrifício? Não são elas as cultivadoras do jardim da vida, onde os bonecas travam a, batalha ¿!... Muitas vezes, o campo enflorescido se cobre de lama e sangue; mas, na sua tarefa silenciosa, os corações maternais não desesperam e reedificam o jardim da vida, imitando a Providência Divina que espalha sobre um cemitério os lírios perfumados de seu amor!...
Maria de Magdala, ouvindo aquelas advertências, começou a chorar, a sentir no íntimo o deserto da mulher sem filhos. Por fim, exclamou :
– Desgraçada de mim, Senhor, que não poderei ser mãe!...
Então, atraindo-a, brandamente, a si, o Mestre acrescentou:
– E qual das mães será maior aos olhos de Deus'? A que se devotou somente aos filhos de sua carne, ou a que se consagrou, pelo espírito, aos filhos das outras mães?
Aquela interrogação pareceu despertá-la para meditações mais profundas. Maria sentiu-se amparada por uma energia interior diferente, que até então desconhecera. A palavra de Searas lhe honrava o espírito ; convidava-a a ser mãe de seus irmãos em humanidade, aquinhoando-os com os bens supremos das mais elevadas virtudes da vida. Experimentando radiosa felicidade em seu mundo íntimo; contemplou o Messias com os olhos nevoados de lágrimas e, no êxtase de sua imensa alegria, murmurou comovidamente :
– Senhor, doravante renunciarei a todos os prazeres transitórios do mundo, para adquirir o amor celestial que me ensinastes!... Acolherei como filhas as minhas irmãs no sofrimento, procurarei os infortunados para aliviar-lhes as feridas do coração, estarei com os aleijados e leprosos...
Nesse instante, Simão Pedro passou pelo aposento, demandando o interior, e a observou com certa estranheza. A convertida de Magdala lhe sentiu o olhar glacial, quase denotando desprezo, e, já receosa de um dia perder a convivência do Mestre, perguntou com interesse :
Senhor, quando partirdes deste mondo, como ficaremos?
Jesus compreendeu o motivo e o alcance de sua palavra e esclareceu :
– Certamente que partirei, mas estaremos eternamente reunidos em espírito. Quanto ao futuro, com o infinito de suas perspectivas, é necessário que cada um tome sua cruz, em busca da porta estreita da redenção, colocando acima de tudo a fidelidade a Deus e, em segundo lugar, a perfeita confiança em si mesmo.
Observando que Maria, ainda opressa pelo olhar estranho de Simão Pedro, se preparava a regressar, o Mestre lhe sorriu com bondade e disse:
– Vai, Maria!... Sacrifica-te e ama sempre.
Longo é o caminho, difícil à jornada, estreita a porta ; mas, a fé remove os obstáculos... Nada temas, é preciso crer somente!

***
Mais tarde, depois de sua gloriosa visão do Cristo ressuscitado, Maria de Magdala voltou de Jerusalém para a Galiléia, seguindo os passos dos companheiros queridos.
A mensagem da ressurreição espalhara uma alegria infinita.
Após algum tempo, quando os apóstolos e seguidores do Messias procuravam reviver o passado junto ao Tiberíades, os discípulos diretos do Senhor abandonaram a região, a serviço da Boa-Nova. Ao disporem-se os dois últimos companheiros a partir em definitiva par a Jerusalém, Maria de Magdala, temendo a solidão da saudade, rogou fervorosa-mente lhe permitísseis acompanhá-los à cidade dos profetas ; ambos, no entanto, se negaram a anuir aos seus desejos. Temiam-lhe o pretérito de pecadora, não confiavam em seu coração de mulher. Maria compreendeu, mas, lembrou-se do Mestre e resignou-se.
Humilde e sozinha, resistiu a tôdas as propostas condenáveis que a solicitavam para uma nova queda de sentimentos. Sem recursos para viver, trabalhou pela própria manutenção, em Magdala e Dalmanuta. Foi forte nas horas mais ásperas, alegre nos sofrimentos mais escabrosos, fiel a Deus nos instantes escuros e pungentes. De vez em quando, ia às sinagogas, desejosa de cultivar a lição de Jesus; mas, as aldeias da Galiléia estavam novamente subjugadas pela intransigência do judaísmo. Ela compreendeu que palmilhava agora o caminho estreito, onde ia só, com a sua confiança em Jesus. Por vezes, chorava de saudade, quando passeava no silêncio da praia, recordando a presença do Messias. As aves do lago, ao crepúsculo, vinham pousar, como outrora, nas alcaparreiras mais próximas, o horizonte oferecia, como sempre, o seu banquete de luz. Ela contemplava as ondas mansas e lhes confiava suas meditações.
Certo dia, um grupo de leprosos veio a Dalmanuta ; procediam da Iduméia aqueles infelizes, cansados e triste.;, em supremo abandono. Perguntavam por Jesus Nazareno, mas tôdas as portas se lhes fechavam. Maria foi ter com eles e, sentindo-se isolada, com amplo direito de empregar a sua liberdade, reuniu-os sob as árvores da praia e lhes transmitiu as palavras de Jesus, enchendo-lhes os corações das claridades do Evangelho. As autoridades locais, entretanto, ordenaram a expulsão imediata, dos enfermos. A grande convertida percebeu tamanha alegria no semblante dos infortunados, em face de suas fraternas revelações, com respeito às promessas do Senhor, que se pôs em marcha para Jerusalém, na companhia deles. Todo o grupo passou a noite ao relento, mas, sentia-se que os júbilos do Reino de Deus agora os dominavam. Todos se interessavam pelas descrições de Maria, devoravam-lhe as exortações, contagiados de sua alegria e de sua fé. Chegados à cidade, foram conduzidos ao vale dos leprosos, que ficava distante, onde Madalena perpetrou com espontaneidade de coração. Seu espírito recordava as lições do Messias e uma coragem indefinível se assenhoreara de sua alma.
Dali em diante, tôdas as tardes, a mensageira do Evangelho reunia a turba de seus novos amigos e lhes dizia o ensinamento de Jesus. Rostos ulcerados enchiam-se de alegria, olhos sombrias e tristes tocavam-se de nova luz. Maria lhes explicava que Jesus havia exemplificado o bem até à morte, ensinando que todos os seus discípulos deviam ter bom ânimo para vencer o mundo. Os agonizantes arrastavam-se até junto dela e lhe beijavam a túnica singela. A filha de Magdala, lembrando o amor do Mestre, tomava-os em seus braços fraternos e carinhosos.
Em breve tempo, sua epiderme apresentava, igualmente, manchas violáceas e tristes. Ela compreendeu a sua nova situação e recordou a recomendação do Messias de que cimente sabiam viver os que sabiam imolar-se. E experimentou grande gozo, por haver levado aos seus companheiros de dor uma migalha de esperança. Desde a sua chegada, em todo o vale se falava daquele Reino de Deus que a criatura devia edificar no próprio coração. Os moribundos esperavam a morte com um sorriso ditoso nos lábios, os que a lepra deformara ou abatera guardavam bom ânimo, nas fibras mais sensíveis.
Sentindo-se ao termo de sua tarefa meritória, Maria de Magdala desejou rever antigas afeições de seu circulo pessoal, que se encontravam em Éfeso. Lá estavam João e Maria, além de outros companheiros dos júbilos cristãos. Adivinhava que as suas últimas dores terrestres vinham muito próximas ; todavia, deliberou pôr em prática o seu humilde desejo.
Nas despedidas, seus companheiros da infortúnio material vinham suplicar-lhe os derradeiros conselhos e recordações. Envolvendo-os no seu carinho, a emissária do Evangelho lhes dizia apenas :
– Jesus deseja intensamente que nos amemos una aos outros e que participemos de suas divinas esperanças, na mais extrema lealdade a Deus!...
Dentre aqueles doentes, os que ainda se equilibravam pelos caminhos lhe traziam o fruto das esmolas escassas, as crianças abandonadas vinham beijar-lhe as mãos.
Na fortaleza de sua fé, a ex-pecadora abandonou o vale, afastando-se de suas choupanas misérrimas, através das estradas ásperas. A peregrinação foi-lhe difícil e angustiosa. Para satisfazer aos seus intentos recorreu à caridade, sofreu penosas humilhações, submeteu-se ao sacrifício. Observando as feridas pustulentas, que substituíam a sua antiga beleza, alçava-se em reconhecer que seu espírito não tinha motivos para lamentações. Jesus a esperava e sua alma era fiel.
Realizada a sua aspirarão, por entre dificuldades infinitas, Maria achou-se, um dia, às portas da cidade ; mas, invencível abatimento lhe dominava os centros de força física. No justo momento de suas efusões afetuosas, quando. o casario de defeso se lhe desdobrava à vista, seu corpo alquebrado negou-se a caminhar. Modesta família de cristãos do subúrbio recolheu-a a uma tenda humilde, caridosamente. Madalena pôde ainda rever amizades bem caras, consoante seus desejos. Entretanto, por largos dias de padecimentos, debateu-se entre a vida e a morte.
Uma noite, atingiram o auge as profundas dores que sentia. Sua alma estava iluminada por brandas reminiscências e, não obstante seus olhos se acharem selados pelas pálpebras intumescidas, via com os olhos da imaginação o lago querido, os companheiros de fé, o Mestre bem-amado. Seu espírito parecia transpor as fronteiras da eternidade radiosa. De minuto a minuto, ouvia-se-lhe um gemido surdo, enquanto os irmãos de crença lho rodeavam o leito de dor, com as preces sinceras de seus corações amigos e desvelados.
Em dado instante, observou-se que seu peito não mais arfava. Maria, no entanto, experimentava consoladora sensação de alívio. Sentia-se sob as árvores de Cafarnaum e esperava o Messias. As aves cantavam nos ramos próximos e as ondas sussurrantes vinham beijar-lhe os pés. Foi quando viu Jesus aproximar-se, mais belo do que nunca. Seu olhar tinha o reflexo do céu e no semblante trazia um júbilo indefinível. O Mestre estendeu-lhe as mãos e ela se prosternou, exclamando, como antigamente :
– Senhor!...
Jesus recolheu-a, brandamente, nos braços e murmurou :
– Maria, já passaste a porta estreita!... Amaste muito! Vem! Eu te espero aqui!

Livro: “Boa Nova”. Psicografia de Francisco Cândido Xavier - Irmão X - Humberto de Campos

9.4.14

 Questão 297 do Livro dos Espíritos

     AFEIÇAO
    A afeição que temos a outrem na Terra continua no mundo dos espíritos, quando fundamentada realmente no amor universal. Quando ela é física, desaparece com a perda do corpo, não obstante, pode, por vezes, demorar-se mais um pouco no espírito, enquanto a animalidade durar, porque as paixões inferiores ainda existem no plano extrafísico, quase como na Terra, animando um corpo material. Entretanto, nunca têm durabilidade como o amor fraternal, que permanece eternamente brilhando no coração das criaturas de Deus.
    O "amor" na Terra, principalmente entre as almas mais materializadas, é revestido de egoísmo, de amor próprio, para satisfação pessoal. Ele se encontra preso à bestialidade, nos distúrbios emocionais inferiores, sendo que utiliza um canal, o sexo, pelas vias do qual se processa a reencarnação, lei universal em todos os mundos habitados.
    Analisando profundamente, a afeição de uma pessoa para outra nasce, na maioria dos casos, do sexo; entretanto, quando essas pessoas se espiritualizam, esse instinto se sublima, ganhando uma dimensão que escapa à análise dos homens, mesmo os de ciência, e por vezes os espiritualistas. No mundo espiritual há o sexo, e ele é praticado entre os inferiores qual na Terra, mas, entre as almas puras, ele se torna Amor, troca de energias divinas capazes de sustentar os seus instrumentos em todos os cambiantes do trabalho e, ainda mais, esse repasse de forças fá-los sentir uma indizível felicidade de viver; não existe, porém, apego entre espíritos puros.
    Pode existir afeição mútua mesmo nos planos superiores do espirito, sem que o ciúme perturbe os sentimentos. Essa união é consagrada em favor dos que sofrem, em todos os lugares que a vida os chamar para servir.
    A verdadeira simpatia nunca acaba; ela atravessa o túmulo com mais fulgor, forma laços de união divina para estender os ensinamentos de Jesus em todos os corações. Compreendamos, pois, a necessidade de nos unirmos para o bem comum, porque não fomos feitos separados. A obra de Deus é unificada em Seu amor.
    Esperamos, e isso deve acontecer brevemente, que o Evangelho seja conhecido em todas as nações, mas não somente conhecido, porém, vivido pelos corações estagiados na Terra. Aí o amor, o amor verdadeiro, transformará o planeta em paraíso, onde não existirão os instintos inferiores, e as paixões certamente cederão lugar ao verdadeiro amor, aquele pregado e vivido por Jesus.
    Quem sabe estender ao próximo a sua afeição sem especular e sem exigências, está começando o plantio da sua própria felicidade, e é, mesmo como encarnado, que se deve iniciar essa lavoura, para que se possa colher, em espírito, os frutos dos esforços empregados no mundo físico.
    Trabalhemos no bem, onde quer que seja, que esse bem nos defenderá em todas as investidas do mal, que por vezes nos atacarão. As sementes de luz são mais salientes na nossa consciência, a nos dizer que devemos prosseguir, estendendo o amor e acendendo a chama da fraternidade.
    A coisa mais linda do mundo espiritual, para os que chegam, é o afeto dos que o esperam, é a força da simpatia dos amigos que receberam igualmente amor dos que antes deles chegaram e, ao intercruzarem os sentimentos, há uma profusão de luzes, onde a vida promete um reino maior de trabalho com mais segurança, na certeza de que o Cristo nasceu na manjedoura dos corações que amam sinceramente.
Livro: Lilosofia Espírita VI - João Nunes Maia - Miramez

8.4.14


VAMOS CONTAR

Sim, vamos contar o que, dias atrás, lhe aconteceu, para que os irmãos e irmãs que nos acompanham possam ter ideia do tamanho da luta que, desde muito, você vem enfrentando na tarefa doutrinária – luta múltipla e diversificada!
Num sábado, creio que no dia 15 de março, estava você almoçando com a família, em sua casa, logo após as atividades mediúnicas públicas no “Pedro e Paulo”, quando o telefone celular tocou e um amigo informou que alguém, do Estado de Goiás, necessitava falar com você urgentemente...
Ele precisava passar às suas mãos certa documentação alusiva a Chico Xavier, e se recusava a entregá-la a outras mãos que não fossem as suas.
Preocupado, você engoliu como pode a comida no prato, e, de novo, pegando o carro, se dirigiu ao “Pedro e Paulo”, de onde, aliás, não fazia muito, havia saído após ter cumprido exaustivo labor.
O homem calvo, de bermudas, e, estranhamente, puxando um cachorro de raça pela coleira, queria conversar em particular, e, por isto, você o convidou para um canto do salão de reuniões, no qual, minutos atrás, várias famílias, recebendo cartas de seus entes queridos, haviam sido consoladas.
Imaginando tratar-se de assunto sério, você se colocou à disposição do desconhecido, que recusou o convite para sentar-se ao seu lado num dos bancos de madeira do recinto...
- Estou aqui – disse-lhe transfigurado, quase colocando o dedo indicador da mão direita no seu nariz – para lhe fazer severa advertência sobre os livros que você vem escrevendo sobre Chico Xavier, todos eles apócrifos... Inclusive este aqui: “O Evangelho de Chico Xavier”, que tem criado sérios problemas para o espírito dele no Mundo Espiritual...
Algo aturdido, você, naturalmente, permaneceu sem ação – graças a Deus, sem lhe ocorrer a ideia de pegar aquele homem atrevido pelos fundilhos e atirá-lo porta afora da Instituição, que, cá entre nós, era o que ele, e os seus asseclas, encarnados e desencarnados, mereciam – loucura versus loucura é jogo que termina empatado!
- Sinta-se advertido! – continuou ele inflamado, como se estivesse a se desincumbir de uma missão divina, lamentando não mais poder acender uma fogueirinha para assá-lo vivo. – Este livro é completamente apócrifo, como os demais que você tem escrito... Vim até aqui para ordenar a você que pare de editá-lo! (E você, além de não pegá-lo pelos fundilhos, se esqueceu de dizer a ele que “O Evangelho de Chico Xavier” acabara de ser traduzido para o italiano – ele teria tido uma apoplexia!) Estou aqui em nome de altos Espíritos para proibir você de continuar divulgando este livro, e qualquer outro de sua lavra sobre Chico Xavier... Outra coisa – acrescentou com o seu hálito fétido, quase lhe cuspir no rosto –, você fique sabendo que o Mundo Espiritual é como é, e não como a gente quer que ele seja...
Claro, eu estava ao seu lado, mas, não sei se feliz ou infelizmente, Odilon, que estava ao meu lado, me impediu de intervir, pois, caso contrário, antes de atirá-lo no asfalto da avenida em frente, teríamos dito a ele poucas e boas, mandando que ele, recolhendo as suas pesadas vibrações, pegasse a sua camioneta e voltasse para Luziânia – sim, a placa era da cidade de Luziânia!
O infeliz irmão ainda teve o capricho de deixar com você uma apostila (ele tem um Português muito bom, você notou?!) na qual contesta, capítulo a capítulo, o que está em “O Evangelho de Chico Xavier” – uma apostila e um CD, que, com certeza, deve andar distribuindo gratuitamente por aí, destilando o seu veneno de jararaca...
Agora, o mais curioso disto tudo – e você tem documentos para provar isto –, é que, na introdução da apostila, ela exalta o trabalho de certo médium rival de Chico Xavier... Curioso, não?! Curiosíssimo! Como costumávamos dizer por aí: pau mandado!...
Convém, no entanto, meu caro, daqui para frente, você escrever uma tabuleta e afixar na parede de entrada do “Pedro e Paulo”, com os seguintes dizeres: Se você é louco, o médium aqui é mais... Cuidado! Se estiver vindo em nome de Deus, entra que não tem perigo, mas se estiver vindo em nome do Diabo, não se arrisque!...
Ora, afinal, esta gente precisa parar com tanto atrevimento, vindo tirar o nosso sossego dentro de nossa própria casa.

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 7 de abril de 2014.

7.4.14


Golpe Militar de 1964

Vivi, no meu tempo na Terra, tempos difíceis e desafiantes provenientes do golpe militar de 1964 que redundou na ditadura. Foram tempos tenebrosos, mas de muito aprendizado e coragem.
Toda aquela gente estava às cegas. O perigo de implantação do Comunismo no Brasil fez a todos reféns do arbítrio. Os tempos eram outros e o medo de uma ditadura comunista era enorme. Tinha lá a sua razão de ser, mas ditadura por ditadura, nenhuma serve.
O medo de uma ditadura veio a apavorar a tantos outros que viram suprimidos os seus desejos de liberdade plena, de democracia vigorante, de respeito à individualidade.
O que se viu foi a provocação do radicalismo. É sempre assim, violência gera sempre mais violência, conquanto a paz gera sempre a paz.
Por faltar o diálogo soberano, sobrou o autoritarismo febril.
Por faltar a sensibilidade, sobrou a violência servil.
Por faltar o amor, sobrou o ódio bravio.
Nada disso nos serve e deve ser lembrado constantemente para que jamais seja repetido.
Acolhi, muitas vezes, fugitivos da ditadura. Eram irmãos nossos que imaginavam estar defendendo algo melhor do que nos servia. Uns conscientemente, outros, nem sabiam para onde tudo iria.
Uns mais ideologizados, focados num projeto de futuro distorcido. Outros, apenas, marionetes de outras ditaduras.
Neste contexto, fui tachado, igualmente, de comunista. Ora, pensar na eliminação da pobreza, no direito as liberdades, agir com coerência e sem medo, me levou a uma rotulação barata e inconsequente.
Jesus não nos ensinou a suprimir o direito do próximo, mas a respeitá-lo e ampliá-lo cada vez mais. Como imaginar que uma ditadura comunista iria respeitar este direito sagrado?
Jesus nos ensinou a nos aproximarmos de Deus Pai e pergunto: como conciliar o ateísmo materialista com a crença na divindade?
Como conciliar tantas incoerências com um padre que só dizia isso, o tempo todo, mas não importava, não era ouvido, eles ouviam o que queriam ouvir e ponto final. Era a loucura total, de um lado e de outro.
Tudo isso acabou um dia e tinha que acabar. A insanidade foi-se embora, bateu-se em retirada, e novamente veio reinar a paz social com o direito as liberdades. Pode ser que estejamos ainda distantes do ideal, mas é preferível buscar a perfeição das relações no diálogo e tentativa com erros do que alguém nos impor a sua vontade deliberadamente e nada podermos fazer por causa da força descomunal do autoritarismo.
Vejo do lado de cá da vida muitos arrependidos. Olham para trás e se questionam: “que causa eu defendi?”
Tudo isso nos serve de lição para não repetir mais. Então é necessário, imprescindível até, que se divulgue, mais e mais, o que foi aquele período macabro para que esteja sempre em nossa memória e tomemos medidas cautelares contra o abuso, venha de onde vier.
Viva a liberdade!
Viva o respeito ao ser humano!
Viva a paz!
Helder Camara