20.3.16

Para onde vai o nosso País?

Para onde vai o nosso País, irmãos?
A animosidade reinante entre adversários de causas políticas diferentes aumenta cada vez mais. De um lado, os patriotas do poder, querendo manter-se nele, de outro, os patriotas da moralidade, que não suportam mais tantos desatinos com a República.
De um lado, apela-se para o argumento de um golpe de Estado. No lado oposto, o retorno a uma democracia livre da corrupção e da ineficiência administrativa.
O povo clama por mudanças, mudanças radicais na maneira de governar. Deseja ser mais ouvido, quer ser melhor representado, imagina que pode atuar mais nas decisões políticas.
Não se trata de apelar para um bloco ou outro, o desejo sincero é de mudança do status quo e, neste contexto, a pergunta que não quer se calar é: estarão dispostos os políticos atuais, qualquer que seja o seu lado, em promover essas transformações na política brasileira?
Há bem pouco tempo, o Congresso Nacional e o governo instalado falava de mudanças na conduta política, desenhava uma reforma geral nos estatutos de governança e representação popular. O que seu viu, de parte a parte, foi tremendo desgaste porque nada foi feito a não ser a manutenção dos velhos privilégios.
Até onde, efetivamente, se quer mudar neste País?
Parece-me que somente com a alta pressão popular é que se faz alguma coisa de útil e de substância. Quando o povo se reserva a esperar as mudanças simplesmente elas morrem de inanição.
O que deveria estar em jogo neste instante era uma pauta de mudanças políticas, seja quem fosse que estivesse no exercício do poder.
Que medidas podem ser adotadas para que evitemos de vez a praga da corrupção?
Como podemos fazer com que a sociedade seja mais participativa e, portanto, representada nas decisões de poder?
Como atribuir pesos reais ao conjunto da política e não ficarmos a mercê da vontade de dois partidos que se desejam alternar-se na esfera maior de poder?
Como garantir que a democracia jamais possa ser arranhada em seus princípios e que a República, o sonho da República de alguns, seja finalmente tirada do papel?
Como o povo pode agir, sem quebra do status institucional, na direção de remover pacificamente os representantes que não foram leais aos seus princípios ou que se mostraram incompetentes no exercício da gestão?
Estas e outras perguntas necessitam ser respondidas para que, de verdade, possamos construir uma nova política neste País.
O que aí está não serve, ou melhor, presta-se apenas para a manutenção dos que estão nas barbas do poder.
Este modelo é caótico e ultrapassado e dá os seus últimos sinais de vida, todos percebem isso e não precisa ser especialista em política para atestar o que digo.
As mudanças são urgentes, mas não simplesmente de pessoas, mas de princípios, de valores, de ética de conduta no poder. Que adianta mudar as pessoas e manter o mesmo figurino de hipocrisia que há anos governa o nosso País – e não me detenho somente a última quadra de governo?
Nossos vícios são milenares. Advém antes da República e foi alicerçado lá traz pelos poderosos da monarquia ou mesmo pelos nossos colonizadores que desrespeitavam abertamente os nossos direitos de pátria.
Estas mudanças são urgentes e inadiáveis e o povo deve agora se reunir para determinar o que deseja que seja feito, independentemente daquele que estiver na cadeira maior.
Tirar um governante, mesmo que de maneira legítima, e nada fazer é pobreza política do mesmo jeito. As revoluções verdadeiras, meus caros, todos sabem, começam na consciência das pessoas e não em gestos de espetacularização do poder, tampouco com palavras de ordem, tão somente.
A verdade, nua e crua, é que somos ainda dependentes de um modelo falido de se fazer política no País e, como bem disse o mestre nazareno, que adiantará realizar cozimento novo em pano velho?
Mudança se faz com valentia, não de pegar em armas, mas de tomar com coragem as rédeas do destino da nação.
Enumeremos, urgentemente, o que se pretende que se faça de renovação no seio do País. Juntemo-nos, e por quê não, as forças antagônicas para redigir um documento de mudanças para o Brasil.
Certamente haverá muita convergência e serão nelas que alicerçaremos um novo projeto de País.
Se nos dispusermos a fazer isso sem restrições, sem sentimento de ódio ou raiva, mas por profundo amor pela nossa nação, haveremos de mostrar para nós mesmos e depois para o mundo a nossa galhardia, o nosso espírito fraterno, a nossa marca de cidadãos.
As pessoas, senhores, que representarão esta agenda de mudanças aparecerão naturalmente, seja pela reconhecida competência, seja pela sua lisura de caráter, seja pelo seu compromisso com nosso País.
Agindo assim haveremos de promover, de fato, o nosso Brasil como a tão propagada nação que deseja ser coração do mundo e pátria do Evangelho.
Se nada de diferente for feito seremos apenas caricatos de um sonho perdido.
Não esperem que os espíritos façam aquilo que é responsabilidade de vocês concretizarem. A parceria existe, e isto é inequívoco, mas somente atua quando há convergência de interesses e ações.
O Brasil mudará quando o seu povo tomar as rédeas do seu destino.
Às mudanças inadiáveis, irmãos!


Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal

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