Não me contenho em dizer, sempre e cada vez
mais, que a vida deve ser vivida com grande alegria. Não há motivo, por maiores que sejam os
dissabores, as dificuldades, os atropelos, para baixarmos a guarda e
traduzirmos tudo isso em pessimismo.
Não devemos, é claro, sairmos da realidade,
ignorarmos que ela existe, mas também é imprescindível que mantenhamos a
confiança no Pai. Ele tudo vê. Ele tudo sabe. Ele tudo supervisiona. Portanto,
Ele sabe o que seja melhor para cada um de seus filhos e haverá de prover a
todas as nossas necessidades.
Fico pensando como seria se tirássemos de
nós a alegria de viver, se não possuíssemos, naturalmente, a vontade de viver
em harmonia com o Pai. Que tristeza seria esta. Há pessoas ainda que acreditam
que tudo isto é balela, que Deus não existe, que não se precisa de um criador
para justificar tudo isto que está aí. É pena imaginar que tudo isso tenha
nascido do nada, criou-se do nem sei quem. Respeito tal posição, mas para mim é
inconcebível.
A experiência com Deus nos traz alegria
enorme, verdadeiramente indefinível. Quem já teve uma experiência com o divino
sabe perfeitamente o que eu digo. É indescritível. Enche-nos profundamente a
alma de uma satisfação, de uma completude, de uma harmonia que percebemos
imediatamente que aquilo não é humano, transcende a tudo que tenhamos sentido
como material, ou mesmo espiritual. A experiência com Deus é renovadora, é
contagiante, é revigoradora. E é extremamente pessoal.
Os ateístas dificilmente terão uma
experiência divinal, a menos que se permita adentrar no imaginável mundo do
Criador. Quando isto acontece, há um movimento interior que nos leva às
alturas, repito, inexplicável.
Portanto, é difícil passar por esta
experiência sem uma autopermissão. Não serei eu, nem ninguém, que vai poder
propiciar tal fato.
Mesmo assim, o Criador não abandona a nenhum
de seus filhos simplesmente porque ele O ignora. Ele está acima de tudo isso,
não liga para as desobediências de seus filhos queridos.
Sei que há muitas formas de compreender a
Deus, isto tudo é muito particular, mas cremos que a maioria delas seja
salutar. O homem prossegue na sua existência a descobrir cada vez mais o
significado de Deus. O Deus das religiões é um, mas o Deus verdadeiro é outro
diferente. Não confundamos, portanto, aquilo que se prega, com aquilo que
realmente é.
Compreendam que é a falha humana em tentar
mostrar algo que seja indefinível. Usa-se figura de linguagem, raciocínios
muitas vezes tortos, ideias fantasiosas. Não se deve, assim, confundir tais
descrições com o Deus real.
Quando as crianças, dizia Paulo, age-se
igualmente como elas percebem as coisas. Depois que abandonamos as coisas de
criança, quando apreendemos o mundo com olhos de adulto, então compreendemos
mais determinadas coisas, ampliamos o nosso entendimento, isto é, quanto mais
amadurecemos espiritualmente melhor compreendemos a Deus.
O fato é que Ele abriga um espaço completo
no coração e na mente daquele que O aceita e O compreende. A vida torna-se
melhor e inunda dentro de nós grande alegria de viver, porque vivemos em consonância
com o Pai maior e aí tudo passa a fazer sentido.
Isto é Deus.
Pelo menos no nosso raquítico entendimento.
Paz,
Helder Câmara – Blog Novas Utopias
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