Questão 207 do Livro dos Espíritos
HERANÇAS
A parecença física é uma realidade. São características que por
vezes se herdam dos ancestrais, e nesse fio quase interminável, que se sucede na
expansão familiar, aparecerão, juntamente com o físico, variadas enfermidades ou
predisposições para tais. Se isso ocorre, não é que os descendentes pagam pelos
avós, pais e tios, mas, por estarem envolvidos nos mesmos processos de evolução.
Em quantas faltas familiares se encontram envolvidos inúmeras pessoas? No
entanto, a misericórdia divina é a divina mão que abençoa e deixa os recursos ao
alcance das próprias mãos, para que sejam aliviadas as provas, desde quando o
sofredor de hoje, que foi o que fez sofrer ontem, se arrependa e conserte a
direção dos seus passos.
Não há injustiça na contabilidade divina;
ninguém recebe o que não merece, mas, mesmo recebendo o que merece, Jesus se
encontra lado a lado com o sofredor, com a sua presença incomparável a nos
dizer: - "A paz seja convosco". Ele alivia o nosso fardo e nos admoesta: "Vai e
não peques mais".
Já comentamos alhures que espirito não gera
espírito, como nos ensina "O Livro dos Espíritos", obra inspirada e assistida
por Jesus, entretanto, pode acontecer que surjam, em família, semelhanças morais
por afinidade de pendores, por simpatia dos grupos de almas em processo de
ascensão. Desde quando os pais, ou mesmo avós, exercitem determinadas virtudes,
a magnitude dessas irradiações pode atingir os descendentes que se encontram em
princípio de maturidade, porque a lei nos garante que, em todos os esforços que
fazemos para o bem, entramos em sintonia com esse bem, que é imortal na sua
amplitude de vida.
É bom que se saiba que herança não significa
recebimento sem preparo. A analogia é que abre as portas para tais
acontecimentos. Em tudo a justiça opera, deixando que o amor se solidifique para
o engrandecimento da vida. É bom que se observe, porém, que nem todos os
descendentes de uma família têm parecença nas características morais; nesses, a
natureza se faz como que esquecida, por determinação divina, para que não
aconteça o que não pode ser, como é freqüente, em todas os conjuntos familiares,
muitos não herdarem enfermidades de que seus ancestrais padeciam.
Não
podemos generalizar esses acontecimentos, sem analisar o passado de cada um. Os
processos evolutivos, os despertamentos espirituais de cada ser, são diferentes
na pauta do tempo. A criatura, para ser aditada à vinha da Terra, deve e tem de
buscar a harmonia do seu mundo interno, e o caminho a ser trilhado para isso é
Jesus Cristo. Passando por Ele, a extensão se alarga e passamos a ter olhos para
ver e ouvidos para registrar a Sua voz divina e amiga, a nos conduzir para o céu
de nós mesmos.
Se queremos modificar nossa herança de erros passados,
melhoremos nossa conduta, fundindo-a à conduta de Jesus, para que Deus comande o
nosso destino, modulando os nossos sentimentos, de modo a agilizar os nossos
pendores nos conceitos da verdade.
É bom relembrar que nem sempre são
espíritos afins que formam uma família; as mudanças são muitas, para que a
fraternidade cresça em todos os rumos da vida. Há almas que nada herdam dos
familiares. Elas aparecem como um meteoro nos céus de uma família, cumprindo uma
missão e deixando ali, por misericórdia, as bênçãos do exemplo de luz. Outras,
vindo do mais baixo, recebem dessa família impulsos para o bem, porque Deus é
amor e não se esquece dos Seus filhos no aprendizado.
Se já conhecemos
essas verdades, esforcemo-nos para sair das heranças impróprias, plantando no
coração e na consciência a luz da bondade, da disciplina e do amor, para que
essas sementes cresçam doando-nos frutos de libertação espiritual.
Procuremos ser herdeiros de Jesus Cristo, o nosso grande doador na
Terra.
Livro: Filosofia Espírita V - João Nunes Maia -
Miramez
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