27.1.16

A Importância do Perdão

O homem tem a necessidade de perdoar. Pode ser difícil, pode custar tempo, mas é imperioso perdoar aos nossos ofensores.
Jesus nos pediu que perdoassemos não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete, o que importa, portanto, é perdoar.
Ele mesmo, ao falar o Pai Nosso, lembrou, igualmente, da necessidade do perdão e adicionou mais uma variante no ato de perdoar: pedir que Deus nos perdoe na proporção que perdoarmos. Ou seja, para pedir perdão sobre o mal que fizemos a alguém é necessário que tomemos a iniciativa de perdoar.
Por que, no entanto, temos tanta dificuldade de exercitar o perdão?
Penso que a dificuldade maior é o nosso egoísmo, é o nosso orgulho de cada dia.
Alguém nos ofendeu, quer dizer, alguém foi de encontro a um direito inalienável que eu tinha. Alguém me prejudicou de alguma forma: mentiu, constrangiu, injuriou...
Ora, foi de encontro a algo que me pertencia, me diminuiu perante os demais, tolheu a minha imagem que eu construo a duras penas. E agora, como recuperá-la?
Se me feriu, pensam muitos, tenho o direito de ferir também. Será na mesma moeda. Por esta forma de pensar, tenho visto aqui e aí grandes prejuízos na vida de muitos. Devo eu devolver no mesmo tom a ofensa recebida?
Claro que não!
O perdão não é o esquecimento, é o entendimento de que o outro errou contra mim, mas porque ele estava em desequilíbrio, porque ele ainda não atentou à verdade, porque ele ainda guarda atraso no seu coração.
Quando compreendemos a razão do outro – o que não quer dizer aceitar -, mas compreender, passamos a dar um desconto enorme naquele gesto impensado do outro.
É claro que muita gente não se endireita. Podemos perdoar (entender), mas ele há de fazer tudo novamente com outra pessoa. Bem, o problema é dele, não é seu. A vida vai lhe encarregar de mostrar os seus erros e a cobrança de reparo virá naturalmente, mas não deve nunca ser de você.
A falta do perdão é elemento gerador do ódio, da dissensão, do afastamento, da mágoa, das desavenças, da vingança, do desamor.
Ora, se você perdoa, meu caro, você se livra de tudo isso num gesto só. Que maravilha, não?
Eu perdoo aos meus ofensores já há algum tempo. Confesso que é deverasmente difícil. Fico em remoendo por dentro que é uma coisa, mas não deixo me levar pela propensão de odiar, isso não, porque me fará muito mal.
Quando saio de mim e procuro as razões do outro, parece que começo a ficar mais leve, mais tranquilo, o coração desaperta. Então, já estou ganhando, mesmo se eu ainda não consumar o ato do perdão.
A dívida é do outro, não minha, então é melhor assim, não é?
Tente perdoar seu ofensor. Tente compreendê-lo nas suas razões intrínsecas de desmando contra você. Tente ficar no lugar dele e verá, no fundo, o quanto ele é infeliz e, muitas vezes, nem sabe, nem percebe.
Meus queridos, deixo um abraço caloroso de um velho que aprende todo dia a arte de perdoar, um tantinho assim que seja.
Paz,

Helder Câmara – blog Novas Utopias

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