Se todos os espíritos, ao desencarnarem, por
espontânea vontade ou não, se esclarecessem na Vida de Além-Túmulo, natural
que, ao reencarnarem, o fizessem isentos de seus erros.
E assim, consequentemente, a necessidade do
esquecimento do passado, que é Lei Natural, careceria de sentido, porquanto,
então, os espíritos não se mostrariam tendentes a repetir os equívocos
cometidos.
Mas, como a Vida, depois da morte, prossegue
sem transformação substancial da criatura, a verdade é que os espíritos
continuam a ser o que eram na Terra, e, não raro, infelizmente, retornam a novo
corpo carnal quase sempre os mesmos.
Vigindo para o mundo físico a Lei de que
“nada dá saltos”, para o mundo moral não poderia ser diferente, e semelhante
Lei, com maior propriedade, a ele se aplica.
A desencarnação, que nos despoja do
envoltório grosseiro, não nos afeta a essência – antes, porém, em sentido
positivo, nos afetasse, e, sem esforço de nossa parte, promovesse a nossa
renovação.
O grão de areia, ao reencarnar, vira pérola,
mas isso não acontece se não gradativamente, na intimidade da ostra.
O fruto, ao desencarnar, volta a ser
semente, com as mesmas características do fruto que foi.
Aperfeiçoamento genético, e, principalmente,
aperfeiçoamento anímico, é obra paciente do tempo, através das múltiplas
experimentações a que, no laboratório da Natureza, o “princípio material” e o
“princípio inteligente” se submetem.
E por que o ser inteligente, ao ver-se fora
do corpo, não logra pensar fora dos padrões aos quais se encontra habituado, ele
tende a recriar em torno em si a vida que deixou na Terra – ou, por outra, ao
ver-se, outra vez, no corpo denso, ele tende a recriar na Terra a vida que
deixou no Mundo Espiritual!
Entretanto, em tal de processo de recriar,
evidentemente, que novos valores, adquiridos tanto no Mundo Espiritual quanto
na Terra, vão sendo acrescentados, pois, caso contrário, em nenhum dos Dois Lados ,
a Evolução se faria.
O espírito, portanto, encarnado ou
desencarnado, não pode desprezar a experiência que vivencia, porque toda e
qualquer ação futura, por menor seja, é consequência da ação presente.
Diante do exposto, muito difícil compreender
quem, por exemplo, defende um Mundo Espiritual em transcendência, por habitat
do espírito após o seu desenlace corporal – semelhante prodígio, se ocorresse,
contrariaria a Lógica de todos os fenômenos observáveis na Criação Divina.
Há quem diga que a evolução do espírito é
lenta – todavia, diante da eternidade do Tempo, o que pode ser classificado
como sendo lento ou rápido?!
O fruto que é amadurecido artificialmente
sempre perde em qualidade e sabor...
Nenhuma lâmpada que se acenda dentro de casa
produz a mesma luminosidade no ambiente que a dos raios do Sol, quando entram
pela janela...
Para a Evolução do ser, nenhum artifício
evolutivo faz-se possível – e, antes que me contestem, apresso-me em dizer que
a capacidade de amar não é um artifício evolutivo, mas, sim, o móvel da própria
Vida.
Não esperemos, pois, seja onde estivermos,
que a Vida, em torno, ou mesmo alhures, nos surpreenda com transcendência, sem
que a tenhamos transcendido em nós mesmos.
INÁCIO FERREIRA Blog Mediunidade na Internet
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