Aristocracia
Moral
Há
muito tempo, tive a oportunidade de assumir a cátedra de uma escola filosófica
no lado de cá da vida. Possuía as minhas limitações de conhecimento e fiz-me
apenas portador do que aprendera sobre o assunto. Esforcei-me em tentar
traduzir o que sabia coligado ao ensinamento dos espíritos superiores. Era isso
o que eles desejavam que eu fizesse.
Pois
bem, enumerei uma série de fatos que demonstra a imortalidade depois da vida
física e porque estamos nesta roda de idas e voltas no corpo físico.
O
pensamento filosófico, como sabe, permite ilações que provocam o juízo humano
para sair das esferas de pensamento corrente. Se assim não fosse seria
extremamente desnecessário filosofar.
Minha
vez de conjecturar dizia respeito ao governo dos cidadãos na terra.
O que
via por aqui era algo totalmente diferente do que já conhecera. Primeiramente,
não há o que tanto pregamos quando estamos no corpo, não há espaço para
democracia. Isso mesmo. Pode chocar a muitos, mas definitivamente este não é o
modo como eles encaram o governo por aqui. Damos opiniões, somos ouvidos, nos
consideram, mas a decisão final vem sempre lá de cima. O que se pratica por
aqui é uma espécie de aristocracia, o governo dos melhores.
Os
mais capacitados, os mais cultos, os mais preparados para a governança, os mais
hábeis, os mais desenvolvidos moralmente, são convocados por instâncias
superiores para dar a sua contribuição a um conjunto de pessoas num determinado
lugar. E ninguém contesta, é tudo aceito com absoluta passividade e todos
gostam.
Alguém
poderia exclamar: impossível, isto é um retrocesso. Não é, meus senhores, é uma
aristocracia moral, o governo dos bons.
O
eleito, ou melhor, o escolhido para governar uma cidade por exemplo, possui
todos os requisitos possíveis para estar naquela posição e os outros facilmente
compreendem ou percebem esta qualidade superior. E, ao contrário, de se
sentirem menores, são agradecidos, porque a governabilidade estará garantida
sem prejuízo de andamento do que havia em desenvolvimento.
Os
espíritos escolhidos para liderarem contingentes mais numerosos de pessoas
possuem qualidades “natas” para exercer o cargo. Respeita a todos, ouve a
todos, responde a todos, interage com todos. É um líder na melhor expressão da
palavra.
Mas
isto é possível aí, Joaquim, por aqui, está muito distante.
Concordo
com a assertiva, mas o que impede que se possa escolher com mais acuidade os
vossos representantes?
Por
que eles não passam por um exame apurado de suas possíveis qualidades?
O
que impede dele ser antecipadamente treinado para o cargo?
Por
que ele não assume gradativamente responsabilidades de acordo com seu nível de
competência?
Por
que não existe uma espécie de conselho dos nobres da sociedade que atestem a
qualidade daquele candidato a governante?
Sei
que o que tem aí, com raras exceções, é produto da escolha do povo, mas o
processo em si, na maioria das vezes, é completamente viciado.
Aproveite
as eleições municipais para exercitarem este poder de escolha e começar a
separar o joio do trigo, os melhores dos incapazes. Somente assim, numa seleção
criteriosa, podemos aperfeiçoar o mecanismo democrático até um dia, certamente,
ele se tornar a gestão dos melhores.
Joaquim
Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal