EM MATÉRIA DE FRANCISCO
A eleição do Papa
argentino, Cardeal Jorge Mario Bergoglio, frustrou, em mim, a esperança de que a
tão sonhada renovação aconteça pelos lados do Vaticano.
Evidentemente, nada
pessoal contra ele, que, de fato, nos parece um homem de hábitos simples, cuja
eleição, no entanto, pela sua condição de jesuíta, não deixou de me levar a
pensar que, uma vez mais, Nostradamus acertou... Sim, porquanto, ele é seguidor
de Inácio de Loyola, historicamente conhecido como “Papa Negro”.
Porém,
colocando de lado visões e profecias, sempre discutíveis, procurarei me ater,
neste breve arrazoado, à condição de “conservador moderado” do Papa
latino-americano.
Analisarei apenas a sua opinião manifesta sobre pedofilia
na Igreja. Ainda enquanto Cardeal, considerou ele que os padres pedófilos já o
eram antes de se tornarem padres, alegando que o celibato não foi capaz de
curá-los, com o que concordo plenamente.
A culpa, pois, não seria do
celibato, que Bergoglio defende, mas sim da índole do ser humano.
No
Movimento Espírita, falando com franqueza, a questão homossexual, entre
celibatários ou não, também é realidade, mesmo porque, afinal, quase todos nós
somos egressos da Igreja e dotados da mesma índole humana, não é?!
Não
obstante, não resta dúvida, que a abolição do celibato impediria que os padres e
freiras, impedidos de se casarem, continuassem tendo uma vida sexual
clandestina.
Ou será que somos tão hipócritas a ponto de imaginar que os
homens, de uma hora para outra, em termos de sexo, serão capazes de uma vida
absolutamente casta, ou de castrarem-se a si mesmos, qual, literalmente, o
grande Orígenes, a fim de se livrar da tentação, acabou por fazer
consigo?!
Não sei...
O povo, em geral, anda tão carente espiritualmente
que, ao mais leve sinal de humildade em um Papa de um dia só, que, ao rogar aos
fieis, aglomerados na Praça de São Pedro, orassem por ele, levou a multidão ao
quase delírio, a sonhar com a santidade de um homem guindado à condição de líder
religioso, antes, praticamente, desconhecido do resto do mundo, e que, em seu
país, é suspeito de ter sido conivente com a ditadura militar.
Cá entre nós,
os espíritas-cristãos, em matéria de Francisco, a Igreja Católica está muita
atrasada!...
Tomara, no entanto, que os dois Franciscos santificados, o da
Úmbria e o de Navarra, realmente inspirem o Papa Francisco, para que a sua
exibição de humildade não fique apenas na sacada da Igreja de São Pedro, na
noite chuvosa do dia 13 de março de 2013.
Este discurso da Igreja de “opção
pelos pobres”, na atualidade, é o único que ainda está a sustentá-la, em meio
aos escândalos que, em definitivo, ao longo dos séculos, já comprometeram os
seus alicerces – discurso que, infelizmente, não tem nada a ver com a prática,
pois se foi o tempo em que os próprios “franciscanos” andavam a pé pelas ruas a
esmolar pelos mendigos que a própria Igreja havia espoliado.
Mais uma vez, a
Igreja está se maquiando...
Todavia, a eleição do Papa Francisco,
prenunciada, não pelo Espírito Santo, mas por duas gaivotas que pousaram na
chaminé da Capela Sistina, me induziu a pensar que, felizmente, no Espiritismo,
durante praticamente 100 anos nós tivemos um Francisco conosco, um Francisco
brasileiro, que, por achar que Francisco era muito para ele, atendia pelo
apelido de Chico, vivendo a repetir que não passava de um “cisco” do
chão!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 18 de março de 2013.
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