28.2.16

Pecado Original

A primeira providência a se tomar quando se deseja efetivamente transpor os limites da materialidade humana é promover em si um exame circunstancial da sua condição, ou seja, buscar responder para si mesmo o que se é verdadeiramente.
Esta resposta inevitável fará conduzir o seu raciocínio perante a vida e perante as gentes. Se, de um lado, acreditar ser somente um artefato biológico animado por uma mente, se tornará assim, no conceito em voga, um materialista. Se, porém, acreditar ser algo maior do que se supõe enxergar, então aquilo que puder alcançar além da matéria será você. Chamamos a isso de consciência espiritual.
Notadamente, os físicos e outros cientistas devem, a priori, como maioria tem feito, aprisionarem os seus raciocínios no campo da materialidade. E, assim, deduzir os seus postulados, suas conclusões, suas leis. De outro modo, quando se permite adentrar para o não-físico as regras que devem permear o seu pensamento são outras completamente diferentes.
O mundo espiritual detém de normas de funcionamento próprias. Não devemos associá-las as questões humanas imediatamente, pelo contrário, o aspecto humano material é que tenta se assemelhar, no que pode, aos fundamentos do espírito. Portanto, o que precede ao raciocínio físico é a constituição espiritual.
Este princípio básico de compreensão deve nortear as conclusões dos estudantes da matéria que percebem que ela tão-somente é reflexo de algo maior. Na verdade, a matéria se constitui um prolongamento da essência espiritual de certa forma, ou, ao menos, guarda algumas de suas propriedades, mas não deixa de ter a sua caracterização própria.
Esta interligação de mundos deve ser, portanto, a matéria de estudo dos que desejam encontrar a leitura da verdade. Estabelecer apenas critérios materiais é absolutamente limitante para encontrá-la. Partir da realidade espiritual para chegar a material, parece-me, ser o mais plausível.
Temos, nós espíritos, desejado que vocês espiritualizem cada vez mais a matéria, isto é, faça com que ela se torne “escrava” do espírito no sentido de não a alimentar exageradamente ou, como maioria, achar que ela é o princípio de tudo.
Forçosamente, para quem assim pensa, haverá de ter grande frustração no momento pós-morte, haja vista que temos que constatar, queira ou não, que sobrevivemos e que não somos feitos daquilo que imaginávamos ser. Somos espíritos, eis a constatação indubitável.
Ao nos depararmos com a realidade espiritual ainda no corpo físico tenderemos a mudar naturalmente os nossos comportamentos. Haveremos de ser mais gentis, compreensivos, cautelosos, simples, seres melhores na nossa essência, porque conseguiremos absorver a temporalidade da matéria, da sua desorganização, da sua aparente realidade. Isto nos fará mais sábios, senhores, porque haveremos de adotar outra postura diante da vida.
O pecado original que adianto nestas linhas está em pensar e agir como se matéria fôssemos indefinidamente. Se adotarmos tal princípio de vida seremos certamente mais felizes. Teremos mais paz de espírito. Encararemos a vida de maneira mais tranquila e as adversidades serão melhor toleradas e suprimidas.
Eis o conselho dos sábios: viva a vida em sua plenitude agora, mas saiba que ela jamais se perderá no rio dos tempos.
Abraços,

Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal

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