Questão 206 do Livro dos Espíritos
CULTO AOS
ANCESTRAIS
Não estamos negando o culto àqueles que nos foram caros, que
cooperaram no nosso retorno à carne para novas experiências; de forma alguma.
Quando nos lembrarmos deles, devemos acrescentar sempre gratidão e orar pelos
avoengos pedindo a Deus para os abençoar onde eles se encontrarem e, ainda mais,
devemos cultivar o bem que eles plantaram, através das sementes de moralidade,
de trabalho e de amor.
Se nenhuma das ovelhas se perde, no dizer de
Jesus, como cultuar somente os nossos antepassados, se todos se fundem em uma só
família? Experimentemos, pois, amar a humanidade. A lei de amor nos diz que
somos um todo em Deus, que representamos elos da família universal, e que corre
em todos os corpos uma energia divina procedente do Todo Poderoso.
Seitas
e religiões espiritualistas existem cuja filosofia se baseia no culto aos
ancestrais, cuja direção ou comando são passados de pai para filho, ou
descendente mais próximo, na ilusão enganosa de que se pode ligar,
parcimoniosamente, as coisas da Divindade. Mas quando ocorre que, na família
ancestral, tenha havido alguns cujos comportamentos possam envergonhar os
descendentes, estes procuram esquecê-los ou apagá-los.
Afirma-nos Jesus
que são os doentes que precisam de médicos, e não os sãos. Não podemos ignorar
que o sangue que corre nas veias de um nobre é o mesmo que viaja no corpo de um
plebeu.
A lei da reencarnação é um socorro para os espíritos que ainda
precisam dela, por fazê-los encontrar os inimigos do passado frente a frente, de
modo a aceitarem a reconciliação como a melhor forma de paz. O culto aos
ancestrais nunca é ridículo; é um ato de amor e gratidão. Somente o que a lei do
amor não aceita é que esse culto fique limitado ao lar onde-nasceu. Que seja
estendido para os outros lares, para outras nações e para o mundo inteiro. Não
gosta o homem de visitar, quando pode, países diferentes daquele em que estagia?
De lá não traz coisas para a sua alegria e o seu conforto? Por que não abençoar
esse povo que não difere da sua própria forma? São nossos irmãos, são também
nossos próximos, que Jesus nos pede para amar como sendo os nossos irmãos. O
próprio casamento com pessoas de raça diferente contribui para nos unirmos, para
libertar o amor familiar, e é por esse processo que passamos a nos ligar com
muitas famílias, para que elas se tornem uma só.
Jesus disse que "nos
céus não se casa nem se dá em casamento". O espírito não descende do espírito.
Quando um casal desencarna, se encontra livre, e, às vezes, é chamado a
ingressar em outra família, no país onde animou um corpo, ou em outro, ele vai
encontrar ancestrais de outras famílias, onde deve exercitar o amor e
universalizar os seus sentimentos.
Não se deve ficar pedindo aos parentes
desencarnados para fazerem o que se quer que seja feito na Terra; banalidades,
às vezes, que envergonham a própria consciência. Se se desconhece o estado deles
no plano da vida espiritual, não se deve incomodá-los com as coisas da Terra.
Eles, quando elevados, ficarão alegres quando seus "familiares" principiarem a
abolir os erros, dissipando as trevas do seu mundo mental.
Quando o nosso
amor quebrar as amarras do lar, dos parentes, e atingir os seres humanos sem
distinção, pela caridade, respeitando o direito de todos, nos sentiremos felizes
por sabermos que no futuro haverá um só rebanho e um só Pastor, que é Jesus
Cristo. Devemos, sim, cultuar os ancestrais, mas, de todos os povos, como sendo
a nossa família, a família de Deus.
Livro: Filosofia Espírita III - João
Nunes Maia - Miramez
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