O tão citado Espirito de Verdade ainda é assunto de debate no meio
espírita, às vezes despertando polêmicas. Nesse estudo de Paulo da Silva Neto
Sobrinho, publicado na Revista Espiritismo & Ciência Especial, número
61, temos uma série de informações interessantes sobre o tema.
PELA INFORMAÇÃO DESTES TRÊS ESPÍRITOS, podemos
concluir que não se trata de uma coletividade, mas que o Espírito de Verdade é,
sem receio, uma individualidade. Mas sigamos em frente. Devemos, para dissipar
as possíveis dúvidas, trazer o testemunho do próprio Kardec que, anaÍisando uma
comunicação de um determinado espírito, assim a explicou:
"O Espírito que
ditou a comunicação acima é, pois, muito absoluto no que concerne a qualificação
de santo, e não está na verdade dizendo que os Espíritos Superiores se dizem
simplesmente Espíritos de verdade, qualificação que não seria senão um orgulho
mascarado sob um outro nome, e que poderia induzir em erro se tomado ao pé da
letra, porque ninguém pode se gabar de possuir a verdade absoluta, não mais do
que a santidade absoluta. A qualificação de Espírito de Verdade não pertence
senão a um e pode ser considerado como nome próprio; ela é especificada no
Evangelho. De resto, esse Espírito se comunica raramente, e somente em
circunstâncias especiais; deve-se manter em guarda contra aqueles que se
apoderam indevidamente desse título: são fáceis de se reconhecer, pela
prolixidade e pela vulgaridade de sua linguagem." (Revista Espírita, 1866, p.
222) (grifo nosso).
Portanto, não nos resta mais dúvida quanto a não ser
uma coletividade, uma vez que as informações acima nos apontam para
identificá-lo como sendo mesmo uma individualidade. Inclusive, da recomendação
de que "deve-se
manter em guarda contra aqueles que se apoderam
indevidamente desse título", podemos perceber que se trata de algum Espírito de
elevada hierarquia que, embora não se manifestasse de forma rotineira, dele já
se tinha uma
ideia do estilo de linguagem, que estava bem longe da
prolixidade e da vulgaridade.
Levando-se em conta que Kardec disse que a
qualificação do Espírito de Verdade encontra-se especificada no Evangelho,
seguiremos sua orientação e, um pouco mais à frente, iremos ver o que lá
poderemos encontrar sobre isso.
Quem seria o Consolador?
Importante
também fazermos a distinção de quem seria o Consolador, pois alguns companheiros
o têm como sendo Jesus, enquanto outros já o veem como o Espírito de Verdade.
Vejamos esta passagem de João:
"Se me amais, guardareis os meus
mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim
de que esteja eternamente convosco, o Espírito de Verdade, que o mundo
não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque
ele habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei para
vós outros. Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu
nome, esse vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar de tudo o que vos
tenho dito." (João 14,15-18 e 26) (grifo nosso).
Por ter afirmado que
enviaria outro Consolador, devemos concluir, com Kardec, que o Consolador não é
Jesus. Entretanto, a passagem bíblica dá a entender que o Consolador é o
Espírito de Verdade, fato que vem causando
uma certa confusão para se
identificar quem realmente ele seja, se apenas tomarmos essa passagem como
referência. Mais à frente iremos ver que outras passagens bíblicas não trazem
esta ideia, separando um do outro.
Em A Gênese, capítulo XVII, item 39,
Kardec vai nos esclarecer isso, pois, para ele são duas coisas distintas.
Vejamos:
"Qual deverá ser esse Enviado? Dizendo: 'Pedirei a meu Pai e ele
vos enviará outro Consolador ', Jesus claramente indica que esse Consolador
não seria ele, pois, do contrário, dissera: 'Voltarei a completar o que vos
tenho ensinado'. Não só tal não disse, como acrescentou: 'A fim de que fique
eternamente convosco e ele estará em vós'. Esta proposição não poderia
referir-se a uma individualidade encarnada, visto que não poderia ficar
eternamente conosco, nem, ainda menos, estar em nós; compreendemo-la, porém,
muito bem com referência a uma doutrina, a qual, com efeito, quando a tenhamos
assimilado, poderá estar eternamente em nós. O Consolador é, pois,
segundo o pensamento de Jesus, a personificação de uma doutrina soberanamente
consoladora, cujo inspirador há de ser o Espírito de Verdade." (A
Gênese, FEB, 2007, p. 441) (grifo nosso).
Assim, Kardec, reafirmando o que
já havia dito alhures, relaciona o Consolador a uma doutrina soberanamente
consoladora, qual seja, o Espiritismo, cujo inspirador foi o Espírito de
Verdade. Portanto, fica claro para nós que Kardec também separa um do outro, o
que nos leva a concluir que o Espírito de Verdade não é o Consolador, o qual,
ele mesmo, nessa sua fala acima, identifica como sendo o Espiritismo. O que fica
ainda mais nítido com estas suas duas outras falas:
"Assim, o
Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento
das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na
Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e
pela esperança." (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VI, item 4, p.
135) (grifo nosso).
"[ ... ] reconhece-se que o Espiritismo realiza todas
as promessas do Cristo a respeito do Consolador anunciado. Ora, como é o
Espírito de Verdade quem preside ao grande movimento da regeneração, a
promessa do seu advento se encontra realizada, porque, de fato, é ele o
verdadeiro Consolador," (A Gênese, item 42, IDE, p. 31) (grifo nosso).
Portanto, caracteriza o Espiritismo como sendo o Consolador prometido, ao qual
lhe atribui a realização da promessa de Jesus quanto ao seu envio, o que, mostra
claramente a separação que fazia entre Espírito de Verdade e o Consolador.
Nesta última fala, a que consta em A Gênese, ao dizer no final que "é ele o
verdadeiro Consolador", o "é ele!' a que Kardec aqui está se referindo, s.m.j.,
é à expressão "seu advento", o que, por conseguinte, nos remete ao Es-
piritismo e não ao Espírito de Verdade; ressaltamos, para que não se venha
confundi-los no entendimento deste texto.
Para confirmar este nosso
entendimento, vejamos esta outra fala de Kardec, contida em O Evangelho Segundo
o Espiritismo (p. 134):
"O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a
promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade." (grifo
nosso). Comparando esta fala com a que acima é dita "a promessa do seu
advento se encontra realizada, porque, pelo fato, é ele o verdadeiro
Consolador", percebemos que nesta última frase o "seu advento" está se referindo
ao Espiritismo, o que pode ser conferido com o que foi colocado na primeira
frase.
Podemos observar ainda que, na passagem bíblica
mencionada, Jesus diz "voltarei para vós", profecia que se realizou quando da
implantação do Espiritismo; isto ficará mais claro quando identificarmos quem
usou o nome de Espírito de Verdade.
O início dessa messagem está na Revista
Espiritismo & Ciência Especial, número 61 e na próxima edição, trazendo as
informações sobre o que os Espíritos disseram, o que Kardec disse, se o Espírito
de Verdade nos deixou alguma pista e a conclusão do tema com o pensamento de
outros autores espíritas.
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