REFLEXÕES EM TORNO DA LEI DE CAUSA E
EFEITO
Amigos vários nos têm escrito solicitando que teçamos algumas
considerações em torno da Lei de Causa e Efeito, e isto porque, segundo alegam,
não entendem a ação de espíritos que, em desencarnando, continuam vinculados ao
mal, agindo em desfavor da Humanidade.
- Não estariam eles, após a morte do
corpo, colhendo o que semearam?! – indagam com certa incompreensão, na
expectativa de que todos, assim que deixam o corpo, venham a sofrer a
consequência imediata dos desmandos praticados.
A questão dessa aparente
impunidade pós-morte, evidentemente, ainda se prende às nossas antigas
concepções religiosas de Céu, Inferno e Purgatório, que determinariam o destino
dos espíritos mal tivessem eles fechado os olhos para o cenário da Vida
Física.
Porém, não acontece exatamente assim conforme, durante séculos e
séculos, devido a informações equivocadas, os homens se habituaram a crer.
No
livro “E a Vida Continua...”, de André Luiz, psicografado, em 1968, por Chico
Xavier, Evelina Serpa, um dos personagens da obra, de formação católica,
conversando com o Irmão Cláudio, endereça a ele a seguinte pergunta: - Então,
morrer?!... qual a novidade em torno disso? qual o maior interesse em nos
reconhecermos redivivos? Sem rodeios, o mencionado Instrutor lhe respondeu: - As
incógnitas da vida exterior, com os desafios delas resultantes, são as mesmas;
entretanto, se a criatura aspira efetivamente a realizar uma tomada de contas
encontra neste novo mundo surpresas, muitos fascinantes, no estudo e
redescoberta de si mesma. Somos, cada um de nós, um astro de inteligência a
perquirir... e a aperfeiçoar por nós próprios.
O que se pode depreender do
texto acima?!
Por mais que isto nos possa surpreender, ou melhor, surpreender
os nossos irmãos encarnados, algumas deduções interessantes podem dele ser
extraídas. Senão vejamos:
1 – De fato, após a desencarnação, nem todos os
espíritos experimentam de imediato as consequências da Lei de Causa e
Efeito.
2 – Sendo assim, em deixando o corpo carnal, não poucos são aqueles
que continuam com a ideia fixa no mal que se lhes cristalizou na mente.
3 –
Delinquentes desencarnados podem, não raro, no agravamento de seus débitos,
prosseguir delinquindo por tempo indeterminado – inclusive, podem desencarnar e
tornar a reencarnar na condição de delinquentes...
4 – Para que a criatura,
efetivamente, possa, diante do tribunal da própria consciência, realizar uma
“tomada de contas”, é indispensável que ela aspire, ou, ainda que timidamente,
deseje que isto venha a suceder.
5 – A condição espiritual que induz qualquer
infrator da Lei Divina ao remorso, já representa, para ele, uma “luz no fim do
túnel”...
6 - A Lei, evidentemente, em benefício de seu próprio infrator,
possui mecanismos de constrangimento, que, não obstante, nunca agem de maneira a
lhe anular o livre arbítrio por completo... Isto foi elucidado por Allan Kardec
nas páginas de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo 5, parágrafo 8: “As
tribulações podem ser impostas a espíritos endurecidos, ou extremamente
ignorantes, para levá-los a fazer uma escolha com conhecimento de causa.”
(destaquei)
7 – Nenhuma infração cometida contra a Lei ficará sem justa
reparação, mas para esta reparação a vontade do espírito infrator deve
concorrer, pois, caso contrário, a mudança lhe haveria de ser uma imposição – e,
tendo sido criado livre, o espírito não é obrigado à prática do bem ou do mal.
Claro que, à pequena lista de deduções apresentadas acima, outras poderão
ser acrescentadas pelos irmãos e irmãs que convidamos a refletirem conosco sobre
a transcendente questão em pauta.
Resumindo: mais cedo ou tarde, todos
haveremos de colher o que plantamos, mas como, onde e quando tal se verificará
não é da competência da vontade dos que não estejam envolvidos no processo,
porque diz respeito apenas à ação da Lei e a consciência de cada
um.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 28 de abril de 2014.
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