O tão citado Espirito de Verdade ainda é assunto
de debate no meio espírita, às vezes despertando polêmicas. Nesse estudo de
Paulo da Silva Neto Sobrinho, publicado na Revista Espiritismo & Ciência
Especial, número 61, temos uma série de informações interessantes sobre o
tema.
Quando ele aparece pela primeira vez?
No
dia 24 de março de 1856, Kardec estava em seu escritório escrevendo um texto
sobre os Espíritos e suas manifestações quando, por várias vezes, ouviu
repetidas batidas, cuja causa não logrou sucesso em encontrar. No dia seguinte,
ou seja, 25 de março, era dia de sessão na casa do Sr. Baudin, e lá Kardec
interroga o Espírito Z (Zéfiro) sobre a origem das batidas. Este acontecimento
consta do livro Obras Póstumas, da seguinte forma:
"Pergunta: Ouvistes,
sem dúvida, o relato que acabo de fazer; poderíeis dizer-me qual a causa
daquelas pancadas que se fizeram ouvir com tanta persistência?
Resposta:
Era teu Espírito Familiar.
P: Com que fim foi ele bater daquele modo?
R: Queria comunicar-se contigo.
P: Poderíeis dizer-me quem é ele?
R: Podes perguntar-lhe a ele mesmo, pois que está aqui.
P: Meu
Espírito familiar, quem quer que tu sejas, agradeço-te o me teres vindo visitar.
Consentirás em dizer-me quem és?
R: Para ti, chamar-me-ei A Verdade
e todos os meses, aqui, durante um quarto de hora, estarei a tua disposição."
(Obras Póstumas, FEB, 2006, p. 304-306) (grifo nosso).
Antes da próxima
pergunta, Kardec colocou a seguinte nota: "Nessa época, ainda se não fazia
distinção nenhuma entre as diversas categorias de Espíritos simpáticos.
Dava-se-lhes a todos a denominação de Espíritos familiares." Este fato leva-nos
consequentemente à conclusão de que não se deve tomar ao pé da letra a expressão
"meu Espírito familiar" como se fosse algum parente já desencamado; tratava-se,
no caso, do guia espiritual de Kardec, conforme ele mesmo afirma acerca do
Espírito de Verdade, como será visto mais à frente.
Indagando sobre o
porquê das batidas, teve como resposta que havia um erro no que estava
escrevendo naquela ocasião, fato que depois se confirmou.
Voltando às
perguntas, continua Kardec:
"P: O nome Verdade, que adotaste, constitui
uma alusão à verdade que eu procuro?
R: Talvez; pelo menos, é um guia
que te protegerá e ajudará.
P: Poderei evocar-te em minha casa?
R: Sim, para te assistir pelo pensamento; mas, para respostas escritas em
tua casa, só daqui a muito tempo poderás obtê-las.
P: Terás animado na
Terra alguma personagem conhecida?
R: Já te disse que, para ti, sou a
Verdade; isto, para ti, quer dizer discrição: nada mais saberás a respeito."
(Obras Póstumas, FEB, 2006, p. 304-306) (grifo nosso).
Em nota acrescida
às respostas obtidas do Espírito de Verdade, realizada na casa do Sr. Baudin, a
9 de abril de 1856, portanto cerca de 15 dias após as anteriores, Kardec nos
informa:
"A proteção desse Espírito, cuja superioridade eu então estava
longe de imaginar, jamais, de fato, me faltou. A sua solicitude e a dos
bons Espíritos que agiam sob suas ordens, se manifestou em todas as
circunstâncias de minha vida, quer a me remover dificuldades materiais, quer a
me facilitar a execução dos meus trabalhos, quer, enfim, a me preservar dos
efeitos da malignidade dos meus antagonistas, que foram sempre reduzidos à
impotência." (Obras Póstumas, FEB, 2006, p. 307) (grifo nosso).
DIANTE
DISSO, PARA NÓS FICA BEM CLARO QUE KARDEC FICOU SABENDO QUEM realmente era o
Espírito de Verdade, visto ele confessar que estava longe de supor a sua
superioridade, o que nos leva a concluir que deveria ser alguém de
extraordinário valor pois, se não fosse um Espírito de elevada categoria, teria
dito o seu nome sem maiores reservas. Por outro lado, foi um Espírito que esteve
encarnado entre nós, ou seja, que era conhecido; caso contrário não se poderia
supor a sua elevada evolução. Além disso, o coloca à frente, na linha de comando
dos bons Espíritos, ao afirmar que eles agiam sob suas ordens.
Algumas
objeções têm-se feito quanto a esta superioridade, quando relacionada ao
Espírito de Verdade, tendo em vista principalmente dois pontos: que dar pancadas
não seria coisa que um Espírito superior faria, pois estaria se rebaixando caso
o fizesse; e também por ter sido tratado de Espírito familiar.
Para o
primeiro ponto podemos encontrar uma explicação do próprio Kardec, em O Livro
dos Médiuns, segunda parte, Capítulo XI, item 145:
"Resta-nos destruir um
erro assaz espalhado: o de confundirem-se com os Espíritos batedores todos os
Espíritos que se comunicam por meio de pancadas. A tiptologia constitui um meio
de comunicação como qualquer outro, e que não é, mais do que o da escrita, ou da
palavra, indigno dos Espíritos elevados. Todos os Espíritos, bons ou maus, podem
servir-se dele, como dos diversos outros existentes. O que caracteriza os
Espíritos superiores é a elevação das ideias e não o instrumento de que se
utilizem para exprimi-las. Sem dúvida, eles preferem os meios mais cômodos
e, sobretudo, mais rápidos; mas, na falta de lápis e de papel, não
escrupulizarão de valer-se da vulgar mesa falante e a prova disso é que, por
esse meio, se obtém os mais sublimes ditados [ .. .].
Assim, pois, nem
todos os Espíritos que se manifestam por pancadas são batedores. Este
qualificativo deve ser reservado para os que poderíamos chamar de batedores de
profissão e que, por este meio, se deleitam em pregar partidas, para
divertimentos de umas tantas pessoas, em aborrecer com as suas importunações ...
Acrescentemos que, além de agirem quase sempre por conta própria, também são
amiúde instrumentos de que lançam mão os Espíritos superiores, quando querem
produzir efeitos materiais." (O Livro dos Médiuns, FEB, 2007, p. 198-199) (grifo
nosso).
Portanto, o que importa não é o meio pelo qual uma mensagem foi
transmitida, mas tão somente o seu conteúdo. Agora, quanto ao segundo ponto, ou
seja, de ter sido identificado como um Espírito familiar, temos também a
explicação de Kardec de que, na época, não se fazia nenhuma distinção entre as
diversas categorias de Espíritos simpáticos; eram todos genericamente chamados
de Espíritos familiares, conforme já mencionamos anteriormente.
Assim, o
Espírito de Verdade se apresentou a Kardec e, por motivo de discrição, não disse
absolutamente nada sobre si mesmo. Aliás, "muita discrição" foi a atitude que
Ele recomendou ao Codificador (Obras Póstumas, 2006, p. 313).
É IMPORTANTE OBSERVAR QUE isso aconteceu antes
do lançamento de O Livro dos Espíritos; porém, se Kardec tivesse dito quem de
fato Ele era e divulgado tal coisa, será que hoje em dia estaríamos falando
sobre o
Espiritismo? Considerando que ainda não estamos no fim dos tempos,
época em que, segundo creem alguns, deverá acontecer a parusia (N.E.: ou
parúsia, a segunda vinda de Jesus Cristo à Terra), alguém aceitaria sem maiores
reservas que seria verdadeira a sua identidade, ou acreditaria na revelação
deste Espírito? Feito isso, teria o Espiritismo sobrevivido? Sua sobrevivência
se deve ao fato de que, no princípio, Kardec sempre procurou ressaltar o aspecto
científico da Doutrina. E isso não foi porque quis fazer desta forma, mas
certamente por atender à orientação do Espírito de Verdade.
De certa
forma, essa era a opinião de Herculano Pires quando disse: "Kardec teve de agir
com prudência na divulgação do Espiritismo, para que a reação violenta e
fanática das religiões não asfixiasse no berço a nova mundividência que nascia
das pesquisas mediúnicas." (Pires, l.H. Curso Dinâmico de Espiritismo. A Casa do
Caminho, 1990, p. 13).
Em 9 de agosto de 1863, Kardec, prestes a lançar o
livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, fica sabendo o real objetivo do
Espiritismo:
"Aproxima-se a hora em que te será necessário apresentar o
Espiritismo qual ele é, mostrando a todos onde se encontra a
verdadeira doutrina ensinada pelo Cristo. Aproxima-se a hora em que, à
face do céu e da Terra, terás de proclamar que o Espiritismo é a única tradição
verdadeiramente cristã e a única instituição verdadeiramente divina e humana [
... ]." (Obras Póstumas, 2006, p. 340) (grifo nosso).
Se o Espiritismo é a
verdadeira doutrina ensinada pelo Cristo, não há como não aceitá-lo como uma
religião que, segundo o acima colocado, foi para o que veio. Teria algum bom
motivo pelo qual Ele pessoalmente não viesse completar o que não pôde dizer
naquela época?
Poucos dias depois, a 14 de setembro de 1863, Kardec recebe
mais uma mensagem, da qual ressaltamos o seguinte trecho:
"[ ... ]
Nossa ação, sobretudo a do Espírito de Verdade, é constante ao teu
derredor e tal que não a podes negar. [ ... ] Com esta obra, o edifício
começa a se livrar dos seus andaimes e já se lhe pode a cúpula a desenhar-se no
horizonte." (Obras Póstumas, 2006, p. 341) (grifo nosso).
Fica demonstrada
de forma explícita a ação do Espírito de Verdade sobre Kardec, que também O
reconhecia como seu guia espiritual, fato que podemos confirmar em seus escritos
publicados na Revista Espírita 1861 (p. 356): "Sim, senhores, este fato é não só
característico, mas é providencial. Eis, a este respeito, o que me dizia ainda
ontem, antes da sessão, o meu guia espiritual: o Espírito de Verdade."
(grifo nosso).
ESTRANHAM ALGUMAS PESSOAS ESTA AFIRMATIVA de
Kardec de que o Espírito de Verdade era seu guia espiritual. E aqui temos mais
um bom motivo para que ele não o identificasse claramente como sendo Jesus,
porquanto iriam ridicularizar tanto o Espiritismo quanto a ele que, na melhor
das hipóteses, seria taxado de mais um louco entre milhares que se dizem em
contato com Jesus. Entretanto, a darmos crédito ao que Emmanuel afirma sobre o
Codificador, esta possibilidade é bem real. Vejamos:
"Um dos mais lúcidos discípulos do
Cristo baixa ao planeta, compenetrado de sua missão consoladora, e, dois
meses antes de Napoleão Bonaparte sagrar-se imperador, obrigando o Papa Pio VII
a coroá-lo na igreja de Notre Dame, em Paris, nascia Allan Kardec, aos 3
de outubro de 1804, com a sagrada missão de abrir caminho ao Espiritismo, a
grande voz do Consolador prometido ao mundo pela misericórdia de Jesus Cristo."
(Xavier, F. C. A Caminho da Luz. FEB, 1987. p. 194) (grifo nosso).
Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, não deixa por menos, qualificando
Kardec como "um dos mais lúcidos discípulos do Cristo", fato que o coloca à
altura da nobre missão que recebeu para trazer ao mundo a nova revelação,
presidida, conforme vimos, pelo próprio Cristo.
Particularmente,
acreditamos que esta condição de guia espiritual se relaciona ao período em que
Kardec assumiu a missão de codificar a Doutrina Espírira, seguindo as
orientações dos Espíritos Superiores, ou seja, um guia específico, que o
ajudaria a cumprir esta missão. Quem teria sido Kardec, numa reencarnação
passada, para que o Espírito de Verdade o chamasse de "meu apóstolo"? (Kardec,
A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB, 1990, p. 137).
Se porventura
Kardec houvesse mesmo sido o reformador checo Jan Huss, em nova roupagem
(Incontri, D. Para entender Allan Kardec. Lachâtre, 2004, p. 22-24) ou talvez,
quem sabe, o ressurgimento do antigo precursor João Batista (Aleixo, S. F. O
Espírito das Revelações. Lachâtre, 2001, p. 40-41), teremos que vê-lo, em
qualquer destas hipóteses, como um missionário cujas reencarnações estariam
relacionadas à missão de anunciar e/ou resta. belecer a revelação divina aos
homens.
EM JANEIRO DE 1862, KARDEC PUBLICA NA Revista
Espírita um artigo intitulado "Ensaio sobre a interpretação da doutrina dos
anjos decaídos", sobre o qual houve várias mensagens dos espíritos. Dentre elas,
destacamos uma recebida em Haia (Holanda), cujo teor é:
"Sobre este artigo
não tenho senão poucas palavras a dizer, senão que é sublime de verdade; nada há
a acrescentar, nada há a suprimir; bem felizes aqueles que unirem fé a essas
belas palavras, aqueles que aceitarão esta Doutrina escrita por Kardec.
Kardec é o homem eleito por Deus para instrução do homem desde o
presente; são palavras inspiradas pelos Espíritos do bem, Espíritos muito
superiores. Acrescentai-lhe fé; lede, estudai toda esta Doutrina: é um conselho
que vos dou." (Revista Espírita 1862, p. 115) (grifo nosso).
Aqui temos a
informação de que Kardec foi "o homem eleito por Deus para instrução do homem",
e somando-se à afirmação do Espírito de Verdade de que iria a sua casa "para te
assistir pelo pensamento", podemos deduzir que o Codificador era um médium de
intuição, fato que poderemos também corroborar tomando-se de suas próprias
palavras:
"Sem ter nenhuma das qualidades exteriores da mediunidade
efetiva, não contestamos em sermos assistidos em nossos trabalhos pelos
Espíritos; porque temos deles provas muito evidentes para disto duvidar, o
que devemos,sem dúvida, a nossa boa vontade, e o que é dado a cada um de
merecer. Além das ideias que reconhecemos nos serem sugeridas, é notável
que os assuntos de estudo e observação, em uma palavra, tudo o que pode ser útil
à realização da obra, nos chega sempre a propósito - em outros tempos eu teria
dito: como por encantamento -, de sorte que os materiais e os documentos do
trabalho jamais nos fazem falta. Se temos que tratar de um assunto, estamos
certos de que, sem pedi-lo, os elementos necessários à sua elaboração nos são
fornecidos, e isto por meios que nada têm senão de muito natural, mas que são,
sem dúvida, provocados por colaboradores invisíveis, como tantas coisas que o
mundo atribui ao acaso." (Revista Espírita 1867, p. 274) (grifo nosso).
Um
pouco mais à frente, em agosto de 1863, numa mensagem a respeito da publicação
da Imitação do Evangelho, título da primeira publicação de O Evangelho Segundo o
Espiritismo, entre outras coisas, foi dito a Kardec:
"[ ... ] Ao te
escolherem, os Espíritos conheciam a solidez das tuas convicções e sabiam que
a tua fé, qual muro de aço, resistiria a todos os ataques.
Entretanto,
amigo, se a tua coragem ainda não desfaleceu sob a tarefa tão pesada que
aceitaste, fica sabendo bem que foste feliz até ao presente, mas que é chegada a
hora das dificuldades. Sim, caro Mestre, prepara-se a grande batalha; o
fanatismo e a intolerância, exacerbados pelo bom êxito da tua propaganda, vão
atacar-te e aos teus com armas envenenadas. Prepara-te para a luta. Tenho,
porém, fé em ti, como tens fé em nós, e sei que a tua fé é das que
transportam montanhas e fazem caminhar por sobre as águas. Coragem, pois, e
que a tua obra se complete. Conta conosco e conta, sobretudo, com a grande
alma do Mestre de todos nós, que te protege de modo tão particular," (Obras
Póstumas, p. 340-341) (grifo nosso).
NESTA MENSAGEM, CONFIRMA-SE QUE
KARDEC recebia uma proteção "de modo tão particular" de Jesus, designado como
"Mestre de todos nós", o que vem corroborar tudo quanto estamos citando.a seu
respeito em relação a ele ser uma pessoa especial, que o qualificava para a
missão de trazer ao mundo a terceira revelação divina e ser assistido por quem
pensamos que foi.
Além disso, podemos ainda citar do Espírito de Verdade:
''As grandes missões só aos homens de escol são confiadas e Deus mesmo os
coloca, sem que eles o procurem, no meio e na posição em que possam prestar
concurso eficaz." (O Livro dos Médiuns} FEB, 2007, p. 488), o que nos permite,
objetivamente, qualificar Kardec como um homem de escol.
Mas estaríamos,
segundo alguns poderão supor, diante de uma outra dificuldade, qual seja: Jesus
poderia se manifestar? Não vemos nenhum problema nisso, desde que não o
mantenhamos no pedestal em que foi colocado quando o transformaram num Deus,
retirando-lhe a sua condição humana, da qual nunca negou ser. É certo, pois nós,
os espíritas, disso não duvidamos - que Ele é realmente um Espírito puro -, e
nesta condição, segundo a classificação dos Espíritos feita por Kardec, Jesus
pode perfeitamente se comunicar, o que, por exemplo, pode ser corroborado pelo
fato acontecido na estrada de Damasco, quando Ele aparece a Paulo de Tarso,
questionando-o sobre porque Lhe perseguia (At 9,5), ou no episódio em que Ele
não permite a Paulo e Silas seguirem para Bitínia (At 16,7).
Quanto à
natureza de Cristo, Kardec, até o mês de setembro de 1867, não quis entrar em
maiores detalhes, argumentando:
"[ ... ] uma solução prematura, qualquer
que ela seja, encontraria muita oposição de parte a parte, e afastaria do
Espiritismo maispartidários do que ela lhe daria; eis por que a prudência nos
faz um dever nos abstermos de toda polêmica sobre esse assunto, até que
estejamos seguros de poder colocar o pé sobre um terreno sólido.""(Revista
Espírita 1867, p. 272) (grifo nosso).
É dentro desta mesma prudência que
vemos o porquê de Kardec não ter também dito claramente que Jesus era o Espírito
de Verdade.
Acreditamos que, talvez, seja muito mais complicado um
Espírito puro se manifestar a seres humanos do que vir como um deles e ser
aprisionado num corpo físico, como aconteceu ao "nosso guia e modelo" quando
esteve encarnado aqui entre nós por trinta e poucos anos. Isso ocorre por pura
questão de vibrações; a nossa é tão inferior em relação aos espíritos puros
desencarnados que torna difícil sintonizarmos com eles. Em relação a
reencarnarem entre nós é, julgamos, "menos difícil", porquanto não se fala em
vibrações equivalentes, mas em leis naturais que regulam a encarnação de um
espírito puro em mundos inferiores, atendendo ao desejo de Deus.
NO
EVANGELHO, A QUEM esse nome poderia qualificar?
Mas afinal, a quem
poderíamos qualificar com o codinome "a Verdade"? De onde podemos tirar algo
para relacionar com ele? Se o Espiritismo, conforme sustentam os Espíritos
superiores, é o Cristianismo redivivo, só podemos encontrar alguma coisa no
Evangelho, o que, convém lembrar, também foi sugestão de Kardec para que assim
procedêssemos.
Fizemos uma pesquisa, na qual procuramos eliminar as
passagens comuns entre os evangelistas. Como resultado encontramos Jesus
empregando por 60 vezes a expressão "Em verdade vos digo", quantidade que
reportamos ser bem significativa.
Podemos enumerar mais duas outras
passagens para demonstrar a importância que Ele dava à palavra verdade.
primeira: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser
por mim." (João 14,6). No desdobramento da parte inicial deste versículo,
teremos os três epítetos a que Jesus se atribui: "Eu sou o Caminho. Eu sou a
Verdade. Eu sou a Vida." Será que por aqui já não daria para identificarmos
quem poderia se denominar a Verdade? Segunda: "E conhecereis a verdade, e a
verdade vos libertará" (João 8,32) que, se a colocássemos dessa forma: "E
conhecereis a Jesus, e Jesus vos libertará", ficaria plenamente inteligível e,
além disso, poderia perfeitamente ser aplicada.
Somente estas passagens já
nos levaram a concluir que Jesus é, de fato, o Espírito de Verdade, pois
estariam nelas as razões de ter usado o nome "a Verdade".
E colocamos a
seguinte pergunta: algum Espírito superior teria a insensatez ou vaidade de usar
o codinome "a Verdade", sabendo que poderíamos relacioná-lo a Jesus? Improvável,
pois a elevação que tais Espíritos atingiram não lhes permitiria dizer coisas
dúbias que induziriam as pessoas a pensar coisas equivocadas, principalmente em
se tratando de levar alguém a confundi-Ios com Jesus.
Vejamos, agora,
estas passagens do Evangelho:
"Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós."
(Jo 14,18).
"Quando vier o Paráclito, que vos enviarei de junto do Pai, o
Espírito da Verdade, que vem do Pai, dará testemunho de mim." (Jo 15,26).
"No entanto, eu vos digo a verdade: é de interesse que eu parta, pois, se não
for, o Paráclito não virá a vós. Mas se for, envia-lo-ei a vós." (Jo 16,7).
"Tenho ainda muito que vos dizer, mas não podeis agora suportar. Quando
vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à verdade plena, pois não falará
de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas
futuras." (Jo 16,12-13).
"[ ... ] Chega a hora em que já não vos falarei
em figuras, mas claramente vos falarei do Pai." (Jo 16,25).
Então, temos
aqui Jesus afirmando duas coisas: sua volta e que enviaria o Espírito de
Verdade. Inclusive, condiciona a vinda dele com a sua partida para o mundo
espiritual, o que seria perfeitamente aplicável se ambos fossem a mesma
personalidade.
O problema que geralmente
se vê é que Jesus trata o Espírito de Verdade como se fosse outra pessoa, razão
pela qual alegam não poder ser Ele este personagem. Entretanto, esquecem-se de
que, repetidas vezes, usou deste expediente, conforme podemos ver nos
Evangelhos. A designação de "Filho do Homem", neles constante, certamente só
poderá nos levar a atribuí-Ia a Jesus; porém, sempre utilizava esta expressão
como se fosse para uma outra pessoa e não a Ele próprio.
Uma coisa bem
interessante iremos encontrar no livro "Apocalipse", que é uma referência
explícita de que Jesus viria com um novo nome:
"Venho logo! Segura com
firmeza o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. Quanto ao vencedor, farei
dele uma coluna no templo do meu Deus, e daí nunca mais sairá. Escreverei nele o
nome do meu Deus e o nome da Cidade do meu Deus - a nova Jerusalém, que desce do
céu, de junto do meu Deus - e o meu novo nome." (Ap 3,11-12).
Portanto, há aqui uma previsão da volta de Jesus com um novo nome que, por tudo
quanto está sendo colocado nesta pesquisa, só nos leva a deduzir ser o Espírito
de Verdade.
O restante dessa messagem está na Revista
Espiritismo & Ciência Especial, número 61 e na próxima edição, trazendo as
informações sobre o que os Espíritos disseram, o que Kardec disse, se o Espírito
de Verdade nos deixou alguma pista e a conclusão do tema com o pensamento de
outros autores espíritas.
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