18.2.16

DESEQUILÍBRIOS...

    Encontras-te angustiado. Sofrimento e desajuste unem-se para dar à paisagem social da Terra o aspecto triste e imenso Nosocômio onde pessoas se apresentam dominadas por afecções de longo curso, sem perspectivas de recuperação. Dizes que até o oxigênio do ar parece carregado de substâncias tóxicas de penetração profunda, que atingem os tecidos sutis da vida psíquica.
    Anotas desertores da ordem, que há pouco eram paradigmas do dever e te referes às novas gerações que parecem enlouquecidas, na correria desvairada, sexólatra, nos longos dédalos da sandice.
    As melhores afeições que constituíam fortaleza em que te refugiavas, se encontram vencidas e transitam indiferentes como se o egoísmo as conquistasse de inopino.
    Os ideais superiores da Humanidade parecem frouxa claridade que tremeluz, apagando-se.
    Só desequilíbrios campeiam, fecundos, dominadores.
    E temes a grande escuridão, aquela noite moral a que se reportam as advertências evangélicas...
    Estás receoso quanto ao futuro.
    Indagas, perquires e não te podes furtar a sérias preocupações, observando o riso, que na maioria dos semblantes é esgar agônico.
    Não duvides, porém, da presença positiva do Cristo na Terra sofredora destes dias.
    Escutam-se as vozes da vida imortal falando em toda parte.
    Repercute em milhões de espíritos o chamado do Consolador, restabelecendo as diretrizes da verdade.
    Há dor, sim ! Ela, porém, é o prenúncio de justas alegrias.
    Quando a mente se ensoberbece e desvaira, o sofrimento é a única voz que alcança a acústica do ser.
    As grandes lutas produzem as melhores seleções.
    O atrito desgasta, mas corrige arestas e dá formas harmoniosas.
    Não te permitas enxergar somente uma parte do panorama da atualidade.
    Pensa nos que estão silenciosos em laboratórios, atuantes nas cátedras do ensino nobre, afervorados nos organismos da legislação em toda parte, atarefados nos gabinetes de pesquisas, confiantes nos tratos de terra onde semeiam, e modificarás o conceito.
    Amamentando, a mãe generosa não receia o amanhã do filhinho: preserva-o e ajuda-o hoje.
    Sob teto acolhedor, o homem não considera a possibilidade de ficar soterrado sob ele: frui a benção do agasalho hoje.
    Bendize, também, a oportunidade de hoje produzires para o bem e cuida que o Senhor se encarregará dos resultados para o porvir.
    Existe muito amor onde somente enxergas degredo e horror.
    Muita bondade medra inesperadamente em lugares em que ninguém supõe encontrá-la.
    O amor de Nosso Pai por tudo zela. Reencoraja-te, levanta o ânimo, prossegue.
    Quando tudo conspirava contra aquele reduzido grupo de homens e mulheres atemorizados; quando o Líder que os guiava com segurança experimentara o martírio até a morte; quando um amigo se deixa enganar, a ponto de em desequilíbrio trair o Amigo; quando o depositário da confiança geral, colhido de surpresa e temendo vinditas e represálias, negara o Benfeitor; quando a soledade e o temor os ameaçavam até o desespero; quando tudo parecia perdido: ideais desvanecidos, planos malbaratados, desejos acalentados em doces noites de vigília soçobrados; quando tudo eram sombras, ei-Lo que retorna rutilante e vivo, gentil e nobre, conclamando aqueles mesmos corações ao perene embate da redenção. Elevando-se do ânimo alquebrado para a alegria da vida, deram as próprias vidas e renovaram com os seus exemplos as paisagens do mundo... Jesus vive, e a doutrina que agora ressurge dos escombros dos séculos remodelará a Terra inteira, um dia em breve, quando estaremos todos felizes ao comando d'Ele.

Livro: Lampadário Espírita - Divaldo P Franco - Joanna de Ângelis

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