No vale das trevas, delirava a legião de Espíritos
infelizes.
Rixas, obscenidades, doestos, baldões.
Planejavam-se assaltos, maquinavam-se
crimes.
O Espírito Benfeitor penetrou a caverna,
apaziguando e abençoando .
Aqui, abraçava um desventurado, apartando-o
da malta, de modo a entregá-lo, mais tarde, a equipes socorristas; mais
adiante, aliviava com suave magnetismo a cabeça atormentada de entidades em
desvario.
O serviço assistencial seguia difícil,
quando enfurecido mandante da crueldade, ao descobri-lo, se aquietou em súbita
acalmia e, impondo respeitosa serenidade à chusma de loucos, declinou-lhe a
nobre condição. Que os companheiros rebelados se acomodassem, deixando livre
passagem àquele que reconhecia por missionário do bem.
- Conheces-me? - interrogou o recém-chegado,
entre espantado e agradecido.
- Sim - disse o rude empreiteiro da sombra
-, eu era um doente na Terra e curaste meu corpo que a moléstia desfigurava.
Lembro-me perfeitamente de teu cuidado ao
lavar-me as feridas .
Os circunstantes entraram na conversação de
improviso e um deles, de dura carranca, apontou o visitador e clamou para o
amigo:
Que mais te fez este homem no mundo para
que sejamos forçados à deferência?
Deu-me teto e agasalho.
Outro inquiriu:
Que mais?
Supriu minha casa de pão e roupa,
libertando-nos , a mim e a família, da nudez e da fome .
Outro ainda perguntou com ironia:
Mais nada?
Muitas vezes, dividia comigo o que trazia
na bolsa, entregando-me abençoado dinheiro para que a penúria não me arrasasse
.
Estabelecido o silêncio, o Espírito
Benfeitor, encorajado pelo que ouvia, indagou com humildade:
Meu irmão, nada fiz senão cumprir o dever
que a fraternidade me impunha; entretanto, se te mostras tão generoso para
comigo, em tuas manifestações de reconhecimento e de amor que reconheço não
merecer, porque te entregas, assim, à obsessão e à delinquência?! .
O interpelado pareceu sensibilizar-se,
meneou tristemente a cabeça e explicou:
Em verdade, és bom e amparaste a minha
vida, mas não me ensinaste a viver!
Espíritas, irmãos!
Cultivemos a divulgação da Doutrina
Renovadora que nos esclarece e reúne!
Com o pão do corpo, estendamos a luz da
alma que nos habilite a aprender e compreender, raciocinar e servir.
Livro: "Cartas e
Crônicas" - Francisco C Xavier - Irmão X
Nenhum comentário:
Postar um comentário