Festa popular invade as ruas do meu Brasil.
Que maravilha ver tanta gente fantasiada,
cheia de alegria, a cantar, a dançar, a amar.
O carnaval é festa popular das mais
interessantes porque faz o ser humano extravasar as coisas negativas que
enferrujam o seu organismo e a sua mente. É uma verdadeira lavagem mental e
espiritual.
A alegria do povo pernambucano, em
particular, que tive a oportunidade de vivenciar de perto, é coisa contagiante.
Já me referi outras vezes que a minha vontade como bispo era sair no meio do
povo para dizer da alegria de viver. Pelo menos é assim que vejo o carnaval.
Que festa bonita e colorida. Festa do povo em geral. Ricos e pobres se
encontram na mesma praça, cantando e dançando a mesma música. É uma forma de
socializar a alegria.
Eu não posso me responsabilizar aqui é com
os excessos. E não posso me associar aqui com os que aproveitam a festa popular
para roubar, agredir, exagerar na dose. Dose em todos os sentidos. Isto não é
carnaval, isto é desvario.
Como é importante separar uma coisa da
outra. Escrevo isso porque creio que não devo censurar algo que faz parte da
alma do povo brasileiro. É uma expressão livre da vontade em querer brincar,
brincar saudavelmente.
O que acontece é que pedaços expressivos da
população aproveitam para se esbaldarem. Estes não são carnavalescos, são
desnutridos de bom senso e, muitas vezes, de autoestima. Escondem-se numa
fantasia qualquer ou exageram nos sentidos humanos para locupletar o seu vazio
interior ou sua falta de amor-próprio.
O problema, portanto, não é do carnaval, mas
do que fazem com o carnaval.
Não posso aqui ser ingênuo do complexo de
coisas que ocorre durante esta festa popular. Trabalho, diuturnamente, no lado
espiritual da festa, em diminuir os efeitos dos equívocos cometidos por parte
das pessoas que não são brincantes, são “brigantes”.
É lastimável também ver o estado febril que
a bebida provoca e o acoplamento dos espíritos sobre todos aqueles que
aproveitam o momento para se deliciar nos prazeres da carne.
É este o carnaval que os homens conseguiram
produzir por enquanto. O que hei de fazer, condenar? Jamais. Não vou tirar o
excesso pela essência.
Como não posso falar de bem dos blocos
líricos que vi passar todos os anos na porta das Fronteiras?
Como não devo expressar a beleza das escolas
de samba que apresentam um verdadeiro espetáculo cultural para as nossas lentes
visuais?
O ponto de equilíbrio, quero crer, um dia o
homem saberá dar. Enquanto isto não acontece, vamos aperfeiçoando, pouco a
pouco, o jeito de foliar.
Educando para evitar os danos que podem
perdurar pelo resto da vida.
Orientando para evitar tomar decisões
precipitadas.
Acolhendo os desequilibrados no corpo e no
espírito.
Neste carnaval, como na vida toda, deixe a
alegria passar e brinque no bloco do amor e da fraternidade.
Evoé!
Helder Câmara – Blog Novas Utopias
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