PELO DIREITO DE SER O QUE SOMOS
Não! O título
desta matéria não se trata de nenhuma bandeira que estejamos a levantar,
além-túmulo, em defesa das minorias, que, em minha opinião, não são tão minorias
assim...
Todavia, é bom reafirmar, que as consideradas minorias sempre
contam, e sempre haverão de contar, com a minha simpatia contra os preconceitos
que sofrem no mundo.
Há, no entanto, uma espécie de preconceito que extrapola
as fronteiras da morte, e, indiscriminadamente, vem nos atingir de cheio na Vida
Espiritual. Estou me referindo ao direito de nós, os desencarnados, continuarmos
a ser o que somos, ou seja: nada mais e nada menos que seres humanos fora do
corpo carnal!
Até mesmo os espíritas, e, talvez, principalmente eles, pelos
mais amplos conhecimentos que possuem na Doutrina, querem nos negar, em nosso
novo habitat, o direito de prosseguirmos na condição de criaturas comuns, ainda
em grande luta para superar as imperfeições que nos assinalam.
Tenho para
comigo que isto, com certeza, ainda seja resquício de uma educação religiosa
equivocada, que, durante séculos e séculos, se esmerou em transformar os
supostos mortos em anjos ou demônios...
Sinto, no entanto, desapontar aqueles
que criam grande expectativa em torno de seus entes queridos desencarnados, com
o imaginá-los em condição espiritual de transcendência – condição que,
convenhamos, eles sequer possuíam quando se encontravam na Terra!
Em seu
egoísmo de natureza afetiva, pensando assim é que, inconscientemente, muitos
acabam por repetir, em se referindo aos que, pela desencarnação, mudaram de
endereço, sem, propriamente, terem mudado de Orbe, as enganosas palavras que, em
definitivo, não correspondem à sua realidade espiritual: “Santo súbito”!
Ah,
quem nos dera que a morte, por si mesma, tivesse o poder de nos santificar de
improviso, e não o de nos decepcionar, deixando-nos completamente desnudos de
todas as ilusões!
Quem nos dera que, de fato, alguém guindado à condição de
santo familiar tivesse suficiente poder para, sem nenhum esforço de nossa parte,
abrir-nos as portas das Dimensões Mais Altas, às quais iremos individualmente
bater somente depois de muito ralar os joelhos nas escarpas do monte que
carecemos transpor!...
Precisamos dar um basta a esta ingenuidade que, na
lida da Mediunidade, transforma os espíritos comuns que, em maioria, quase todos
somos – mensageiros e médiuns –, em espíritos missionários, portadores de
virtudes e conhecimentos que, infelizmente, ainda nos faltam.
Espero que
nenhum de vocês, amigos leitores deste Blog, venham para cá onde me encontro, na
esperança de se depararem com um mundo muito diferente do mundo em que vivem,
mas se, porventura, algum de vocês vier a transcender a Dimensão onde me
encontro residindo, não se esqueça de me lançar, das Alturas ao abismo, o fio de
aranha a este pobre Kandata!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 1º de
abril de 2013.
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