6.3.13


No Conclave

A chave está por fechar a sala. Lá reunidos, cardeais escolherão o sucessor de Pedro. Neste instante grandioso, pedimos bênçãos ao Pai para que o Espírito Santo se manifeste plenamente nos presentes.
Vejo, um a um, em forma de reverência, pedir para agir sob inspiração, que seja indicado o melhor deles para dirigi-los e a toda à Nação Católica.
Vejo olharem uns aos outros como a procurar um sinal qualquer que indique que seja este ou aquele o escolhido.
Vejo, distraído, um que tende a votar no mais idoso dos possíveis candidatos. Outro, mais atento, acha que deve ser o mais jovem para poder dedicar-se mais tempo à Igreja.
Vejo aquele que olha sobre seus óculos como a perguntar: quem, quem, Senhor?
Vejo-os atônitos quando uns adiantam-se em dar seus votos, enquanto a dúvida ainda o perece.
Vejo-os, enfim, darem seu primeiro voto e ficam na expectativa de quem será o mais votado na primeira rodada.
Tudo isso ocorre num Conclave diferente, onde a marca do anterior não é tão forte quanto a do antecessor, mas os seus pensamentos, sua forma de conduzir a Igreja, ainda prevalece na maioria.
Do primeiro resultado, vê-se, a princípio, para onde se vai o conjunto naquele momento. E aí se reforça a votação de um e outro mais bem classificados ou põe-se a jogar outro nome para evitar-se uma radicalização entre dois não muito desejados.
Tudo isso e muito mais deve ocorrer no santo Conclave. Que momento difícil, meu Pai. Certa tensão paira no ar até o instante da fumaça branca anunciar o nome do novo Santo Padre.
Fico atento aqui às movimentações daí. Já há a política em jogo. Sutilmente, telefonemas já são dados entre os mais próximos como a confirmar os votos preferenciais. Correntes já se organizam para dar apoio a este ou aquele padre cardeal.
Fico atento, igualmente, para que não se deixe levar pelas emoções e não se escolha aquele com melhor perfil de dirigir os destinos da Igreja neste momento ímpar da humanidade.
É difícil, mas em todos os outros conclaves o resultado final sempre foi favorável, pelo menos os recentes, pois havia uma lógica predominante para indicar o futuro Santo Padre.
Que se tenha a sabedoria de João XXIII. O pragmatismo de Paulo VI. A esperança de João Paulo I. O dinamismo de João Paulo II e o conhecimento de Bento XVI.
Que tenha, sobretudo, fé na humanidade. Confiança em Deus para o destino dos homens. Coragem para estabelecer as coisas que devem ser feitas. Firmeza em seguir em frente com as decisões tomadas.
Não é hora de acusações. É hora de reflexões para tomada de decisões coerentes e consistentes. É hora de vislumbrar um futuro melhor e apontar novos caminhos. É hora de se seguir ao Cristo.
Agora, é hora de esperar e rezar.
Fiquem em paz!
Helder Camara

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