“TOMAR UNS PASSES”
De quando em vez, ouves alguém te dizer que se
encontra necessitado de ir ao Centro Espírita para “tomar uns passes”...
- A
qualquer hora – dizem os que assim se expressam –, lá comparecerei, porque estou
muito necessitado de uns passes...
E complementam:
- Qual é mesmo o dia da
reunião?...
A culpa de tão grande equívoco, quanto à finalidade de um Centro
Espírita, não pertence somente a eles, que, com certeza, de Espiritismo não
sabem absolutamente nada.
Vocês me desculpem a franqueza, mas a culpa maior é
nossa mesmo, ou seja, dos espíritas, que, infelizmente, vêm desvirtuando o
Centro Espírita da real tarefa que deve cumprir junto à comunidade.
Centro
Espírita não é para livrar ninguém de seus “encostos”, nem para aliviar o peso
de quem se encontra “carregado”, para que, depois, ele continue aprontando como
sempre aprontou...
Quanta ignorância, da parte de quem continua a ver na
religião única e tão somente uma espécie de muleta para quando ele estiver
trôpego!
Todavia, enquanto nós não transformamos os Centros Espíritas naquilo
que eles, verdadeiramente, devem e precisam ser –Universidade do Espírito –, a
Doutrina continuará pagando o preço de nossas limitações no que tange ao seu
conhecimento e aplicação.
Não ignoramos que, sem dúvida, o Centro, a
encarnados e desencarnados, é um pronto-socorro e um hospital, mas, acima de
tudo, deve ser oficina de trabalho e escola.
Precisamos, sim, começar a
modificar esta mentalidade em quem recorre aos seus préstimos espirituais apenas
para “tomar uns passes” – e esta tarefa cabe aos diretores da Instituição pela
qual se responsabilizam, que, sem mais demora, sobre a Mediunidade, devem
começar a priorizar o estudo da Doutrina nas reuniões abertas ao
público.
Talvez, muitos venham alegar que o passe, a água magnetizada, o
trabalho de cura e a conversa com os Guias nas reuniões de mediunismo, atraem
grande público para o Espiritismo – podem atrair público, mas não atraem adeptos
esclarecidos!
E depois, a Doutrina, em tempo algum, se preocupou com o
chamado “proselitismo de arrastamento”... Se a Fé Espírita é Raciocinada,
evidentemente, que todos somos chamados a refletir sobre os seus postulados,
estudando-os e assimilando-os, gradativamente.
Como costuma dizer o preclaro
amigo Odilon Fernandes, não é a toa que o Espiritismo é a Religião do
Livro!
Em um Centro Espírita que pretende mais bem servir ao Ideal, o estudo
da Doutrina precisa ser incrementado, e não somente para grupos fechados – o
estudo deve ser aberto a todos, de preferência, sendo levado a efeito nas
reuniões públicas.
O estudo primeiro, e o passe depois!
Não há outra
maneira de fazermos com que as pessoas, em geral, vejam o Espiritismo com maior
seriedade, e como sendo fundamental para que a sua visão da Vida se modifique
substancialmente.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 15 de abril de
2013.
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