Não tendeis a imaginar que
tudo está perdido na política brasileira. Apesar de todos os queixumes da
imensa maioria da população acerca da classe política, digo-vos que tudo tem a
sua razão de ser e, por mais que pareça uma contradição, tudo está exatamente
do jeito que deveria para o pleno funcionamento das coisas.
Sei que viveremos este ano um
período eleitoral de grandes e graves proporções para a história nacional.
Depois de toda a confusão reinante pelo afastamento da presidência da República
dos que se elegeram e a posterior nomeação do vice-presidente, muito tivemos de
desventuras, de choques, de conflitos, típicos de uma ordem institucional
frágil e sem respeito, muitas vezes, aos preceitos constitucionais.
Ademais, o que ocorre, é um
ajustamento de conduta. Se no passado houve uma força que imperasse sobre as
demais, neste momento decisivo da República, teremos o embate, não de ideias,
infelizmente, mas de personalidades que se apresentarão, na sua maioria, para
serem os redentores da nação.
Causa-me espanto saber que
uma parcela da população ainda acredita em salvadores da pátria, ou ao menos
deseja por eles, numa alusão clara à dependência de uma política personalista
e, algumas vezes, autoritária.
É o retrato do abandono, que
gera a descrença, o afastamento do interesse público e a busca incessante por
um lugar ao sol – tão-somente. O que se deseja, este povo oprimido e sofredor,
é um alívio às suas dores cotidianas, ter alguém que garanta o seu sustendo
livre e certo e não a instabilidade e a crise reinantes.
Aos que prometerem e
convencerem de que são os mais gabaritados a proporcionar esta estabilidade
política e econômica, certamente terão o aval maior do eleitorado. O que resta
saber é se, de fato, o eleito será confiável. Sim, porque as promessas no
Brasil parecem que são feitas exatamente para serem descumpridas, jogadas ao
léu, então, em quem confiar?
O que busco nestas reflexões
é encorajar ao povo a escolher bem. A ver que mais seja coerente entre o que
fala e o que pratica. A observar quais são as propostas mais consistentes de se
apostar as fichas da confiança. A manusear os compromissos como sendo uma carta
de intenções pra valer e não simplesmente documentos de marketing.
A política brasileira terá
espaço para renovação, que não seja, porém, uma qualquer, uma aventura
irresponsável, mas uma ideia consistente e permanente.
Ao discurso, cobre ação.
À promessa, exija
cumprimento.
À postura, espere
integridade.
Tudo no País está por fazer e
a política é, sem dúvida, um dos maiores sustentáculos para a renovação social.
Joaquim Nabuco – Blog Reflexões
de um Imortal
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