7.2.16

Ordem das Coisas

O pensamento ocidental varia de acordo com a moda da época. Uma hora, ele é dominado por ideias libertárias, socialistas, populares. Outro momento se deixa levar pelo capital, pelas benesses dos senhores do emprego, pelo liberalismo. Esta gangorra é muito natural e deveria ser compreendida como mecanismos do progresso humano na direção da sua governança ideal, isto porquê cada uma dela resume um conjunto de virtudes, como também carrega no seu âmago frutos indesejáveis como se fossem ervas daninhas que começam a aparecer e prejudicar o Estado e toda a gente.
A ponderação desses avanços em saltos alternados promove o progresso sem que a massa perceba, apenas alguns intelectuais não raivosos e não sectários é que compreendem este macro mecanismo de alternância no poder como uma forma saudável de desenvolvimento político e econômico.
De um lado, quando os socialistas chegam ao poder, vemos brotar a essência do igualitarismo. A voz dos menos favorecidos parece ecoar de uma forma ou de outra. Alguns direitos são introduzidos na legislação que, com o tempo, não poderão ser mais extirpadas. É o avanço social.
De outro, quando vemos os liberais tomarem o poder central, percebemos que a legislação inicia um processo de flexibilização, provocando maior liberdade para o ganho de capital. Igualmente, neste momento, alguns pontos são desenvolvidos no seio das leis e que doravante a prática impede o retrocesso deles. É o avanço econômico.
Por que está alternância perdulária no poder?
Simples, meus Senhores!
Como os homens ainda não souberam desenvolver um modelo de equilíbrio entre ganhos de capital e ganhos sociais. Enquanto não tiveram a sabedoria para entender que um não vive sem o outro, pelo menos no modelo que aí está em voga, ficará indo de um lado para outro entre decepções e frustrações, alegrias e arroubos.
A manifestação popular por um ou outro lado é sábia e simples. A massa verifica como está a situação geral. Temos comida à mesa? O emprego está estável? Os homens do poder estão olhando para gente? A vida está melhor?
Resumidamente é assim que o povo decide. Na prática, o cidadão quer ver a operosidade no poder. Deseja ver um governo que governe. Um governo forte, comprometido com o desenvolvimento geral. Ora, sabemos o porquê das contínuas renovações de parlamento na Europa, por exemplo, exatamente por este descompromisso entre a prática e o argumento. E em outros países europeus, o inverso dessa lógica, encontramos a estabilidade de poder de um segmento partidário. É claro que a competência e o carisma do líder maior do partido é levado em consideração, mas, no final, o que vale é dinheiro no bolso e bem-estar social.
No Brasil, há pouco, tivemos um bom exemplo disso. No pós-Cruzado houve um momento alvissareiro, mas depois de degradação. Na ocasião do pós-Real, idem. Na continuidade da política econômica do governo dos trabalhadores, melhor ainda.
O descrédito vem exatamente da incapacidade momentânea de manter os mesmos patamares de estabilidade. O povo deseja que as coisas não piorem e, quando possível, avance aqui e acolá. Isto já é de bom tamanho.
Os progressistas têm que aprender isso. Os conservadores também.
Ao rumarmos para o terceiro milênio, o povo, de maneira geral, no Brasil e no mundo, tomará as rédeas da economia e do Estado, pois os avanços políticos e econômicos colocarão os cidadãos, pouco a pouco, como protagonistas do poder outorgado. A democracia se fortalecerá e erros cometidos simplesmente não serão mais repetidos.
O progresso se dará, portanto, paulatinamente, mas de maneira contínua. Novos espíritos que chegam à Terra neste pedaço de século estão dispostos a promover as medidas de regeneração do tecido social e econômico. Novas ideias, um novo jeito de ver as coisas, abalarão as estruturas vigentes que, sem ter respostas melhores, se renderão às ideias novas.
É assim que o progresso se efetivará e não tem como fugir a ele. É o destino divino que traça a ordem das coisas.

Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal

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