Pecado
Original
A
primeira providência a se tomar quando se deseja efetivamente transpor os
limites da materialidade humana é promover em si um exame circunstancial da sua
condição, ou seja, buscar responder para si mesmo o que se é verdadeiramente.
Esta
resposta inevitável fará conduzir o seu raciocínio perante a vida e perante as
gentes. Se, de um lado, acreditar ser somente um artefato biológico animado por
uma mente, se tornará assim, no conceito em voga, um materialista. Se, porém,
acreditar ser algo maior do que se supõe enxergar, então aquilo que puder
alcançar além da matéria será você. Chamamos a isso de consciência espiritual.
Notadamente,
os físicos e outros cientistas devem, a priori, como maioria tem feito,
aprisionarem os seus raciocínios no campo da materialidade. E, assim, deduzir
os seus postulados, suas conclusões, suas leis. De outro modo, quando se
permite adentrar para o não-físico as regras que devem permear o seu pensamento
são outras completamente diferentes.
O
mundo espiritual detém de normas de funcionamento próprias. Não devemos
associá-las as questões humanas imediatamente, pelo contrário, o aspecto humano
material é que tenta se assemelhar, no que pode, aos fundamentos do espírito.
Portanto, o que precede ao raciocínio físico é a constituição espiritual.
Este
princípio básico de compreensão deve nortear as conclusões dos estudantes da
matéria que percebem que ela tão-somente é reflexo de algo maior. Na verdade, a
matéria se constitui um prolongamento da essência espiritual de certa forma,
ou, ao menos, guarda algumas de suas propriedades, mas não deixa de ter a sua
caracterização própria.
Esta
interligação de mundos deve ser, portanto, a matéria de estudo dos que desejam
encontrar a leitura da verdade. Estabelecer apenas critérios materiais é
absolutamente limitante para encontrá-la. Partir da realidade espiritual para
chegar a material, parece-me, ser o mais plausível.
Temos,
nós espíritos, desejado que vocês espiritualizem cada vez mais a matéria, isto
é, faça com que ela se torne “escrava” do espírito no sentido de não a
alimentar exageradamente ou, como maioria, achar que ela é o princípio de tudo.
Forçosamente,
para quem assim pensa, haverá de ter grande frustração no momento pós-morte,
haja vista que temos que constatar, queira ou não, que sobrevivemos e que não
somos feitos daquilo que imaginávamos ser. Somos espíritos, eis a constatação
indubitável.
Ao
nos depararmos com a realidade espiritual ainda no corpo físico tenderemos a
mudar naturalmente os nossos comportamentos. Haveremos de ser mais gentis,
compreensivos, cautelosos, simples, seres melhores na nossa essência, porque
conseguiremos absorver a temporalidade da matéria, da sua desorganização, da
sua aparente realidade. Isto nos fará mais sábios, senhores, porque haveremos
de adotar outra postura diante da vida.
O
pecado original que adianto nestas linhas está em pensar e agir como se matéria
fôssemos indefinidamente. Se adotarmos tal princípio de vida seremos certamente
mais felizes. Teremos mais paz de espírito. Encararemos a vida de maneira mais
tranquila e as adversidades serão melhor toleradas e suprimidas.
Eis
o conselho dos sábios: viva a vida em sua plenitude agora, mas saiba que ela
jamais se perderá no rio dos tempos.
Abraços,
Joaquim
Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal
Nenhum comentário:
Postar um comentário