Questão 198 do Livro dos Espíritos
QUALIDADES
DO ESPÍRITO
Não é o fato de uma criança ter falecido em tenra idade que a
faz pertencer ao reino dos anjos, como de costume se fala em outras religiões.
Ela se agrupa, depois da morte do corpo físico, em esferas condizentes com o seu
tamanho evolutivo, por suas qualidades espirituais. Ninguém faz anjos; o que
transforma o espírito das trevas para a luz é a maturidade espiritual, é o
tempo, sob as bênçãos do Criador.
Pode acontecer que o corpo de uma
criancinha esteja sendo animado por um espírito angélico, assim como, em muitos
casos anima uma criancinha um espírito de condições inferiores. Quando cresce,
ele se denuncia, exteriorizando o que realmente é. É pela vivência que
reconhecemos quem se encontra animando esse ou
aquele corpo, seja da idade
que for. Conhecemos a alma por suas qualidades, e essas qualidades as
reconhecemos na vivência do dia a dia.
Passamos por diversas provas no
cadinho da vida, e a vida nos educa como sendo
filhos do seu coração. Ela não se esquece de nos ministrar aulas a todos os momentos, pelos fios do amor,
conquanto esse amor pode nos vir por meios diferentes daqueles que
esperamos.
As leis de Deus são verdadeiras e iguais para todos os Seus
filhos, porém, cada qual recebe sua influência de acordo com a sua evolução.
Certamente que um animal não pode receber o mesmo tratamento que um ser humano,
nem esse o de anjos. Contam nesse transe o merecimento, as condições
espirituais, os valores adquiridos. Eis a beleza da vida, pagando o salário
correspondente ao trabalhador.
Muitos, em muitas religiões, acham que, pela
simplicidade das crianças, por não existirem erros nos seus caminhos, por Ihes
faltar o tempo para errar, quando desencarnam em tenra idade têm seguro seu
lugar no céu. O céu é lugar de quem merece; ela, a criança, não errou, mas
também não acertou. Ainda mais, temos o fato da reencarnação. A criança pode
pertencer, na escala da vida, a uma posição elevada. Se assim for, certamente
que irá para o lugar a que fez jus, no entanto, se ela ainda não adquiriu a
tranqüilidade de consciência, tomará a voltar à Terra ou a outro mundo para
continuar sua jornada e viver experiências que lhe trarão a felicidade.
A
alma deve despertar o que traz por dentro, e esse fato só ocorre no decorrer dos
milênios sem conta. Não poderia ser de outra forma, pois todos passam por esses
processos, obedecendo à justiça do Criador. Se alguns esprítos saíssem das mãos
do Pai já com todas as condições de permanecerem nos céus, e outros passassem
por provas e tropeços, onde estaria o Amor? A razão nos diz o contrário: todos
têm os mesmos direitos e deveres, e os que estão à frente, saram pelos caminhos
da vida primeiro. Quem saiu depois, também chegará ao porto seguro desfrutando
do amor que semeou na imensa lavoura do tempo.
Cuidemos das crianças sem nos
esquecermos dos idosos porque já participamos destes estágios e voltaremos a ele
no momento em que o Senhor achar conveniente. Se plantamos educação nas
diretrizes do amor, colheremos paz na plenitude da verdade.
Livro: Filosofia Espírita IV - João Nunes Maia -
Miramez
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