15.2.16

SINAIS DE PROGRESSO HUMANO

Alguém me solicitou por carta, enviada ao médium, que, se possível, eu apontasse alguns evidentes sinais de progresso humano, do qual, do começo ao fim da missiva, ele se encontra descrente.
Perguntou-me se o progresso tecnológico dos tempos atuais seria suficiente para se concluir sobre o avanço da Humanidade, que, desde todas as eras, jamais conheceu tanto conforto.
Não há como negar que o homem, no que pese o quase ainda estado de barbárie em que vive na Terra, tem evoluído, haja vista a questão dos direitos humanos – liberdade de pensamento e de culto religioso, por exemplo – que, a trancos e barrancos, vem efetuando consideráveis conquistas.
Todavia, os discretos, porém promissores sinais de progresso do espírito humano que, tomando como base o Brasil, eu consigo detectar são outros – sinais que, em verdade, me deixam esperançoso em relação ao futuro da Humanidade, porque, particularmente, considero o povo brasileiro como expressão da Humanidade futura.
Então, sem mais delongas, permitam-me enumerar o que, isoladamente, pude listar do que, favoravelmente, de algum tempo a esta parte, vem me surpreendendo no espírito encarnado – isoladamente, faço questão de frisar.
- dois ou três motoristas que, num universo de milhares, fizeram parar os seus veículos para que alguns pedestres atravessassem a avenida na faixa de segurança;
- um jovem transeunte que se preocupou em arredar da calçada uma pedra solta que poderia vir a provocar a queda de quem por ali caminhasse;
- uma jovem que estendeu o braço a um irmão acometido de cegueira, conduzindo-o até o local onde deveria tomar o ônibus para o bairro em que reside;
- um policial que, educadamente, advertiu o condutor de um veículo que estava equipado com uma caixa de som que fazia tremer as paredes dos prédios por onde acelerava o seu envenenado carango;
- uma senhora que, de vassoura em punho, estava varrendo e recolhendo o lixo que pessoas, sem maior noção de saúde pública, haviam atirado defronte a casa em que ela reside;
- dois meninos que, compadecendo-se de pobre vira-lata atropelado, mobilizaram os seus familiares a fim de encaminhá-lo a uma clínica veterinária, assumindo todas as despesas pertinentes;
- um senhor que, gentilmente, ofereceu um lenço de papel de um amigo para que ele não continuasse assuando o nariz com os dedos, lançando o produto de sua secreção nasal em direção aos outros;
- uma funcionária de uma casa bancária que atendia ao caixa com uma delicadeza sem precedentes, sorrindo para os clientes de todos os níveis sociais;
- um administrador público que deliberou ele mesmo inspecionar as obras que estavam sendo realizadas na periferia da cidade da qual ele é o alcaide;
- dois médicos e dois odontólogos – viva! – que estavam cumprindo o seu horário de trabalho numa Unidade de Pronto Atendimento – UPA, situada na periferia;
- um rapaz que, dentro do também chamado “coletivo”, levantou-se e cedeu lugar a uma simpática gestante;
- um universitário que instava com os colegas de classe para que tivessem maior respeito para com o professor, a fim de que, pelo menos, ele conseguisse concluir as suas aulas;
- trinta árvores sobreviventes, entre as mais de duzentas que foram plantadas, no canteiro central de uma ampla avenida;
- dois casais de canários-da-terra, com os seus filhotes, cantando empoleirados num fio elétrico, sem mais nenhum estilingue por perto a ameaçá-los de morte...
Enfim, a minha lista não é assim tão extensa e – reconheço – nem tão sintomática quanto seria de se desejar, mas, feliz ou infelizmente, foi o que eu pude arranjar.
Claro que vocês, os nossos irmãos internautas, poderão auxiliar-me a enriquecê-la em louvor do progresso da Humanidade, do qual, em tempo algum, não nos será lícito duvidar.

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 15 de fevereiro de 2016.

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