Encontras-te angustiado. Sofrimento e
desajuste unem-se para dar à paisagem social da Terra o aspecto triste e imenso
Nosocômio onde pessoas se apresentam dominadas por afecções de longo curso, sem
perspectivas de recuperação. Dizes que até o oxigênio do ar parece carregado de
substâncias tóxicas de penetração profunda, que atingem os tecidos sutis da
vida psíquica.
Anotas desertores da ordem, que há pouco
eram paradigmas do dever e te referes às novas gerações que parecem enlouquecidas,
na correria desvairada, sexólatra, nos longos dédalos da sandice.
As melhores afeições que constituíam
fortaleza em que te refugiavas, se encontram vencidas e transitam indiferentes
como se o egoísmo as conquistasse de inopino.
Os ideais superiores da Humanidade parecem
frouxa claridade que tremeluz, apagando-se.
Só desequilíbrios campeiam, fecundos,
dominadores.
E temes a grande escuridão, aquela noite
moral a que se reportam as advertências evangélicas...
Estás receoso quanto ao futuro.
Indagas, perquires e não te podes furtar a
sérias preocupações, observando o riso, que na maioria dos semblantes é esgar
agônico.
Não duvides, porém, da presença positiva do
Cristo na Terra sofredora destes dias.
Escutam-se as vozes da vida imortal falando
em toda parte.
Repercute em milhões de espíritos o chamado
do Consolador, restabelecendo as diretrizes da verdade.
Há dor, sim ! Ela, porém, é o prenúncio de
justas alegrias.
Quando a mente se ensoberbece e desvaira, o
sofrimento é a única voz que alcança a acústica do ser.
As grandes lutas produzem as melhores
seleções.
O atrito desgasta, mas corrige arestas e dá
formas harmoniosas.
Não te permitas enxergar somente uma parte
do panorama da atualidade.
Pensa nos que estão silenciosos em
laboratórios, atuantes nas cátedras do ensino nobre, afervorados nos organismos
da legislação em toda parte, atarefados nos gabinetes de pesquisas, confiantes
nos tratos de terra onde semeiam, e modificarás o conceito.
Amamentando, a mãe generosa não receia o
amanhã do filhinho: preserva-o e ajuda-o hoje.
Sob teto acolhedor, o homem não considera a
possibilidade de ficar soterrado sob ele: frui a benção do agasalho hoje.
Bendize, também, a oportunidade de hoje
produzires para o bem e cuida que o Senhor se encarregará dos resultados para o
porvir.
Existe muito amor onde somente enxergas
degredo e horror.
Muita bondade medra inesperadamente em
lugares em que ninguém supõe encontrá-la.
O amor de Nosso Pai por tudo zela.
Reencoraja-te, levanta o ânimo, prossegue.
Quando tudo conspirava contra aquele
reduzido grupo de homens e mulheres atemorizados; quando o Líder que os guiava
com segurança experimentara o martírio até a morte; quando um amigo se deixa
enganar, a ponto de em desequilíbrio trair o Amigo; quando o depositário da
confiança geral, colhido de surpresa e temendo vinditas e represálias, negara o
Benfeitor; quando a soledade e o temor os ameaçavam até o desespero; quando tudo
parecia perdido: ideais desvanecidos, planos malbaratados, desejos acalentados
em doces noites de vigília soçobrados; quando tudo eram sombras, ei-Lo que
retorna rutilante e vivo, gentil e nobre, conclamando aqueles mesmos corações
ao perene embate da redenção. Elevando-se do ânimo alquebrado para a alegria da
vida, deram as próprias vidas e renovaram com os seus exemplos as paisagens do
mundo... Jesus vive, e a doutrina que agora ressurge dos escombros dos séculos
remodelará a Terra inteira, um dia em breve, quando estaremos todos felizes ao
comando d'Ele.
Livro:
Lampadário Espírita - Divaldo P Franco - Joanna de Ângelis
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