O Signo da
Esperança
A bandeira nacional
tremula no horizonte. Ela nos grita, a todo o momento, que vejamos o que lá
está posto na frase magnânima positivista de “ordem e
progresso”.
Pois bem, o que significa
esta insígnia nos dias de hoje, meus caros?
Penso que ordem signifique
triunfar no meio do caos. Imagino que seja a capacidade de governar bem diante
das atrozes incertezas que o ambiente naturalmente nos impõe. Creio que pode
significar, a meu modo, a nossa criatividade em trazer o novo diante do velho
que não funciona mais. É marcharmos juntos numa mesma direção, respeitando, é
claro, o embate das diferenças, mas termos um rumo, um projeto de País. E isto,
definitivamente, não possuímos.
O progresso advém
espontaneamente do rumo certo que se impõe ao País. Ele é consequência dos
passos acertados que se propõe para a Nação. Toda nação que se põe em ordem, ou
seja, que caminha unida numa direção única tem mais probabilidade de chegar a um
fim útil. O Brasil nem projeto tem, infelizmente.
As forças que se
instalaram no País, nos últimos anos, trouxeram o signo da esperança. Era um
pensamento reinante de que poderíamos nos encontrar com a nossa história, unindo
progresso sustentável com justiça social.
Os primeiros passos
apontaram nesta direção. Decisões corretas da economia foram mantidas e, em
igual modo, avanços no campo social foram introduzidos. Imaginávamos, do lado de
cá, que finalmente estaríamos unidos numa mesma trilha direcional. Não foi bem
isso que aconteceu posteriormente.
A fé num governo é
imprescindível para que ele se sustente e programe mudanças necessárias para o
País. Houve, naquele breve momento da nossa história, condições espetaculares de
ajuste das nossas estruturas carcomidas, ultrapassadas, inservíveis. Mas não,
preferiu-se o caminho mais fácil, pior, foi se sucumbindo diante da fartura do
dinheiro público e cambiou-se o espírito público pela apropriação
indébita.
É do sonho dos homens que
nasce uma nação, permita-me aqui parafrasear outro maioral das letras. Havia,
naquela ocasião, uma esperança coletiva que é capital substancioso para promover
as grandes mudanças. Claro que toda mudança impõe sacríficios de primeira hora e
não seria diferente, mas a credibilidade, a vinculação popular, daria aos
projetos de mudança o equilíbrio necessário para a sua implantação. Que pena!
Perdemos, como falavamos em minha época, o trem da
história.
Hoje as condições são
adversas. O clima é de desconfiança total. A insegurança reina em todos os
poderes. Por que acreditar em alguém hoje? Aliás, em quem
acreditar?
Talvez esta seja a grande
hora de apostarmos naquilo que outras nações souberam absorver em seu modo de
governar.
Trocaram a promessa de uma
pessoa pela escrita do compromisso formal.
Trocaram o paternalismo
pelas ideias revigorantes.
Trocaram a improvisação
pela eficiência de gestão.
Há muito que se pensa no
Brasil em torná-lo mais confiável para o mundo. Nós somos conhecidos lá fora
pelo nosso pouco apego a seguir regras. É importante que não confundamos o nosso
espírito inventivo, a nossa flexibilidade perante as adversidades, com a quebra
de regras ou o desrespeito às leis. Infelizmente, passamos esta imagem que de
todo não é falsa.
Podemos agora mudar tudo
isto. Basta que o povo, de maneira organizada, entendendo o seu papel histórico
neste momento, traga para si a responsabilidade dos destinos da política e não
delegue irresponsavelmente a um salvador da pátria. Já vimos, por diversas
vezes, que esta experiência não deu certo – e nunca dará, haja vista que
seríamos governados pela sorte.
Entender, finalmente, que
a democracia é governo do povo com o povo. Ao delegarmos aquilo que nos pertence
(escrevo como se em corpo físico estivesse) e não acompanharmos devidamente o
que foi delegado não teremos o direito futuro de
reclamar.
Somos os atores do nosso
amanhã, seja qual for o drama que participarmos. Se tivermos postura ativa,
diligente, responsável, certamente nosso futuro será melhor. Se, porém,
continuarmos nesta condição de mero coadjuvante na política, serão outros que
brilharão por conta própria.
Devemos mudar o Brasil
porque ele representa a nossa pátria, o nosso chão, aquilo que deixaremos como
legado para nossos filhos e netos, a nós mesmos em última
instância.
Aos meus patriotas,
conclamo a não baixar a cabeça, a não se furtar de participar ativamente dos
desígnios da política, de ser ator principal de seu próprio
destino.
Sem ufanismos, mas com os
dois pés bem ancorados na realidade.
Sem subterfúgios, mas com
a objetividade daquilo que se deseja.
Sem medo de se mostrar,
porque é na ousadia que a esperança cresce.
Avante,
Brasil!
Joaquim Nabuco – Blog
Reflexões de um Imortal
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