“A fatalidade, na verdade, não consiste
senão nestas duas horas: a em que deveis aparecer e desaparecer deste mundo.” –
De “O Livro dos Espíritos”, questão 859.
Procuremos, à luz da Fé Raciocinada, efetuar
algumas lógicas reflexões sobre o destino:
- Do berço ao túmulo, ou seja, desde a hora
em que aparece àquela em que desaparece no cenário terrestre, o homem traça o
seu destino – as escolhas feitas por ele, no passado remoto ou recente, noutras
vidas ou mesmo na vida atual, acionam a Lei de Causa e Efeito.
- Em hipótese alguma, a fatalidade do mal se
impõe ao determinismo do Bem, ou seja: pelas atitudes no presente, o homem pode
amenizar, ou até mesmo suprimir de todo, as consequências de ações negativas
praticadas em vidas anteriores.
- O mal, portanto, necessariamente, não
carece de ser resgatado pelo mal em suas consequências, pois, caso contrário,
estabelecendo um círculo vicioso, a evolução não se viabilizaria.
- Daí Jesus, o Divino Mestre, nos ter
exortado a amar os inimigos e a orar pelos que nos perseguem.
- A proteção que os Espíritos Amigos
dispensam aos homens, encarnados ou desencarnados, é sempre relativa, e jamais
absoluta – o livre arbítrio é soberano nas atitudes de cada um.
- A intervenção dos Espíritos Amigos,
encarnados ou desencarnados, dá-se na esfera da inspiração, direta ou indireta,
deixando a quem age o mérito ou demérito da ação.
- O mesmo acontece no campo da chamada
“obsessão” – o pensamento negativo que influencia outro não tem poder de
coerção absoluta sobre ele – mesmo a nível inconsciente, quem é perturbado
necessita oferecer guarida a quem perturba.
- É da Lei que, quem mais perturba mais
perturbado, igualmente, fique.
- A Vida, em qualquer Plano que se
manifeste, se baseia no princípio de semeadura e colheita – a existência humana,
aqui e agora, no exato minuto que passa, é o Plano onde o Carma passado está
atuando e o Carma futuro está se delineando.
- A Graça Divina, em verdade, não é outorga
gratuita – carece de ser merecida, ou, então, ressarcida – não há concessão com
base em privilégio.
- Nos Planos Inferiores, os espíritos que os
habitam estão sujeitos às circunstâncias adversas do meio em que vivem –
acontecimentos que, não raro, os impelem, à revelia, a mudança de rumo em sua
própria trajetória.
- Um espírito sem o respaldo de seus
méritos, e das forças intangíveis que, ao nível de consciência, o preservem,
pode, por exemplo, ter a sua caminhada terrestre frustrada por um incidente
qualquer: uma queda inesperada, uma bala perdida, uma colisão de veículos, uma
imperícia cirúrgica, uma picada de inseto, etc.
- Para Deus, a morte não existe, e,
portanto, quem sai do corpo mais cedo ou tarde, apenas continua respirando
noutro clima, sem prejuízo algum à sua integridade.
- Movimentar as Leis Divinas em nosso favor,
ou aprendermos a movimentá-las em nosso favor, eis o que nos garante verdadeira
proteção contra o que rotulamos de desagradável.
- Nos Mundos Superiores as reações são mais
previsíveis devido à maior previsibilidade das ações de seus habitantes – até
mesmo a Natureza é mais previsível em suas manifestações.
- Entendemos que a crença do homem na
proteção que as Esferas Mais Altas lhe dispensam, proteção que, por vezes, ele
imagina acontecer em detrimento à proteção devida a outrem, é-lhe até certo
ponto um benefício mental, mas, em última análise, é uma ingenuidade – a crença
de um menino no seu anjo de guarda deve, quando o menino tornado adulto, ser
substituída pela crença na proteção que o seu verdadeiro “anjo de guarda”, que
é a sua consciência tranquila – esta sim, sempre de plantão – lhe dispensará.
Depois, voltaremos ao assunto.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 29 de fevereiro de 2016
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