1.3.16

REFLEXÕES SOBRE O DESTINO

“A fatalidade, na verdade, não consiste senão nestas duas horas: a em que deveis aparecer e desaparecer deste mundo.” – De “O Livro dos Espíritos”, questão 859.

Procuremos, à luz da Fé Raciocinada, efetuar algumas lógicas reflexões sobre o destino:
- Do berço ao túmulo, ou seja, desde a hora em que aparece àquela em que desaparece no cenário terrestre, o homem traça o seu destino – as escolhas feitas por ele, no passado remoto ou recente, noutras vidas ou mesmo na vida atual, acionam a Lei de Causa e Efeito.
- Em hipótese alguma, a fatalidade do mal se impõe ao determinismo do Bem, ou seja: pelas atitudes no presente, o homem pode amenizar, ou até mesmo suprimir de todo, as consequências de ações negativas praticadas em vidas anteriores.
- O mal, portanto, necessariamente, não carece de ser resgatado pelo mal em suas consequências, pois, caso contrário, estabelecendo um círculo vicioso, a evolução não se viabilizaria.
- Daí Jesus, o Divino Mestre, nos ter exortado a amar os inimigos e a orar pelos que nos perseguem.
- A proteção que os Espíritos Amigos dispensam aos homens, encarnados ou desencarnados, é sempre relativa, e jamais absoluta – o livre arbítrio é soberano nas atitudes de cada um.
- A intervenção dos Espíritos Amigos, encarnados ou desencarnados, dá-se na esfera da inspiração, direta ou indireta, deixando a quem age o mérito ou demérito da ação.
- O mesmo acontece no campo da chamada “obsessão” – o pensamento negativo que influencia outro não tem poder de coerção absoluta sobre ele – mesmo a nível inconsciente, quem é perturbado necessita oferecer guarida a quem perturba.
- É da Lei que, quem mais perturba mais perturbado, igualmente, fique.
- A Vida, em qualquer Plano que se manifeste, se baseia no princípio de semeadura e colheita – a existência humana, aqui e agora, no exato minuto que passa, é o Plano onde o Carma passado está atuando e o Carma futuro está se delineando.
- A Graça Divina, em verdade, não é outorga gratuita – carece de ser merecida, ou, então, ressarcida – não há concessão com base em privilégio.
- Nos Planos Inferiores, os espíritos que os habitam estão sujeitos às circunstâncias adversas do meio em que vivem – acontecimentos que, não raro, os impelem, à revelia, a mudança de rumo em sua própria trajetória.
- Um espírito sem o respaldo de seus méritos, e das forças intangíveis que, ao nível de consciência, o preservem, pode, por exemplo, ter a sua caminhada terrestre frustrada por um incidente qualquer: uma queda inesperada, uma bala perdida, uma colisão de veículos, uma imperícia cirúrgica, uma picada de inseto, etc.
- Para Deus, a morte não existe, e, portanto, quem sai do corpo mais cedo ou tarde, apenas continua respirando noutro clima, sem prejuízo algum à sua integridade.
- Movimentar as Leis Divinas em nosso favor, ou aprendermos a movimentá-las em nosso favor, eis o que nos garante verdadeira proteção contra o que rotulamos de desagradável.
- Nos Mundos Superiores as reações são mais previsíveis devido à maior previsibilidade das ações de seus habitantes – até mesmo a Natureza é mais previsível em suas manifestações.
- Entendemos que a crença do homem na proteção que as Esferas Mais Altas lhe dispensam, proteção que, por vezes, ele imagina acontecer em detrimento à proteção devida a outrem, é-lhe até certo ponto um benefício mental, mas, em última análise, é uma ingenuidade – a crença de um menino no seu anjo de guarda deve, quando o menino tornado adulto, ser substituída pela crença na proteção que o seu verdadeiro “anjo de guarda”, que é a sua consciência tranquila – esta sim, sempre de plantão – lhe dispensará.
Depois, voltaremos ao assunto.
INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 29 de fevereiro de 2016

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