26.1.16

RECRIANDO A VIDA

Se todos os espíritos, ao desencarnarem, por espontânea vontade ou não, se esclarecessem na Vida de Além-Túmulo, natural que, ao reencarnarem, o fizessem isentos de seus erros.
E assim, consequentemente, a necessidade do esquecimento do passado, que é Lei Natural, careceria de sentido, porquanto, então, os espíritos não se mostrariam tendentes a repetir os equívocos cometidos.
Mas, como a Vida, depois da morte, prossegue sem transformação substancial da criatura, a verdade é que os espíritos continuam a ser o que eram na Terra, e, não raro, infelizmente, retornam a novo corpo carnal quase sempre os mesmos.
Vigindo para o mundo físico a Lei de que “nada dá saltos”, para o mundo moral não poderia ser diferente, e semelhante Lei, com maior propriedade, a ele se aplica.
A desencarnação, que nos despoja do envoltório grosseiro, não nos afeta a essência – antes, porém, em sentido positivo, nos afetasse, e, sem esforço de nossa parte, promovesse a nossa renovação.
O grão de areia, ao reencarnar, vira pérola, mas isso não acontece se não gradativamente, na intimidade da ostra.
O fruto, ao desencarnar, volta a ser semente, com as mesmas características do fruto que foi.
Aperfeiçoamento genético, e, principalmente, aperfeiçoamento anímico, é obra paciente do tempo, através das múltiplas experimentações a que, no laboratório da Natureza, o “princípio material” e o “princípio inteligente” se submetem.
E por que o ser inteligente, ao ver-se fora do corpo, não logra pensar fora dos padrões aos quais se encontra habituado, ele tende a recriar em torno em si a vida que deixou na Terra – ou, por outra, ao ver-se, outra vez, no corpo denso, ele tende a recriar na Terra a vida que deixou no Mundo Espiritual!
Entretanto, em tal de processo de recriar, evidentemente, que novos valores, adquiridos tanto no Mundo Espiritual quanto na Terra, vão sendo acrescentados, pois, caso contrário, em nenhum dos Dois Lados, a Evolução se faria.
O espírito, portanto, encarnado ou desencarnado, não pode desprezar a experiência que vivencia, porque toda e qualquer ação futura, por menor seja, é consequência da ação presente.
Diante do exposto, muito difícil compreender quem, por exemplo, defende um Mundo Espiritual em transcendência, por habitat do espírito após o seu desenlace corporal – semelhante prodígio, se ocorresse, contrariaria a Lógica de todos os fenômenos observáveis na Criação Divina.
Há quem diga que a evolução do espírito é lenta – todavia, diante da eternidade do Tempo, o que pode ser classificado como sendo lento ou rápido?!
O fruto que é amadurecido artificialmente sempre perde em qualidade e sabor...
Nenhuma lâmpada que se acenda dentro de casa produz a mesma luminosidade no ambiente que a dos raios do Sol, quando entram pela janela...
Para a Evolução do ser, nenhum artifício evolutivo faz-se possível – e, antes que me contestem, apresso-me em dizer que a capacidade de amar não é um artifício evolutivo, mas, sim, o móvel da própria Vida.
Não esperemos, pois, seja onde estivermos, que a Vida, em torno, ou mesmo alhures, nos surpreenda com transcendência, sem que a tenhamos transcendido em nós mesmos.


INÁCIO FERREIRA Blog Mediunidade na Internet

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