3.5.13


  O tão citado Espirito de Verdade ainda é assunto de debate no meio espírita, às vezes despertando polêmicas. Nesse estudo de Paulo da Silva Neto Sobrinho, publicado na Revista Espiritismo & Ciência Especial, número 61, temos uma série de informações interessantes sobre o tema.
 
  PELA INFORMAÇÃO DESTES TRÊS ESPÍRITOS, podemos concluir que não se trata de uma coletividade, mas que o Espírito de Verdade é, sem receio, uma individualidade. Mas sigamos em frente. Devemos, para dissipar as possíveis dúvidas, trazer o testemunho do próprio Kardec que, anaÍisando uma comunicação de um determinado espírito, assim a explicou: 
  "O Espírito que ditou a comunicação acima é, pois, muito absoluto no que concerne a qualificação de santo, e não está na verdade dizendo que os Espíritos Superiores se dizem simplesmente Espíritos de verdade, qualificação que não seria senão um orgulho mascarado sob um outro nome, e que poderia induzir em erro se tomado ao pé da letra, porque ninguém pode se gabar de possuir a verdade absoluta, não mais do que a santidade absoluta. A qualificação de Espírito de Verdade não pertence senão a um e pode ser considerado como nome próprio; ela é especificada no Evangelho. De resto, esse Espírito se comunica raramente, e somente em circunstâncias especiais; deve-se manter em guarda contra aqueles que se apoderam indevidamente desse título: são fáceis de se reconhecer, pela prolixidade e pela vulgaridade de sua linguagem." (Revista Espírita, 1866, p. 222) (grifo nosso). 
  Portanto, não nos resta mais dúvida quanto a não ser uma coletividade, uma vez que as informações acima nos apontam para identificá-lo como sendo mesmo uma individualidade. Inclusive, da recomendação de que "deve-se 
manter em guarda contra aqueles que se apoderam indevidamente desse título", podemos perceber que se trata de algum Espírito de elevada hierarquia que, embora não se manifestasse de forma rotineira, dele já se tinha uma 
ideia do estilo de linguagem, que estava bem longe da prolixidade e da vulgaridade. 
  Levando-se em conta que Kardec disse que a qualificação do Espírito de Verdade encontra-se especificada no Evangelho, seguiremos sua orientação e, um pouco mais à frente, iremos ver o que lá poderemos encontrar sobre isso. 
  Quem seria o Consolador? 
  Importante também fazermos a distinção de quem seria o Consolador, pois alguns companheiros o têm como sendo Jesus, enquanto outros já o veem como o Espírito de Verdade. 
  Vejamos esta passagem de João: 
  "Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja eternamente convosco, o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros. Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito." (João 14,15-18 e 26) (grifo nosso). 
  Por ter afirmado que enviaria outro Consolador, devemos concluir, com Kardec, que o Consolador não é Jesus. Entretanto, a passagem bíblica dá a entender que o Consolador é o Espírito de Verdade, fato que vem causando 
uma certa confusão para se identificar quem realmente ele seja, se apenas tomarmos essa passagem como referência. Mais à frente iremos ver que outras passagens bíblicas não trazem esta ideia, separando um do outro. 
  Em A Gênese, capítulo XVII, item 39, Kardec vai nos esclarecer isso, pois, para ele são duas coisas distintas. Vejamos: 
  "Qual deverá ser esse Enviado? Dizendo: 'Pedirei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador ', Jesus claramente indica que esse Consolador não seria ele, pois, do contrário, dissera: 'Voltarei a completar o que vos tenho ensinado'. Não só tal não disse, como acrescentou: 'A fim de que fique eternamente convosco e ele estará em vós'. Esta proposição não poderia referir-se a uma individualidade encarnada, visto que não poderia ficar eternamente conosco, nem, ainda menos, estar em nós; compreendemo-la, porém, muito bem com referência a uma doutrina, a qual, com efeito, quando a tenhamos assimilado, poderá estar eternamente em nós. O Consolador é, pois, segundo o pensamento de Jesus, a personificação de uma doutrina soberanamente consoladora, cujo inspirador há de ser o Espírito de Verdade." (A Gênese, FEB, 2007, p. 441) (grifo nosso). 
  Assim, Kardec, reafirmando o que já havia dito alhures, relaciona o Consolador a uma doutrina soberanamente consoladora, qual seja, o Espiritismo, cujo inspirador foi o Espírito de Verdade. Portanto, fica claro para nós que Kardec também separa um do outro, o que nos leva a concluir que o Espírito de Verdade não é o Consolador, o qual, ele mesmo, nessa sua fala acima, identifica como sendo o Espiritismo. O que fica ainda mais nítido com estas suas duas outras falas: 
  "Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança." (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VI, item 4, p. 135) (grifo nosso). 
  "[ ... ] reconhece-se que o Espiritismo realiza todas as promessas do Cristo a respeito do Consolador anunciado. Ora, como é o Espírito de Verdade quem preside ao grande movimento da regeneração, a promessa do seu advento se encontra realizada, porque, de fato, é ele o verdadeiro Consolador," (A Gênese, item 42, IDE, p. 31) (grifo nosso). 
   Portanto, caracteriza o Espiritismo como sendo o Consolador prometido, ao qual lhe atribui a realização da promessa de Jesus quanto ao seu envio, o que, mostra claramente a separação que fazia entre Espírito de Verdade e o Consolador. 
   Nesta última fala, a que consta em A Gênese, ao dizer no final que "é ele o verdadeiro Consolador", o "é ele!' a que Kardec aqui está se referindo, s.m.j., é à expressão "seu advento", o que, por conseguinte, nos remete ao Es- 
piritismo e não ao Espírito de Verdade; ressaltamos, para que não se venha confundi-los no entendimento deste texto. 
  Para confirmar este nosso entendimento, vejamos esta outra fala de Kardec, contida em O Evangelho Segundo o Espiritismo (p. 134): 
  "O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade." (grifo nosso). Comparando esta fala com a que acima é dita "a promessa do seu advento se encontra realizada, porque, pelo fato, é ele o verdadeiro Consolador", percebemos que nesta última frase o "seu advento" está se referindo ao Espiritismo, o que pode ser conferido com o que foi colocado na primeira frase.
  Podemos observar ainda que, na passagem bíblica mencionada, Jesus diz "voltarei para vós", profecia que se realizou quando da implantação do Espiritismo; isto ficará mais claro quando identificarmos quem usou o nome de Espírito de Verdade.
 
 O início dessa messagem está na Revista Espiritismo & Ciência Especial, número 61 e na próxima edição, trazendo as informações sobre o que os Espíritos disseram, o que Kardec disse, se o Espírito de Verdade nos deixou alguma pista e a conclusão do tema com o pensamento de outros autores espíritas.

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