No Conclave
A chave está por fechar a sala. Lá
reunidos, cardeais escolherão o sucessor de Pedro. Neste instante grandioso,
pedimos bênçãos ao Pai para que o Espírito Santo se manifeste plenamente nos
presentes.
Vejo, um a um, em forma de reverência, pedir para agir sob
inspiração, que seja indicado o melhor deles para dirigi-los e a toda à Nação
Católica.
Vejo olharem uns aos outros como a procurar um sinal qualquer que
indique que seja este ou aquele o escolhido.
Vejo, distraído, um que tende a
votar no mais idoso dos possíveis candidatos. Outro, mais atento, acha que deve
ser o mais jovem para poder dedicar-se mais tempo à Igreja.
Vejo aquele que
olha sobre seus óculos como a perguntar: quem, quem, Senhor?
Vejo-os atônitos
quando uns adiantam-se em dar seus votos, enquanto a dúvida ainda o
perece.
Vejo-os, enfim, darem seu primeiro voto e ficam na expectativa de
quem será o mais votado na primeira rodada.
Tudo isso ocorre num Conclave
diferente, onde a marca do anterior não é tão forte quanto a do antecessor, mas
os seus pensamentos, sua forma de conduzir a Igreja, ainda prevalece na
maioria.
Do primeiro resultado, vê-se, a princípio, para onde se vai o
conjunto naquele momento. E aí se reforça a votação de um e outro mais bem
classificados ou põe-se a jogar outro nome para evitar-se uma radicalização
entre dois não muito desejados.
Tudo isso e muito mais deve ocorrer no santo
Conclave. Que momento difícil, meu Pai. Certa tensão paira no ar até o instante
da fumaça branca anunciar o nome do novo Santo Padre.
Fico atento aqui às
movimentações daí. Já há a política em jogo. Sutilmente, telefonemas já são
dados entre os mais próximos como a confirmar os votos preferenciais. Correntes
já se organizam para dar apoio a este ou aquele padre cardeal.
Fico atento,
igualmente, para que não se deixe levar pelas emoções e não se escolha aquele
com melhor perfil de dirigir os destinos da Igreja neste momento ímpar da
humanidade.
É difícil, mas em todos os outros conclaves o resultado final
sempre foi favorável, pelo menos os recentes, pois havia uma lógica predominante
para indicar o futuro Santo Padre.
Que se tenha a sabedoria de João XXIII. O
pragmatismo de Paulo VI. A esperança de João Paulo I. O dinamismo de João Paulo
II e o conhecimento de Bento XVI.
Que tenha, sobretudo, fé na humanidade.
Confiança em Deus para o destino dos homens. Coragem para estabelecer as coisas
que devem ser feitas. Firmeza em seguir em frente com as decisões
tomadas.
Não é hora de acusações. É hora de reflexões para tomada de decisões
coerentes e consistentes. É hora de vislumbrar um futuro melhor e apontar novos
caminhos. É hora de se seguir ao Cristo.
Agora, é hora de esperar e
rezar.
Fiquem em paz!
Helder Camara
Nenhum comentário:
Postar um comentário