Questão 205 do Livro dos Espíritos
AMOR
UNIVERSAL
A doutrina da reencarnação não se afigura como destruidora dos
laços de família. Pelo contrário, ela, como lei que vigora em todos os mundos
onde os espiritos reencarnam, alicerça a verdadeira fratemidade, por alimentar o
amor universal entre todas as criaturas.
Cultivar o amor somente entre os
ancestrais, oferecer atenção somente àqueles com os quais convivemos, amar só os
nossos familiares a consciência em Cristo nos dá que reforça o egoísmo e o
próprio orgulho, não só dos que nos acompanham como, igualmente, de toda uma
raça.
A lei da reencarnação é divina por eliminar os limites de onde
poderemos viver. Negá-la é desconhecer Jesus, que nos pede para amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, e acrescentamos: amar a
todos e a tudo, pois, se a criação vem de Deus, somos todos irmãos, na graça e
misericórdia do Senhor.
O princípio das vidas sucessivas nunca destrói os
lares; ele os distende ao infinito e se forma na Terra uma única família para
que tenhamos oportunidade de exercitar o amor; sem a reencarnação, não há
condições de se estender o amor além das fronteiras do lar. Mas, com o tempo, as
almas vão crescendo e percebendo, que precisam umas das outras, mesmo que se
encontrem distantes. Basta ao homem olhar o que come, o que usa e o que não foi
feito por suas próprias mãos nem pelos seus familiares e que, por vezes, vieram
de fora, de outras nações. Façamos como o ar e as águas, que desconhecem
barreiras de estados e nações, levando o conforto e a alegria onde quer que
seja. Imitemos o sol: a sua luz se divide, manifestando saúde e doando vida onde
pode alcançar para servir.
O conhecimento das vidas múltiplas destrói a
importância exagerada que dispensamos aos nossos parentes, porque pode nos levar
a nascer em vários lugares, percebendo, por intuição na recordação silenciosa,
que a vida é amor, aquele amor que não se transforma em exigências, que não se
vende e nem se compra, força criadora de harmonia e de paz, trabalhando no
soerguimento de todos os caídos, por prazer de servir.
A falsa idéia de
sangue real é que faz muitos negarem a reencarnação. O apego às heranças é
embaraço para se crer que nascemos tantas vezes quantas forem necessárias;
contudo, Deus não nos pediu opinião para fazer as leis que correspondem às
nossas necessidades de despertamento espiritual. Quem ainda não deseja entender
a lei da reencarnação esteja certo de que o tempo encarregará dele e a escola
das vidas sucessivas ensinará que essa lei, como dogma divino, é para o seu
próprio bem, porque nos ajuda a entender e vivenciar o amor universal.
Trocamos os muitos corpos na nossa caminhada, para que possamos abolir o carma,
corrigindo erros e ampliando nossos conhecimentos sobre a vida que continua em
todas as direções do existir. Quem deseja ser livre haverá de conhecer a
verdade, assim nos diz Nosso Senhor Jesus Cristo. Deus não consulta a vaidade
dos homens para formular leis no universo, repetimos.
Quem não pôde ainda
conceber a lei da reencarnação, como bênção de Deus em nosso favor, que medite
sobre ela, que ore pedindo inspiração. O céu nunca foi pobre de conhecimentos,
principalmente no que tange à libertação dos espíritos. Para derrubar o passado,
não basta alguns segundos de arrependimento. O arrependimento na reforma
interna, pelo amor e pela caridade, pelo trabalho e pela compreensão. Tudo que
possamos ver e sentir troca de formas periodicamente, porque a vida é movimento,
sendo que é a mesma luz divina que move as formas que cada vez mais ascendem
para a luz da verdade.
Quem nasce, renasce; esta é a lei.
Livro:
Filosofia Espírita III - João Nunes Maia - Miramez
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