29.4.14


REFLEXÕES EM TORNO DA LEI DE CAUSA E EFEITO

Amigos vários nos têm escrito solicitando que teçamos algumas considerações em torno da Lei de Causa e Efeito, e isto porque, segundo alegam, não entendem a ação de espíritos que, em desencarnando, continuam vinculados ao mal, agindo em desfavor da Humanidade.
- Não estariam eles, após a morte do corpo, colhendo o que semearam?! – indagam com certa incompreensão, na expectativa de que todos, assim que deixam o corpo, venham a sofrer a consequência imediata dos desmandos praticados.
A questão dessa aparente impunidade pós-morte, evidentemente, ainda se prende às nossas antigas concepções religiosas de Céu, Inferno e Purgatório, que determinariam o destino dos espíritos mal tivessem eles fechado os olhos para o cenário da Vida Física.
Porém, não acontece exatamente assim conforme, durante séculos e séculos, devido a informações equivocadas, os homens se habituaram a crer.
No livro “E a Vida Continua...”, de André Luiz, psicografado, em 1968, por Chico Xavier, Evelina Serpa, um dos personagens da obra, de formação católica, conversando com o Irmão Cláudio, endereça a ele a seguinte pergunta: - Então, morrer?!... qual a novidade em torno disso? qual o maior interesse em nos reconhecermos redivivos? Sem rodeios, o mencionado Instrutor lhe respondeu: - As incógnitas da vida exterior, com os desafios delas resultantes, são as mesmas; entretanto, se a criatura aspira efetivamente a realizar uma tomada de contas encontra neste novo mundo surpresas, muitos fascinantes, no estudo e redescoberta de si mesma. Somos, cada um de nós, um astro de inteligência a perquirir... e a aperfeiçoar por nós próprios.
O que se pode depreender do texto acima?!
Por mais que isto nos possa surpreender, ou melhor, surpreender os nossos irmãos encarnados, algumas deduções interessantes podem dele ser extraídas. Senão vejamos:
1 – De fato, após a desencarnação, nem todos os espíritos experimentam de imediato as consequências da Lei de Causa e Efeito.
2 – Sendo assim, em deixando o corpo carnal, não poucos são aqueles que continuam com a ideia fixa no mal que se lhes cristalizou na mente.
3 – Delinquentes desencarnados podem, não raro, no agravamento de seus débitos, prosseguir delinquindo por tempo indeterminado – inclusive, podem desencarnar e tornar a reencarnar na condição de delinquentes...
4 – Para que a criatura, efetivamente, possa, diante do tribunal da própria consciência, realizar uma “tomada de contas”, é indispensável que ela aspire, ou, ainda que timidamente, deseje que isto venha a suceder.
5 – A condição espiritual que induz qualquer infrator da Lei Divina ao remorso, já representa, para ele, uma “luz no fim do túnel”...
6 - A Lei, evidentemente, em benefício de seu próprio infrator, possui mecanismos de constrangimento, que, não obstante, nunca agem de maneira a lhe anular o livre arbítrio por completo... Isto foi elucidado por Allan Kardec nas páginas de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo 5, parágrafo 8: “As tribulações podem ser impostas a espíritos endurecidos, ou extremamente ignorantes, para levá-los a fazer uma escolha com conhecimento de causa.” (destaquei)
7 – Nenhuma infração cometida contra a Lei ficará sem justa reparação, mas para esta reparação a vontade do espírito infrator deve concorrer, pois, caso contrário, a mudança lhe haveria de ser uma imposição – e, tendo sido criado livre, o espírito não é obrigado à prática do bem ou do mal. 
Claro que, à pequena lista de deduções apresentadas acima, outras poderão ser acrescentadas pelos irmãos e irmãs que convidamos a refletirem conosco sobre a transcendente questão em pauta.
Resumindo: mais cedo ou tarde, todos haveremos de colher o que plantamos, mas como, onde e quando tal se verificará não é da competência da vontade dos que não estejam envolvidos no processo, porque diz respeito apenas à ação da Lei e a consciência de cada um.

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 28 de abril de 2014.

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