SOBRE O LIVRO “CARTA DE UMA MORTA”, DE MARIA JOÃO
DE DEUS, E O PROJETO CHICO XAVIER
O livro “Cartas de Uma Morta”, de Maria
João de Deus, contém, por assim dizer, o projeto que a Espiritualidade Superior
haveria de colocar em prática através da mediunidade de Chico Xavier.
Ele foi
psicografado em 1935, logo após “Parnaso de Além-Túmulo”, publicado pela FEB em
1932, que foi o primeiro título dos hoje quase quinhentos devidos ao trabalho do
médium ao longo de 75 anos – de 1927 a 2002, quando desencarnou no dia 30 de
junho!
“Cartas de Uma Morta”, não obstante, é fruto das experiências
pós-morte de Maria João de Deus, que desencarnou em 1915, quando se encontrava
deflagrado o confronto da Primeira Guerra Mundial. Este esclarecimento pode ser
colhido no capítulo 98 da referida obra, intitulado “Um Adeus”: “Minhas páginas
refletem justamente o panorama dos planos da erraticidade no desenrolar da
última catástrofe mundial, que enlutou milhares de corações, quando se verificou
o meu afastamento da vida material”.
A genitora de Chico Xavier, que, à
época, contava apenas 25 de idade, dá a entender, no capítulo 95 do referido
volume, que, então, Emmanuel, Espírito Protetor do médium, reunira no Espaço
verdadeira assembleia de servidores desencarnados, exortando-os à promissora
tarefa que, em nome do Cristo, seria levada avante. Vejamos a descrição que a
autora faz do espírito que, provindo das Esferas Mais Altas, se materializa a
fim de lhes dirigir a palavra: “Uma túnica delicada e leve, à maneira romana,
caía-lhe dos ombros, mas o que sobremaneira nos encantava era o extraordinário
poder atrativo que se irradiava de toda a sua personalidade”.
No capítulo
seguinte, o de número 96, Maria João de Deus transcreve, em síntese, o que “um
dos mais lúcidos mensageiros do Senhor”, diz àquela assembleia, que Chico, mais
tarde, denominaria de “Irmãos do Arco-Íris”: “Cabe-nos operar o movimento
grandioso de restauração das crenças puras. Voltemo-nos para o solo ingrato
daquele mundo de experiências e provas, onde o pão, que nutre o corpo, se
mistura com os prantos amargosos das almas”.
Notemos que o projeto Chico
Xavier – chamemo-lo assim – estava apenas começando, mas sob a inteira confiança
do Mundo Espiritual Superior – somente duas obras haviam sido produzidas, porém,
a visão de Dona Carmem Perácio, a respeito da “chuva de livros”, haveria de se
concretizar.
Conclamados por Emmanuel, espírito pertencente à Falange do
Espírito da Verdade, aquelas entidades reunidas numa determinada região do
Espaço – certamente nas proximidades de Pedro Leopoldo –, assumiram o
compromisso que, há dois mil anos, diante da figura do Cristo Redivivo, os 500
da Galileia igualmente assumiram na divulgação da Boa Nova...
“Desde esse
instante – escreveu Maria João de Deus - integramos às fileiras dos que pugnam
pelo aparecimento de uma nova era para a Humanidade e, laborando ao lado de
todos quantos se experimentam sob o aguilhão da carne, esclarecendo-os e
confortando-os, de forma indireta, sem que sintam de maneira tangível a
influencia de nossa ação, nós queremos dizer a todos os homens como nos foi
dito, naquele inenarrável momento:
- Sigamos a Jesus!... Ele é o Caminho, a
Verdade e a Vida!...”
Nos parágrafos finais da mensagem que, particularmente,
a genitora dirige ao médium, no capítulo 98, as suas palavras soam proféticas,
em torno das lutas que, a existência inteira, ele haveria de enfrentar no
cumprimento do dever: “Exerce o teu ministério, confiando na Providência
Divina.”
Seja a tua mediunidade como harpa melodiosa; porém, no dia em que
receberes os favores do mundo como se estivesses vendendo os seus acordes, ela
se enferrujará para sempre. O dinheiro e o interesse seriam azinhavres nas suas
cordas.
Sê pobre, pensando n’Aquele que não tinha uma pedra onde repousar a
cabeça dolorida e, quando à vaidade, não guardes a sua peçonha no coração. Na
sua taça envenenada muito têm perdido a existência feliz no Plano Espiritual
como se estivessem embriagados com um vinho sinistro.”
Portanto, de uma
leitura atenta de “Cartas de Uma Morta”, o que se depreende é que o projeto
Chico Xavier, que, nos primeiros anos da década de 30 apenas se desenhava,
realmente transcende a análise daqueles que, por examinaram superficialmente o
assunto, se mostram incapazes de compreendê-lo em sua grande
transcendência.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 30 de março de
2014.
Livro Cartas de uma Morta
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