29.2.16

Paz Interior

Por que encontrar a paz interior?
Sem a paz íntima ficamos à deriva de nós mesmos. É preciso estarmos bem, tranquilos, serenos, em equilíbrio para tocar a vida. A paz interior é tão importante ou até superior à saúde física porque representa a saúde do espírito e como é o espírito que influencia o corpo físico, então é substancial termos a tranquilidade interior.
- E isto é fácil, Dom Hélder?
Creio que não devemos nos desesperar em obtê-la, mas aprender, pouco a pouco, a consegui-la. Isto exige treinamento e perseverança.
Quando entre amigos, entre vocês, alguns me diziam que não sabia como eu tinha estômago para engolir tanto sapo, eu dizia que simplesmente não os engolia. Se alguém me dava uma oportunidade de crescimento espiritual eu aproveitava, ou seja, o sapo não ficava comigo, mas com quem estava me ofertando. Procurava saber, no entanto, dentro de mim, por que aquilo ainda significava um sapo, com todo respeito aos meus irmãos girinos.
Neste estudo interior, das minhas complexidades, do meu entendimento de mim mesmo, do que ainda me incomodava, do que poderia me tirar do sério, do que rejeitava imediatamente, é que fui aprendendo sobre quem eu era de verdade e pude, como exercício contínuo e diário, rejeitar os sapos que me chegavam.
Não é fácil, tenho que adiantar, mas o que posso fazer se os sapos me chegavam? Tenho que enfrentá-los, ou melhor, tenho que me enfrentar. O que me incomoda deve ser objeto para a minha melhoria não para o meu infortúnio.
Com este exercício, descobrindo o porquê aquilo me incomodava, percebi claramente que o problema estava comigo, fosse qual fosse a situação, como eu reagiria diante do imprevisto ou da adversidade. Os outros, meus irmãos, acham que possuem a razão naquilo que fazem ou simplesmente não pensam no que fazem. São assim, o que posso fazer senão primeiramente compreendê-los.
Ah, meu bom Francisco, que lição maravilhosa nos deixastes: “compreender do que ser compreendido”. Quando compreendemos verdadeiramente o outro, quando entendemos claramente a situação, então tudo fica mais fácil de fazer. O problema é que depositamos normalmente no outro a causa do nosso desequilíbrio e aí está o equívoco primacial. Pensamos normalmente: “eu estou certo e você está errado”. Não, o problema não é buscar o erro, é entender a situação em movimento. Por que o outro age assim e por que eu penso assim? Um exame, portanto, minucioso da situação, pondo-se de fora do contexto, ajudará a entender tudo aquilo.
Quando fazemos este exercício contínuo ficaremos sabendo coisas que antes não sabíamos e agiremos com mais sabedoria. Encontrando as causas e os efeitos de tudo, passamos a nos portar de maneira serena. A paz, meus irmãos, é resultado da reflexão permanente das coisas.
O problema reside, em muitos casos, que não se dá o devido tempo para esta reflexão. Simplesmente se reage. Ora, o impulso, sem a reflexão, normalmente é má conselheira. Quando tudo passa e a poeira desce, verificamos a besteira que fizemos, mas aí...
O exame minucioso do que somos e a busca da renovação íntima nos dará a tranquilidade de espírito que tanto queremos ter. Compreenderemos, irmãos, que estamos em determinado degrau da evolução divina e não nos cobraremos mais do que momentaneamente podemos nos oferecer. Livramo-nos, assim, da ansiedade ao abominarmos, de uma vez por todas, o perfeccionismo. Adotaremos, em contrapartida, o conhecimento gradual de nós mesmos e a compreensão da realidade plena como podemos alcançá-la.
Veremos, assim, que o nosso coração reagirá melhor e as batidas serão sempre cadenciadas, sem sobressaltos, sem atropelos, sem explosões.
É o meu modo de viver.
Pense nisso!

Helder Câmara – Blog Novas Utopias

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