30.4.13


FICÇÃO ESPÍRITA – UM NOVO GÊNERO DE LITERATURA?

Não resta dúvida de que, ultimamente, vem surgindo um novo gênero de literatura – a ficção espírita!
Dezenas de médiuns e, consequentemente, dezenas de autores espirituais, vêm se responsabilizando por uma série infindável de novelas e romances de fundo espírita – talvez, mais espiritualista do que propriamente espírita.
Inspirados por seus autores desencarnados, nem sempre versados no conhecimento da Doutrina, vários médiuns vêm concebendo tramas literárias de inegável conteúdo moral, porém, de questionável autenticidade histórica.
Evidentemente, caberá ao leitor separar o joio do trigo, tendo como parâmetro as Obras de Allan Kardec, e aquelas outras da lavra mediúnica de Chico Xavier, que foram escritas em complemento à Codificação.
O que não se pode é atribuir a todo livro espírita, seja mediúnico ou não, o mesmo caráter de autenticidade histórica e doutrinária que nos deve merecer os clássicos do Espiritismo.
Convém, ainda, considerarmos que as referidas obras romanceadas, que, atualmente, inundam o mercado livreiro espírita, podem não passar, em sua essência, de reminiscências dos próprios medianeiros a respeito de suas vidas pretéritas, acrescidas de sua criatividade literária.
Se este gênero de literatura – o da ficção espírita – não ficar bem definido, estaremos correndo o risco de, no Espiritismo, se tomar a ficção pela realidade, o que não deixará de ser aproveitado pelos seus ferrenhos adversários, que, facilmente, descobrirão nestas obras, grande vulnerabilidade filosófica, da qual eles haverão de se valer para lhe combater os Princípios.
Claro que, de nossa parte, consideramos toda obra que difunda a ideia da Imortalidade, com base na moral do Cristo, muito bem-vinda, mormente num mundo em que os livros que se classificam como “best-sellers” não passam de apelos ao materialismo vulgar.
Não obstante, fraternalmente, preocupam-nos sim as obras, de autores encarnados e desencarnados, que, pelos leitores menos avisados, vêm sendo consideradas por autênticas revelações da Vida Maior.
Não é porque um livro possua a chancela de “obra mediúnica” que o seu conteúdo deva ser aceito sem que seja submetido ao crivo da razão, evitando-se, no entanto, conclusões precipitadas pró ou contra.
Não nos esqueçamos de que o próprio Kardec, na elaboração de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, ante as dificuldades naturais de se comprovar, historicamente, certos acontecimentos da Vida do Cristo, preferiu dar ênfase ao seu ensino moral.
Assim, somos de opinião que, em relação às Obras de Allan Kardec e Chico Xavier, fiquemos com o seu incontestável conteúdo revelador, e, quanto às demais, sem exclusão de nenhum autor ou coautor, procuremos ficar com a mensagem de fundo moral, que, possivelmente, tais obras estejam a difundir.

INÁCIO FERREIRA
(Página recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião íntima no Lar Espírita “Pedro e Paulo”, na manhã de 15 de abril de 2013, em Uberaba – MG, especialmente para o Editorial do “Jornal da Mediunidade”).

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