Pensas: "Aceitei, confiante, a fé
e a luta me parece mais rude. A fadiga me segue e o desespero me cerceia. Tenho
a impressão de que forças tiranizantes me amesquinham, comprazendo-se com os
meus tormentos."
Analisas: "Abracei o Cristianismo
Redivivo no Espiritismo, guardando a esperança de esclarecido, repousar, e
edificado pelo esclarecimento, viver em paz. No entanto, com a dilatação do
conhecimento, parece-me que problemas com os quais eu não contava repontam
multiplicados e dissabores me assinalam as horas."
Comentas: "Que ocorre comigo? Não
desejava melhoras econômicas ao aceitar a Doutrina renovadora, todavia, surpreendo-me
com tantos insucessos... Não aguardava um paraíso entre os companheiros, mas,
por que a animosidade?..."
Concluis: "Desisto - eis a
solução. Talvez, quem sabe? - imaginas - eu esteja deixando consumir-me pelo
excesso do ideal... Vejo outros companheiros com ares felizes, bem postos,
joviais... Algo, comigo, está errado..."
Sim, algo está errado: a conclusão a
que chegaste.
Todo compromisso elevado exige esforço
no empreendimento, luta na execução, força no ideal.
Quem pretende fruir antes de produzir
conserva infantilidade mental.
O homem velho para despojar-se do
manto característico não consegue fazê-lo sem uma grande revolução íntima.
O passado de cada espírito em luta, na
Terra, é todo um amontoado de escombros a retirar para reconstruir,
reaparelhar.
Enquanto alguém se demora em charco
pestilento acostuma-se ao recender da podridão.
O horizonte visual é maior de quanto
mais alto o contemplamos.
É, pois, compreensível que, desejoso
de uma vida melhor sejam concedidas às tuas possibilidades atuais as lutas
redentoras para mais altos vôos.
Com as percepções espirituais
desenvolvidas e sintonizadas com as Esferas da Luz, teus inimigos
desencarnados, na retaguarda, redobram a vigilância junto aos teus movimentos
e, de paixões açuladas ante a perspectiva de perderem o comensal de antigas
loucuras, atiram-se, desordenadamente, "dispostos a tudo"...
Ora, porfia, estuda e ama.
A oração elevar-te-á além das sombras
densas.
A porfia retemperará tuas forças.
O estudo dilatará a tua faculdade de
discernir.
E o amor te concederá as láureas da
paz, oferecendo-te os tesouros inalienáveis da felicidade sem jaça.
*
* * * * * * * * * * * * * * *
Em "O Livro dos Espíritos",
Allan Kardec, o Embaixador das Cortes Celestes, registrou: "Sob a
influência das idéias carnais, o homem, na Terra, só vê das provas o lado
penoso..." "... Na vida espiritual, porém, compara esses gozos
fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever e
desde logo nenhuma impressão mais lhe causa os passageiros sofrimentos
terrenos..." "... Não é possível, no estado de imperfeição em que te encontra, gozar de uma
vida isenta de amarguras. Ele o percebe e, precisamente para chegar a frui-la,
é que trata de se melhorar."
Livro:
Dimensões da Verdade - Divaldo P Franco - Joanna de Ângelis
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