O homem tem a necessidade
de perdoar. Pode ser difícil, pode custar tempo, mas é imperioso perdoar aos
nossos ofensores.
Jesus nos pediu que
perdoassemos não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete, o que importa,
portanto, é perdoar.
Ele mesmo, ao falar o Pai
Nosso, lembrou, igualmente, da necessidade do perdão e adicionou mais uma
variante no ato de perdoar: pedir que Deus nos perdoe na proporção que
perdoarmos. Ou seja, para pedir perdão sobre o mal que fizemos a alguém é
necessário que tomemos a iniciativa de perdoar.
Por que, no entanto, temos
tanta dificuldade de exercitar o perdão?
Penso que a dificuldade
maior é o nosso egoísmo, é o nosso orgulho de cada
dia.
Alguém nos ofendeu, quer
dizer, alguém foi de encontro a um direito inalienável que eu tinha. Alguém me
prejudicou de alguma forma: mentiu, constrangiu,
injuriou...
Ora, foi de encontro a algo
que me pertencia, me diminuiu perante os demais, tolheu a minha imagem que eu
construo a duras penas. E agora, como recuperá-la?
Se me feriu, pensam muitos,
tenho o direito de ferir também. Será na mesma moeda. Por esta forma de pensar,
tenho visto aqui e aí grandes prejuízos na vida de muitos. Devo eu devolver no
mesmo tom a ofensa recebida?
Claro que
não!
O perdão não é o
esquecimento, é o entendimento de que o outro errou contra mim, mas porque ele
estava em desequilíbrio, porque ele ainda não atentou à verdade, porque ele
ainda guarda atraso no seu coração.
Quando compreendemos a
razão do outro – o que não quer dizer aceitar -, mas compreender, passamos a dar
um desconto enorme naquele gesto impensado do
outro.
É claro que muita gente não
se endireita. Podemos perdoar (entender), mas ele há de fazer tudo novamente com
outra pessoa. Bem, o problema é dele, não é seu. A vida vai lhe encarregar de
mostrar os seus erros e a cobrança de reparo virá naturalmente, mas não deve
nunca ser de você.
A falta do perdão é
elemento gerador do ódio, da dissensão, do afastamento, da mágoa, das
desavenças, da vingança, do desamor.
Ora, se você perdoa, meu
caro, você se livra de tudo isso num gesto só. Que maravilha,
não?
Eu perdoo aos meus
ofensores já há algum tempo. Confesso que é deverasmente difícil. Fico em
remoendo por dentro que é uma coisa, mas não deixo me levar pela propensão de
odiar, isso não, porque me fará muito mal.
Quando saio de mim e
procuro as razões do outro, parece que começo a ficar mais leve, mais tranquilo,
o coração desaperta. Então, já estou ganhando, mesmo se eu ainda não consumar o
ato do perdão.
A dívida é do outro, não
minha, então é melhor assim, não é?
Tente perdoar seu ofensor.
Tente compreendê-lo nas suas razões intrínsecas de desmando contra você. Tente
ficar no lugar dele e verá, no fundo, o quanto ele é infeliz e, muitas vezes,
nem sabe, nem percebe.
Meus queridos, deixo um
abraço caloroso de um velho que aprende todo dia a arte de perdoar, um tantinho
assim que seja.
Paz,
Helder Câmara – blog Novas
Utopias
Nenhum comentário:
Postar um comentário