31.5.16

A PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA VINHA

Para se compreender a Justiça Divina, o estudo da Parábola dos Trabalhadores da Vinha é imprescindível.
Rapidamente, meditemos nela.
O “dono de casa” “saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha”.
Com os primeiros trabalhadores, “ajustou a um denário por dia”.
“Saindo pela terceira hora” (9 da manhã), contratou para o mesmo trabalho alguns desocupados na praça.
“Tendo saído outra vez perto da hora sexta (12 horas) e da nona (3 da tarde), procedeu da mesma forma.” – ajustou trabalhadores para a sua vinha.
Finalmente, na hora undécima (5 horas da tarde, quase ao anoitecer), “encontrou outros que estavam desocupados e perguntou-lhes: Por que estivestes aqui desocupados o dia todo? Responderam-lhe: Porque ninguém nos contratou. Então lhe disse ele: Ide também vós para a vinha.”
A hora do acerto com os trabalhadores é de suma importância para que melhor possamos ajuizar em torno da Justiça Divina.
A todos eles, o senhor da vinha, chamando o administrador, mandou que se pagasse um denário, “começando pelos últimos, indo até os primeiros.”
Claro que os primeiros, os que foram contratados logo ao romper do dia, reclamaram, “dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora; contudo os igualaste a nós que suportamos a fadiga e o calor do dia.”
De fato, existe aí uma aparente injustiça, pois que, quantitativamente, os da undécima hora trabalharam muito menos que os demais.
Porém, a resposta do proprietário da vinha, que, na Parábola, simboliza o Criador, que se expressa através de Suas leis, nos induz a profundas reflexões:
- “Amigo, não te faço injustiça; não combinaste comigo um denário? Toma o que é teu, e vai-te; pois quero dar a este último, tanto quanto a ti.”
Vejamos que os trabalhadores estavam querendo interferir no senso de justiça do patrão (em relação a Deus, é o que sempre acontece com o homem) – estavam, noutras palavras, querendo dizer ao patrão o que fazer com o que era seu!...
- “Porventura não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom?”
Devido a sua não compreensão da Justiça Divina é que o homem coloca em dúvida a existência do Criador.
Para que o homem aceite a existência de Deus, ele necessita se exercitar na compreensão de Sua justiça, que, evidentemente, não se mede pela nossa visão estreita das coisas.
A interpretação imediatista dos acontecimentos é causa de cepticismo.
O Dono da Vinha não fora injusto com ninguém – ele combinara com os que, de livre e espontânea vontade, aceitaram a Sua proposta de salário. E, depois, não significa que quem começa a trabalhar antes, trabalhe mais, ou seja, melhor trabalhador que quem começa por último.
Em “Nosso Lar”, segundo André Luiz, o “bônus hora” corresponde ao número de horas trabalhadas e, também, à qualidade do trabalho prestado – e, ainda, à importância dele.
Nem sempre quem trabalha mais, trabalha melhor.
Encerrando a Parábola, que, claro, comporta interpretações de mais ampla transcendência, o Senhor proclama:
- “Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos [porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos].”
Perante as Leis da Evolução, os últimos, ou seja, os que começaram por derradeiro poderão, pelo seu esforço, igualar-se, aos que começaram primeiro.
A Parábola dos Trabalhadores da Vinha, dita, de viva voz, aos judeus, os advertia por se acomodarem na condição de “povo escolhido”, e, previamente, “assalariado”.
Cremos, sinceramente, que o mesmo possa se aplicar aos espíritas, que se consideram “trabalhadores da última hora” – somente porque estejamos sendo chamados na “undécima” hora, não significa que venhamos a sermos “escolhidos” – tanto quanto aos demais trabalhadores da vinha, estamos apenas garantindo o nosso denário!...
A porção de água do rio que chega ao mar por último não se torna menos salgada do que a porção que chegou primeiro, e vice-versa.
O grande problema do homem é questionar a Justiça Divina e, por concluir pela sua aparente contradição, desistir de compreendê-la.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 30 de maio de 2016.

30.5.16

Trabalhar para Jesus

Uma vez, num tempo não muito distante, tive a oportunidade de conhecer uma senhora bem humilde. Ao entrar em contato com ela, vi que estava diante de um espírito nobre. Apesar do sofrimento expresso em suas faces, notadamente de uma vida difícil, ela apresentava calma e paz, resignação e determinação.
Criara vários filhos com uma aposentadoria de seu velho esposo e com as costuras de roupa que fazia para fora. Ás vezes,  pegava também uma trouxa de roupa para lavar. Trabalho ela não rejeitava para cuidar de seus três filhos.
O tempo passou e essa senhora estava no limbo de seus anos na terra. Estava perto de voltar para o mundo espiritual. Fiz esta visita, em nome da Arquidiocese, a uma comunidade carente, foi quando a encontrei.
Ela me disse sorrindo quando me viu:
- Dom Hélder, me dê a sua benção!
Olhei para ela e meu coração se estarreceu. Ora, seria eu que deveria pedir-lhe a bênção e não contrário como ela fazia. Mesmo assim dei-lhe a bênção em nome de Jesus e despedi-me com o coração tranquilo.
Dias depois soube da sua morte e lembrei-me dela com carinho. Algum tempo depois, morri. Ao chegar por aqui, depois de restabelecido da saúde, quem eu encontro? A minha querida Maria das Dores – este era o seu nome.
Mais rejuvenescida, Maria sorria incansavelmente. Era uma pessoa feliz, feliz com a vida. Aquela época passou e ela agora trabalhava num albergue que recolhia pessoas, ou espíritos como queiram, que não sabiam onde estavam e andavam por aí perambulando na vida espiritual. Um grande trabalho.
Agora foi a minha vez de festejá-la:
- Maria que bom te encontrar, mulher de Deus, como você está?
- Bem, Dom Hélder, muito bem. Minha vida aqui é muito boa. Faço o que gosto, conheço muita gente interessante e estou no trabalho com Jesus.
- Conte-me um pouco mais da sua experiência lá na terra.
- Dom Hélder, eu fiquei viúva muito cedo. Meu marido era trabalhador de lenha. Cortava lenha para as padarias e no período de São João para construir as fogueiras. Morreu e me deixou uma pensãozinha. Foi o que ajudou, pois os três meninos pequenos precisa de comida todo dia. Minha vida foi, portanto, em ajudá-los a criar, não tinha outra preocupação. Felizmente, todos se deram bem na vida. Trabalham e têm os seus filhos criados e eu estou aqui feliz da vida.
- Que honra poder novamente reencontrá-la. Sabe que naquele dia senti uma paz interior muito grande?
- Que bom, Dom. Eu também. Eu pressentia que estava indo embora. Quando o senhor apareceu lá na comunidade era como se fosse um aviso que estava na hora da minha partida. Me consolei e depois acordei num dia por aqui.
- Que bom que você está bem e os planos para a vida?
- Agora o que eu quero mesmo é trabalhar com Jesus. Foi ele que me fortaleceu lá embaixo e será ele certamente que me fortalecerá aqui em cima. Estou com ele, Dom.
Vi que era mesmo. Aquelas faces sugadas pelo tempo, agora sem tantas rugas e mais revitalizava sorria de imensa alegria. Desejava simplesmente trabalhar para Jesus, isso lhe bastava.
Eu também estou por aqui nestes poucos anos de retorno nesta caminhada que se desenha infinita e pedir a todos vocês que permaneçam a trabalhar na seara que o Senhor vos confiou. Na família que estiver inserido, no trabalho que lhe conferiu, na igreja que pertence, enfim, nas oportunidades que te foram abertas.
Trabalhar para Jesus é presente que não se rejeita e que se deve receber de coração aberto e sorriso nos lábios, como sempre fez a minha querida Maria que transformou dores em lições de amor e carinho.
Paz,

Helder Câmara – Blog Novas Utopias

29.5.16

Coragem para o Autoenfrentamento



A tarefa que nos incumbe os desígnios mais altos da evolução é que tenhamos a coragem do enfrentamento interior. Seria presunçoso da nossa parte, simplesmente por ter sido conhecido em épocas passadas, achar-me o maioral no mundo dos espíritos. Minha condição terrena era uma, é verdade, mas a minha condição atual, apesar dos avanços que tive, não chega jamais a ser comparada a um espírito de alta estirpe moral. Quando muito, um tarefeiro humilde de Jesus.
Esta condição é importante que seja dita porque aqueles que me veem nestas linhas podem achar que sou um espírito evoluído, de grande porte moral. Não sou. Obviamente, tenho as minhas qualidades, mas elas estão muito distantes daquilo que poderia se considerar de espírito evoluído.
Sou um pesquisador das coisas morais e tento, quanto posso, internalizá-las no meu íntimo. É um processo de coragem porque temos um grande inimigo a combater: nós mesmos.
Somos nós, invariavelmente, que impedimos a nossa própria evolução moral. Nossa coragem reside em podermos olharmo-nos frente a frente e disputarmos conosco mesmo a prevalência do bem em nós.
Esta luta íntima, meus caros, requer coragem porque teimamos costumeiramente em lidarmos com aquilo que nos apraz, isto é, aquilo que nos promove prazer e conforto interior. Desta forma, é melhor para nós preservarmos o que gostamos no deleite de nossos pensamentos e desejos e não ter que ser outra pessoa que, por enquanto, no máximo, apenas desejamos idealmente.
Vejo grandes figuras do passado por aqui. Todas elas, sem exceção, são batalhadores da melhoria íntima. Isto porque não residimos nos paramos existenciais. Moramos ainda em níveis próximos de vocês, estamos distantes dos cumes espirituais.
São figuras honrosas, intelectualizadas, abalizadas no saber, no entanto, como eu, guardam ainda grandes imperfeições a serem aprimoradas. Coragem, meus caros, é reconhecer-se numa condição ainda ínfima do ponto de vista moral e achar-se capaz de avançar um pouco mais.
São lutas diárias, permanentes. Embates, às vezes, enloquecedor, porque bate-nos a porta das nossas fibras morais que tanto reluzemos como benéficas, mas que, no fundo, não passam de exposições eloquentes do próprio ego.
Somos, portanto, ainda pertencedor de inúmeras imperfeições como o orgulho, o egoísmo, e tantas outras formas de mostrar-nos pequenos aos olhos do Senhor Jesus.
Onde milito, embora haja grande amplitude de crença filosófica e religiosa, temos uma preferência em especial pela figura de Jesus de Nazaré. Ele representa para nós um símbolo de perfeição a ser perseguido. Seus ensinos morais agregado a uma prática correta do proceder revela-se ele para nós como um verdadeiro mestre da conduta moral.
É assim que somos, meus caros, como um de vocês no lado de cá da vida tão somente.
Não nos honre com qualidades que ainda não as possuímos.
Não nos adorne com poder que ainda não temos.
Não nos presenteie com pensamentos que ainda não conseguimos produzir.
Em todo caso, vai este nosso depoimento que deve ajudar a ajuizar nas mentes e nos corações a vontade de ser melhor.
Coragem – é o que vos digo.
Determinação – é o que vos peço.
Amor – é o que vos desejo.
Do coração,
Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal

28.5.16

AO CAIR DA NOITE

Não te esqueças em plena robustez
Do corpo que te acolhe a alma cativa,
Que sobre a juventude tão altiva,
O tempo há de passar com rapidez...

Que sobre o dia claro que se fez,
Na existência terrestre que se esquiva,
Há de cair a noite decisiva
A envolvê-la em penumbras outra vez...

A taça do prazer sorvendo em vão,
Carregando vazio o coração,
Hás de partir em busca de outras plagas...

Porém, sem lume que te aponte o norte,
Tatearás a Vida, além da morte,
Sem saber o caminho em que pervagas!...

Eurícledes Formiga

(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã do dia 21 de maio de 2016, em Uberaba – MG).

27.5.16

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

    I. O QUE É CARIDADE?
     Caridade é a expressão do amor pelo próximo.
     "Faço o que quero" é a filosofia de quem ainda é materialista e egoísta.
     Nela, não há qualquer respeito pelo semelhante.
     "Não faço aos outros o que não quero que façam a mim" é a filosofia da pessoa comum, de mediana evolução espiritual. Nela, já há respeito pelos semelhantes, certo senso de justiça.
     "Faço aos outros o que quero que façam a mim" é a filosofia da pessoa caridosa. Nela, há não só respeito para com os semelhantes mas também uma benévola disposição íntima em favor deles, que leva a servi-ls em puro sentimento de solidariedade.

    II. SUAS CARACTERÍSTICAS
     Diz o apóstolo Paulo, na I Epístola aos Coríntios (cap. 13 vs. 4 a 7) que a caridade é:
     - paciente: persevera tranqüilamente na disposição de ajudar;
     - benigna: benfazeja, só faz o que é bom;
     - não é invejosa: quer o bem para o seu semelhante, portanto não inveja o que ele esteja conseguindo, realizando ou recebendo de bom;
     - não se ufana: não se vangloria de si mesma ou do bem que faz ("Não saiba a sua mão esquerda o que faz a sua mão direita");
     - não se ensoberbece: não se coloca acima do seu semelhante, não se julga melhor nem com mais direitos do que as outras criaturas;
     - não se porta inconvenientemente: não age de modo precipitado, temerário, nem indecoroso;
     - não busca o seu interesse: o que faz é pensando unicamente em beneficiar o próximo;
     - não se irrita: não se altera por coisa alguma (incompreensão, maledicência, ingratidão, indiferença), nem perde o gosto de praticar o bem;
     - não se alegra com a injustiça: enquanto houver injustiça não pode haver verdadeira paz e felicidade para ninguém;
     - não suspeita mal: não atribui maldade ao próximo não pensa mal dos outros nem fala mal de ninguém;
     - mas rejubila-se com a verdade: porque esta é a pedra de toque de todas as realizações e o bem básico para todas as criaturas  ("Seja o vosso falar sim, sim, não, não");
     - tudo sofre: recebe o mal sem revidá-lo, desculpa sempre ("Pai, perdoa-­lhes, porque eles não sabem o que fazem");
     - tudo crê: confia em Deus e também nas pessoas, pois são criação divina (Jesus a Judas, no horto: "Amigo, a que vens?");
     - tudo espera: porque na lei divina o bem sempre terá natural retribuição e mesmo o mal, se bem enfrentado e suportado, resultará num bem;
     - tudo suporta: agüenta dificuldades e dores, aceita encargos e responsabilidades, mantém serviços e tarefas. ("Aquele que perseverar até o fim será salvo".)

    III. NECESSIDADE DA CARIDADE
     É por desígnio divino que vivemos em sociedade, porque, assim, nossas qualidades se complementam umas às outras e podemos nos auxiliar mutuamente.
     Sem a caridade, porém, o egoísmo impera, ninguém respeita nem ajuda a ninguém, tornando o viver mais difícil, doloroso e triste.
     Somente praticando a caridade (sendo fraternos e estando dispostos a nos ajudarmos mutuamente) chegaremos a nos realizar inteiramente, tanto por desenvolver as virtudes e qualidades que trazemos em potencial, como por alcançarmos um relacionamento bom e profundo com nossos semelhantes. E, também, conseguiremos construir um mundo melhor, mais solidário e feliz.
     A caridade é a negação absoluta do orgulho e do egoísmo, justamente os maiores obstáculos ao progresso moral, nosso e da sociedade.
     Por isso, dizia ainda o apóstolo Paulo (I Cor. 13 vs. 1-3):
     "Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que tine.
     "Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que possua a fé em plenitude, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou.
     "Ainda que distribua todos os meus bens em esmolas e entregue o meu corpo a fim de ser queimado, se não tiver caridade, nada me aproveita."
     Jesus ensinou que devemos "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Mas ninguém ama a Deus sem amar o seu próximo (que é obra do próprio Deus). "Se alguém diz que ama a Deus e não ama ao seu próximo é um mentiroso, pois se não ama ao próximo, a quem vê, como pode amar a quem não vê?" (Jo. 4:20.)
     O apóstolo Paulo concluiu seus comentários sobre a caridade, dizendo:
     "Agora, pois, permanecem estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade; porém a maior delas é a caridade".
     O Espiritismo, concordando com os ensinos evangélicos, adota por lema: "Fora da caridade não há salvação".

    IV. COMO PRATICAR A CARIDADE?
     Pensar no semelhante, procurar propiciar o que ele precisa ou o que possa contentá-lo legitimamente.
     Caridade material
     É a que se faz com coisas materiais.
     Dar do supérfluo que se tem, daquilo que nos sobra, é apenas dever.
     Dar, visando algum interesse, não é a caridade, é barganha, é troca.
     Quando se quer mesmo ajudar ou contentar alguém em sentimento caridoso, damos até o que não é supérfluo para nós, do que nos é necessário e até do que nos faz falta. Ex.: a esmola da viúva pobre. (Mc. 12 v 42-44.)
     A fim de que a caridade material não seja humilhante para quem dela precisa, juntar ao que se dá palavras gentis, um sorriso, uma vibração de amor.
     Se possível, fazer que a pessoa se sinta produzindo algo em troca ou, de alguma maneira, ajudando a nós ou a outros, para preservar assim sua dignidade pessoal.
     Caridade moral
     Todos podem praticá-la, pois todos podem dar de si mesmos, de seu tempo, de seu trabalho, de seu conhecimento, de sua inteligência ou aptidões, de sua atenção, de sua tolerância, de sua indulgência, de seu perdão, de seu consolo, de seu amparo, simpatia, sorriso, de sua orientação, de seu amor.
     A prática de qualquer virtude em benefício de alguém é caridade.
     É caridade, em alto grau, ajudar alguém a equilibrar-se, desenvolver-se e ser capaz de bastar-se material ou espiritualmente. (Não apenas dar o peixe mas ensinar a pescar.)

Livro consultado:
 De Allan Kardec:

 - "O Evangelho segundo o Espiritismo", cap. XV.

26.5.16

ILUMINAÇÃO I

232 – Em matéria de conhecimento, onde poderemos localizar a maior necessidade do homem?
-Como nos tempos mais recuados das civilizações mortas, temos de reafirmar que a maior necessidade da criatura humana ainda é a do conhecimento de si mesma.
233 –Por que razão o homem da Terra tem sido tão lento na solução do problema do seu conhecimento próprio?
-Isso é explicável. Somente agora, a alma humana poderá ensimesmar-se o bastante para compreender as necessidades e os escaninhos da sua personalidade espiritual.
Antigamente a existência do homem resumia-se na luta com as forças externas, de modo a criar uma lei de harmonia entre ele próprio e a natureza terrestre. Muitos séculos decorreram para enfrentar os perigos comuns. A organização da tribo, da família, das tradições, das experiências coletivas, exigiu muitos séculos de luta e de infortúnios dolorosos. A ciência das relações, o aproveitamento das forças materiais que o rodeavam, não requisitaram menor porção de tempo.
Agora, porém, nas culminâncias da sua evolução física, o homem não necessitará preocupar-se, de modo tão absorvente, com a paisagem que o cerca, razão pela qual todas as energias espirituais se mobilizam, nos tempos modernos, em torno das criaturas, convocando-as ao sagrado conhecimento de si mesmas, dentro dos valores infinitos da vida.


Livro: “O Consolador” – Francisco C. Xavier – Emmanuel – Todos os livros espíritas como este, vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.

25.5.16

PROVA PARA OS PAIS

Questão 347 do Livro dos Espíritos

Quando morre um recém-nascido, desligando os laços e voltando o Espírito para a pátria espiritual, isso, certamente, é uma prova muito forte para os pais, de modo a abalar os corações mais sensíveis o que eles tanto esperavam como fruto do amor, é como uma flor na brevidade do tempo.
Não obstante, pode constituir também prova para o Espírito. Muitos deles certamente se encontram inconscientes, outros não. Existem Espíritos altamente desenvolvidos mentalmente e que não perdem por completo a consciência de si mesmo, assistindo a formação do seu corpo e a morte do mesmo ao nascer.
São dívidas do passado, representando lições para o futuro. A vida nada faz sem proveito. Podemos notar que aqueles que provocam aborto rotineiramente, não poderão, no futuro, ter vidas sucessivas em plena harmonia. Essas criaturas devem passar por muitas provas, cujo teste é nascer e morrer muitas vezes, do modo como fizeram com muitas crianças, para no porvir amarem e respeitarem mais a vida, principalmente as daqueles entes queridos, sem defesas contra a ignorância interesseira.
A Doutrina dos Espíritos vem nos ensinar a todos a respeitarmos a vida, não somente dos homens, mas, de toda a natureza que floresce para a nossa paz. O mandamento "não matarás" nos acorda para tal dever e nos conscientizar de que todas as vidas se encontram no Criador de todas as coisas.
Aqueles que têm um lar devem cuidar dele na maior expressão do amor, realizando o Culto do Evangelho em casa, mesmo que pertençam a outra religião que não seja a espírita; não importa a crença. Em pouco tempo notarão que o ambiente familiar fica mais sereno, mais rico de alegria e de paz. Que procurem sentir na profundidade dos seus sentimentos o amor que começa a despertar em todos os que ali se encontram. É Jesus visitando os corações e dizendo: - "A paz vos dou, não como o mundo a dá, mas aquela paz de Deus, que já se encontra dentro de vós."
As provas dos pais, os problemas dos lares e certos infortúnios da vida, podem ser transformados em alegria, dependendo da nossa decisão, do esforço de cada coração que se reúne em um lar, e esse transformador chama-se Cristo. Por que impedir uma criança de nascer, se a vida pertence ao Criador? Comida, vestes, escola e teto nunca faltaram nem para os reinos abaixo dos homens quanto mais para esses. Confiar deve ser o caminho para todas as criaturas de Deus.
A fé é mesmo motivo de glória para todos nós. Já falamos muitas vezes e tornamos a dizer, que as dificuldades por fora se encontram enraizadas por dentro. Mudemos na intimidade, que tudo fora se mudará, na mesma seqüência. Essa operação interna é difícil, mas, nunca impossível. Se começarmos, mãos invisíveis ajudar-nos-ão.
Jesus transformou a água em vinho de maneira a servir de vários exemplos, ajudando em todas as interpretações que os homens possam aceitar, de modo a se melhorarem moralmente. Não importa as interpretações; importa, sim, se o modo que pensamos vai melhorar alguém na perfeição dos seus sentimentos.
A eternidade nos espera a todos. No "sede perfeitos" a perfeição é a meta de todos os Espíritos, queiramos ou não. Ninguém recua a felicidade, somente quem desconhece esse estado d'alma. Tudo o que ocorre com o Espírito tem utilidade, e é nesse arrocho dos acontecimentos que ele, o Espírito, toma novas feições ante a caridade e o amor.

Livro: Filosofia Espírita – João Nunes Maia – Miramez – Todos os livros espíritas como este, vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.


24.5.16

A IGNORÂNCIA É “GENÉTICA”


- Doutor, dias atrás, conversando, eu não sei se em tom de algum desabafo, o senhor me disse que a ignorância é “genética”...
- Não, eu não o disse apenas em tom de desabafo. A ignorância, com base na lei “semelhante atrai semelhante”, é, de fato, genética, e, em determinados grupos familiares, chega a ser endêmica. (A obsessão, segundo palavras do Codificador na “Revue Spirite”, de janeiro de 1863, escrevendo sobre os possessos de Morzine) pode, igualmente, adquirir caráter epidêmico!)
- Existe uma base doutrinária para o que senhor afirma?...
 - “O Livro dos Espíritos” – Semelhanças Físicas e Morais –, questões 207 a 217. Vejamos, por exemplo, a questão 207-a: - “De onde vêm as semelhanças morais que existem às vezes entre os pais e os filhos?” Resposta: - “São espíritos simpáticos, atraídos pela afinidade de suas inclinações.”
- A ignorância, digamos, sendo uma doença, pode ser contagiosa?...
- Claro. Ela se transmite, assim como o fanatismo, o preconceito, etc. A convivência com determinados espíritos podem nos fazer semelhantes a eles – evidentemente, se não os fizermos semelhantes a nós! Porque a lucidez intelectual também é contagiosa. Os grandes mestres nos ensinam pelo que dizem, mas, principalmente, pelo seu exemplo. A bondade de Chico Xavier, por exemplo, contagiava a muitos.
- Como é que o círculo vicioso de ignorância pode se quebrar em um povo, ou em uma família?...
- Através da dor, ou, então, da reencarnação de espíritos que, de alguma sorte, conseguem lhes incutir novas ideias – pelo menos, levá-los a considerar a possibilidade de sua cegueira espiritual! Admitir a possibilidade da própria ignorância já é um grande progresso – mas é preciso admitir mesmo de fato, e não como quem esteja apenas querendo despertar sentimento de autopiedade nos outros.
- A ignorância é uma cegueira espiritual?...
- É treva pura! Conheço pessoas que argumentam sobre determinadas ideias que possuem com uma propriedade de fazer inveja aos doutores da lógica... Foi a respeito deles que disse Jesus: “... caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!”
- Quer dizer que a luz que muita gente imagina possuir?...
- É treva sem tamanho! E quase sempre é assim. Raro – muito raro – o espírito que se mantém de mente aberta, disposto a assimilar novos conhecimentos, ou, pelo menos, meditar no que ouve, sem, à primeira análise, rejeitar por absurdo ao seu entendimento.
- Talvez, por tal motivo, não seja fácil, não é, Doutor, ao espírito evoluir, porque, quase sempre, renasce no mesmo meio cultural?...
- Realmente. Por esta razão, muitas vezes, por acontecimentos os mais variados, os espíritos são levados a imigrarem, reencarnando no seio de outros povos, de outros grupos familiares, ou mesmo dentro de situações completamente antagônicas àquelas a que estão habituados.
- As desencarnações de filhos e netos que, de repente, se vêm impossibilitados de voltarem à Terra no seio da mesma família?...
- Vão ter que procurar outros pais e avós – com o fito de aprender, ou, quem sabe, de levar aprendizado a grupos que estejam marcando passo nas sendas da Evolução. O espírito, não raro, pode trocar de família, assim como troca de casa. Qual o problema?! A criança tornada adulta não sai de casa à procura do próprio caminho?! Indaga-nos o Senhor: “Quem é minha e quem são meus irmãos?”
- Doutor, mas, literalmente, existe o gene da ignorância?...
- Meu caro, a genética é ditada pelo espírito e, naturalmente, se imprime ao corpo que ele ocupa, inclusive, e principalmente, ao corpo espiritual. O corpo é um arsenal de genes – nele, existem genes para tudo! A falta de sinapses entre os neurônios dificulta o aprendizado. As células da memória são mais ativas em uns cérebros que em outros. Predisposições ao alcoolismo são comuns nos descendentes de alcóolatras. Não é que a ignorância possa ser transmitida “geneticamente”, mas, sim, que geneticamente ela possa ser facilitada em sua manifestação.
INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 22 de maio de 2016.

23.5.16

Acertando o Passo

Silencio-me, Pai, para que Tu possas falar por mim.
Deixo que Tu me digas que caminho devo seguir.
Sou tão pretensioso ao dizer que Tu falas por mim, porque nem sequer direito consigo Te escutar.
Sou, porém, um servo dedicado, desejo acertar o passo.
Quero que Tu me digas, em alto e bom som, o que devo fazer para melhor Te seguir.
Na condição que estou ainda tropeço nos meus próprios passos.
Do jeito que ainda ando, vou demorar demais a me aproximar de Ti.
Sei, contudo, que Tu olhas por mim, que Tu desejas o meu melhor e, por isso, animo o passo.
Quero seguir mais adiante, mas tenho pressa demasiada e sei que o ritmo ideal é ditado por Ti.
Acalma, meu coração, Pai!
Eu sei que queres o meu fortúnio, o meu progresso, a minha paz e isto é que me faz mais confiante.
Todos os obstáculos, todas as mal-querenças, todos os problemas hão de dispersar-se no caminho.
Eu sei que Tu andas comigo onde quer que eu vá e quando pareço sozinho, aí sim, é me abrigas no Teu peito paterno.
Desculpa, Pai, o mau jeito. Sou inquieto, eu sei, e, às vezes, dou-em a fazer coisas que não deveria.
Agora mesmo, nesta súplica, desejo o bem de todos e que se faça logo, porque me causa dor ver meus irmãos em sofrimento.
A quem mora na rua, peço-Te abrigo.
A quem vive a chorar, peço-Te alívio.
A quem vive a penar, peço-Te esperança.
A quem vive a te blasfemar, peço-Te compreensão.
A quem deseja precipitar-se na vida, peço-Te a luz interior.
A quem deseja ser amado, peço-Te que aprenda a amar.
São tantos os que vagueiam por aí a própria sorte.
São tantos os que não vêem perspectiva na própria vida.
São tantos os questionam o porquê de viver assim.
A todos, eu sei, que Tu ajudas, mesmo que eles não percebam.
Peço humildemente, Pai, que este mundo inicie o logo a sua grande transformação porque desejamos acertar o passo de vez.
Estou Contigo!
Estarei sempre Contigo!
Porque sei, como prometeste através de nosso irmão e Teu filho querido, que estarás conosco até o final dos tempos.
Deus, nos abençoe!

Helder Câmara – Blog Novas Utopias.

22.5.16

Cultura Exploratória

Abriga-se no Brasil a intenção de torná-lo uma potência mundial. Quando se vê a extensão dos seus recursos naturais e a pujança de seu povo este sonho pode ser naturalmente acalentado, quando, porém, vislumbramos o que de fato se faz com esta terra é que perdemos quase de todo a nossa esperança.
Instalou-se no Brasil, durante muito tempo e que reina até hoje, uma cultura predominantemente exploratória. O País vive, dia após dia, de assaltos aos seus cofres e as suas riquezas. De norte a sul, de leste a oeste, o povo é saqueado por mãos ávidas por dinheiro e poder. Foi assim no tempo colonial, foi do mesmo jeito nos tempos do império e, naufragadamente, continou a sê-lo nos idos da república.
Esta intenção devorativa dos bens locais deixou sequelas no seu povo que viu subtrair, pouco a pouco, a sua esperança de ser uma nação próspera e feliz por querer ver suas riquezas distribuídas a muita gente. Ao contrário, criou-se demasiadamente uma concentração de renda, onde os poderosos de plantão se alimentavam cada vez mais para si sem fazer a justa distribuição da riqueza que era gerada.
Este foi o procedimento durante a geração da riqueza pela cana-de açúcar e depois na febre do ouro. Outra vez mais com a cultura do café que alimentou os barões de mais e mais poder. O povo, como sempre, ficava de espectador da abastança de uns poucos.
No Brasil atual, infelizmente, não é diferente. A grande maioria de seu povo ainda é pobre e muitos são contados na leva dos miseráveis. As políticas públicas recentes e os movimentos de justiça social deram um quinhão a mais a uma classe que historicamente ficou por fora da distribuição das benesses materiais. Maltratada, esfomeada, morando em casebres, vivendo ao Deus dará.
A realidade crua e cruel é que não soubemos, por puro egoísmo, traduzir em abastança geral o que aqui foi produzido. Uns poucos se acharam donos do País e até hoje esta cultura predomina. O mal maior, aliado a falta de sensibilidade com o bem geral, é que criamos uma corja de salteadores dos bens públicos e isto se tornou uma normalidade, infelizmente.
Em todos os recantos desse imenso País, o povo vive das esmolas oficiais governamentais ou da mendicância informal, diminuindo-se em dignidade como cidadão.
A corrupção, manifestada das mais diversas formas, engole as riquezas geradas para as mãos de uns poucos e ajuda a nutrir o grau de dependência da maioria. Os pobres ficam mais pobres, os ricos ficam mais ricos.
O mal se enraizou de tal forma no nosso tecido social brasileiro que se tornou natural, comum, provinciano. Não há a indignação real, mas apenas formal. Se não fosse como agora uma ação corretiva exemplar pelas vias da justiça todos estes salteadores do bem público continuariam passeando por aí como bons moços e benfeitores do País.
Estamos, ainda, bem distantes da condição ideal. Não é um mal que se vá rapidamente. Se fossem feitos os tribunais de correção em todo o País e em todos os níveis de poder, entraríamos em grande estado de caos porque salvar-se-iam poucos.
Afugentar do País a cultura da corrupção é prioridade moral de um povo que deseja de verdade ser livre e feliz, mas temos que tocar na moral da nação para que isto aconteça.
Temos mais.
Temos que invocar uma justiça implacável e nada benevolente para que cidadão algum se ache estimulado a corromper ou deixar ser corrompido.
Temos que abominar qualquer prática, mínima que seja, de corrupção moral ou material. A lei deve ser imperiosa para que todos se conscientizem que esta prática não é bemvinda.
Se não tocarmos com violência a corrupção da práxis de nosso País continuaremos dando voltas em si mesmo porque o progresso teimará em tardar por falta de coragem para se fazer o certo.
Somos um sonho de república, ainda, mas por que não venhamos a ensinar a nossos meninos, desde cedo, os valores inalienáveis da honestidade e da integridade para que tenhamos uma geração mais correta e intolerável ao furto do alheio?
Juntemo-nos as nossas mãos por um princípio. Não tomemos que isto seja cria de um partido, pois não é. É um mal social dado que os homens, numa parte deles, são enfermos em seus valores e desprezam a sua própria dignidade.
Sejamos altivos no que nos tange e elaboremos um código de conduta verdadeiramente cristão e, portanto, são em seus fundamentos maiores.
Honremos o nosso futuro deste jeito. Aí sim, poderemos almejar ser um País grande, porque justo e honesto seremos.
É assim que se começa a mudar um País.
Abracemos esta causa.

Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um imortal.

21.5.16

OBSESSÃO E TRABALHO

Obsessão das maiores
Que já vi na humana liça,
Da qual pouca gente escapa,
Tem o nome de “preguiça”.
*
Trabalho quando aparece
Trás doença a muita gente,
Mas se ele vai embora
Surge a cura de repente.
*
Foi descoberto, por fim,
Depois de muito chilique,
Que o obsessor de Firmino
Morava num alambique.
*
Gente antiga já dizia,
Sem rodeio e sem sofisma,
Que não há pior doença
Que a tal “doença de cisma”.
*
Quando o obsidiado
Desiste de trabalhar,
O obsessor cruza os braços
E deixa de incomodar.
*
Não existe obsessão
Que resiste à boa guerra
De quem se entrega a capina
De extensa gleba de terra.
*
Por onde Jesus passava,
Em seu plantio de amor,
Treva se fazia em luz,
Espinho virava flor.

Eurícledes Formiga

(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião íntima no Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã do dia 13 de maio de 2016, em Uberaba – MG).

20.5.16

FALATÓRIOS

    "Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade." - Paulo. (II TIMÓTEO, 2:16).
    Poucas expressões da vida social ou doméstica são tão perigosas quanto o falatório desvairado, que oferece vasto lugar aos monstros do crime.
    A atividade religiosa e científica há descoberto numerosos fatores de desequilíbrio no mundo, colaborando eficazmente por extinguir-lhes os focos essenciais.
    Quanto se há trabalhado, louvavelmente, no combate ao álcool e à sífilis?
    Ninguém lhes contesta a influência destruidora. Arruinam coletividades, estragam a saúde, deprimem o caráter.
    Não nos esqueçamos, porém, do falatório maligno que sempre forma, em derredor, imensa família de elementos enfermiços ou aviltantes, à feição de vermes letais que proliferam no silêncio e operam nas sombras.
    Raros meditam nisto.
    Não será, porventura, o verbo desregrado o pai da calúnia, da maledicência, do mexerico, da leviandade, da perturbação?
    Deus criou a palavra, o homem engendrou o falatório.
    A palavra digna infunde consolação e vida. A murmuração perniciosa propicia a morte.
    Quantos inimigos da paz do homem se aproveitam do vozerio insensato, para cumprirem criminosos desejos?
    Se o álcool embriaga os viciosos, aniquilando-lhes as energias, que dizer da língua transviada do bem que destrói vigorosas sementeiras de felicidade e sabedoria, amor e paz? Se há educadores preocupados com a intromissão da sífilis, por que a indiferença alusiva aos desvarios da conversação?
    Em toda parte, a palavra é índice de nossa posição evolutiva. Indispensável aprimorá-la, iluminá-la e enobrecê-la.
    Desprezar as sagradas possibilidades do verbo, quando a mensagem de Jesus já esteja brilhando em torno de nós, constitui ruinoso relaxamento de nossa vida, diante de Deus e da própria consciência.
    Cada frase do discípulo do Evangelho deve ter lugar digno e adequado.
    Falatório é desperdício. E quando assim não seja não passa de escura corrente de venenos psíquicos, ameaçando espíritos valorosos e comunidades inteiras.


Livro: Vinha de Luz – Francisco C Xavier – Emmanuel - Todos os livros espíritas como este, vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.

19.5.16

FALANDO AO TRABALHADOR

    Trabalhador da vida persevera agindo no bem.
    As criaturas na Terra, de certo modo, se parecem com matérias brutas antes de serem trabalhadas.
    Diante do solo que te não pode oferecer argila para a olaria ou leiras para a sementeira, evita a blasfêmia.
    Trabalha a terra, dando-lhe o amor que te escorre abundante e amparando-a com a dádiva da linfa vivificante.
    Ante a montanha não amaldiçoes as pedras.
    Trabalha-as e arrancarás formas preciosas.
    Frente à árvore retorcida não lhe desprezes os galhos.
    Trabalha o lenho, retirando tábuas e mourões que ensejem agasalhos e utilidades.
    Face ao ferro envelhecido e gasto não o injuries.
    Trabalha nele com o auxílio do fogo e aplica-o em vários usos.
    Defrontando o lodo não o insultes.
    Trabalha, drenando-o, e conseguirás aí abençoada seara que se cobrirá, oportunamente, de flores e frutos.
    Há muitos corações, igualmente assim, na estrada dos homens.
    Espíritos difíceis de entender, empedernidos na indiferença, retorcidos pelo ódio, envelhecidos no erro, perdidos na inutilidade, comprazendo-se na ignorância e na crueldade.
    Não reclames nem os desprezes.
    Abre os braços e socorre-os em nome do amor.
    Quando te seja possível trabalha junto a eles e neles, confiante no Divino Trabalhador.
    Possivelmente os resultados não virão logo nem o êxito do trabalho surgirá de imediato.
    Muitas vezes sangrarão tuas mãos na execução da obra e dilacerarás o próprio coração.
    De início a dificuldade, o esforço e a perseverança no trabalho.
    Mais tarde a assistência carinhosa e o zelo cuidadoso.
    Por fim surpreenderás, feliz, a vitória do trabalho paciente, sorrindo como flores na lama, saudando a beleza e a glória da vida em nome de Jesus, o Obreiro da felicidade de nós todos.


Divaldo P Franco - Joanna de Ângelis

18.5.16

ESQUECIMENTO DAS INJÚRIAS

    Minha filha, o esquecimento das injúrias é a perfeição da alma, como perdão das ofensas feitos à vaidade é a perfeição do Espírito. Foi mais fácil a Jesus perdoar os ultrajes de sua Paixão quanto não é fácil, ao último dentre vós, perdoar uma leve zombaria. A grande alma do Salvador habituada à doçura, não concebia nem a amargura nem a vingança; os nossos, obtendo o que é pequeno, esquecem o que é grande. Cada dia os homens imploram o perdão de Deus que desce sobre eles como benfazejo orvalho; mas seus corações esquecem essa palavra, sem cessar repetida na prece. Eu vos digo, em verdade, o fel interior corrompe a alma; e a pedra pesada que a fixa ao solo e retém a sua elevação. Quando sois censurados, reentrai em vós mesmos; examinai vosso pecado interior: aquele que o mundo ignora; medi a sua profundidade, e curai vossa vaidade pelo conhecimento de vossa miséria. Se, mais grave, a ofensa alcança o coração, lamentai o infeliz que a comete, como lamentais o ferido cuja ferida aberta deixa correr o sangue: a piedade é devida àquele que aniquila seu ser futuro. Jesus, no jardim das Oliveiras, conheceu a dor humana, mas ignorou sempre as asperezas do orgulho e as mesquinharias da vaidade; encarnou-se para mostrar aos homens o tipo da beleza moral que deveria lhe servir de modelo: dela não vos afasteis nunca. Modelai vossas almas como a cera mole, e fazei com que vossa argila transformada torne-se um mármore imperecível que Deus, o grande Escultor, possa assinar.

 Lázaro
(Sociedade Espírita de Paris. - Médium senhora Costel)

Livro: Revista Espírita - 1862 - Allan Kardec - Todos os livros espíritas como este, vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.

17.5.16

Questão 346 do Livro dos Espíritos
NOVA ESCOLHA

Pode acontecer que o corpo destinado a um Espírito morra antes que nasça. O viajor não tem certeza absoluta de que passará pelas vias do nascimento sem que nada aconteça ao seu veículo carnal. A viagem de ida e volta se encontra cheia de obstáculos imprescindíveis.
Eis porque Jesus já dizia para vigiarmos e orarmos.
Se o corpo escolhido não resiste à formação, o Espírito escolhe outro, dentro das diretrizes que lhe compete seguir, para ganhar experiências correspondentes ao seu interesse de evoluir. Isso depende muito de qual a alma que vai tomar o corpo, se é um grande missionário da verdade, tem muitos benfeitores espirituais, além dele próprio, que planificam sua volta à Terra e assistem a todos os pormenores da sua vinda, como foi o caso de Francisco de Assis. Mas, um Espírito comum tem poucos direitos no tocante ao nascimento, e podem acontecer muitos acidentes na sua formação, por lhe faltar merecimento, fruto das conquistas espirituais.
No caso do corpo não suportar a vibração da alma destinada a reencarnar, o corpo apresentará certas deficiências, que a medicina oficial chama de defeitos congênitos. A soma dos acontecimentos é lição que o Espíritos recolhe como sendo provas por onde passa.
Para tudo existem respostas, mas, nem todas as respostas correspondem a tudo. No fundo de todos os acontecimentos existem lições valiosas para a alma em caminho. Nós, no mundo espiritual, que já nascemos para Cristo pelos caminhos da verdade, concitamos a todos os companheiros da Terra para um preparo espiritual. Que se acheguem aos grupos que militam em procure da verdade e busquem um entendimento maior, no sentido de não perder tempo, porque é nessa busca que as almas sabem escolher os corpos, vestes essas que lhes dão oportunidades maiores de subir para Deus.
Quem trabalha é digno de seu salário, e o salário da caridade é o amor. Quando pensarmos em alguma coisa, vejamos se os pensamentos estão à altura de ajudar os que nos rodeiam; quando falarmos, verifiquemos a nossa fala, e vejamos se ela tem o poder de ajudar aos que nos ouvem. Essas oportunidades são sementes que passamos a semear. Somos responsáveis por aquilo que sai de nós. Se trabalharmos no preparo permanentemente e, todas as nossas escolhas, na Terra e no mundo espiritual, serão bem orientadas e assistidas na pauta do amor e da verdade.
Quem sabe escolher o bom, já se encontra vivendo o bem. Não podemos dar ambiente para a acídia, porque ela pode se transformar em calamidade para os nossos caminhos, na jornada a percorrer. Procuremos transformar tudo em alegria cristã, para que essa alegria se transmute em amor e o amor passe a iluminar os nossos corações em Cristo.
Como todo o trabalho da caridade, devemos adunar todos os nossos atos no clima de Jesus, porque Jesus é o sol das nossas vidas.


Livro: Filosofia Espírita – Joao Nunes Maia – Miramez – Todos os livros espíritas como este, vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.

16.5.16

TRABALHO IV

231 –Considerando que numerosos agrupamentos espíritas se formam apenas para doutrinação das entidades perturbadas, do plano invisível, quais os mais necessitados de luz: os encarnados ou os desencarnados?
-Tal necessidade é comum a uns e outros. É justo que se preste auxílio fraterno aos seres perturbados e sofredores, das esferas mais próximas da Terra; entretanto, é preciso convir que os Espíritos encarnados carecem de maior porcentagem de iluminação evangélica que os invisíveis, mesmo porque, sem ela, que auxílio poderão prestar ao irmão ignorante e infeliz? A lição do Senhor não nos fala do absurdo de um cego a conduzir outros cegos?
Por essa razão é que toda reunião de estudos sinceros, dentro da Doutrina, é um elemento precioso para estabelecer o roteiro espiritual a quantos deseje o bom caminho.
A missão da luz é revelar com verdade serena. O coração iluminado não necessita de muitos recursos da palavra, porque na oficina da fraternidade bastará o seu sentimento esclarecido no Evangelho. A grande maravilha do amor é o seu profundo e divino contágio. Por esse motivo, o Espírito encarnado, para regenerar os seus irmãos da sombra, necessita iluminar-se primeiro.

Livro: “O Consolador” - Francisco C. Xavier – Emmanuel - Os livros espíritas como este, vendidos em nossa loja, terão o lucro repassado à Casa Espírita de Oração Amor e Luz de Limeira.

15.5.16

CONVERSA DE OBSESSORES

Em torno de determinado companheiro de ideal espírita-cristã, tivemos oportunidade de registrar o diálogo que era entabulado por dois espíritos obsessores que tencionavam anulá-lo para o trabalho, que, há tempos, ele vinha desenvolvido em prol da Mensagem Espírita. E apenas com o propósito de fraterna advertência resolvemos reproduzi-la aqui, porque pode ser que o caso dele seja semelhante ao seu, ou, quem sabe, seja o seu mesmo.

- O que faremos?! – perguntou o primeiro ao segundo que lhe escutava atento, examinando a grave situação. – Ele parece resistente a todas nossas investidas?!...
- Sim, de fato – respondeu o parceiro das trevas. – Os nossos recursos para desanimá-lo estão se esgotando, ao ponto, confesso, de eu mesmo, estar quase desistindo...
- Não, não podemos! Carecemos de experimentar novos métodos, porque, afinal, não há quem não se mostre vulnerável em algum ponto de sua teimosia...
- Acontece, porém, que já tentamos quase tudo: dinheiro, lisonja, convites ao prazer... Ele parece obcecado pela ideia de trabalhar! Se, pelo menos, fosse menos disciplinado...,
- Maldito Chico Xavier! Aquele homem incutiu a ideia de trabalho exaustivo na cabeça de muita gente – na boca dele, a palavra “trabalho” era como se fosse mel!...
- Estando muito doente e sendo acossado pelos piores perseguidores espirituais, perto dos quais ambos não passamos de fichinhas, ele não desistia de trabalhar...
- É verdade! Eu soube que alguns ferrenhos perseguidores espirituais dele acabaram se convertendo pela força de seu exemplo e bondade... Embora de pé, ele vivia de joelhos, implorando misericórdia...
- Alguns, meu caro, foram exauridos por ele em décadas de resistência – não houve método que funcionasse contra! Praticamente tudo foi tentado, inclusive ingratidão de amigos que lhe eram mais próximos – os nossos pares chegavam aos amigos, mas não chegavam nele...
- Não, mas se tantos outros já caíram, porque este não pode cair?! Não vamos desistir, não! Reencarnar, eu não vou, eu não quero e não tem que me convença a voltar ao corpo para sofrer...
- Sim, mas nós dois também já estamos ficando “velhos” – a morte é algo de que nem aqui, deste Outro Lado, haveremos de escapar... Eu já não lhe observo no mesmo vigor de outrora! Você mesmo já foi muito mais determinado...
- Vamos continuar lhe enxovalhando o nome...
- Não adianta! Mais enxovalhado que já foi?! Para ele, a essas alturas do campeonato, tudo será elogio.
- Então, vamos utilizar a Internet contra ele... Não nos será difícil encontrar alguém que não saia do teclado de um computador! Continuemos na produção de lama, lama e mais lama...
- Se vamos prosseguir tentando, o ponto tem que ser ele – não adianta nada: críticas, humilhações, ataques frontais, ataques pela retaguarda... Ele precisa ser minado de dentro para fora, e não de fora para dentro...
E arrematou:
- Já que você insiste, temos que pensar em algo, mas, se não der certo, será a minha última cartada... Já perdi muito tempo com quem não quer perder tempo. A história da obsessão está se invertendo, pois, em minha opinião, ele é que passou a nos perturbar...
Depois de buscar profunda inspiração em suas próprias sombras, o mais renitente dos dois, exclamou a sorrir com sarcasmo:
- Já sei! Será a nossa última tentativa e, para tanto, não precisaremos utilizar instrumento algum – será ele contra ele!...
- O que vamos tentar?! – questionou o interlocutor, curioso.
- Vamos adulá-lo e convencê-lo de que ele está cansado, de que já trabalhou muito e que, agora, é mais do que justo que ele procure descansar!...
- Muito bem bolado! – aplaudiu o comparsa. – Esse método de incutir cansaço na cabeça de quem não está, embora muito antiga, sem dúvida, continua sendo uma das que apresenta os melhores resultados... Claro, não funcionou contra aquele tal de Chico Xavier, mas tem funcionado e dado certo contra muita gente boa, viu!...

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 15 de maio de 2016.

14.5.16

FLORES ÀS MÃES

De minha mãe não me esqueço
Por onde sigo e me arranjo...
Sentindo saudades dela,
Sinto saudades de um anjo.
*
Quando as mães descem a Terra,
Nas dobras do humano véu,
Oculto, levam no peito
Um pedacinho do Céu.
*
Mãe que morre?! Eis para a Vida
No que o fato se resume:
Flor que tomba no jardim
Espalhando o seu perfume...
*
Verdade que se proclama
E faz calar os ateus:
O amor de mãe é reflexo
Do Sublime Amor de Deus.
*
Maria, sobre o Calvário,
Contemplando o Filho Eleito,
Trazia a cruz por espada
Cravada fundo no peito.
*
Mãe debruçada na cova
Do filho morto que chora,
Parece um anjo algemado
À saudade que o devora.
*
Se a Terra é feito de heróis,
Magistrados, capitães,
Por um decreto divino,
O Céu é feito de mães.
*
Eis que suplico aos Céus,
Ante a fé que não me ilude:
- Minha mãe, que Deus a faça
Tão feliz quanto eu não pude!...

Euricledes Formiga – Blog Espiritismo em Verso e Prosa

(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião pública do Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na tarde de sábado do dia 11 de maio de 1996, em Uberaba – MG).