ESQUECIMENTO DO PASSADO
O esquecimento do passado nunca é absoluto.
A vida não é feita de pedaços.
Entre uma existência corporal e outra, não
existe abismo.
A vida é inteira – um continuum infinito!
O que o homem é agora alicerça o que ele
haverá de ser depois.
As provas que, em qualquer parte do
Universo, o espírito faceia, não são escolhidas por mero apontar de dedos, ou
simples petição de sua parte, mas sim, essencialmente, pelo desencadear de suas
ações.
O minuto a seguir é consequência do minuto
que passa.
O hoje é colheita do ontem e semeadura do
amanhã.
No presente, dentro de cada um de nós, ainda
vivem “todos” aqueles já fomos...
“... semelhantes aos sepulcros caiados, que
por fora se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos, e
de toda imundícia”, como nos disse Jesus, somos todos nós, e não apenas os
escribas e os fariseus aos quais Ele se referia.
A Reencarnação, essa ciência arqueológica do
espírito, quanto mais nos enseja escavar-nos em profundidade, mais nos revela
em nossa miséria moral.
A verdade é que, em relação às existências
pregressas, não temos o que recordar sem nos envergonharmos de nós mesmos.
Todavia, há, sim, uma luz no fim do túnel,
uma grande luz – somos perfectíveis! Criados simples e ignorantes, haveremos, a
passo e passo, de nos encaminhar, dos baixios sub-humanos, e humanos, ao topo
resplendente da perfeição.
Estamos, através dos milênios, na árdua
tarefa da redenção própria, ou, se preferirmos, do resgate das obscuras
personagens que, no Palco da Vida Sem Fim, temos animado.
Ninguém, pois, que já sabe o que é,
necessita saber o que foi!
Para quê?!
Em tudo aquilo que somos não passamos de uma
mera conta de somar – cada existência é uma fração, a ser aditada à nossa
realidade pessoal – claro que positiva ou negativamente.
Caminhamos, quase, ao ritmo de “um passo
adiante e dois atrás”, como escreveu Lênin, o revolucionário russo.
Exagero?! Talvez.
A verdade, porém, é que, sem consciência de
nossa destinação espiritual, vivemos ao sabor das circunstâncias, evoluindo,
como disseram os Espíritos a Kardec, pela “força das coisas”...
O Espiritismo, qual eu sempre o pude e posso
entender, é um “incômodo” clarim soando aos nossos ouvidos – uma “clarinada”
dos Espíritos Superiores com o propósito de nos despertar, em que, semelhante a
um grande País que conheço, permanecemos deitados eternamente em berço
esplêndido, ao som das infinitas vagas cósmicas e à luz do céu profundo...
Não, obstante, levantemo-nos, porquanto há
um futuro mais esplêndido à nossa espera – e ao grande País que conheço também!...
Chega de berço! Chega de sono!...
Atentemos para o que o Cristo nos exorta:
“Segue-me, e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos.”
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 7 de fevereiro de 2016.
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