12.2.16

ESQUECIMENTO DO PASSADO

O esquecimento do passado nunca é absoluto.
A vida não é feita de pedaços.
Entre uma existência corporal e outra, não existe abismo.
A vida é inteira – um continuum infinito!
O que o homem é agora alicerça o que ele haverá de ser depois.
As provas que, em qualquer parte do Universo, o espírito faceia, não são escolhidas por mero apontar de dedos, ou simples petição de sua parte, mas sim, essencialmente, pelo desencadear de suas ações.
O minuto a seguir é consequência do minuto que passa.
O hoje é colheita do ontem e semeadura do amanhã.
No presente, dentro de cada um de nós, ainda vivem “todos” aqueles já fomos...
“... semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos, e de toda imundícia”, como nos disse Jesus, somos todos nós, e não apenas os escribas e os fariseus aos quais Ele se referia.
A Reencarnação, essa ciência arqueológica do espírito, quanto mais nos enseja escavar-nos em profundidade, mais nos revela em nossa miséria moral.
A verdade é que, em relação às existências pregressas, não temos o que recordar sem nos envergonharmos de nós mesmos.
Todavia, há, sim, uma luz no fim do túnel, uma grande luz – somos perfectíveis! Criados simples e ignorantes, haveremos, a passo e passo, de nos encaminhar, dos baixios sub-humanos, e humanos, ao topo resplendente da perfeição.
Estamos, através dos milênios, na árdua tarefa da redenção própria, ou, se preferirmos, do resgate das obscuras personagens que, no Palco da Vida Sem Fim, temos animado.
Ninguém, pois, que já sabe o que é, necessita saber o que foi!
Para quê?!
Em tudo aquilo que somos não passamos de uma mera conta de somar – cada existência é uma fração, a ser aditada à nossa realidade pessoal – claro que positiva ou negativamente.
Caminhamos, quase, ao ritmo de “um passo adiante e dois atrás”, como escreveu Lênin, o revolucionário russo.
Exagero?! Talvez.
A verdade, porém, é que, sem consciência de nossa destinação espiritual, vivemos ao sabor das circunstâncias, evoluindo, como disseram os Espíritos a Kardec, pela “força das coisas”...
O Espiritismo, qual eu sempre o pude e posso entender, é um “incômodo” clarim soando aos nossos ouvidos – uma “clarinada” dos Espíritos Superiores com o propósito de nos despertar, em que, semelhante a um grande País que conheço, permanecemos deitados eternamente em berço esplêndido, ao som das infinitas vagas cósmicas e à luz do céu profundo...
Não, obstante, levantemo-nos, porquanto há um futuro mais esplêndido à nossa espera – e ao grande País que conheço também!...
Chega de berço! Chega de sono!...
Atentemos para o que o Cristo nos exorta: “Segue-me, e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos.”

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 7 de fevereiro de 2016.

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