2.4.13


PELO DIREITO DE SER O QUE SOMOS

Não! O título desta matéria não se trata de nenhuma bandeira que estejamos a levantar, além-túmulo, em defesa das minorias, que, em minha opinião, não são tão minorias assim...
Todavia, é bom reafirmar, que as consideradas minorias sempre contam, e sempre haverão de contar, com a minha simpatia contra os preconceitos que sofrem no mundo.
Há, no entanto, uma espécie de preconceito que extrapola as fronteiras da morte, e, indiscriminadamente, vem nos atingir de cheio na Vida Espiritual. Estou me referindo ao direito de nós, os desencarnados, continuarmos a ser o que somos, ou seja: nada mais e nada menos que seres humanos fora do corpo carnal!
Até mesmo os espíritas, e, talvez, principalmente eles, pelos mais amplos conhecimentos que possuem na Doutrina, querem nos negar, em nosso novo habitat, o direito de prosseguirmos na condição de criaturas comuns, ainda em grande luta para superar as imperfeições que nos assinalam.
Tenho para comigo que isto, com certeza, ainda seja resquício de uma educação religiosa equivocada, que, durante séculos e séculos, se esmerou em transformar os supostos mortos em anjos ou demônios...
Sinto, no entanto, desapontar aqueles que criam grande expectativa em torno de seus entes queridos desencarnados, com o imaginá-los em condição espiritual de transcendência – condição que, convenhamos, eles sequer possuíam quando se encontravam na Terra!
Em seu egoísmo de natureza afetiva, pensando assim é que, inconscientemente, muitos acabam por repetir, em se referindo aos que, pela desencarnação, mudaram de endereço, sem, propriamente, terem mudado de Orbe, as enganosas palavras que, em definitivo, não correspondem à sua realidade espiritual: “Santo súbito”!
Ah, quem nos dera que a morte, por si mesma, tivesse o poder de nos santificar de improviso, e não o de nos decepcionar, deixando-nos completamente desnudos de todas as ilusões!
Quem nos dera que, de fato, alguém guindado à condição de santo familiar tivesse suficiente poder para, sem nenhum esforço de nossa parte, abrir-nos as portas das Dimensões Mais Altas, às quais iremos individualmente bater somente depois de muito ralar os joelhos nas escarpas do monte que carecemos transpor!...
Precisamos dar um basta a esta ingenuidade que, na lida da Mediunidade, transforma os espíritos comuns que, em maioria, quase todos somos – mensageiros e médiuns –, em espíritos missionários, portadores de virtudes e conhecimentos que, infelizmente, ainda nos faltam.
Espero que nenhum de vocês, amigos leitores deste Blog, venham para cá onde me encontro, na esperança de se depararem com um mundo muito diferente do mundo em que vivem, mas se, porventura, algum de vocês vier a transcender a Dimensão onde me encontro residindo, não se esqueça de me lançar, das Alturas ao abismo, o fio de aranha a este pobre Kandata!...

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 1º de abril de 2013.

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