19.2.16

DESESPERO INJUSTIFICÁVEL

         Pensas: "Aceitei, confiante, a fé e a luta me parece mais rude. A fadiga me segue e o desespero me cerceia. Tenho a impressão de que forças tiranizantes me amesquinham, comprazendo-se com os meus tormentos."
         Analisas: "Abracei o Cristianismo Redivivo no Espiritismo, guardando a esperança de esclarecido, repousar, e edificado pelo esclarecimento, viver em paz. No entanto, com a dilatação do conhecimento, parece-me que problemas com os quais eu não contava repontam multiplicados e dissabores me assinalam as horas."
         Comentas: "Que ocorre comigo? Não desejava melhoras econômicas ao aceitar a Doutrina renovadora, todavia, surpreendo-me com tantos insucessos... Não aguardava um paraíso entre os companheiros, mas, por que a animosidade?..."
         Concluis: "Desisto - eis a solução. Talvez, quem sabe? - imaginas - eu esteja deixando consumir-me pelo excesso do ideal... Vejo outros companheiros com ares felizes, bem postos, joviais... Algo, comigo, está errado..."
         Sim, algo está errado: a conclusão a que chegaste.
         Todo compromisso elevado exige esforço no empreendimento, luta na execução, força no ideal.
         Quem pretende fruir antes de produzir conserva infantilidade mental.
         O homem velho para despojar-se do manto característico não consegue fazê-lo sem uma grande revolução íntima.
         O passado de cada espírito em luta, na Terra, é todo um amontoado de escombros a retirar para reconstruir, reaparelhar.
         Enquanto alguém se demora em charco pestilento acostuma-se ao recender da podridão.
         O horizonte visual é maior de quanto mais alto o contemplamos.
         É, pois, compreensível que, desejoso de uma vida melhor sejam concedidas às tuas possibilidades atuais as lutas redentoras para mais altos vôos.
         Com as percepções espirituais desenvolvidas e sintonizadas com as Esferas da Luz, teus inimigos desencarnados, na retaguarda, redobram a vigilância junto aos teus movimentos e, de paixões açuladas ante a perspectiva de perderem o comensal de antigas loucuras, atiram-se, desordenadamente, "dispostos a tudo"...
         Ora, porfia, estuda e ama.
         A oração elevar-te-á além das sombras densas.
         A porfia retemperará tuas forças.
         O estudo dilatará a tua faculdade de discernir.
         E o amor te concederá as láureas da paz, oferecendo-te os tesouros inalienáveis da felicidade sem jaça.
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         Em "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec, o Embaixador das Cortes Celestes, registrou: "Sob a influência das idéias carnais, o homem, na Terra, só vê das provas o lado penoso..." "... Na vida espiritual, porém, compara esses gozos fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever e desde logo nenhuma impressão mais lhe causa os passageiros sofrimentos terrenos..." "... Não é possível, no estado de  imperfeição em que te encontra, gozar de uma vida isenta de amarguras. Ele o percebe e, precisamente para chegar a frui-la, é que trata de se melhorar."


Livro: Dimensões da Verdade - Divaldo P Franco - Joanna de Ângelis

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