FICÇÃO ESPÍRITA – UM NOVO GÊNERO DE
LITERATURA?
Não resta dúvida de que, ultimamente, vem surgindo um novo
gênero de literatura – a ficção espírita!
Dezenas de médiuns e,
consequentemente, dezenas de autores espirituais, vêm se responsabilizando por
uma série infindável de novelas e romances de fundo espírita – talvez, mais
espiritualista do que propriamente espírita.
Inspirados por seus autores
desencarnados, nem sempre versados no conhecimento da Doutrina, vários médiuns
vêm concebendo tramas literárias de inegável conteúdo moral, porém, de
questionável autenticidade histórica.
Evidentemente, caberá ao leitor separar
o joio do trigo, tendo como parâmetro as Obras de Allan Kardec, e aquelas outras
da lavra mediúnica de Chico Xavier, que foram escritas em complemento à
Codificação.
O que não se pode é atribuir a todo livro espírita, seja
mediúnico ou não, o mesmo caráter de autenticidade histórica e doutrinária que
nos deve merecer os clássicos do Espiritismo.
Convém, ainda, considerarmos
que as referidas obras romanceadas, que, atualmente, inundam o mercado livreiro
espírita, podem não passar, em sua essência, de reminiscências dos próprios
medianeiros a respeito de suas vidas pretéritas, acrescidas de sua criatividade
literária.
Se este gênero de literatura – o da ficção espírita – não ficar
bem definido, estaremos correndo o risco de, no Espiritismo, se tomar a ficção
pela realidade, o que não deixará de ser aproveitado pelos seus ferrenhos
adversários, que, facilmente, descobrirão nestas obras, grande vulnerabilidade
filosófica, da qual eles haverão de se valer para lhe combater os
Princípios.
Claro que, de nossa parte, consideramos toda obra que difunda a
ideia da Imortalidade, com base na moral do Cristo, muito bem-vinda, mormente
num mundo em que os livros que se classificam como “best-sellers” não passam de
apelos ao materialismo vulgar.
Não obstante, fraternalmente, preocupam-nos
sim as obras, de autores encarnados e desencarnados, que, pelos leitores menos
avisados, vêm sendo consideradas por autênticas revelações da Vida Maior.
Não
é porque um livro possua a chancela de “obra mediúnica” que o seu conteúdo deva
ser aceito sem que seja submetido ao crivo da razão, evitando-se, no entanto,
conclusões precipitadas pró ou contra.
Não nos esqueçamos de que o próprio
Kardec, na elaboração de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, ante as
dificuldades naturais de se comprovar, historicamente, certos acontecimentos da
Vida do Cristo, preferiu dar ênfase ao seu ensino moral.
Assim, somos de
opinião que, em relação às Obras de Allan Kardec e Chico Xavier, fiquemos com o
seu incontestável conteúdo revelador, e, quanto às demais, sem exclusão de
nenhum autor ou coautor, procuremos ficar com a mensagem de fundo moral, que,
possivelmente, tais obras estejam a difundir.
INÁCIO FERREIRA
(Página
recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião íntima no Lar Espírita
“Pedro e Paulo”, na manhã de 15 de abril de 2013, em Uberaba – MG, especialmente
para o Editorial do “Jornal da Mediunidade”).
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