10.1.16

O Signo da Esperança

 A bandeira nacional tremula  no horizonte. Ela nos grita, a todo o momento, que vejamos o que lá está posto na frase magnânima positivista de “ordem e progresso”.
 Pois bem, o que significa esta insígnia nos dias de hoje, meus caros?
 Penso que ordem signifique triunfar no meio do caos. Imagino que seja a capacidade de governar bem diante das atrozes incertezas que o ambiente naturalmente nos impõe. Creio que pode significar, a meu modo, a nossa criatividade em trazer o novo diante do velho que não funciona mais. É marcharmos juntos numa mesma direção, respeitando, é claro, o embate das diferenças, mas termos um rumo, um projeto de País. E isto, definitivamente, não possuímos.
 O progresso advém espontaneamente do rumo certo que se impõe ao País. Ele é consequência dos passos acertados que se propõe para a Nação. Toda nação que se põe em ordem, ou seja, que caminha unida numa direção única tem mais probabilidade de chegar a um fim útil. O Brasil nem projeto tem, infelizmente.
 As forças que se instalaram no País, nos últimos anos, trouxeram o signo da esperança. Era um pensamento reinante de que poderíamos nos encontrar com a nossa história, unindo progresso sustentável com justiça social.
 Os primeiros passos apontaram nesta direção. Decisões corretas da economia foram mantidas e, em igual modo, avanços no campo social foram introduzidos. Imaginávamos, do lado de cá, que finalmente estaríamos unidos numa mesma trilha direcional. Não foi bem isso que aconteceu posteriormente.
 A fé num governo é imprescindível para que ele se sustente e programe mudanças necessárias para o País. Houve, naquele breve momento da nossa história, condições espetaculares de ajuste das nossas estruturas carcomidas, ultrapassadas, inservíveis. Mas não, preferiu-se o caminho mais fácil, pior, foi se sucumbindo diante da fartura do dinheiro público e cambiou-se o espírito público pela apropriação indébita.
 É do sonho dos homens que nasce uma nação, permita-me aqui parafrasear outro maioral das letras. Havia, naquela ocasião, uma esperança coletiva que é capital substancioso para promover as grandes mudanças. Claro que toda mudança impõe sacríficios de primeira hora e não seria diferente, mas a credibilidade, a vinculação popular, daria aos projetos de mudança o equilíbrio necessário para a sua implantação. Que pena! Perdemos, como falavamos em minha época, o trem da história.
 Hoje as condições são adversas. O clima é de desconfiança total. A insegurança reina em todos os poderes. Por que acreditar em alguém hoje? Aliás, em quem acreditar?
 Talvez esta seja a grande hora de apostarmos naquilo que outras nações souberam absorver em seu modo de governar.
 Trocaram a promessa de uma pessoa pela escrita do compromisso formal.
 Trocaram o paternalismo pelas ideias revigorantes.
 Trocaram a improvisação pela eficiência de gestão.
 Há muito que se pensa no Brasil em torná-lo mais confiável para o mundo. Nós somos conhecidos lá fora pelo nosso pouco apego a seguir regras. É importante que não confundamos o nosso espírito inventivo, a nossa flexibilidade perante as adversidades, com a quebra de regras ou o desrespeito às leis. Infelizmente, passamos esta imagem que de todo não é falsa.
 Podemos agora mudar tudo isto. Basta que o povo, de maneira organizada, entendendo o seu papel histórico neste momento, traga para si a responsabilidade dos destinos da política e não delegue irresponsavelmente a um salvador da pátria. Já vimos, por diversas vezes, que esta experiência não deu certo – e nunca dará, haja vista que seríamos governados pela sorte.
 Entender, finalmente, que a democracia é governo do povo com o povo. Ao delegarmos aquilo que nos pertence (escrevo como se em corpo físico estivesse) e não acompanharmos devidamente o que foi delegado não teremos o direito futuro de reclamar.
 Somos os atores do nosso amanhã, seja qual for o drama que participarmos. Se tivermos postura ativa, diligente, responsável, certamente nosso futuro será melhor. Se, porém, continuarmos nesta condição de mero coadjuvante na política, serão outros que brilharão por conta própria.
 Devemos mudar o Brasil porque ele representa a nossa pátria, o nosso chão, aquilo que deixaremos como legado para nossos filhos e netos, a nós mesmos em última instância.
 Aos meus patriotas, conclamo a não baixar a cabeça, a não se furtar de participar ativamente dos desígnios da política, de ser ator principal de seu próprio destino.
 Sem ufanismos, mas com os dois pés bem ancorados na realidade.
 Sem subterfúgios, mas com a objetividade daquilo que se deseja.
 Sem medo de se mostrar, porque é na ousadia que a esperança cresce.
Avante, Brasil!

Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal

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